Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
terça-feira, 26 de julho de 2011
Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...
"Apesar de ter sido uma grande vitória nossa, ainda resta um Chile".
Pois é, pretendem retirar esses 16 milhões da miséria e colocá-los na situação de dependentes do Bolsa-Família.
Ela poderia ter acrescentado o seguinte:
"Estamos construindo um exército de assistidos equivalente a um terço dos habitantes deste país, o que vale uma Argentina inteira no cartão magnético do governo."
Paulo Roberto de Almeida
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Elevando notas de rodapé à condição de debate:
ALlan disse...
Bela postagem. Objetiva e que nos alerta das consequências de certas políticas.
Terça-feira, Julho 26, 2011 6:35:00 PM
Daniel disse...
Paulo,
Qual é o problema do Bolsa Família que tantos criticam, muitas vezes sem saber, ou criticam apenas por criticar? Sei que há pessoas que recebem sem ter a mínima necessidade de receber. Mas sei que há várias pessoas que recebem e que necessitam muito do dinheiro, pouco, que recebem. Conheço uma senhora, que três filhos tem, que recebe pouco menos de R$120,00 do programa e isso permite a família dela ter uma qualidade de vida uma pouco melhor. Já que outrora o salário dela não dava pra pagar coisas básicas. Não digo que permita mudar a vida totalmente, mas ajuda e somente as pessoas que necessitam desta ajuda pode realmente falar se é um programa que funciona. Muitos países possuem programas de subsídios. Compreendo que parece que o governo está dando o peixe sem ensinar a pescar, mas penso que isso é uma grande mentira, já que o valor recebido não é muito, quem recebe certamente trabalha também. Não vi ninguém que simplesmente parou de trabalhar devido ao Bolsa Família. Quem parou de trabalhar foram crianças que deixavam de ir à escola para ajudar no sustento da família. Sei que não é assim tão bonitinho, pois ainda há trabalho infantil. Mas tenho certeza que não é este quadro medonho que muitos tentam pintar.
Terça-feira, Julho 26, 2011 11:01:00 PM
Paulo R. de Almeida deixou um novo comentário sobre a sua postagem "Pobres e miseraveis: Chile, Brasil, Argentina...":
Daniel,
Existe uma visão do mundo que considera normal que o Estado proceda à redistribuição de benefícios para pessoas identificadas como pobres.
Não estou equivocado ao classificar essa visão como sendo socialista, e você deve concordar comigo.
Como disse uma líder política, o socialismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros. E é isso que o Estado faz no bolsa-familia: tira dinheiro de alguns para dar aos outros.
Você pode achar isso normal, mas isso significa apenas subsidiar o consumo.
Você talvez tenha estatísticas -- que eu não tenho -- segundo as quais, antes deste governo, quarenta e quatro milhões de pessoas, ou quase um terço do país, passavam fome e só foram salvas pelo programa BF.
Eu tendo mais a acreditar que se trata de um curral eleitoral.
O problema do BF, se voce quer minha opinião é justamente esse: criar uma nacao de assistidos.
Não creio que um país possa prosperar assim.
Pode ser que outros países tenham programas de subsidios. Nao importa, não é por isso que eu acho correto.
Muitos países possuem agriculturas subsidiadas, industrias protegidas pelo Estado e não é por isso que eu vou concordar com o que considero estruturalmente equivocado.
Pode até ser pouco dinheiro, mas prefiro outras políticas: de subsídio à educação de jovens e adolescentes: primário, secundário e escolas técnicas, ponto final.
Desculpe se o decepciono, mas eu sou assim.
Expresso minha opinião e estou pronto a defendê-la com base em argumentos econômicos, posturas racionais, raciocínios lógicos.
Considero o BF nefasto para o Brasil, como considero os programas de ação afirmativa em bases raciais deletérios, divisionistas, sementes do Apartheid.
Sou assim...
Paulo Roberto de Almeida
8 comentários:
Bela postagem.Objetiva e que nos alerta das consequências de certas políticas.
Paulo,
Qual é o problema do Bolsa Família que tantos criticam, muitas vezes sem saber, ou criticam apenas por criticar? Sei que há pessoas que recebem sem ter a mínima necessidade de receber. Mas sei que há várias pessoas que recebem e que necessitam muito do dinheiro, pouco, que recebem. Conheço uma senhora, que três filhos tem, que recebe pouco menos de R$120,00 do programa e isso permite a família dela ter uma qualidade de vida uma pouco melhor. Já que outrora o salário dela não dava pra pagar coisas básicas. Não digo que permita mudar a vida totalmente, mas ajuda e somente as pessoas que necessitam desta ajuda pode realmente falar se é um programa que funciona. Muitos países possuem programas de subsídios. Compreendo que parece que o governo está dando o peixe sem ensinar a pescar, mas penso que isso é uma grande mentira, já que o valor recebido não é muito, quem recebe certamente trabalha também. Não vi ninguém que simplesmente parou de trabalhar devido ao Bolsa Família. Quem parou de trabalhar foram crianças que deixavam de ir à escola para ajudar no sustento da família. Sei que não é assim tão bonitinho, pois ainda há trabalho infantil. Mas tenho certeza que não é este quadro medonho que muitos tentam pintar.
Daniel,
Existe uma visão do mundo que considera normal que o Estado proceda à redistribuição de benefícios para pessoas identificadas como pobres.
Não estou equivocado ao classificar essa visão como sendo socialista, e você deve concordar comigo.
Como disse uma líder política, o socialismo dura enquanto durar o dinheiro dos outros. E é isso que o Estado faz no bolsa-familia: tira dinheiro de alguns para dar aos outros.
