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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 14 de maio de 2010
Triplice fronteira deve se mudar para o Panamá...
Preparem-se. Depois não digam que não avisei...
Enfim, não sei se dá para recriar as cataratas no Panamá, mas os mosquitos não devem ser muito diferentes, e para os terroristas, eles devem pegar uns taxistas de NY...
Paulo Roberto de Almeida
Reações inflamadas
André Miranda
O Globo, 14/05/2010
'Tríplice fronteira': Brasil, Argentina e Paraguai se voltam contra Kathryn Bigelow
RIO - A anunciada intenção da diretora americana Kathryn Bigelow de filmar o longa-metragem "Tríplice fronteira" tem causado um certo desconforto em Argentina, Paraguai e Brasil. As primeiras informações divulgadas sobre o filme indicam que ele trataria da existência de máfias, contrabando e tráfico de drogas, inclusive com a presença de terroristas árabes, na região das Cataratas do Iguaçu, uma divisa dos três países.
O secretário de Turismo de Foz do Iguaçu, Felipe Gonzalez Camilo Rorato, divulgou uma nota em que diz que "a liberação de qualquer imagem turística (...) da cidade só será autorizada após leitura e aprovação do roteiro". Ele escreveu ainda: "Sobre a suposta temática do filme, acreditamos que não há elementos concretos para se afirmar qualquer conexão de empresários, entidades ou pessoas de ascendência árabe da fronteira com o financiamento de grupos terroristas islâmicos."
A ministra do Turismo do Paraguai, Liz Cramer, foi além em entrevista ao jornal espanhol "El País":
- Falei com o secretário de Turismo da Argentina e com autoridades brasileiras. Estamos todos indignados. Eles querem nos sujar como os perversos do mundo.
Kathryn é a atual detentora dos Oscars de melhor direção e filme, por "Guerra ao terror". Ela ainda não se manifestou sobre as críticas acerca de "Tríplice fronteira".
3 comentários:
Nosso provincianismo às vezes me assusta. Já pensou se tivesse uma revolta nos EUA a cada vez que um filme retrata o país de modo preconceituoso?
Não haveria mais Sessão da Tarde...
Não sei porque tanto alarde, ou melhor, sei que se devem a um "não querer sujar nossa imagem aos turistas". No mais, penso que existem informações fiáveis na ação da máfia chinesa na região (o que deve trazer algum serviço de inteligência chinês consigo), de árabes talvez com conexões com grupos extremistas e assim o Mossad deve vir junto, além da CIA, sem falar nos serviços de inteligência do Exército brasileiro, da PF, entre outros... Mais acima, naquela fronteira, é terra sem lei... e talvez esses grupos lá se ramifiquem...
E isso não falo com base em nenhuma teoria da conspiração: pouco sabemos o que acontece fora dos grandes centros do país, sobretudo fora das duas metrópoles nacionais... e com certeza as coisas não são tão tranquilas..
Abraços.
Já circularam algumas piadas sobre hipotéticos atentados terroristas no Brasil, tendo os candidatos a terroristas sido frustrados pela nossa burocracia, pela nossa bagunça e por várias otras cositas más que só no Brasi tem, como sabem todos os adeptos da "teoria da jabuticaba" (eu sou um, tendo feito alguns artigos a respeito).
No caso da Tríplice Fronteira, como aliás no caso da Amazônia, dos índios "oprimidos", das crianças de "rua", nossa reação é sempre epidérmica, nacionalisteira, patrioteira, indignada (não com a situação em si, mas em relação àqueles que se permitem meter o seu "dedo sujo" no problema), enfim, aquela coisa que todos conhecemos.
Há muito tempo se sabe que a região permite todos os tráficos, lavagem de dinheiro, enfim, um festival de ilegalidades que só as autoridades não reconhecem.
Podia até ser um cineasta brasileiro romantizando a bandidagem e a violência, que o filme seria até mandado para Hollywood, como legítimo produto nacional, ainda que denegrindo a imagem do país e não exatamente promovendo-a.
Mas vai um cineasta imperialista tratar do mesmo problema: o mundo vem abaixo.
Claro, Hollywood SEMPRE deforma toda a história e o contexto, todo mundo sabe disso, especialmente mexicanos, colombianos e latinos em geral, sem falar dos terroristas ainda mais exóticos.
Mas, por ridículo que seja, não damos autorização para Hollywood filmar aqui se for "deformar" a nossa imagem.
O Brasil ainda não ficou grande...
Paulo Roberto de Almeida
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