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segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Do "ouro" de Moscou ao trafico de cocaina: o financiamento das guerrilhas na AL - Cesar Maia

"Ouro" era uma expressão: eram dólares, mesmo, entregues aos líderes dos partidos comunistas e às guerrilhas, desde que elas defendessem as posições da URSS. Depois da queda da União Soviética, a situação ficou difícil e alguns se reciclaram na criminalidade pura e simples, como os guerrilheiros colombianos, "prósperos" traficantes e sequestradores...
Foi o que restou. E tem gente que ainda os apoia, aqui mesmo no Brasil, não se sabe em nome do que. Um desses, por exemplo, tentou ser porta-voz, ou intermediário, das FARC. Em qalquer país decente, já teria sido chamado por uma comissão parlamentar. Menos neste país em que a ilegalidade se esconde (ou se exerce) nos lugares mais inesperados...

DE ONDE VINHA, E DE ONDE VEM AGORA O DINHEIRO DAS GUERRILHAS NA AMÉRICA LATINA!
Cesar Maia
Folha de S.Paulo, 31/07/2010

1. A questão central das guerrilhas sempre foi a de financiamento e logística. Afinal, armas e munição não caem do céu. A apropriação em combate no máximo conta-se em unidades. Por ideologia, a atração de recursos humanos e a motivação dos guerrilheiros podem ser resolvidas. Medicamentos, comida e uniformes, até se conseguem em ação. Nos anos 80 as guerrilhas de esquerda latino-americanas atingiam seu auge, inspiradas em Cuba, no Vietnã e na tomada de poder pelos sandinistas na Nicarágua em 1979.

2. Tive uma longa conversa, em Manágua, em 2006, com Éden Pastora -o mítico Comandante Zero-, que tomou o Palácio Nacional em 1978. Todo o encanto ideológico se desfez para ele no momento da ocupação do poder, quando as lideranças deram lugar aos parentes e amigos de Ortega, que governou até 1990 e voltou ao poder agora, num escabroso acordo.

3. O processo de paz com as guerrilhas de Guatemala, El Salvador e Honduras se deu na primeira metade dos anos 90, com celebração pela ONU. A entrega de armas e a paz seriam inevitáveis depois da queda do Muro de Berlim em 1989, da implosão do Pacto de Varsóvia e da desintegração da União Soviética em 1991. Com o término do subsídio soviético ao açúcar cubano e sem as fontes de financiamento da Europa Oriental, as guerrilhas centro-americanas foram perdendo fôlego. O processo de paz, liderado pela ONU, foi nesse sentido quase humanitário. A democratização veio com a superação das ditaduras de direita. As guerrilhas transformadas em partidos políticos.

4. Mas há exceções, ambas na América do Sul. As Farc e o ERP na Colômbia e o Sendero Luminoso no Peru. Nos três casos as fontes público-ideológicas de financiamento das guerrilhas foram substituídas por fontes "privadas". Primeiro as extorsões mediante sequestro, que passaram a somar milhares por ano, alcançando centenas de milhões de dólares. E em seguida o tráfico de cocaína. Inicialmente com as guerrilhas cobrando pedágio para a passagem da cocaína. E em seguida com elas mesmas dando proteção à produção de coca e cobertura aos traficantes.

5. A liquidação dos grandes cartéis de cocaína deu curso a sua pulverização, facilitando o "trabalho" das guerrilhas. Substituídas as fontes de financiamento públicas por "privadas", o "ouro de Moscou" pela cocaína, as guerrilhas se consolidaram nos anos 90, especialmente as da Colômbia. Que ainda estão aí oxigenadas pela cocaína.

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En Colombie, le nouveau président Santos défié par une attaque des FARC
Marie Delcas - Bogota, correspondante
Le Monde, 02.08.2010

Cinq policiers et un soldat colombien ont été tués vendredi dans le sud du pays, au cours d'une embuscade attribuée par les autorités aux Forces armées révolutionnaires de Colombie (FARC). Quelques heures plus tôt, dans une vidéo diffusée sur Internet, le chef de cette guérilla, Alfonso Cano, proposait d'engager des négociations de paix avec le futur gouvernement.

