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quarta-feira, 8 de junho de 2011
O modo idiota de produção e o aumento do sofrimento dos estudantes
Tente entender esta passagem do texto que vai reproduzido abaixo, in totum:
“Deste modo, o capitalismo global como capitalismo manipulatório nas condições da vigência plena do fetichismo da mercadoria, expõe uma contradição crucial entre, por um lado, a universalização da condição de proletariedade e, por outro lado, a obstaculização efetiva – social, política e ideológica - da consciência de classe de homens e mulheres que vivem da venda de sua força de trabalho.”
Ou, então, tente entender esta outra passagem:
“Entretanto, ao invés de prenunciar a catástrofe final do capitalismo mundial, a crise estrutural do capital prenuncia, pelo contrário, uma nova dinâmica sócio-reprodutiva do sistema produtor de mercadorias baseado na produção critica de valor.”
Compreendeu? Não!? Não se preocupe, caro leitor. Nem eu! Aliás, nem qualquer pessoa medianamente educada e razoavelmente bem informada sobre as realidades do mundo – este nosso mundo, real, concreto, não o mundo esquizofrênico de certos acadêmicos – seria capaz de entender o que está escrito, ou subentendido nas passagens acima.
Ou se preocupe sim, se você tiver a má sorte de ter o autor desse texto como seu professor ou orientador (que azar, não é mesmo?).
O que mais me surpreendeu nesse texto, além do caráter obscuro de sua escrita, é o total descompromisso e o desconhecimento do autor em relação à conjuntura europeia, à crise de alguns dos países da região, ao funcionamento do capitalismo tal como o conhecemos, enfim, à simples realidade presente, ali, e em todas as demais regiões que parecem sofrer sob o jugo do capitalismo fetichista.
Até parece que a vanguarda esclarecida da “proletariedade” – a expressão é do autor – está apenas aguardando o agravamento da crise estrutural do capitalismo para relançar a luta revolucionária em favor de uma alteração radical da alienação atual e, finalmente, inaugurar um novo modo de produção, que talvez seja apenas um modo acadêmico de produção de teses, artigos, teses, antíteses ou de qualquer outra coisa, que eu não hesitaria em chamar de modo idiota de produção.
Confesso que tive certa dificuldade em selecionar as passagens para colocar em epígrafe, como fiz acima. Não que eu não encontrasse passagens suficientemente confusas para ser vir de exemplo desse novo modo idiota de produção acadêmica. Mas é que existem passagens demais, todo o texto é uma assemblagens de frases e parágrafos incompreensíveis, obscuros, totalmente sem sentido. Uma incrível proliferação de non-sense, de equívocos conceituais, de erros factuais, de simples bobagens textuais.
Enfim, não quero prolongar a ansiedade de todos vocês para ler – se desejarem meia hora de surrealismo acadêmico – estendendo-me demasiado neste simples texto introdutório.
Apenas quero terminar por duas mensagens a dois públicos específicos.
1) Aos infelizes alunos desse professor na UNESP: meus cumprimentos pela sorte que vocês têm, neste semestre, de não tê-lo atuando na sua (como diremos?) “alma mater”; vocês escaparam pelo menos por um semestre, talvez por dois, de um besteirol certamente maior do que este;
2) Aos colegas (por sorte temporários) deste “estagiário” no seu pós-doutorado na Universidade de Coimbra: meus pêsames, a todos vocês, pelo esforço que terão de dispender para tentar compreender o que ele quer dizer em sua linguagem gótica e absolutamente incompreensível aos comuns dos mortais.
Paulo Roberto de Almeida
PS1: O autor pode me agradecer por ter aumentado a esfera de audiência de um artigo de dificílima compreensão aos comuns dos mortais, em setores que normalmente não tomariam conhecimento desse tipo de material.
