O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;

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quinta-feira, 5 de maio de 2016

O papel do Brasil no cenario Internacional e as perspectivas do comercio exterior - Paulo Roberto de Almeida (Millenium hangout)

No início de 2016, fui contatado pelo Instituto Millenium para conceder uma entrevista sobre temas de comércio internacional e o Brasil, o que foi feito no dia 17 de fevereiro pela manhã.
Como geralmente sempre faço quando dou palestras ou entrevistas, elaboro notas mais ou menos completas, que me servem apenas para organizar as ideias, sem nunca ler ou seguir visualmente minhas notas. 
Elas permitem, depois, postar o que penso sobre as questões, de uma forma geralmente melhor organizada do que uma resposta feito de improviso, em linguagem coloquial, com algumas improvisações no meio, e deixando alguns aspectos de lado.
Foi o que ocorreu com essa entrevista, que nem sabia que já tinha sido postada online, o que só descobri agora, acessando uma outra gravação minha, sobre meus livros, que também foi ao ar, posteriormente.
A entrevista, "O papel do Brasil no cenario Internacional e as perspectivas do comercio exterior", conduzida por uma estudante do movimento Estudantes Pela Liberdade, figura neste link:
https://www.youtube.com/watch?v=kHTPV9qUY7s
Publicado em 17 de fev de 2016
Paulo Roberto de Almeida e Débora Góis conversam sobre o papel do Brasil no cenário Internacional e as perspectivas do comercio exterior.

A entrevista sobre os meus livros, por sua vez, está aqui: 
https://www.youtube.com/watch?v=qh4ULayECgQ

O texto que eu fiz na ocasião, preparando-me para a entrevista, foi este aqui:
“A posição bizarra do Brasil no na economia mundial”, Brasília, 17 fevereiro 2016, 6 p. Ensaio sobre a desestruturação econômica externa do Brasil, a partir de notas para hangout do Instituto Millenium sobre temas de comércio internacional e o Brasil, no dia 17 de fevereiro (feito virtualmente pela manhã); revisão em 2/03/2016. 
Publicado no boletim Mundorama (9/03/2016; link: http://www.mundorama.net/2016/03/09/a-posicao-bizarra-do-brasil-na-economia-mundial-por-paulo-roberto-de-almeida/); reproduzido no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com.br/2016/03/a-posicao-bizarra-do-brasil-na-economia.html).

Ainda estou devendo um resumo de uma página e meia para o Instituto Millenium. Prometi fazer, mas ainda não tive tempo, por uma razão muito simples: a coisa mais difícil para mim, não é exatamente escrever sobre um tema qualquer no qual eu possua um certo domínio, de conhecimento, de leituras, de experiência. Meu problema é escrever pouco.
Isso é um problema enorme, pois jornais e revistas sempre exigem trabalhos sintéticos, e eu tendo a ser prolixo, escrever demais, indo desde Adão e Eva até o futuro longínquo. Vou ter de aprender a escrever pouco...
Paulo Roberto de Almeida  

quarta-feira, 9 de março de 2016

I Concurso de Artigos em Comercio Internacional - FGV-SP

I Concurso de Artigos em Comércio Internacional

Cátedra OMC no Brasil
Centro do Comércio Global e Investimentos – CCGI
Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas –
EESP/FGV

I Concurso de Artigos em Comércio Internacional
Edital 002/2016-CACI

A Cátedra OMC no Brasil, representada por sua Titular, Professora Vera Thorstensen, diretora do Centro de Estudos do Comércio Global e Investimentos da Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas (CCGI-EESP/FGV), com endereço na Rua Itapeva, 286, 10º andar, Bela Vista – São Paulo/SP, 01332-000, torna público aos interessados o Edital com o regulamento do Concurso de Artigos em Comércio Internacional, com as regras que seguem.

1. Objeto

O presente Concurso tem por objetivo selecionar seis artigos científicos que versem sobre o seguinte tema: “O Novo Sistema Econômico Internacional”. Os artigos científicos poderão ser submetidos em duas categorias: (i) graduação; e (ii) pós-graduação, não sendo requerida formação em área especifica para participação. Serão selecionados três artigos científicos na categoria de graduação e três na categoria de pós-graduação. O artigo científico vencedor em cada categoria.

2. Critérios para a inscrição

Poderão participar do Concurso de Artigos em Comércio Internacional estudantes universitárias/os brasileiras/os e estrangeiras/os matriculadas/os em Instituições de Ensino Superior brasileiras, Universidades e/ou Faculdades, que apresentem artigos científicos em matéria de comércio internacional seguindo o tema “O Novo Sistema Econômico Internacional”, conforme disposto no item 3.

3. Tema

Os artigos científicos devem seguir o tema: “O Novo Sistema Econômico Internacional”, podendo ser abordados aspectos legais, econômicos, políticos e/ou de gestão relativos aos seguintes subtemas:

a. A coerência do Sistema Econômico Internacional;
b. Estabilidade financeira, regulação financeira e supervisão de riscos sistêmicos;
c. As novas barreiras regulatórias ao comércio (barreiras técnicas, sanitárias, fitossanitárias e
padrões privados);
d. Os mega-acordos, o futuro da política de acesso a mercados e acordos comerciais regulatórios;
e. Investimentos, comércio e regimes tributários;
f. Desenvolvimento sustentável, direitos humanos e o seu papel no novo sistema econômico internacional;
g. O papel do Comércio Internacional e suas instituições no Sistema Econômico Internacional;
h. Organização Mundial do Comércio (OMC) e os novos temas do comércio internacional no Século XXI;
i. Análise de instituições do Sistema Econômico Internacional.

A proposta desse concurso de artigos científicos endereça um problema que vem crescendo nos debates sobre economia internacional, que é a profusão de áreas e instituições com competências duplamente positivas ou duplamente negativas. Nesse sentido, é necessário reavaliar, primeiro, o conteúdo tratado no âmbito do Sistema Econômico Internacional, que envolve áreas como o Direito Internacional Econômico, Economia Internacional, Política Internacional, dentre outros. Nos últimos anos, novos temas têm ganhado corpo nas negociações internacionais e gerado um conflito de coerência sistêmica. Nesse sentido, até que ponto o sistema financeiro interfere no comércio internacional ou no sistema bancário internacional, ou na regulação de disciplinas ambientais? O sistema internacional está pronto para não apenas enfrentar novas questões sistêmicas que se apresentam, mas está dotado de instituições que funcionam com esse objetivo? A atualização do Sistema Econômico Internacional, passando por sua coerência interna, e as áreas a ele ligadas, é o que torna o tema aqui proposto atual e instigante para a/o jovem pesquisadora e interessada/o na área.

Seguem os links para o Edital 002/2016-CACI e para a Ficha de Inscrição.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Diplomacia companheira: como a ideologia isolou o Brasil comercialmente

COMÉRCIO EXTERIOR

Como a ideologia isolou o Brasil comercialmente

Especialistas dizem que o País se afastou de grandes mercados, como o dos Estados Unidos

Jornal do Commercio (Pernambuco), 07/10/2015


Da Editoria de Economia

O Brasil apostou muito no comércio com países feito a Venezuela, que está com a economia se arrastando / Agência France Press

O Brasil apostou muito no comércio com países feito a Venezuela, que está com a economia se arrastando

Agência France Press

O anúncio da criação do bloco econômico Transpacífico reacendeu a discussão sobre o quanto a política comercial brasileira foi impactada pela ideologia antiamericana nos últimos 12 anos, na administração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no primeiro mandato da presidente Dilma Rousseff, ambos do PT. O País focou sua atuação comercial no Mercosul, formado por alguns países da América do Sul que, além da instabilidade política, estão com a economia estagnada, como Argentina e Venezuela. Nesse período, o Brasil também aumentou as relações com a África, comércio que também não tem grande potencial, de acordo com especialistas. O problema brasileiro não foi mirar economias emergentes e sim dar as costas às grandes potências.

