O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

sábado, 15 de outubro de 2011

Tirar o capitalismo, OK; mas colocar o que, no lugar?

Por vezes eu tenho a leve impressão de que a humanidade está involuindo, ou seja, retrocedendo, andando para trás, ficando mais estúpida, mais burra, ou mais ingênua; vocês decidem.
Em lugar dos avanços e dos progressos que se esperam, pessoas estão regredindo mentalmente.
Pelo menos é o que eu deduzo a partir das manifestações que ocorreram nesta sábado 15 de outubro em diferentes partes do mundo.
São os "indignados" e os partidários do movimento "Occupy Wall Street", que possuem uma agenda confusa, negativa, como sempre ocorre nessas ocasiões, absolutamente ingênua e totalmente desprovida de alguma proposta racional, já não digo economicamente razoável, mas de simples bom senso.
Se eu disser que são todos uns idiotas, teremos gente que vai escrever aqui indignada (como o movimento), dizendo que sou grosseiro e arrogante, mas sinceramente, não posso chegar a outra conclusão que não essa.
Vejamos o que eles dizem, e o que eu posso comentar, a partir desse "panfleto eletrônico" português.
Eles vão de vermelho, como faz um jornalista famoso; eu vou de azul.
Paulo Roberto de Almeida 


15 de outubro
Unidos por uma mudança global
http://15october.net/pt/
O dia 15 de outubro gente de todo o mundo tomará as ruas e praças. Da América à Asia, da África à Europa, as pessoas estão se levantando para reclamar seus direitos e pedir uma autêntica democracia. Agora chegou o momento de nos unirmos todos em um protesto mundial não-violento.
PRA: Pessoas se levantando sempre é bom: um dos principais problemas da humanidade é a obesidade, os maus hábitos, a inércia, a preguiça; sair pelas ruas para passear, quem sabe correr da polícia, sempre é bom. Quanto a reclamar seus direitos, eu não sei bem a que isso se refere, pois direitos sempre existem como resultado de alguma coisa, ou seja, alguém precisa produzir esses direitos a partir de alguma produção qualquer. As pessoas querem, provavelmente que os governos, os Estados, os políticos, ou seja lá quem for, lhes dêem direitos, o que significa casa, comida, roupa lavada, empregos garantidos, altos salários, pouco trabalho (semana de 35hs, digamos), aposentadoria digna (se possível aos 55 ou 60), enfim, um conjunto de "direitos", muitas benesses que precisam ser "produzidas" por alguém, antes de serem entregues aos idiotas indignados da praça.
Se eles pensassem um pouco melhor, chegariam à conclusão -- com eu cheguei, e como qualquer idiota poderia chegar, também -- de que foi isso mesmo que eles estão pedindo agora, ou seja, direitos, serviços públicos, que causou os problemas que agora se manifestaram sob a forma de crises: governos gastaram demais e entraram em crise...
Quanto à "democracia autêntica" sempre é muito perigoso adjetivar a democracia; na Venezuela, por exemplo, estão construindo uma "democracia participativa"; nos finados países socialistas se falava de "democracia popular". Pois é...

Os poderes estabelecidos atuam em beneficio de uns poucos, ignorando a vontade da grande maioria sem que se importem do custo humano ou ecológico que tenhamos que pagar. Esta intolerável situação deve terminar.
PRA: Poderes estabelecidos não surgem do nada. Em todos os países onde ocorrem manifestações, esses poderes foram colocados pelo voto dos cidadãos. Em qual ditadura ocorreram manifestações contra os "poderes estabelecidos"? Em Cuba, na Coreia do Norte, na China?

Unidos em uma só voz, faremos saber aos políticos, e as elites financeiras a quem eles servem, que agora somos nós, as pessoas, quem decidiremos nosso futuro. Não somos mercadorias nas mãos de políticos e banqueiros que não nos representam.
PRA: Mas as pessoas sempre decidiram o seu futuro. Pelo menos nos países em que ocorreram essas manifestações. Ou será que esses manifestantes deixam que governos decidam seus futuros por eles? Mercadorias? Mas quem vota por políticos? Quanto aos banqueiros, eu não conheço os "meus", mas costumo decidir qual banco vou usar...

O 15 de outubro nos encontraremos nas ruas para botar em ação a mudança global que queremos. Nos manifestaremos pacificamente, debateremos e nos organizaremos até o conseguir. É a hora de nos unirmos. É a hora de nos ouvirem.
PRA: E qual é a mudança que eles querem? Alguém sabe me dizer? Provavelmente é aquilo mesmo: mais empregos, mais salários, mais direitos? E quem paga tudo isso? Os governos? Muito bem. E de onde os governos vão tirar os recursos para tudo isso? De vocês, idiotas, de todos nós, que somos idiotas a ponto de pedir que o governo faça sempre mais do que ele pode fazer, e com isso jogamos os governos para o déficit público.
Isso não quer dizer que políticos não gastem mais do que devem; sim, eles o fazem, mas quem votou por eles fomos nós, inclusive os idiotas que agora protestam.

Os indignados e "ocupantes de Wall Street" atual são os sucessores daqueles idiotas da Attac e do Fórum Social Mundial que, até pouco tempo atrás, também fazia ruidosos movimentos contra o neoliberalismo e o capitalismo global. Eles nunca conseguiram propor algo de racional, de factível, ou de simplesmente sensato. 
Puro besteirol, um pouco do qual examinei neste livro: 


Globalizando: ensaios sobre a globalização e a antiglobalização (Rio de Janeiro: Lumen Juris Editora, 2011, xx+272 p.; Inclui bibliografia; ISBN: 978-85-375-0875-6; link: http://www.pralmeida.org/01Livros/2FramesBooks/107Globalizando.html). 
Paulo Roberto de Almeida 

3 comentários:

Rodrigo F. Silva disse...

Acho que esses movimentos confusos já existem há tempos. Foi o caso da Cabanagem, que não tinha nem mesmo uma agenda organizada.

Anônimo disse...

"Remember, remember, the fith of November.
Gunpowder treason and plot,
We see no reason,
Why gunpowder treason,
Should ever be forgot...!"

"Penny for the guys!"

*Guy Fawkes Day (Bonfire Night) Rhyme.

Vale!

Anônimo disse...

Sugiro o editorial do Financial Times do último domingo (16/10):"America wakes to the din of inequity"; no link
: http://www.ft.com/intl/cms/s/0/76a7c01a-f66f-11e0-86dc-00144feab49a.html#axzz1b3254aSZ

Vale!