PS2: O autor parece ter passado impune pela mais recente reforma ortográfica, que eliminou diversos acentos que ele continua usando indevidamente, a começar por europeia; mas são muitos mais os erros de ortografia, os descuidos de revisão, a insistência em certos cacoetes de linguagem (como o uso do “Ora,...”), além do próprio caráter obscuro de seu modo de expressão.
PS3: Ele deve copyrights, ou pelo menos moral rights, ao verdadeiro autor da frase "moinho satânico", que ele nem mencionou quem é...
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A crise européia e o “moinho satânico” do capitalismo global
A crise européia é não apenas uma crise da economia e da política nos países europeus, mas também – e principalmente - uma crise ideológica que decorre não apenas da falência política dos partidos socialistas em resistir à lógica dos mercados financeiros, mas também da incapacidade das pessoas comuns e dos movimentos sociais de jovens e adultos, homens e mulheres explorados e numa situação de deriva pessoal por conta dos desmonte do Estado social e espoliação de direitos pelo capital financeiro, em perceberem a natureza essencial da ofensiva do capital nas condições do capitalismo global. O artigo é de Giovanni Alves.
Carta Maior, 8 de junho de 2011
Publicado no site CARTA MAIOR de 08/06/2011 – www.cartamaior.com.br
A crise européia e o “moinho satânico” do capitalismo global
Giovanni Alves (*)
A crise financeira de 2008 expõe com candência inédita, por um lado, a profunda crise do capitalismo global e, por outro, a débâcle político-ideológico da esquerda socialista européia intimada a aplicar, em revezamento com a direita ideológica, os programas de ajustes ortodoxos do FMI na Grécia, Espanha e Portugal, países europeus que constituem os “elos mais fracos” da União Européia avassalada pelos mercados financeiros.
Aos poucos, o capital financeiro corrói o Estado social europeu, uma das mais proeminentes construções civilizatórias do capitalismo em sua fase de ascensão histórica. Com a crise estrutural do capital, a partir de meados da década de 1970, e a débâcle da URSS e o término da ameaça comunista no Continente Europeu, no começo da década de 1990, o “capitalismo social” e seu Welfare State, tão festejado pela social-democracia européia, torna-se um anacronismo histórico para o capital. Na verdade, a União Européia nasce, sob o signo paradoxal da ameaça global aos direitos da cidadania laboral. É o que percebemos nos últimos 10 anos, quando se ampliou a mancha cinzenta do desemprego de longa duração e a precariedade laboral, principalmente nos “elos mais fracos” do projeto social europeu. Com certeza, a situação do trabalho e dos direitos da cidadania laboral na Grécia, Espanha e Portugal deve piorar com a crise da dívida soberana nestes países e o programa de austeridade do FMI.
Vivemos o paradoxo glorioso do capital como contradição viva: nunca o capitalismo mundial esteve tão a vontade para aumentar a extração de mais-valia dos trabalhadores assalariados nos países capitalistas centrais, articulando, por um lado, aceleração de inovações tecnológicas e organizacionais sob o espírito do toyotismo; e por outro lado, a proliferação na produção, consumo e política, de sofisticados dispositivos de “captura” da subjetividade do homem que trabalha, capazes de exacerbar à exaustão, o poder da ideologia, com reflexos na capacidade de percepção e consciência de classe de milhões e milhões de homens e mulheres imersos na condição de proletariedade.
Deste modo, a crise européia é não apenas uma crise da economia e da política nos países europeus, mas também – e principalmente - uma crise ideológica que decorre não apenas da falência política dos partidos socialistas em resistir à lógica dos mercados financeiros, mas também da incapacidade das pessoas comuns e dos movimentos sociais de jovens e adultos, homens e mulheres explorados e numa situação de deriva pessoal por conta dos desmonte do Estado social e espoliação de direitos pelo capital financeiro, em perceberem a natureza essencial da ofensiva do capital nas condições do capitalismo global.