“Insistir no Mercosul foi um erro. O País está isolado comercialmente e isso foi o resultado de uma política isolacionista, que incluiu o alinhamento político como por exemplo ocorreu com a Venezuela. O Brasil deve despolitizar a política externa, pensar em relações comerciais que atraiam recursos via exportação. Deve se aproximar de países como os Estados Unidos, Canadá e União Europeia. Estes que deveriam ser parceiros preferenciais”, resume o professor do Departamento de Economia da UFPE Ricardo Chaves. Parceiro preferencial é quando dois países concordam em diminuir algum tipo de barreira tarifária para aumentar o comércio entre ambos. Já as barreiras são tarifas e taxas cobradas sobre importados.
Apesar dos EUA serem o 2º maior destino das nossas exportações, especialistas dizem que o Brasil se afastou, na última década, do mercado norte-americano. “Na própria América do Sul, muitos países fizeram acordos bilaterais com os EUA. O Chile vende frutas em condições especiais para os americanos”, afirma Chaves.
Professor de Economia Internacional da UFPE, Ecio Costa argumenta que a ideologia política teve um peso na composição do atual cenário do comércio exterior. “O Brasil se recusou a fazer parte da Alca por acreditar que era uma via de mão única a favor dos Estados Unidos. Depois disso, deveria ter feito acordos bilaterais, como fez o Chile”, conta, acrescentando que o nosso vizinho também fez acordos que incluíram a comercialização de uva, vinhos, cobre e móveis.
Ele diz também que o Brasil ficou esperando pelas negociações das Rodadas de Doha, iniciadas em 2002 e que até “agora não saíram do papel”. E cita que além da Transpacífico outras novas parcerias podem isolar mais ainda o comércio exterior do País. “Já começaram as negociações para um bloco chamado Transatlântico que vai transformar os Estados Unidos e a União Europeia numa área de livre comércio (com a diminuição das barreiras tarifárias). Se isso ocorrer, o Brasil vai perder a competitividade para esses destinos em produtos como a soja, frango, carne suína, aço e ferro, entre outros”, conta. A Transpacífico também deve impactar as vendas do Brasil ao exterior. Formada por 12 países, esse grupo consumiu 25% das exportações brasileiras no ano passado.
A falta de acordo bilateral faz um produto tipicamente nacional ser sobretaxado na União Europeia, o açúcar. Lá, para cada tonelada do produto nacional é adicionada uma taxa de <SC170,65> 68 (cerca de R$ 297). Somente 30% das importações de açúcar daquele bloco são taxadas. E, desse total, 84% dessa taxação incidem sobre o açúcar brasileiro. “Vários países da América do Sul fecharam acordos bilaterais recentemente sobre commodities. Isso não ocorreu com os nossos produtos”, lamenta o presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco, Renato Cunha.

segunda-feira, 21 de abril de 2014

Global trade: longo editorial do New York Times em favor do modeloamericano

This Time, Get Global Trade Right 

Editorial The New York Times, 19/04/2014


Many Americans have watched their neighbors lose good-paying jobs as their employers sent their livelihoods to China. Over the last 20 years, the United States has lost nearly five million manufacturing jobs. In that same time, however, the prices that Americans pay for basic goods like T-shirts and televisions have fallen. The cost of clothing is down 8.2 percent since 1993, as “made in China” and “made in Bangladesh” labels have crowded out “made in U.S.A.” on the shelves of the local mall.

There is a national ambivalence about our trade of goods and services with the rest of the world, which has more than doubled in the last two decades. Americans want the benefits of trade — and they are potentially big and quite real, including opening up new markets to American cars and software — but they’re increasingly anxious about the downside, which includes closed factories and lower wages. The country needs to pursue new trade agreements, but this time we need to get the agreements right.

With imports outpacing exports, America’s trade deficit has deepened and the country has lost manufacturing jobs.

The deficit in goods is much deeper with China than with the Nafta partners. But there is a job-creating surplus in services, which is bigger with Nafta countries.

This page has long argued that removing barriers to trade benefits the economy and consumers, and some of those gains can be used to help the minority of people who lose their jobs because of increased imports. But those gains have not been as widespread as we hoped, and they have not been adequate to assist those who were harmed. As the Obama administration negotiates two big trade agreements — one with 11 countries along the Pacific Ocean and the other with the European Union — it is appropriate to take stock of what we have learned in the 20 years since the passage of the North American Free Trade Agreement and use that knowledge to design better agreements.

To gain the support of a divided Congress and public, the administration must ensure that new agreements are much stronger than Nafta and other pacts. President Obama, who criticized the agreement with Canada and Mexico as a candidate in 2008, promised that his negotiations would avoid a race to lower costs and standards by requiring that countries adhere to common regulations in areas like labor rights, environmental protection and patents. Living up to that promise should be one of his highest priorities.

If done right, these agreements could improve the ground rules of global trade, as even critics of Nafta like Representative Sander Levin, Democrat of Michigan, have argued. They could reduce abuses like sweatshop labor, currency manipulation and the senseless destruction of forests. They could weaken protectionism against American goods and services in countries like Japan, which have sheltered such industries as agriculture and automobiles.

The Pacific agreement, known as the Trans-Pacific Partnership, could also encourage China, which is not part of the talks, to reconsider its currency and labor policies to avoid being at a disadvantage. (The participants are Vietnam, Malaysia, Japan, Australia, Canada, Mexico, Singapore, New Zealand, Chile, Peru and Brunei.) And a pact with the European Union could harmonize overlapping regulations to reduce the cost of doing business and increase competition. Both pacts could aid American foreign policy by strengthening alliances in Asia and Europe.

WELCOMING BUSINESS, NOT THE PUBLIC

One of the biggest fears of lawmakers and public interest groups is that only a few insiders know what is in these trade agreements, particularly the Pacific pact.

The Obama administration has revealed so few details about the negotiations, even to members of Congress and their staffs, that it is impossible to fully analyze the Pacific partnership. Negotiators have argued that it’s impossible to conduct trade talks in public because opponents to the deal would try to derail them.

But the administration’s rationale for secrecy seems to apply only to the public. Big corporations are playing an active role in shaping the American position because they are on industry advisory committees to the United States trade representative, Michael Froman. By contrast, public interest groups have seats on only a handful of committees that negotiators do not consult closely.

That lopsided influence is dangerous, because companies are using trade agreements to get special benefits that they would find much more difficult to get through the standard legislative process. For example, draft chapters from the Pacific agreement that have been leaked in recent months reveal that most countries involved in the talks, except the United States, do not want the agreement to include enforceable environmental standards. Business interests in the United States, which would benefit from weaker rules by placing their operations in countries with lower protections, have aligned themselves with the position of foreign governments. Another chapter, on intellectual property, is said to contain language favorable to the pharmaceutical industry that could make it harder for poor people in countries like Peru to get generic medicines.

Another big issue is whether these trade agreements will give investors unnecessary power to sue foreign governments over policies they dislike, including health and environmental regulations. Philip Morris, for example, is trying to overturn Australian rules that require cigarette packs to be sold only in plain packaging. If these treaties are written too loosely, big banks could use them to challenge new financial regulations or, perhaps, block European lawmakers from enacting a financial-transaction tax.