Cette attaque intervient alors que le président Juan Manuel Santos, élu le 20 juin, doit prendre ses fonctions le 7 août. "Les portes du dialogue ne sont pas fermées", a déclaré le futur vice-président Angelino Garzon. Il a toutefois posé comme condition à l'ouverture d'éventuels pourparlers avec la guérilla la libération de tous les otages et la cessation des violences.

"Alfonso Cano est un tueur qui joue les idéologues dans les médias", a déclaré dimanche le président sur le départ. Partisan de la manière forte, Alvaro Uribe continue de fustiger les guérilleros qu'il s'était juré d'anéantir. Mardi 27 juillet, il appelait ses concitoyens à déjouer "le piège de la paix, tendu par terroristes".

DES TENSIONS AVEC LE VENEZUELA
La proposition des FARC intervient en pleine crise diplomatique avec Caracas. En réponse aux accusations de Bogota concernant la présence de chefs et de camps guérilleros en territoire vénézuélien, le président Hugo Chavez a rompu les relations diplomatiques le 22 juillet.

M. Chavez qui affirme avoir militarisé la frontière accuse M. Uribe – "laquais des Américains" – de vouloir préparer une guerre contre le Venezuela. "Mon objectif suprême est de l'éviter", a martelé Hugo Chavez, dimanche 1er août. La Colombie dément toute intention offensive.

Réunie jeudi 29 juillet à Quito en session extraordinaire, l'Union des nations sud-américaines (Unasur) a échoué a régler le différend. Hugo Chavez a affirmé détenir un "plan de paix pour la Colombie", sans en révéler le contenu. Dimanche 25 juillet, il avait publiquement appelé les FARC – qui sont dans le maquis depuis plus de quarante ans – à déposer les armes.

Datée de "juillet 2010", la vidéo des FARC montre un Alfonso Cano vieilli mais tranquille. "Nous avons toujours été attachés à la recherche de solutions politiques", affirme Alfonso Cano qui, depuis 2008, dirige l'organisation. Selon lui, les précédentes tentatives de dialogue ont échoué faute de "volonté pour trouver des solutions". Et de rappeler que "les innombrables gouvernements qui ont promis d'en finir avec le conflit armé par la voie militaire ont également échoué".

L'ESSOUFFLEMENT DE LA GUÉRILLA
L'organisation armée veut discuter réforme agraire, réforme politique et modèle économique. "Rien de très nouveau si ce n'est que, cette fois, les FARC ne mettent pas de conditions à l'ouverture du dialogue, remarque l'analyste Leon Valencia. La guérilla a perdu l'illusion de prendre le pouvoir par les armes."

Huit ans d'une lutte sans merci menée par Alvaro Uribe ont affaibli les FARC, sans en venir à bout. De source officielle, les guérilleros sont aujourd'hui moins de 8 000 hommes en armes contre 20 000 en 2002. Dans le sud-ouest du pays, l'armée talonne Alfonso Cano depuis des semaines. Plusieurs campements de l'"anneau de sécurité" du grand chef des FARC ont été démantelés.

Sur ce dossier comme sur d'autres, M. Uribe a du mal à cacher son agacement face à "l'indépendance" – c'est le terme des médias – de son ex-ministre de la défense, héritier désigné et successeur. Juan Manuel Santos avait fait campagne en promettant de continuer l'œuvre de son mentor. "Si les FARC veulent la paix, ils doivent être capable de dire ‘c'en est fini de cette violence qui n'a plus de sens', déclare son vice-président Garzón. S'ils le font, soyez sûrs que le gouvernement de Juan Manuel Santos fera preuve d'une immense générosité pour construire la paix, le pardon et la réconciliation, tout en respectant les droits des victimes."

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