Ora, uma parcela considerável de intelectuais e publicistas europeus têm uma parcela de responsabilidade pela “cegueira ideológica” que crassa hoje na União Européia. Eles renunciaram há tempos, a uma visão critica do mundo, adotando como único horizonte possível, o capitalismo e a Democracia – inclusive aqueles que se dizem socialistas. Durante décadas, educaram a sociedade e a si mesmos, na crença de que a democracia e os direitos sociais seriam compatíveis com a ordem burguesa. O pavor do comunismo soviético e a rendição à máquina ideológica do pós-modernismo os levaram a renunciar a uma visão radical do mundo. Por exemplo, na academia européia – que tanto influencia o Brasil – mesmo em plena crise financeira, com aumento da desigualdade social e desmonte do Welfare State, abandonaram-se os conceitos de Trabalho, Capitalismo, Classes Sociais e Exploração. Na melhor das hipóteses, discutem desigualdades sociais e cidadania...
Há tempos o léxico de critica radical do capitalismo deixou de ser utilizado pela nata da renomada intelectualidade européia, a maior parte dela, socialista, satisfeita com os conceitos perenes de Cidadania, Direitos, Sociedade Contemporânea, Democracia, Gênero, Etnia, etc – isto é, conceitos e categoriais tão inócuas quanto estéreis para apreender a natureza essencial da ordem burguesa em processo e elaborar com rigor a crítica do capitalismo atual. Na verdade, para os pesquisadores da “classe média” intelectualizada européia, muitos deles socialistas “cor-de-rosa”, a esterilização da linguagem crítica permite-lhes pleno acesso aos fundos públicos (e privados) de pesquisa institucional.
É claro que esta “cegueira ideológica” que assola o Velho Continente decorre de um complexo processo histórico de derrota do movimento operário nas últimas décadas, nos seus vários flancos – político, ideológico e social: o esclerosamento dos partidos comunistas, ainda sob a “herança maldita” do stalinismo; a “direitização” orgânica dos partidos socialistas e sociais-democratas, que renunciaram efetivamente ao socialismo como projeto social e adotaram a idéia obtusa de “capitalismo social”; o débâcle da União Soviética e a crise do socialismo real, com a intensa campanha ideológica que celebrou a vitória do capitalismo liberal e do ideal de Democracia. A própria União Européia nasce sob o signo da celebração da globalização e suas promessas de desenvolvimento e cidadania. Last, but not least, a vigência da indústria cultural e das redes sociais de informação e comunicação que contribuíram – apesar de suas positividades no plano da mobilização social – para a intensificação da manipulação no consumo e na política visando reduzir o horizonte cognitivo de jovens e adultos, homens e mulheres à lógica do establishment, e, portanto, à lógica neoliberal do mercado, empregabilidade e competitividade.
Na medida em que se ampliou o mundo das mercadorias, exacerbou-se o fetichismo social, contribuindo, deste modo, para o “derretimento” de referenciais cognitivos que permitissem apreender o nome da “coisa” que se constituía efetivamente nas últimas décadas: o capitalismo financeiro com seu “moinho satânico” capaz de negar as promessas civilizatórias construídas na fase de ascensão histórica do capital.
Não deixa de ser sintomático que jovens de classe média indignados com a “falsa democracia” e o aumento da precariedade laboral em países como Portugal e Espanha, tenham levantado bandeiras inócuas, vazias de sentido, no plano conceitual, para expressar sua aguda insatisfação com a ordem burguesa. Por exemplo, no dia 5 de junho de 2011, dia de importante eleição parlamentar em Portugal, a faixa na manifestação de jovens acampados diante da célebre catedral de Santa Cruz em Coimbra (Portugal), onde está enterrado o Rei Afonso Henriques, fundador de Portugal, dizia: “Não somos contra o Sistema. O Sistema é que é Contra Nós”. Neste dia, a Direita (PSD-CDS) derrotou o Partido Socialista e elegeu a maioria absoluta do Parlamento, numa eleição com quase 50% de abstenção e votos brancos. Enfim, órfãos da palavra radical, os jovens indignados não conseguem construir, no plano do imaginário político, uma resposta científica e radical, à avassaladora condição de proletariedade que os condena a uma vida vazia de sentido.