SEEKING THE REAL SOURCE OF JOB LOSS

Could these agreements lead to further job losses and exacerbate income inequality in the United States? Many critics are legitimately concerned about more outsourcing of jobs, and there is no doubt that trade, along with automation and financial deregulation, has contributed to income inequality.

But it’s important to remember that our trade with trade-agreement countries, like Mexico, is much more balanced than our trade with China. Those countries buy more American goods and services than they would without an agreement, sending money and jobs back in this direction.

A study published last year blamed increased imports from China for 44 percent of the decline in manufacturing employment from 1990 to 2007. People who lost those jobs were more likely to stop seeking work or to find lower-wage jobs in other industries, suggesting that government programs to retrain workers hurt by trade are inadequate. A second paper by the same scholars concluded that the negative impact of imports from Mexico and Central American nations with which the United States has agreements were “economically small and statistically insignificant.”

It’s easy to point the finger at Nafta and other trade agreements for job losses, but there is a far bigger culprit: currency manipulation. A 2012 paper from the Peterson Institute for International Economics found that the American trade deficit has increased by up to $500 billion a year and the country has lost up to five million jobs because China, South Korea, Malaysia and other countries have boosted their exports by suppressing the value of their currency.

HOW TO WRITE A BETTER AGREEMENT

The trade agreements the Obama administration is negotiating provide a chance for the United States to press countries to stop manipulating their currencies. The administration appears to be afraid that raising the issue could scuttle the talks. It’s time the administration stiffened its spine.

The president also needs to make clear to America’s trading partners that they need to adhere to enforceable labor and environmental regulations. This would level the playing field for American workers and improve the lives of tens of millions of workers in developing countries.

The Obama administration also needs to do much more to counter the demands of corporations with those of the public interest. Consumer and workers groups should have been on the same industry advisory committees. And Mr. Froman, the trade representative, must make clear that these agreements will allow countries to adopt regulations without the threat of a lawsuit from powerful businesses. On patents, the agreements should not cut off developing countries’ access to lifesaving generic medicines.

In recent months the debate about trade, and the Pacific agreement in particular, has become increasingly polarized. Senior Democrats like the Senate majority leader, Harry Reid, and the House minority leader, Nancy Pelosi, have come out against granting the president trade promotion authority, under which Congress agrees to vote up or down on agreements without amendments.

To a large extent, the administration has only itself to blame. By keeping secret so much information about trade negotiations, which have ceased to be purely about trade matters like tariffs and quotas, the government has made itself a target for criticism. Mr. Obama and Mr. Froman argue that their critics have misunderstood or misrepresented their intentions. But that is precisely why the president should provide answers to the questions people have raised about these agreements. It is time for him to make a strong case for why these new agreements will be good for the American economy and workers.s (EUA) - This Time, Get Global Trade Right (Editorial)


Many Americans have watched their neighbors lose good-paying jobs as their employers sent their livelihoods to China. Over the last 20 years, the United States has lost nearly five million manufacturing jobs. In that same time, however, the prices that Americans pay for basic goods like T-shirts and televisions have fallen. The cost of clothing is down 8.2 percent since 1993, as “made in China” and “made in Bangladesh” labels have crowded out “made in U.S.A.” on the shelves of the local mall.

There is a national ambivalence about our trade of goods and services with the rest of the world, which has more than doubled in the last two decades. Americans want the benefits of trade — and they are potentially big and quite real, including opening up new markets to American cars and software — but they’re increasingly anxious about the downside, which includes closed factories and lower wages. The country needs to pursue new trade agreements, but this time we need to get the agreements right.

With imports outpacing exports, America’s trade deficit has deepened and the country has lost manufacturing jobs.

The deficit in goods is much deeper with China than with the Nafta partners. But there is a job-creating surplus in services, which is bigger with Nafta countries.

This page has long argued that removing barriers to trade benefits the economy and consumers, and some of those gains can be used to help the minority of people who lose their jobs because of increased imports. But those gains have not been as widespread as we hoped, and they have not been adequate to assist those who were harmed. As the Obama administration negotiates two big trade agreements — one with 11 countries along the Pacific Ocean and the other with the European Union — it is appropriate to take stock of what we have learned in the 20 years since the passage of the North American Free Trade Agreement and use that knowledge to design better agreements.

To gain the support of a divided Congress and public, the administration must ensure that new agreements are much stronger than Nafta and other pacts. President Obama, who criticized the agreement with Canada and Mexico as a candidate in 2008, promised that his negotiations would avoid a race to lower costs and standards by requiring that countries adhere to common regulations in areas like labor rights, environmental protection and patents. Living up to that promise should be one of his highest priorities.

If done right, these agreements could improve the ground rules of global trade, as even critics of Nafta like Representative Sander Levin, Democrat of Michigan, have argued. They could reduce abuses like sweatshop labor, currency manipulation and the senseless destruction of forests. They could weaken protectionism against American goods and services in countries like Japan, which have sheltered such industries as agriculture and automobiles.

The Pacific agreement, known as the Trans-Pacific Partnership, could also encourage China, which is not part of the talks, to reconsider its currency and labor policies to avoid being at a disadvantage. (The participants are Vietnam, Malaysia, Japan, Australia, Canada, Mexico, Singapore, New Zealand, Chile, Peru and Brunei.) And a pact with the European Union could harmonize overlapping regulations to reduce the cost of doing business and increase competition. Both pacts could aid American foreign policy by strengthening alliances in Asia and Europe.

WELCOMING BUSINESS, NOT THE PUBLIC

One of the biggest fears of lawmakers and public interest groups is that only a few insiders know what is in these trade agreements, particularly the Pacific pact.

The Obama administration has revealed so few details about the negotiations, even to members of Congress and their staffs, that it is impossible to fully analyze the Pacific partnership. Negotiators have argued that it’s impossible to conduct trade talks in public because opponents to the deal would try to derail them.

But the administration’s rationale for secrecy seems to apply only to the public. Big corporations are playing an active role in shaping the American position because they are on industry advisory committees to the United States trade representative, Michael Froman. By contrast, public interest groups have seats on only a handful of committees that negotiators do not consult closely.

That lopsided influence is dangerous, because companies are using trade agreements to get special benefits that they would find much more difficult to get through the standard legislative process. For example, draft chapters from the Pacific agreement that have been leaked in recent months reveal that most countries involved in the talks, except the United States, do not want the agreement to include enforceable environmental standards. Business interests in the United States, which would benefit from weaker rules by placing their operations in countries with lower protections, have aligned themselves with the position of foreign governments. Another chapter, on intellectual property, is said to contain language favorable to the pharmaceutical industry that could make it harder for poor people in countries like Peru to get generic medicines.

Another big issue is whether these trade agreements will give investors unnecessary power to sue foreign governments over policies they dislike, including health and environmental regulations. Philip Morris, for example, is trying to overturn Australian rules that require cigarette packs to be sold only in plain packaging. If these treaties are written too loosely, big banks could use them to challenge new financial regulations or, perhaps, block European lawmakers from enacting a financial-transaction tax.

SEEKING THE REAL SOURCE OF JOB LOSS

Could these agreements lead to further job losses and exacerbate income inequality in the United States? Many critics are legitimately concerned about more outsourcing of jobs, and there is no doubt that trade, along with automation and financial deregulation, has contributed to income inequality.

