Não me refiro exclusivamente aos EUA, o grande consumidor de drogas em geral (provavelmente não tanto quanto a Europa, proporcionalmente, mas suas estatísticas são mais fiáveis ou realistas), mas ao mundo das drogas em geral, um imenso império do livre-comércio das drogas, de investimentos diretos nos insumos, de serviços sofisticados, online, de coordenação entre produtores, fabricantes, distribuidores e consumidores de drogas, provavelmente o terceiro item mais importante no comércio internacional, depois de uma commodity nauseabunda como o petróleo, de armas, para variar, e provavelmente antes de qualquer outra commodity, produtos eletrônicos e que tais...
O panorama na América Latina, também para variar, é o pior possível (ou o melhor possível, dependendo do ponto de vista...): aumento da produção primária, da fabricação de drogas, da exportação e da criminalidade, de uma forma geral, quando tudo isso não se faz com a ativa cooperação de algumas autoridades que deveriam estar tratando de combater o fenômeno, para não chegar na situação em que hoje se encontra o México, quase uma reprodução dos selvagens cães de guerra de outros países...
A Venezuela se tornou o principal país exportador e o Peru não quer ser visto como o primeiro produtor da matéria-prima...
Interessante que a mesma ONU acha injusto que a maior parte dos lucros do comércio fique com os países consumidores. Talvez ela queira fazer um programa para "redistribuir" esses lucros fabulosos com os países podutores, se isso é factível. Tratei dessa possibilidade bizarra neste post deste blog: http://diplomatizzando.blogspot.com/2010/06/drogas-onu-quer-transferir-mais-lucros.html
Paulo Roberto de Almeida
Relatório da ONU vê ‘diversificação’ no mercado de drogas ilegais no mundo
BBC Brasil, 23 de junho, 2010
A produção e o consumo das principais drogas tradicionais estão em queda ou controlados no mundo, mas há sinais do aumento do uso de novas substâncias sintéticas, principalmente em países em desenvolvimento, segundo um relatório publicado nesta quarta-feira pela Organização das Nações Unidas.
Uso de drogas sintéticas pode passar em breve o de heroína e cocaína
Segundo o Relatório Mundial sobre Drogas da UNODC (agência da ONU para drogas e crime), o cultivo de coca, matéria prima para a cocaína, caiu entre 12% e 18% entre 2007 e 2009.
No mesmo período, segundo o relatório, o cultivo da papoula, matéria prima do ópio e da heroína, teria caído 23%. A agência espera uma queda ainda mais acentuada neste ano, por conta de uma praga que ataca as plantações no Afeganistão, o maior produtor mundial.
O relatório não traz dados específicos sobre cultivo de maconha, mas a agência da ONU observa uma redução no consumo da droga nos seus principais mercados – América do Norte e Europa.
Ainda assim, a maconha se mantém como a droga ilegal mais consumida no mundo. O relatório estima que entre 130 milhões e 190 milhões de pessoas consumiram a droga no último ano.
Anfetaminas
Segundo a UNODC, porém, o uso de estimulantes do grupo anfetamínico (ATS, na sigla em inglês) está em alta no mundo e deve ultrapassar em breve o número combinado de usuários de heroína e cocaína.
O relatório também menciona o aumento no abuso de drogas legais.
A agência da ONU observa que o combate ao tráfico e ao consumo de drogas sintéticas, produzidas em laboratórios, é mais difícil do que o combate às drogas tradicionais, produzidas à base de plantas.
Muitas vezes essas drogas sintéticas não são proibidas pelas leis dos países ou são produzidas a partir de substâncias legais. Além disso, muitos laboratórios estão localizados próximos aos consumidores, evitando longas rotas de tráfico internacional, como acontece com as drogas tradicionais.
“Essas novas drogas provocam um duplo problema. Primeiro, elas são desenvolvidas a uma velocidade muito maior do que as normas regulatórias e a aplicação da lei consegue acompanhar. Em segundo, o marketing é muito perspicaz, já que elas são produzidas para atender a preferências específicas em cada situação”, afirma o diretor-executivo da UNODC, o italiano Antonio Maria Costa.