Na verdade, o que se coloca como tarefa essencial para a esquerda radical européia - e talvez no mundo em geral - é ir além do mero jogo eleitoral e resgatar a capacidade de formar sujeitos históricos coletivos e individuais capazes da “negação da negação” por meio da democratização radical da sociedade. Esta não é a primeira - e muito menos será a última - crise financeira do capitalismo europeu. Portanto, torna-se urgente construir uma “hegemonia cultural” capaz de impor obstáculos à “captura” da subjetividade de homens e mulheres pelo capital. Para que isso ocorra torna-se necessário que partidos, sindicatos e movimentos sociais comprometidos com o ideal socialista, inovem, isto é, invistam, mais do que nunca, em estratégias criativas e originais de formação da classe e redes de subjetivação de classe, capazes de elaborar – no plano do imaginário social – novos elementos de utopia social ou utopia socialista. Não é fácil. É um processo contra-hegemônico longo que envolve redes sociais, partidos, sindicatos e movimentos sociais. Antes de mais nada, é preciso resgatar (e re-significar) os velhos conceitos e categorias adequadas à critica do capital no século XXI. Enfim, lutar contra a cegueira ideológica e afirmar a lucidez crítica, entendendo a nova dinâmica do capitalismo global com suas crises financeiras.
Ora, cada crise financeira que se manifesta na temporalidade histórica do capitalismo global desde meados da década de 1970 cumpre uma função heurística: expor com intensidade candente a nova dinâmica instável e incerta do capitalismo histórico imerso em candentes contradições orgânicas.
Na verdade, nos últimos trinta anos (1980-2010), apesar da expansão e intensificação da exploração da força de trabalho e o crescimento inédito do capital acumulado, graças à crescente extração de mais-valia relativa, a produção de valor continua irremediavelmente aquém das necessidades de acumulação do sistema produtor de mercadorias. É o que explica a financeirização da riqueza capitalista e a busca voraz dos “lucros fictícios” que conduzem a formação persistente de “bolhas especulativas” e recorrentes crises financeiras.
Apesar do crescimento exacerbado do capital acumulado, surgem cada vez mais, menos possibilidades de investimento produtivo de valor que conduza a uma rentabilidade adequada às necessidades do capital em sua etapa planetária. Talvez a voracidade das políticas de privatização e a expansão da lógica mercantil na vida social sejam estratégias cruciais de abertura de novos campos de produção e realização do valor num cenário de crise estrutural de valorização do capital.
Ora, esta é a dimensão paradoxal da crise estrutural de valorização. Mesmo com a intensificação da precarização do trabalho em escala global nas últimas décadas, com o crescimento absoluto da taxa de exploração da força de trabalho, a massa exacerbada de capital-dinheiro acumulada pelo sistema de capital concentrado, não encontra um nível de valorização – produção e realização - adequado ao patamar histórico de desenvolvimento do capitalismo tardio.
Deste modo, podemos caracterizar a crise estrutural do capitalismo como sendo (1) crise de formação (produção/realização) de valor, onde a crise capitalista aparece, cada vez mais, como sendo crise de abundância exacerbada de riqueza abstrata. Entretanto, além de ser crise de formação (produção/realização) de valor, ela é (2) crise de (de)formação do sujeito histórico de classe. A crise de (de)formação do sujeito de classe é uma determinação tendencial do processo de precarização estrutural do trabalho que, nesse caso, aparece como precarização do homem que trabalha.
Ora, a precarização do trabalho não se resume a mera precarização social do trabalho ou precarização dos direitos sociais e direitos do trabalho de homens e mulheres proletários, mas implica também a precarização-do-homem-que-trabalha como ser humano-genérico. A manipulação – ou “captura” da subjetividade do trabalho pelo capital – assume proporções inéditas, inclusive na corrosão político-organizativa dos intelectuais orgânicos da classe do proletariado. Com a disseminação intensa e ampliada de formas derivadas de valor na sociedade burguesa hipertardia, agudiza-se o fetichismo da mercadoria e as múltiplas formas de fetichismo social, que tendem a impregnar as relações humano-sociais, colocando obstáculos efetivos à formação da consciência de classe necessária e, portanto, à formação da classe social do proletariado.