But it’s important to remember that our trade with trade-agreement countries, like Mexico, is much more balanced than our trade with China. Those countries buy more American goods and services than they would without an agreement, sending money and jobs back in this direction.

A study published last year blamed increased imports from China for 44 percent of the decline in manufacturing employment from 1990 to 2007. People who lost those jobs were more likely to stop seeking work or to find lower-wage jobs in other industries, suggesting that government programs to retrain workers hurt by trade are inadequate. A second paper by the same scholars concluded that the negative impact of imports from Mexico and Central American nations with which the United States has agreements were “economically small and statistically insignificant.”

It’s easy to point the finger at Nafta and other trade agreements for job losses, but there is a far bigger culprit: currency manipulation. A 2012 paper from the Peterson Institute for International Economics found that the American trade deficit has increased by up to $500 billion a year and the country has lost up to five million jobs because China, South Korea, Malaysia and other countries have boosted their exports by suppressing the value of their currency.

HOW TO WRITE A BETTER AGREEMENT

The trade agreements the Obama administration is negotiating provide a chance for the United States to press countries to stop manipulating their currencies. The administration appears to be afraid that raising the issue could scuttle the talks. It’s time the administration stiffened its spine.

The president also needs to make clear to America’s trading partners that they need to adhere to enforceable labor and environmental regulations. This would level the playing field for American workers and improve the lives of tens of millions of workers in developing countries.

The Obama administration also needs to do much more to counter the demands of corporations with those of the public interest. Consumer and workers groups should have been on the same industry advisory committees. And Mr. Froman, the trade representative, must make clear that these agreements will allow countries to adopt regulations without the threat of a lawsuit from powerful businesses. On patents, the agreements should not cut off developing countries’ access to lifesaving generic medicines.

In recent months the debate about trade, and the Pacific agreement in particular, has become increasingly polarized. Senior Democrats like the Senate majority leader, Harry Reid, and the House minority leader, Nancy Pelosi, have come out against granting the president trade promotion authority, under which Congress agrees to vote up or down on agreements without amendments.

To a large extent, the administration has only itself to blame. By keeping secret so much information about trade negotiations, which have ceased to be purely about trade matters like tariffs and quotas, the government has made itself a target for criticism. Mr. Obama and Mr. Froman argue that their critics have misunderstood or misrepresented their intentions. But that is precisely why the president should provide answers to the questions people have raised about these agreements. It is time for him to make a strong case for why these new agreements will be good for the American economy and workers.

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Politica comercial companheira, 2: Brasil perde espacos no comercio internacional - Editorial Estadao

O Brasil perde espaço no comércio internacional

17 de abril de 2014 
Editorial O Estado de S.Paulo
Com um déficit na balança comercial de US$ 6 bilhões, até 11 de abril, e uma evolução das exportações de apenas 1%, neste ano, pelo critério de média por dia útil, é frágil o comércio exterior do Brasil. A fraqueza fica explícita nas previsões da Organização Mundial do Comércio (OMC), divulgadas segunda-feira, que apontam para uma recuperação das exportações e das importações no mundo.
Em 2013, o crescimento do comércio global foi de apenas 2,1% em relação a 2012, com as exportações alcançando US$ 18,8 trilhões, mas as previsões da OMC indicam um avanço de 4,7%, neste ano. No ano passado, a China foi o principal país exportador com US$ 2,2 trilhões e uma participação de 11,8% no comércio mundial, enquanto o Brasil, com vendas externas de US$ 242 bilhões, ocupou o 21.º lugar, com peso de 1,3%. Entre os maiores importadores, a liderança é dos Estados Unidos, seguida por China e Alemanha - e o Brasil está no 20.º lugar, importando US$ 250 bilhões, com peso de 1,3% na importação global.
Os números da OMC são algo diferente dos números oficiais do País. Entre 2011 e 2013, segundo a OMC, as exportações brasileiras declinaram US$ 13,8 bilhões, enquanto as importações cresceram quase US$ 13,4 bilhões. Pelos números oficiais divulgados no País, as exportações caíram US$ 8 bilhões ou 0,4% do Produto Interno Bruto (PIB).
A recuperação do comércio global, neste ano, dependerá tanto do ritmo da atividade nos Estados Unidos, que é promissor, como da União Europeia, que é lento, além da China. O comércio não recuperou a vitalidade que tinha antes da crise de 2008, registrando, em 2013, volume de trocas 17% menor. A recuperação será insuficiente para compensar a queda dos últimos 5 anos.
O diretor-geral da OMC, o brasileiro Roberto Azevêdo, argumenta que o aumento das importações do País tem um aspecto positivo. "Se o País importa substancialmente mais, tende a indicar que a economia está bem, o consumidor está comprando, a indústria está importando bens intermediários."
Mas esse é apenas um lado da realidade, pois a corrente comercial do Brasil - ou seja, a soma de importações e exportações - ficou estagnada entre 2011 e 2013. E não há indícios de que venha a se recuperar neste ano. O Brasil está, de fato, perdendo espaço no comércio internacional, por causa de custos e de ineficiências do governo Dilma.

domingo, 26 de janeiro de 2014

A baixa participacao do Brasil no comercio internacional - Editorial Estadao

O Brasil fora do jogo comercial

Editorial O Estado de S.Paulo, 26/01/2014

As regras do jogo para os novos acordos internacionais de comércio estão sendo criadas sem a participação do Brasil - e podem ser contrárias às posições defendidas tradicionalmente pela diplomacia brasileira. Falando em Davos, no Fórum Econômico Mundial, o chefe dos negociadores americanos, Michael Froman, deixou clara a intenção de valorizar cláusulas sociais e ambientais nos acordos em discussão neste momento. Ele se referia aos projetos em negociação com a União Europeia, a Parceria Transatlântica, e com países do Pacífico, a Parceria Transpacífica. A ideia é estabelecer novos padrões, mais severos, para os futuros tratados de livre-comércio. "Vamos elevar a barra", disse Froman, usando uma imagem esportiva. A mensagem é inconfundível: a ideia é mudar as condições de competição e tornar o salto mais difícil.
O governo brasileiro se opôs à inclusão de cláusulas sociais e ambientais na Rodada Doha de negociações multilaterais, lançada no fim de 2001. Houve amplo apoio a essa posição e os governos do mundo rico, principais defensores daquelas cláusulas, tiveram de recuar. Mas a rodada empacou e nada importante ocorreu a partir de 2008, apesar das várias tentativas, lideradas pela OMC, de reativar as conversações.
Dezenas de governos continuaram, no entanto, construindo acordos bilaterais e inter-regionais, com isso fragmentando o sistema internacional de regras. Países grandes e pequenos participaram dessas discussões, mas o Brasil permaneceu à margem, por uma decisão política - de fato, ideológica - de dar prioridade à integração com os países do "Sul", uma entidade geopolítica imaginária, moldada segundo os padrões do terceiro-mundismo.
A diplomacia econômica brasileira funcionou basicamente com duas referências nos últimos dez anos. Um dos focos foi o multilateralismo, representado, na prática, pela Rodada Doha. O outro foi a decisão de buscar acordos parciais apenas com países em desenvolvimento e de aprofundar os laços com o "Sul" idealizado.
Esses acordos foram negociados em conjunto com o Mercosul, dominado pelo terceiro-mundismo brasileiro e pelo protecionismo argentino. Essa estratégia também refletiu, em parte, a fantasia do presidente Lula de liderar a região.
Essa liderança ficou na retórica. O sepultamento do projeto da Área de Livre-Comércio das Américas, promovido pelos governos brasileiro e argentino, criou um descompasso entre o Mercosul e os países com ambições mais amplas de integração internacional. Os poucos acordos concretizados pelo Mercosul foram negociados com mercados pouco importantes. Os sul-americanos mais empenhados na inserção internacional buscaram acordos com os EUA e outros países avançados.
Esses países conseguiram boas condições de acesso aos mercados mais desenvolvidos. Ao mesmo tempo, economias altamente competitivas, como China e Coreia, ampliavam sua participação nesses mercados. O Brasil foi um grande perdedor. De fato, perdeu também na América Latina, onde concorrentes de outras regiões conquistaram espaço nos últimos dez anos.
A Aliança do Pacífico, formada por Chile, Peru, Colômbia e México, tornou mais evidente o distanciamento entre as políticas comerciais do Brasil e das economias mais abertas da América Latina. Nesse acordo, o México faz uma ponte entre a América do Norte e a do Sul e assume, naturalmente, uma posição de liderança jamais conseguida pelo Brasil.
O novo governo mexicano mostra boa percepção dessas diferenças. A Aliança do Pacífico, disse o presidente mexicano, Enrique Peña Nieto, é a sua plataforma para acordos com países da América do Sul.
Fora das grandes negociações, o Brasil tem de assistir de longe, sem possibilidade de interferência, à formação de novos critérios para acordos comerciais. Quando a Rodada Doha novamente deslanchar - se deslanchar -, esses novos padrões poderão estar muito mais difundidos do que estiveram até hoje. O terceiro-mundismo requentado poderá ficar ainda mais custoso do que foi até agora.

