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quarta-feira, 16 de junho de 2010

Brasil terá maior crescimento agrícola do mundo até 2019

Como demonstra a matéria abaixo da BBC-Brasil, nosso país é uma potência agrícola e deve continuar a sê-lo no futuro previsível. Isso tem tudo a ver com a teoria das vantagens comparativas de David Ricardo, como já afirmava desde meados do século passado um economista clarividente como Eugênio Gudin, acusado, pelos "industrializantes" ignaros da época, de ser um partidário do "Brasil eternamente agrícola", o que obviamente é ridículo.
Não existe nenhum atraso em ser uma potência agrícola, atividade que reune o que tem de melhor na ciência, na tecnologia, na indústria, nos serviços, na pesquisa de ponta.
Isso não tem absolutamente nada a ver com a "desindustrialização" do Brasil. Todos os países passam pela diminuição do setor industrial na formação do PIB, geralmente em direção dos serviços, mas não há nada de fundamentalmente errado em reforçar o setor agrícola, sobretudo se este é moderno, pujante, capitalizado e cientificamente apoiado como é o caso no Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

Brasil terá maior crescimento agrícola do mundo até 2019
Daniela Fernandes
De Paris para a BBC Brasil
15 de junho, 2010

Brasil deve ampliar participação em produtos que já exporta

A produção agrícola do Brasil deverá registrar o maior crescimento mundial, de mais de 40% até 2019, na comparação com o período entre 2007 e 2009, segundo um relatório conjunto da Organização da ONU para a Alimentação e a Agricultura (FAO) e da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulgado nesta terça-feira.

“É no Brasil que a alta da produção agrícola será, de longe, a mais rápida”, afirma o documento Perspectivas Agrícolas 2010-2019, divulgado pelas duas organizações.

De acordo com o relatório, a agricultura russa deve crescer 26% até 2019. Os setores agrícolas da China e da Índia também devem registrar um aumento significativo nesse período, de 26% e 21%, respectivamente.

Já a produção agrícola da União Europeia deve registrar uma expansão de menos de 4% até 2019, segundo o relatório, que classifica o desempenho como “estagnado”.
“O aumento da produção agrícola mundial deverá ser menos rápido durante a próxima década do que nos últimos dez anos, mas ela deverá, no entanto, permitir o crescimento de 70% da produção mundial de alimentos até 2050, como exige o crescimento demográfico previsto”, afirma o relatório.

Etanol
O documento demonstra que o Brasil deve ampliar ainda mais suas atividades em setores agrícolas onde já atua com destaque. Um deles é o da produção de etanol, que deve crescer 7,5% por ano no Brasil no período entre 2010 e 2019.

“O Brasil, com sua indústria baseada na produção de etanol a partir da cana-de-açúcar, deverá ser o principal exportador mundial. Uma parte dessas exportações deve transitar pelos países do Caribe com destino aos Estados Unidos para se beneficiar de condições preferenciais de importação”, diz o relatório.

Segundo a FAO e a OCDE, “o aumento do comércio internacional de etanol vai resultar quase totalmente do crescimento das exportações brasileiras”.

O documento afirma ainda que “40% do aumento da produção mundial de etanol deve ser realizado graças ao aumento da produção baseada na cana-de-açúcar, principalmente do Brasil, para atender a demanda doméstica brasileira e americana”.

Oleaginosas
Outro setor agrícola em que o Brasil deverá ter maior destaque é o dos oleaginosos (soja, milho, óleos vegetais). Durante a próxima década, 70% do aumento das exportações mundiais de grãos oleaginosos devem vir do Brasil.

As exportações brasileiras do produto devem passar de 26% do total mundial em 2010 a 35% em 2019, diz o relatório.
“O Brasil deverá se tornar o primeiro exportador mundial de grãos oleaginosos, ultrapassando os Estados Unidos em 2018.”

O país também deverá ampliar sua posição, já forte, no mercado mundial de açúcar, representando 50% do comércio internacional na próxima década.

O Brasil terá ainda um papel significativo no aumento do comércio mundial de carnes, contribuindo “sozinho com 63% das exportações de países que não integram a OCDE e com um terço das exportações mundiais”, diz o relatório.

O documento afirma também que os preços dos produtos agrícolas voltaram a cair, após os níveis recordes atingidos há dois anos, durante a crise alimentar, mas ressalta que “é pouco provável” que eles voltem aos níveis médios da década passada.

Os preços médios devem permanecer mais elevados e as preocupações em relação à segurança alimentar persistem, afirmam as duas organizações.

Elas preveem que as cotações médias do trigo e dos cereais serão, nos próximos dez anos, entre 15% e 40% superiores às do período entre 1997 e 2006

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