Deste modo, o capitalismo global como capitalismo manipulatório nas condições da vigência plena do fetichismo da mercadoria, expõe uma contradição crucial entre, por um lado, a universalização da condição de proletariedade e, por outro lado, a obstaculização efetiva – social, política e ideológica - da consciência de classe de homens e mulheres que vivem da venda de sua força de trabalho.
Imerso em candentes contradições sociais, diante de uma dinâmica de acumulação de riqueza abstrata tão volátil, quanto incerta e insustentável, o capitalismo global explicita cada vez mais a sua incapacidade em realizar as promessas de bem-estar social e emprego decente para bilhões de homens e mulheres assalariados. Pelo contrário, diante da crise, o capital, em sua forma financeira e com sua personificação tecnoburocrática global (o FMI), como o deus Moloch, exige hoje sacrifícios perpétuos e irresgatáveis das gerações futuras.
Entretanto, ao invés de prenunciar a catástrofe final do capitalismo mundial, a crise estrutural do capital prenuncia, pelo contrário, uma nova dinâmica sócio-reprodutiva do sistema produtor de mercadorias baseado na produção critica de valor.
Apesar da crise estrutural, o sistema se expande, imerso em contradições candentes, conduzido hoje pelos pólos mais ativos e dinâmicos de acumulação de valor: os ditos “países emergentes”, como a China, Índia e Brasil, meras “fronteiras de expansão” da produção de valor à deriva. Enquanto o centro dinâmico capitalista – União Européia, EUA e Japão - “apodrece” com sua tara financeirizada (como atesta a crise financeira de 2008 que atingiu de modo voraz os EUA, Japão e União Européia), a periferia industrializada “emergente” alimenta a última esperança (ou ilusão) da acumulação de riqueza abstrata sob as condições de uma valorização problemática do capital em escala mundial (eis o segredo do milagre chinês).
Portanto, crise estrutural do capital não significa estagnação e colapso da economia capitalista mundial, mas sim, incapacidade do sistema produtor de mercadorias realizar suas promessas civilizatórias. Tornou-se lugar comum identificar crise com estagnação, mas, sob a ótica do capital, “crise” significa tão-somente riscos e oportunidades históricas para reestruturações sistêmicas visando a expansão alucinada da forma-valor. Ao mesmo tempo, “crise” significa riscos e oportunidades históricas para a formação da consciência de classe e, portanto, para a emergência da classe social de homens e mulheres que vivem da venda de sua força de trabalho e estão imersos na condição de proletariedade. Como diria Marx, Hic Rhodus, hic salta!
(*) Giovanni Alves é professor da UNESP, pesquisador do CNPq, atualmente fazendo pós-doutorado na Universidade de Coimbra/Portugal e autor do livro “ Trabalho e Subjetividade – O “espírito do toyotismo na era do capitalismo manipulatório” (Editora Boitempo, 2011). Site: http://www.giovannialves.org /e-mail: giovanni.alves@uol.com.br
14 comentários:
Ele deve ter sido o orientador desta tese:
"A menos-valia
Marx nos ensina, e todos sabem, que toda a fonte de valor é o trabalho. Ou seja, se uma pessoa achar por acaso numa caverna um pedaço de ouro, ele não terá valor, porque não tem trabalho algum agregado. Inversamente, se um sujeito passar 30 anos cavando um buraco, será um buraco incrivelmente caro, porque tem MUITO trabalho agregado."
(extraído de : http://www.vanguardapopular.com.br)
O nome do livro desse senhor é sensacional. Já adverte quanto a sua cosmovisão.