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Chile abre mercados com tratados de livre comercio, enquanto outros insistem na tal "nova geografia"...

Alguns, no governo anterior, insistiam numa tal de "nova geografia do comércio internacional", uma estupidez econômica envolta numa outra estupidez diplomática, a tal de "diplomacia Sul-Sul", ambas caracterizadas por uma inacreditável auto-contenção e orientação estreitamente ideológica do relacionamento exterior do Brasil, quando ele, se estivesse liberto de estúpidas viseiras ideológicas e de outras igualmente estúpidas limitações comerciais, poderia estar comerciando livremente com todos os países do mundo, como aliás faz o Chile, que tem acesso garantido a mercados que representam pelo menos 80% do PIB mundial.
Aprenderam amadores e ideólogos de ideias caducas?
Paulo Roberto de Almeida 

Exentos de aranceles 606 productos que Chile exporta a Japón y Corea del Sur

comercio
También quedaron liberados de aranceles desde hoy 215 productos que se exportan a Japón, entre los que figuran la trucha ahumada, frutas como cerezas, damascos, duraznos, ciruelas, kiwis, fresas congeladas y manzanas deshidratadas, además de algunos cueros y calzados.
Infolatam Efe
Santiago, 1 enero 2014

Las claves
  • Los productos más importantes incluidos en la lista son la carne de cerdo y ovina, uvas frescas, pasas, damascos, cerezas, duraznos, frambuesas, kiwis, arándanos, ciruelas y manzanas deshidratadas, jugo de manzana, harina de pescado y tableros de madera, entre otros.
Un total de 606 productos que Chile exporta a Corea del Sur y Japón quedarán desde hoy exentos del pago de aranceles, en el marco de los tratados de libre comercio suscritos con esos países, informó la Dirección de Relaciones Económicas Internacionales (Direcon) de la Cancillería chilena.
Según precisa el organismo en su sitio en internet, 391 de los productos en cuestión se exportan a Corea del Sur, país que a partir de hoy tendrá un 95 % de sus importaciones desde Chile exentas de arancel.
Los productos más importantes incluidos en la lista son la carne de cerdo y ovina, uvas frescas, pasas, damascos, cerezas, duraznos, frambuesas, kiwis, arándanos, ciruelas y manzanas deshidratadas, jugo de manzana, harina de pescado y tableros de madera, entre otros.
Entre enero y octubre de 2013, según cifras oficiales, las exportaciones chilenas a Corea del Sur sumaron 6.005 millones de dólares, de los que unos 3.000 millones corresponden a productos mineros, en tanto que las frutas, alimentos procesados y salmón sumaron unos 500 millones.
También quedaron liberados de aranceles desde hoy 215 productos que se exportan a Japón, entre los que figuran la trucha ahumada, frutas como cerezas, damascos, duraznos, ciruelas, kiwis, fresas congeladas y manzanas deshidratadas, además de algunos cueros y calzados.
Entre enero y octubre pasados las exportaciones de Chile a Japón alcanzaron un valor de 6.383 millones de dólares, de los que 4.395 millones correspondieron a productos mineros.

sexta-feira, 6 de dezembro de 2013

OMC-Bali: nuestros hermanos e os aliados estrategicos, sabotando a conferencia

Índia consegue apoio da África do Sul e dos 'bolivarianos' na OMC
RAQUEL LANDIM
Folha de S. Paulo, 5/12/2013

Antes isolada nas negociações da Organização Mundial de Comércio (OMC), a Índia conquistou apoio de África do Sul, Namíbia, Zimbábue e dos países "bolivarianos": Venezuela, Cuba, Bolívia e Equador.

Em reunião realizada nesta quarta-feira (4) à tarde para tentar superar o impasse que ameaça de fracasso a conferência ministerial da OMC, esses países defenderam a demanda indiana de garantir o direito dos países pobres subsidiarem seus agricultores em programas de segurança alimentar.

A Argentina também demonstrou desconforto com o acordo de liberalização do comércio em discussão em Bali, mas por outro motivo. Os argentinos querem um compromisso concreto dos países em acabar com os subsídios à exportação de produtos agrícolas.

ACORDO DESBALANCEADO

No total, nove dos 55 países que participaram do encontro informal convocado pelo diretor geral da OMC, Roberto Azevêdo, afirmaram que o esboço do acordo costurado nas negociações prévias em Genebra está "desbalanceado".

Eles reclamaram que os países pobres serão obrigados a investir para desburocratizar suas aduanas e fronteiras, enquanto os ricos não estão fazendo o suficiente no outro braço da negociação, a agricultura.

Na OMC, as decisões são tomados por consenso, portanto, basta um país ser contra para acabar com o acordo. Desse grupo, apenas a Índia teria peso político para tomar essa decisão sozinha. No entanto, o apoio dos demais reforça a posição indiana.

Segundo apurou a Folha, Paquistão e Uruguai foram explicitamente contra a demanda indiana de uma "cláusula de paz" que permaneça até que seja encontrada uma solução para adequar os programas de segurança alimentar às regras multilaterais.

Para os uruguaios, a "trégua" precisa ter um prazo, porque senão se torna um "cheque em branco" para subsidiar. Os paquistaneses temem que o vizinho acabe exportando seus estoques de alimentos, deprimindo os preços pagos aos produtores agrícolas da região.

No encontro privado entre os ministros, os indianos mantiveram a mesma posição intransigente que demonstraram na reunião plenária de manhã. "A segurança alimentar não é negociável", disse Ahmad Sharma, ministro do Comércio da Índia.

Por enquanto, a Índia não colocou na mesa as "garantias" de que seus programas de segurança alimentar não vão distorcer o comércio mundial, conforme sinalizou na terça-feira (3) a brasileiros e sul-africanos. Eles podem se comprometer, por exemplo, a não exportar produtos destinados aos estoques de alimentos.