Você pode achar isso normal, mas isso significa apenas subsidiar o consumo.
Você talvez tenha estatísticas -- que eu não tenho -- segundo as quais, antes deste governo, quarenta e quatro milhões de pessoas, ou quase um terço do país, passavam fome e só foram salvas pelo programa BF.
Eu tendo mais a acreditar que se trata de um curral eleitoral.
O problema do BF, se voce quer minha opinião é justamente esse: criar uma nacao de assistidos.
Não creio que um país possa prosperar assim.
Pode ser que outros países tenham programas de subsidios. Nao importa, não é por isso que eu acho correto.
Muitos países possuem agriculturas subsidiadas, industrias protegidas pelo Estado e não é por isso que eu vou concordar com o que considero estruturalmente equivocado.
Pode até ser pouco dinheiro, mas prefiro outras políticas: de subsídio à educação de jovens e adolescentes: primário, secundário e escolas técnicas, ponto final.
Desculpe se o decepciono, mas eu sou assim.
Expresso minha opinião e estou pronto a defendê-la com base em argumentos econômicos, posturas racionais, raciocínios lógicos.
Considero o BF nefasto para o Brasil, como considero os programas de ação afirmativa em bases raciais deletérios, divisionistas, sementes do Apartheid.
Sou assim...
Paulo Roberto de Almeida
Esse argumento de "países europeus são assim" não é argumento nenhum!
Acho que quem estuda um pouco economia não apoia esses programas nem qualquer forma de subsídio ou discriminação. Eu não era assim até ler alguns livros de Economia.
Fábio
Fabio,
Voce poderia ser um pouco mais explicito nos seus argumentos?
A questão é relevante, aliás importantíssima. Ela determina, praticamente, toda a estrutura do voto no Brasil, pois políticos, em geral, e certos políticos em particular, estão "montados" em cima da BF como o remédio salvador do Brasil.
Eu o considero uma maldição, da mesma forma como existe a maldição do petróleo para certas economias altamente deformadas (Venezuela, Nigeria, etc).
Estamos nos afundando no assistencialismo, e no Estado desmesurado.
O Brasil vai pagar um alto preço por isto.
Paulo R. Almeida
Paulo, concordo plenamente com sua argumentação. Estava me referindo ao argumento de Daniel: "Muitos países possuem programas de subsídios". Ele provavelmente fala dos países europeus (França, Alemanha e países escandinavos, principalmente).
E quanto a "ser assim", acho que essa "opinião" (contra subsídios) não é intrínseca à pessoa, mas ao seu nível de conhecimento de economia. Quem apoia subsídios nunca leu sequer um livro de Introdução à Economia.
Fábio
Paulo,
Muito obrigado pela resposta. Sei que está pensando racionalmente, talvez eu esteja pensando mais humanamente, não que você esteja sendo desumano. Logicamente compartilho do teu pensamento sobre subsídio na educação em todas suas etapas, a educação é a base mais importante para um país que quer ser desenvolvido. No entanto, os resultados em educação levam tempo, para não dizer muito tempo, tempo esse que uma família miserável não pode esperar, infelizmente. Embora possa parecer 'compra de voto' é de extrema importância, mas deve coexistir com outras políticas, como na educação. Se 'compra de voto' for problema é só os partidos comprometerem-se a continuação do programa nas eleições. Não queria me usar como exemplo, mas vamos lá. Eu recebo bolsa do Estado para pagar minha faculdade, podes dizer 'tá mais tem faculdade pública'. Bem, eu tentei faculdade pública, duas vezes, havia 30 vagas, a metade foi preenchida por pessoas que pagaram o cursinho mais caro da cidade. Então você pode dizer 'ninguém mandou não ser inteligente o bastante', mas eu estudei em escola pública e nunca tive uma prova de matemática em quatro anos de ensino fundamental, aí você diz, 'mas várias pessoas conseguem passar em faculdade pública estudando em uma escola pública.' Sim, os que tiveram tempo de estudar e não trabalhavam para ajudar a família. Dou um valor extremo ao meu curso hoje, acabei de terminar o primeiro semestre de Relações Internacionais e Ciência Política (por isso leio seu blog). Foi graças ao programa do Estado que hoje faço faculdade em uma das melhores instituições privadas e em um outro momento irei retribuir a sociedade com que eu aprendi, não obstante eu contribuo para que outras pessoas possam estudar também, pois também faço parte da sociedade. Logo, do ponto de vista técnico, econômico, racional, pode até parecer ruim, mas humanamente acredito que não. Um outro exemplo sobre esse programa, havia uma garota em minha cidade que era muito inteligente mas não conseguia passar numa federal, um dono de cursinho deu a ela oportunidade de fazer gratuitamente, ainda assim ela não conseguiu passar. Foram descobrir depois que ela passava fome e por isso tinha déficit de atenção. Conseguiu passar depois que começou a receber ajuda também para se alimentar. Quando citei 'em outros países', não quis usar isso como argumento único a existência do programa, mas sim que o Brasil não é o único a utilizar esse tipo de programa. E Fábio, na primeira pergunta era apenas para entender o argumento de quem é contra o programa, não apoiei de modo ferrenho como você faz parecer.
Obs.: Paulo, sei que não usei argumentos técnicos, como talvez possa ter esperado, talvez tenha apelado demais para o emocional, mas acredito que são válidos, se não o são, lamento.
Uma confissão em privado: http://www.youtube.com/watch?v=Et9OrjTelc8
Uma confissão em rede nacional:
http://www.youtube.com/watch?v=83WUqpvddq8
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