Abs,
Que que é isso????
Eu sei como ele fez esse texto:
http://www.lerolero.com/
É emblemático que ele seja pós-doutorando na mesma universidade portuguesa que deu o título Honoris causa ao Lula... O que só mostra a indigência cultural que parece estar afundando os lusos, ultimamente...
RIP, Portugal, que a terra lhe seja breve
1139*-2008**
*1139: ano do nascimento do Reino de Portugal, por obra e graça de Dom Afonso Henriques, que separou o condado de Portucale do Reino de Leão.
**2008: ano do falecimento da República Portuguesa, por obra e graça de Cavaco Silva, que ratificou o (des)acordo ortográfico de 1990 e deu a paulada final na última flor do Lácio e, por conseguinte, na alma de uma nação milenar.
Que texto pedante: "Last, but not least", "débâcle", "establishment". Enfim, típico texto de "esquerdoide" rebelde sem causa, que declaradamente tenta confundir ao invés de explicar. Só faltou a famosa frase: "a dialética inerente ao ser humano".
O texto do professor da Unesp é sofrível. Mas... não é muito pior que os seus próprios textos, senhor Paulo Roberto. O senhor vir falar de ortografia e de gramática? Faça-me o favor, né... Seus textos são todos eivados de erros, inlusive seus livros.
A propósito: a nova ortografia só se torna obrigatória para todos em 2012. Até lá, ela é facultativa. O senhor erra o alvo ao fazer esse tipo de crítica e, ao fazê-la, só demonstra sua própria ignorância.
Anônimo,
Eu ficaria encantado em te-lo como meu revisor e corretor, se voce me fizer esse favor.
Esteja a vontade: indique publicamente todos os meus erros, que eu os publicarei sem restricoes.
Este meu texto, alias, reconhece isso:
2272. “Meus vícios de escrita (e algumas regras para melhorar...)”, Brasília, 14 maio 2011, 8 p. Considerações sobre como fazer um trabalho mais conciso e objetivo. Postado no blog Diplomatizzando (http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/05/como-escrever-bem-se-existem-regras.html).
Paulo Roberto de Almeida
Tanto os trechos apontados, quanto o texto na íntegra são bastante claros, na verdade. Não concordar com o conteúdo não quer dizer que sejam mal escritos ou incompreensíveis. Essa é só uma tentativa de ridicularizá-los.
Aliás, os textos deste blog são eivados de argumentos ad hominem, e o autor constatemente demonstra uma postura de agressividade - desnecessária - com ideias que não correspondem às suas. Concordo que o blog é seu, e você fala o que quiser, da maneira que bem entender.. mas perde um pouco a credibilidade científica, com tantas ironias e ataques pessoais.
Natalia,
Já que você achou os textos "bastante claros", você poderia me explicar, por favor, o que quer dizer isto aqui?:
"uma nova dinâmica sócio-reprodutiva do sistema produtor de mercadorias baseado na produção critica de valor."
Sinto muito mas eu devo ser alguém muito limitado, não consigo perceber o que seria uma produção crítica de valor: onde se faz essa coisa, em que fábricas, em que países, o que resulta, exatamente, dessa "produção crítica".
Será que um concorrente mais esperto não poderia fazer uma produção mais crítica, uma criticamente crítica, ou então uma não crítica, só para contrariar e ser diferente?
Explique-me, por favor.
Devo ter algumas deficiências conceituais...