Já os Estados Unidos, que exigem um prazo de quatro anos para a "cláusula de paz", estão demonstrando mais flexibilidade. Eles reiteram que já cederam muito, mas abandonaram a postura de que "não mudariam uma linha" no acordo fechado em Genebra. Eles agora dizem que "não vão deixar de chegar a um acordo se houver algo razoável na mesa".

O Brasil assumiu o papel de mediador do acordo de Bali. Nesta quarta-feira (4), o chanceler Luiz Alberto Figueiredo esteve reunido com os ministros de Índia, África e com o diretor geral, Roberto Azevêdo. Um pouco antes, teve um encontro com o representante comercial dos Estados Unidos, Michael Froman. "Nós enfatizamos que estamos preparados para aceitar o pacote de Bali", disse Figueiredo.

NAS MÃOS DO DIRETOR GERAL

A medida que o tempo passa, aumenta a pressão dos países para que Azevêdo coloque na mesa de negociação um texto próprio para tentar alcançar o consenso. Mais de 30 países fizeram esse pedido ao diretor geral. "Chegou o momento do diretor geral apresentar um texto de aterrissagem. Conte conosco", disse o representante do Chile.

Pelo novo ritmo que imprimiu as negociações na OMC, Azevêdo tem bastante credibilidade para "colocar um papel na mesa", apesar do pouco tempo no cargo. Mas ele ainda não decidiu o que fazer. Todos os ex-diretores gerais que tomaram esse risco fracassaram, incluindo o francês, Pascal Lamy.


Em meio a sua mais grave crise, a OMC ganhou nesta quarta-feira um integrante. O Iêmen se tornou o 160º membro da entidade.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

O yuan (China) supera o euro como moeda de comercio internacional

E, por acaso, a Alemanha é o único país da zona do euro a ter saldos positivos no comércio  bilateral com a China.
Paulo Roberto de Almeida 
El yuan se ha convertido en la segunda moneda más usada en el comercio mundial por delante del euro, según los datos actualizados hasta el pasado mes de octubre por la organización de servicios a las transacciones financeras SWIFT. El adelanto ha tenido lugar gracias a lanueva política del Gobierno de Pekín, que ha tomado medidas para potenciar la internacionalización de su divisa.
En concreto, el uso de la moneda china alcanzó en octubre una cuota de mercado del 8,66%, muy por encima del 1,89% registrado en enero de 2012, frente al del 6,64% del euro, que ha visto como su uso ha caído desde enero del año pasado, cuando representaba el 7,87% del total.
Los cinco países con mayor uso del yuan durante el pasado mes de octubre fueron China, Hong Kong, Singapur, Alemania y Australia, precisó la organización.
"El yuan es claramente una monedatop en los intercambios financieros globales y aún más en Asia", destacó Franck de Praetere, responsable de pagos y mercados comerciales para Asia Pecífico de SWIFT. No obstante, el uso del yuan aún está lejos de amenazar el dominio del dólar, cuya cuota de mercado se situó en octubre en el 81,08%, según los datos aportados por SWIFT.
Por otro lado, en cuanto al volumen de pagos en yuanes, la moneda china se mantuvo estable en octubre en decimosegunda posición con una ligera caída de la actividad al 0,84% del total, frente al 0,86% de de septiembre.
Sin embargo, durante el mismo periodo los pagos en yuanes aumentaron su valor un 1,5%, mientras que el crecimiento para el conjunto de monedas fue del 4,6%.

terça-feira, 6 de agosto de 2013

Mais maquiagens contabeis? Desta vez no comercio exterior...

 Economistas sugerem manobra para melhorar saldo comercial
Por Angela Bittencourt e Cristiano Romero | De São Paulo
Valor Econômico, 06/08/2013

Criatividade para melhorar as estatísticas do país não é característica exclusiva do governo Dilma Rousseff ou do Tesouro Nacional, pilotado por Arno Augustin. Na sexta-feira, durante encontro com o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Márcio Holland, economistas de mercado fizeram proposta inusitada: a realização de manobra contábil para mudar o resultado da balança comercial.
Quando era ministro da Fazenda, Pedro Malan dizia que "no Brasil até o passado é incerto". Na reunião de sexta-feira, dois economistas-chefes de bancos sugeriram que o governo transfira, para o resultado da balança comercial de 2012, parte da importação de petróleo e derivados feita pela Petrobras no ano passado e registrada apenas neste ano.
Nos últimos meses de 2012, a estatal importou óleo bruto e derivados no valor de US$ 4,6 bilhões, mas só registrou a compra entre janeiro e março deste ano. Fez isso graças a norma da Receita Federal que permite o registro de importações até 50 dias depois do desembarque do produto. Se o registro tivesse sido feito em dezembro, o saldo comercial de 2012 teria encolhido de US$ 19 bilhões para US$ 14,4 bilhões.
A ideia de transferir importações para a estatística do ano passado tem uma motivação: melhorar o resultado da balança comercial em 2013. No primeiro semestre do ano, o Brasil registrou déficit comercial de US$ 3,1 bilhões. Uma das causas do déficit foi justamente a balança de petróleo e derivados, que acumulou saldo negativo de US$ 8,2 bilhões.
A mudança de registro de importações diminuiria esse déficit para US$ 3,6 bilhões. E produziria um superávit comercial, no primeiro semestre, de US$ 1,5 bilhão. Há mais de uma década o Brasil não registra déficits anuais na balança comercial.
Para o economista-chefe de um grande corretora, presente à reunião com Holland, ao creditar importações de petróleo no ano em que realmente ocorreram, "o governo teria a vantagem de regularizar a série da balança comercial por uma razão estatística e não econômica". Na avaliação do economista-chefe de um dos maiores bancos privados do país, a sugestão teve o objetivo de corrigir uma estatística importante. "Superestimou-se o saldo comercial de 2012 da mesma forma que, agora, está se subestimando o desempenho da balança comercial [de 2013]."
Os economistas alegaram que a prática de transferir registros de exportação e importação de um ano para o outro é comum em outros países. "As importações da Petrobras foram registradas com atraso. Seria adequado, portanto, registrá-las como sendo de 2012", explicou um dos participantes da reunião. "Do ponto de vista técnico, é errado fazer isso? Não. O problema é que o governo já está sem credibilidade", opinou um economista. "É um ajuste que vai sair pela culatra. Não deveria ser feito neste momento", advertiu.
Segundo apurou o Valor, Holland não fez, durante o encontro, comentários sobre a proposta. Além disso, o ajuste das estatísticas não depende da Fazenda e sim do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. A princípio, o governo não está pensando em acolher a sugestão.

O maior deficit comercial em 20 anos: a volta da "heranca maldita"?

Brasil registra pior resultado no comércio internacional em 20 anos

Em julho o país comprou mais do que vendeu bens e matérias-primas de outros países. No acumulado do ano, déficit de quase US$ 5 bilhões.