Segundo o relatório, o número de laboratórios clandestinos de drogas sintéticas detectados cresceu 20% em 2008, incluindo países onde nunca antes haviam sido detectados laboratórios do tipo – o Brasil é citado como um desses países.
Para Costa, os dados mostram a dificuldade no combate às drogas. “Não resolveremos o problema das drogas no mundo se simplesmente empurrarmos o abuso de cocaína e heroína para outras substâncias que provocam dependência. E há um número ilimitado delas, produzidos em laboratórios mafiosos a custos baixos”, disse.
Novos mercados
O relatório da UNODC também destaca um aumento no consumo de drogas em geral em países antes livres do problema.
Entre os movimentos detectados estão o aumento no consumo de heroína no leste da África, o aumento do consumo de cocaína na América do Sul e no oeste da África e o aumento da produção e do consumo de drogas sintéticas no Oriente Médio e no Sudeste Asiático.
“Não resolveremos o problema mundial das drogas transferindo o consumo do mundo desenvolvido para o mundo em desenvolvimento”, advertiu Costa.
“Os países mais pobres não estão em uma posição de absorver as consequências do aumento do consumo de drogas. O mundo em desenvolvimento enfrenta uma crise iminente que poderia escravizar milhões na miséria da dependência de drogas”, afirma.
O documento adverte ainda para a influência desestabilizadora do tráfico de drogas sobre países de trânsito no tráfico de drogas, principalmente a cocaína.
Segundo a agência da ONU, o poder econômico e a violência relacionados ao tráfico pode ameaçar a segurança e a soberania dos países. O relatório cita a preocupação com o aumento da violência no México, na América Central e no oeste da África em particular.
Apesar de a coca ser cultivada apenas em três países – Colômbia, Peru e Bolívia -, o relatório identifica uma crescente diversificação nas rotas de tráfico da cocaína.
Segundo o relatório, 51% das drogas apreendidas em carregamentos marítimos com direção à Europa entre 2006 e 2008 tinham origem na Venezuela. O Brasil era a origem de 10% dos carregamentos. A Colômbia, maior produtor mundial de coca até o ano passado, foi identificada como a origem de apenas 5% da droga apreendida.
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Perú niega que sea el mayor productor de coca
Redacción BBC Mundo, 23 de junio de 2010
La Oficina de Naciones Unidas contra la droga y el delito en Lima puso en duda un informe de ese mismo organismo en Bogotá que asegura que Perú superó a Colombia en la producción de hoja de coca.
La oficina de la ONU en Lima afirma que se usaron métodos distintos de medición.
En el documento se indica que por primera vez en una década Perú produce el 45% de toda la hoja de coca en la región andina, con unas 119.000 toneladas, mientras que Colombia pasó a producir el 39%, lo que se traduce en 103.000 toneladas.
Flavio Mirella, de la oficina en Lima, aseveró que tales cifras se obtuvieron midiendo conceptos distintos, ya que los colombianos miden la hoja secada al horno, que es el método usado por los narcotraficantes colombianos. En el Perú se midió la hoja secada al sol.
Lo clave aquí, según Mirella, es que la coca secada al sol pesa más que la que pasa por un horno.
La misma balanza
Esto significa que si en ambos casos se pesara la coca secada al sol Colombia seguiría adelante con 149.391 toneladas y Perú con 128.000.
El corresponsal de la BBC en Lima, Dan Collyns, indicó que esos número indican, en todo caso, una reducción significativa de la producción.
Sin embargo, pese a ese descenso, Colombia permanece como el principal productor de hoja de coca debido a que -como argumenta Mirella- todavía posee una mayor superficie de plantaciones de la hoja.
Sin embargo, estas cifras podrían cambiar rápido.
En 2009 los traficantes de drogas generaron US$22.000 millones en Perú, casi 17% de la economía del país, de acuerdo a cifras oficiales peruanas.
Además, según informa Collyns, los cultivos de coca se están extendiendo en nuevas áreas remotas.
Por ello el funcionario de la ONU advirtió que Perú podría alcanzar a Colombia muy pronto.
Aún así, esto confirma la tesis de expertos que aseguran que cuando los esfuerzos antidrogas se intensifican en un país, lo que sucede es que la producción se va a otro lado.
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