Paulo Roberto de Almeida
Bem, o capitalismo, como sistema cíclico, passa por crises periódicas – como exemplo, o autor menciona a recente crise de 2008. Entretanto tal crise não significa que o capitalismo esteja caindo em derrocada, já que ela própria (a crise), estabelece novos paradigmas e dinâmicas, que finalmente conduzirão o sistema a uma nova fase (que, no entanto, se moldará também a partir de algumas premissas comuns à sua fase anterior, tais como a existência de uma luta de classes). Com relação à “produção crítica de valor”, que de certa forma é um dos sustentáculos desta nova fase do capitalismo, entendemos (o autor e eu, também) como sendo a maneira como o sistema impõe valor à todos os aspectos da vida, de modo que esta passa a estar subordinada ao dinheiro (ou força de trabalho, ou qualquer maneira de manifestação do capital), e não o contrário, como seria em uma sociedade saudável e civilizada. Essa ‘crítica de valor’ (conceito marxista) sofre uma inversão de pólos neste novo contexto capitalista, e a crítica passa a ser direcionada não à estrutura do sistema, mas sim a conceitos menos relevantes, criando uma espécie de ânimo revolucionário que na verdade não passa de mera ilusão. Neste sentido o autor menciona: “Na melhor das hipóteses, discutem desigualdades sociais e cidadania...”. Desta forma, o termo “produção” está ligado à produção ideológica, e não de mercadoria concreta (obviamente).
Enfim, como leitora recorrente deste blog – e, portanto, convencida da vossa envergadura intelectual - sei que não houve da sua parte uma dificuldade de compreensão, mas talvez uma certa má-vontade na aceitação das ideias do texto (conhecendo suas inclinações neoliberais, essa má-vontade faz todo sentido..).
Natalia,
Continuo tendo alguns problemas de compreensão.
Explique-me, por favor, em detalhes e concretamente, o que você quis dizer com isto:
"Com relação à “produção crítica de valor”, que de certa forma é um dos sustentáculos desta nova fase do capitalismo, entendemos (o autor e eu, também) como sendo a maneira como o sistema impõe valor à todos os aspectos da vida, de modo que esta passa a estar subordinada ao dinheiro (ou força de trabalho, ou qualquer maneira de manifestação do capital), e não o contrário, como seria em uma sociedade saudável e civilizada."
AInda não consegui entender o que é uma produção crítica de valor, nas palavras do autor, ou nas suas.
Acho que você precisaria ser mais concreta, como isso se realiza no capitalismo real, não nas palavras.
Paulo Roberto de Almeida
Um exemplo concreto de como isso ocorre atualmente é a postura da mídia comercial (principal veículo de atuação nesta “produção crítica de valor”), em impor comportamentos e idéias ligados à exaltação do estilo de vida capitalista - no qual a aquisição de bens e ostentação de riqueza tornam-se os objetivos primordiais na vida dos seres humanos. Logicamente que estes valores não atingem somente os setores da burguesia, como também as classes mais baixas, que vêm perdendo cada vez mais seu potencial revolucionário, não porque não precisem mais se organizar e lutar, ou porque já tenham conquistado as condições de trabalho desejadas, mas simplesmente porque essa manipulação (ligada à exaltação do valor como um fim), na sociedade capitalista, é agressiva e seu potencial alienante é difícil ou impossível (vamos torcer que não..) de ser combatido.
Neste sentido, o autor menciona que mesmo as elites intelectuais da Europa figuram como responsáveis por essa “cegueira ideológica” advinda deste processo de “produção crítica de valor”, já que “renunciaram, há tempos, a uma visão crítica do mundo, adotando como único horizonte possível, o capitalismo e a Democracia – inclusive aqueles que se dizem socialistas. Durante décadas, educaram a sociedade e a si mesmos, na crença de que a democracia e os direitos sociais seriam compatíveis com a ordem burguesa.”
Natalia,
Voce deu UM exemplo e ainda assim continuo confuso.
Como a "mídia" faz "produção crítica de valor" apenas pela sua postura.
Mercados capitalistas, por definição, oferecem bens e serviços, de diferentes tipos e diferentes qualidades, coisas que você pode comprar como qualquer um: um sapato, uma roupa, uma assinatura de jornal ou de TV a cabo.
Mas o que seria, exatamente, esse produção crítica de valor?
Em que ela se distingue da produção típica, tradicional, histórica, do capitalismo, por seus bens e serviços de mercado, e por que ela seria crítica?
Paulo Roberto de Almeida
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