O país registrou, este ano, o pior resultado do comércio internacional em 20 anos. Só as exportações de petróleo caíram pela metade em julho. E não foi só isso: preços de produtos que o Brasil vende para o exterior também despencaram.
O prato dos importados ficou mais pesado, por causa do aumento das importações de petróleo e derivados. Já o outro prato, das exportações, ficou mais leve, com a queda nas vendas de produtos como o café, petróleo bruto e ferro. O resultado: déficit de quase US$ 5 bilhões.
Em julho o país comprou mais do que vendeu bens e matérias-primas de outros países. Assim, a balança comercial fechou com saldo negativo. No acumulado do ano, o déficit é histórico: chega a quase US$ 4,989 bilhões. Foram US$ 135,2 bilhões em exportações e US$ 140,2 bilhões em importações.
É o pior resultado desde 1993, quando o governo começou a divulgar os dados. No mesmo período de 2012, a balança teve superávit de US$ 9,92 bilhões.
Especialistas explicam que o comércio mundial está em queda por causa da crise financeira. Além disso, compras de petróleo e derivados feitas pelo Brasil ano passado foram contabilizadas este ano.
“Nós estamos consumindo mais, e a Petrobras provisoriamente está exportando menos. Mas estamos aumentando a produção de derivados e a produção da Petrobras está aumentando, então daqui a pouco voltaremos a exportar mais petróleo”, afirmou o ministro Guido Mantega.
Apesar de déficit na balança comercial, o governo decidiu reduzir o imposto de importação de cerca de 100 produtos, a maioria matéria-prima para as indústrias. O corte passa a valer a partir de primeiro de outubro. São itens como vidros, chapas de aço, cordas, que tiveram as alíquotas aumentadas no ano passado para proteger as indústrias dos artigos estrangeiros.
Segundo o governo, as tarifas voltaram ao patamar normal porque o dólar mais caro inibe as importações e o setor está fortalecido. A expectativa é que os produtos finais fiquem mais baratos.
Segundo o economista Renato Baumann, a medida não vai prejudicar a balança comercial. “A composição final do preço desses itens ainda é algo que desestimula as importações. Você tem dois componentes: imposto de importação e o dólar mais alto”, ressalta.
Na lista de importados mais baratos, dois podem ser comprados direto da prateleira: pneus e batatas fritas congeladas. A família Silva, que adora o petisco, comemorou. “Eu fiquei feliz, porque a gente pode comprar mais”.
O dólar fechou na quinta-feira (1) com a maior cotação dos últimos quatro anos: R$ 2,30.

segunda-feira, 20 de maio de 2013

E por falar em OMC, Páginas Amarelas da Veja, uma outra entrevista (PRA)

Dei a entrevista abaixo à revista Veja, em 2001. Por causa dela, recebi uma punição do Itamaraty, que acreditava estar defendendo não sei quais posições. Nunca soube por que fui punido, pois não encontro nada nessa entrevista que se oponha, agora ou antes, às posições oficiais da chancelaria. Vai lá saber...
Paulo Roberto de Almeida


