sexta-feira, 27 de abril de 2012

Dia do Apartheid racial no Brasil: 26 de Abril

Bem, agora os proponentes do racismo oficial e do Apartheid racial já têm um dia para comemorar: 26 de Abril.
Foi o dia em que dez juízes dessa corte que outrora se chamava suprema, e era tida por defender a constitucionalidade no país, se renderam aos ares do tempo e ratificaram medidas claramente inconstitucionais, já em vigor em universidades e até mesmo em legislações estaduais há cerca de dez anos.
Com isso, fica consagrado o racismo, a discriminação, o fim da igualdade no Brasil, e tudo isso com a concordância daqueles que deveriam defender, não modismos ideológicos, mas a letra da lei.
A lei? Ora, a lei..., como diria alguém.
Foram dez, mas de fato foram onze juízes, pois um, depois de ser advogado dos companheiros, trabalhou para o governo deles, e defendeu a mesma medida quando era advogado geral dos companheiros, não da União.
A União há muito foi para o brejo: ficaram apenas as minorias militantes, algumas até vociferantes.
Elas vêm impondo a "lei" no Brasil, até com a concordância de juízes incompetentes, como vimos por este caso (mas antes já tínhamos visto outros casos também, igualmente absurdos). Os magistrado sequer leram a letra da lei, mas trataram de coisas que eles julgam superiores: a justiça social, a reparação de "dívidas históricas", a correção de desigualdades, e outras invenções do gênero.


O dia 26 de abril de 2012 vai ficar na história do Brasil como o dia em que o STF esqueceu a Constituição e aplicou sentimentos do momento, segundo o que se chama "pressão das ruas" (na verdade da militância organizada dos novos racistas).
Assim como ocorreu com o famoso julgamento da Suprema Corte americana de 1892, os juízes brasileiros acabam de decretar que os brasileiros também são "iguais, mas separados".
De um lado existem os afrodescendentes, do outro todo o resto. E o resto que se dane para questões como mérito, igualdade, esforço, direito.
Não, a partir de agora, e isso vai durar anos, talvez décadas, vale o sentimento popular, que é mais forte que a lei, a palavra da Constituição.


Dia negro para o país, se me permitem o trocadilho racista.
Ou deveria dizer "dia afrodescendente"?
Também vale...
Paulo Roberto de Almeida 

8 comentários:

  1. To sofrendo preconceito às avessas. Tenho que fingir que sou gay, senão sou discriminado...

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  2. Boa tarde Paulo!
    Estamos vivenciando um processo de desconstrucionismo?
    abraço

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  3. Leandro Pereira27/04/2012, 17:08

    Apenas a prova de como anda a formação de operadores do Direito nas universidades brasileiras...

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  4. Amauri,
    Deixe o Derrida de fora dessa meleca, por favor.
    Apesar de eu achar que o desconstrucionismo é uma tremenda empulhação de franceses espertos, acho que a doutrina -- que tem lá o seu método maluco -- não tem nada a ver com a submissão ao "clamor das ruas" -- ou à demanda dos militantes da causa -- que demonstraram esses juízes supremos agora diminuídos...
    Paulo Roberto de Almeida

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  5. O STF determinou que as cotas para negros em universidades é legal; não cria desigualdades e reconhece uma injustiça praticada há tempos; falta de representa- tividade em nossas relações; etc..etc.
    POIS BEM, já contei noutros textos que nunca havia percebido as tantas diferenças que hoje em dia existem pipocando por ai. São os movimentos das ditas minorias (negros, diversidade, gays, lésbicas, simpatizantes, sem terra, sem teto, etc..).
    Em minha ignorância ou santa ingenuidade, que vem daqueles dias, o mundo era feito de pessoas, cada uma com sua cruz ou com seu destino a cumprir, assim nunca me senti superior ou inferior na questão humanitária. No entanto, só percebi e senti na carne que a diferença que realmente nos faz "sangrar" é a econômica, é a falta de recursos, de dinheiro mesmo, money, dindin... Isto sim, cria abismos, humilha, entre tantas outras limitações.
    É contra esse tipo de diferenças que devemos lutar. Por exemplo, um membro do Tribunal de Justiça de São Paulo se autodeterminou uma remuneração ilegal, imoral e injustificável de R$ 723 mil em um mês. Dinheiro de todos nós, e ninguém pode tirar ou fazer ele devolver a soma (é desembargador). Existem tantas outras comparações injustas e de conhecimento geral. E não o fato de ser negro ou não. Eu sou branco e nunca fiz faculdade, que para mim são as federais, uma lá que outra particular e cursos nobres, não fiz por não ter recursos e por ter tido uma base inicial em cidade do interior, sem foco em vestibular, pois lá você já era morto na casca. Injustiças existem em todos os cantos e cabe a todos, todos... antes eu citava o artigo 5º da Carta Magna, depois da decisão dos excelentíssimos não poderei... ENTÃO fica só na palavra... cabe a TODOS SEM EXCEÇÃO, lutar pelas liberdades e igualdades de direitos. Finalmente vamos aguardar a palavra dos nossos supremos juízes com relação à quadrilha dos mensaleiros. Até lá, só nos resta.... cantar.... brava gente brasileira!
    P.S. No TJ-SP a farra continua, confira!

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  6. Não são todos os negros que coadunam com a decisão do STF. Existem pessoas que estudam e vivem para serem reconhecidas pela meritocracia e não pelo oportunismo, como diriam alguns. Existem pessoas que amam o que fazem e se sentem também discriminadas com a decisão do STF. Eu não estou falando de brancos, estou falando como uma pessoa negra que sou. Apesar de achar que não há raças neste país.
    Agora, terei que ouvir de pessoas iguais ao senhor que estamos na academia devido às cotas; que ingressamos no Itamaraty ou na Procuradoria ou na Magistratura Federal devido às cotas e assim por diante. E a nossa dedicação aos livros será jogada ao léu?
    Nem todos os negros concordam com a decisão do Supremo. Nem todos os alunos são preguiçosos, como o senhor citou em outra postagem. Existem pessoas íntegras em seus estudos que, também, assim como o senhor não concordam com o STF.

    Ass:Uma anônima identificável

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  7. Caro Paulo, no fundo todos nós sabíamos o resultado do julgamento antes dos juízes se manifestarem...E foi por unanimidade hein? O que diria Nelson Rodrigues?..

    abraços

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  8. "(...) Eu não tenho nenhum problema dentro de mim, dentro do meu coração, contra o branco apenas por ser negro. Aprendi sempre a valorizar o homem através do seu pensamento e das suas ações.(...) Sempre disse que não sou de carregar bandeiras, menos ainda as que querem botar nas minhas mãos.(...) Não adianta ficar falando aí, da boca para fora, fazendo média com a platéia, como tem muita gente por aí fazendo. Brancos e pretos.(...) Aonde eu vou, onde eu entro, é um negro que está entrando lá. Se é um lugar onde negro antes não entrava então entrou o Pelé, a porta está aberta, o preceedente também.(...) No dia 15 de abril de 1981 eu recebi em Paris o prêmio 'O Esportista do Século', quem recebeu foi Pelé, um negro. Um negro brasileiro.(...)"

    *Edson Arantes do Nascimento (Pelé); in:HAROLDO COSTA "FALA, CRIOULO"; 2ª edição,Rio de Janeiro, RECORD, 1982.

    Vale!

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