Ricos e arrogantes

Especialista em relações internacionais
diz que os países desenvolvidos agem de
forma desleal com seus parceiros pobres
Cristiana Baptista
Páginas Amarelas, VEJA, Edição 1 723 - 24 de outubro de 2001
Ron Sachs/CNP
"O Brasil é competitivo na área agrícola, assim como os americanos o são em tecnologia. A abertura tem de ser recíproca"
O sociólogo Paulo Roberto de Almeida, 50 anos, é autor de sete livros sobre comércio internacional. Outros três serão lançados nos próximos meses. São Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas, com as atualizações que se mostraram necessárias depois dos atentados terroristas nos Estados Unidos, e Formação da Diplomacia Econômica no Brasil,os dois em português. Além desses, ele é autor de um livro de história brasileira destinado a leitores estrangeiros, que está sendo editado na França. Ultimamente, ele tem se interessado pela hipocrisia que norteia as relações de troca entre os países ricos e as nações pobres.
Em artigo publicado recentemente no jornal O Estado de S. Paulo, Paulo Roberto de Almeida demoliu com argumentos avassaladores as idéias fora do lugar de Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, que defendeu a política agrícola européia, viciada em proteção excessiva e subsídios e altamente nociva aos interesses brasileiros. Paulo Roberto de Almeida vive atualmente em Washington, nos Estados Unidos.
Veja – Os países ricos são hipócritas por pregar o livre comércio para os outros ao mesmo tempo que erguem barreiras protecionistas em torno de suas economias. Há alguma chance de eles mudarem de atitude? Almeida – Não. É desalentador constatar que os países mais avançados, amparados nas melhores teorias econômicas, preconizam as virtudes do livre comércio, mas estão longe de praticá-lo. Os Estados Unidos têm um déficit comercial de 400 bilhões de dólares ao ano e são de longe a economia mais aberta do planeta, mas em relação a uma gama de produtos, que por acaso coincidem com nossos principais bens de exportação – especialmente na área agrícola –, os americanos praticam um protecionismo renitente, com a utilização de barreiras não-tarifárias de diversos tipos. Isso sem falar dos subsídios maciços com que adubam sua agricultura. Para outros produtos, como o aço, existem medidas anti-dumping que também são abusivas. Não é preciso lembrar os efeitos nefastos que o protecionismo agrícola da União Européia provoca não só em nossas exportações, mas no comércio internacional como um todo. Os europeus praticam não apenas um protecionismo para dentro, ou seja, restringem o ingresso de produtos de outros países em seus mercados. Eles também praticam uma concorrência desleal para fora, na medida em que subvencionam pesadamente as exportações de determinados bens que poderiam ser vendidos por países produtores agrícolas não-subvencionistas. O protecionismo agrícola é certamente um obstáculo importante porque penaliza uma parte substancial do comércio exterior brasileiro. Os subsídios internos também são um fator relevante à medida que eles distorcem os preços. Se alguém dá subsídios aos produtores de soja, por exemplo, faz com que os preços caiam nos mercados internacionais, e isso penaliza produtores não-subsidiados.
Veja – No caso do aço, eles têm alguma razão econômica indiscutível para sobretaxar o produto brasileiro? Almeida – O aço é uma das indústrias tradicionais americanas. Ela emprega centenas de milhares de pessoas e patrocina um dos mais ativos e bem-sucedidos lobbies dos Estados Unidos. As siderúrgicas americanas por força do lobby vêm mantendo como verdadeira a idéia falsa de que o aço estrangeiro é vendido a preço baixo em seu mercado apenas porque os países exportadores praticam o dumping – o rebaixamento irreal e, no caso do comércio internacional, ilegal de preços. Isso é uma falsidade. O Brasil consegue vender produtos siderúrgicos a preços mais baixos que os Estados Unidos pela simples razão de que nossa indústria, nesse setor, é mais eficiente. A siderurgia brasileira é mais competitiva que a americana. Obviamente existem fatores naturais que nos favorecem, como a proximidade das jazidas e a qualidade do minério. Mas, em modernização tecnológica, a siderurgia brasileira dá um banho na americana. Por isso ela recorre aos lobbies e abusivamente acusa o Brasil de fazer dumping. Como vimos, são alegações sem fundamento.
Veja – Os países ricos estão sendo sinceros quando criam dificuldades ao comércio das nações em desenvolvimento em nome da preservação ambiental ou da coibição do trabalho infantil?
Almeida – A intenção declarada é a mais meritória possível: defender o meio ambiente e melhorar as condições de trabalho dos operários. Na prática, sabemos que tais cláusulas acabam atuando em detrimento dos países em desenvolvimento e justificando medidas protecionistas abusivas, a pretexto de defender regras "leais de comércio". O Brasil não tem nada a temer nesse tipo de questão. Não apenas porque possuímos uma legislação ambiental adequada, mas também porque nossas empresas exportadoras apresentam alto grau de conformidade com os princípios mais modernos do ciclo de vida dos produtos. No plano trabalhista, igualmente, o Brasil aderiu à maior parte das convenções internacionais que defendem direitos dos trabalhadores e liberdade sindical. Em muitos pontos estamos à frente dos Estados Unidos, que exibem um registro pouco lisonjeiro nessa área.
Veja – Luís Inácio Lula da Silva, candidato do PT à Presidência da República, afirmou que a Europa tem lá suas razões para defender a agricultura com subsídios e barreiras. A política agrícola européia é defensável?
Almeida – Não. A política européia está em total contradição com o que os europeus pregam sobre abertura econômica, competição leal e livre concorrência. A questão central, a meu ver, não é dar dinheiro aos agricultores. Se os europeus acharem que devem subsidiar a agricultura, é uma questão interna deles. O condenável é barrar a competição de fora tanto na Europa quanto nos países onde eles vendem seus produtos. Se achar certo, o governo francês tem todo o direito de levar os agricultores a Paris, hospedá-los nos melhores hotéis da Avenida Champs-Élysées e ainda pagar um bônus para eles se divertirem. Esse não é o ponto. Essas mordomias até sairiam mais baratas que a política agrícola européia atual. Os europeus gastam 60 bilhões de dólares por ano em subvenções agrícolas. Eles que gastem como quiserem o dinheiro público. O problema começa quando eles, além disso, usam mecanismos francamente condenáveis para barrar a competição externa. Obviamente, está-se diante de um grave problema de eficiência. A competição externa permitiria baixar à metade o preço da cesta de comidas típicas dos europeus. Não há legitimidade na defesa da política agrícola européia.
Veja – Lula a defendeu...
Almeida – Não posso acreditar que líderes políticos defendam uma guerra de subsídios. Isso claramente não é do interesse nacional. Não tenho nada contra o fato de que os europeus façam o que quiserem com seu dinheiro. Mas interessa a todos os brasileiros e deveria interessar também aos partidos de oposição que o mercado mundial funcione com regras leais de competição. Por lealdade, entendo uma situação em que os produtos brasileiros recebam na Europa o mesmo tratamento que os europeus recebem no Brasil.
Veja – Como avançar diplomaticamente nesse campo, em que os países ricos mostram tanta intransigência?
Almeida – Com negociação. Há muito tempo o Brasil vem insistindo na abertura dos mercados agrícolas, assim como os Estados Unidos e os europeus insistem em regras para a proteção da propriedade intelectual. Cada grupo de países tem seus interesses. O Brasil é competitivo na área agrícola, assim como os americanos o são em tecnologia e propriedade intelectual. Queremos que essas áreas sejam negociadas da mesma forma. A abertura precisa ser recíproca. O papel dos países ricos no comércio mundial tem de sofrer uma mudança radical. Internamente, eles precisam aceitar mais competição. Mas o dano maior que causam é pela maneira ilegal como massacram os produtos originários de países pobres nos mercados não-europeus. Ao subsidiar seus produtores rurais, os europeus estão arruinando os produtores agrícolas dos países pobres. Essa situação não pode continuar.
Veja – É correta a alegação de que uma maior abertura da Europa aos produtos agrícolas importados arruinaria a economia da região?Almeida – Não. Está provado por uma série de evidências recentes que abertura comercial não tem relação direta e causal com problemas econômicos internos. Os Estados Unidos ostentam um déficit comercial anual de 400 bilhões de dólares e são a economia mais aberta do planeta. Poucas vozes aqui relacionam os problemas atuais da economia americana com o grau de abertura de seu mercado. Outras duas economias que estão entre as mais abertas do mundo, Cingapura e Holanda, são também altamente desenvolvidas. Os países podem ter problemas internos em quaisquer circunstâncias, com ou sem abertura da economia. A idéia de que praticar o livre comércio de duas vias pode fazer as economias entrar em colapso é retrógrada. Essa visão corresponde a uma concepção mercantilista do comércio e da economia internacional que não tem mais razão de ser em nossa época. A União Européia, uma potência comercial e nosso mais importante parceiro econômico, é protecionista e desleal. Ponto. Agindo assim, a Europa provoca efeitos econômicos danosos a si própria e ao bom funcionamento do comércio mundial.
Veja – Com terrorismo e recessão, podemos estar entrando numa fase de retrocesso da globalização?
Almeida – Não acredito. Uma série de medidas já foram tomadas para inverter essa tendência recessiva. E não acho que haja uma tendência à volta ao protecionismo.
Veja – A crise argentina e as dificuldades enfrentadas por Brasil, Uruguai e Paraguai estão enfraquecendo os laços criados pelo Mercosul. O senhor acredita na eficiência e sobrevivência dos blocos econômicos regionais?
Almeida – A União Européia começou em 1957 e levou praticamente quarenta anos para ser totalmente constituída. Ela alternou momentos de euforia, de crescimento, de recessão, pessimismo e otimismo. O Mercosul tem apenas dez anos. Ele cresceu extraordinariamente nesse período. Hoje enfrenta dificuldades temporárias que serão certamente superadas.
Veja – Depois dos atentados terroristas aos Estados Unidos, o senhor sentiu necessidade de revisar seu livro Os Primeiros Anos do Século XXI: Relações Internacionais Contemporâneas, que está prestes a ser publicado. O que mudou na situação mundial?
Almeida – Talvez não seja totalmente correto afirmar que o mundo mudou radicalmente com essa ação espetacular do terrorismo fundamentalista, mas é absolutamente certo que a agenda internacional já é outra. A prioridade agora são os temas de segurança e a luta contra as redes de terroristas. O Brasil também partilha essas preocupações, ainda que não seja alvo provável de atentados. As prioridades centradas na questão do desenvolvimento passaram para o segundo plano.
Veja – Por que o comércio internacional é sempre uma questão tensa e confusa?
Almeida – Porque ele funciona de uma maneira que não é exatamente a esperada pelo senso comum. O comércio internacional não pode ser uma via de mão única. A visão mercantilista, segundo a qual exportar é bom e importar é ruim, não cabe mais nos tempos de hoje. Isso não corresponde à realidade econômica dos países em geral, nem do Brasil em particular. Quando o país importa ele moderniza sua economia e passa a estar qualificado também para exportar mais e melhor. Precisamos certamente exportar mais, mas isso também não significa dizer que precisamos voltar a ter saldos superavitários estrondosos como nos anos 80, quando eles chegavam a 12 bilhões de dólares ao ano.
Veja – Os produtos brasileiros são competitivos no mercado internacional?
Almeida – O Brasil é bastante competitivo em alguns setores e perde feio em outros. Mas diferenciais de competitividade e de produtividade não podem ser de nenhuma maneira invocados como justificativas para o protecionismo, sobretudo quando levados às raias do absurdo comercial e do irracionalismo econômico, como acontece com a política agrícola européia. Na verdade, a competitividade agrícola brasileira não deixa nada a desejar quando confrontada à da Europa ou dos Estados Unidos, com exceção de poucos setores de notória especialização e de alta intensidade tecnológica. De fato, é justamente por ser competitivo que o Brasil está sendo penalizado no acesso ao mercado europeu de alimentos e insumos processados.
Veja – O Brasil está finalmente descobrindo que uma das funções dos diplomatas é vender a imagem do país no exterior e com isso facilitar os negócios?
Almeida – O Brasil descobriu que precisa criar uma cultura exportadora. Como todo grande país, ele está voltado para dentro. Isso também acontece com os Estados Unidos. O comércio exterior ocupa um pedaço muito pequeno na economia brasileira, algo como 10% do produto nacional bruto. Agora, a condição para que o Brasil se desenvolva, para que a população tenha um progresso social, uma melhoria no padrão de vida, um aumento na renda, é a inserção bem-sucedida do país no comércio internacional. O Mercosul e a abertura econômica foram passos importantes nesse sentido, mas é preciso avançar mais.