Recebo, de um
leitor deste blog, o seguinte comentário ao post indicado abaixo, que se
pretende, provavelmente, irônico, mas que me parece um pouco ingênuo, e até
enviesado.
Vejamos o que
me escreveu esse leitor:
Entendo que se
trata de um colega, que se julgou atingido pelos meus comentários (muito
simplórios, na verdade) ao sentido de alguns discursos feitos no dia do
diplomata. Não disse tudo o que pensava, evidentemente, tanto por falta de
tempo, quanto por sentido de disciplina, pois existe uma lei do Serviço
Exterior (que não é exatamente a lei da mordaça, mas controla, digamos assim,
as manifestações dos diplomatas). Ainda que não existisse nada, a maior das
censuras é justamente aquela exercida por colegas da Casa, sejam os superiores
(que costumam ser "feudais", em hábitos e pensamento), seja pelos
"horizontais", que geralmente vivem num ambiente de fofocas
recíprocas (o que sempre detestei e que invariavelmente desprezei ao longo de
toda a minha carreira).
Mas presumo
que se trate, mais provavelmente, ou quase certamente, de um dos redatores do
discurso dos alunos, uma obra coletiva, como especificado em
"epígrafe". Ou seja, todos eles, ou pelo menos certo número deles,
leram o meu post e resolveram me criticar, através do comentário postado
anonimamente. Não haveria mal nenhum se eles assinassem como o "coletivo
que redigiu o discurso da turma de formandos", mas entendo que eles têm o
direito de permanecer anônimos: seja por timidez, seja por vergonha, seja pelo
temor reverencial de falar com voz própria numa casa freudianamente castradora,
eles preferem permanecer anônimos. Não tem importância, eu responderei ao
comentário -- o que é um direito meu, como "dono" do blog, ainda que
poderia ficar calado, ou indiferente, já que muitos recomendam não polemizar --
pois que considero que toda oportunidade é boa para debater socraticamente
sobre questões reais.
Então, vamos
tentar debater democraticamente com o tal de "coletivo"...
Todos têm o
direito de falar, de ser ouvidos, e de receber comentários pelos argumentos
exibidos. É o que sempre faço aqui, publicando mesmo as críticas mais
grosseiras que me são dirigidas, mas que me servem de novas oportunidades de
reflexão, seja sobre o caráter das pessoas, seja como estímulo a escrever novos
textos, em benefício do esclarecimento dos mais jovens (e entendo que os mais
velhos sejam um pouco impermeáveis a novos argumentos ou a alguma didática não
solicitada).
Constato, em
primeiro lugar, que o coletivo está contente -- embora, permito-me considerar
essa expressão de contentamento como razoavelmente hipócrita -- mas também
constato que a intenção real era a de me criticar. Pois não é que eles
atingiram seus objetivos de serem lidos e percebidos como defensores de um novo
paradigma diplomático, mais democrático, mais inclusivo, mais igualitário?
Entendo que o coletivo, evidentemente, esperava elogios a granel. E não é que logo
vem, imediatamente, uma crítica sutil, que eles perceberam como conservadora? Eu
poderia ter sido mais extensivo, didático, rebatendo cada um dos pontos relevantes
do discurso coletivo, mas preferi apenas insinuar, para incitar à reflexão. Quando
é que vamos ter debate real neste país, não apenas slogans, ou atitudes de
recusa, rechaçando o diálogo, e despachando o suposto “adversário” com dois ou
três rótulos simplificadores? Seria pedir muito? Mesmo a jovens que estão se
iniciando na vida profissional, e que ainda não se acomodaram à mesmice do
cotidiano, depois de longos anos na morosidade burocrática?
Mas passemos
ao que interessa. Eu, não sei bem por que, sou designado como:
"um dos baluartes do conservadorismo desse país"
e
daí decorre que:
"Obrigado PRA, voce acabou de fazer a alegria dos autores do
discurso."
Bem, concedo.
Se o "coletivo" ficou contente com tão pouco, posso então aumentar o
contentamento coletivo precisando meus motivos de discordância, e eles são
muitos. Mas não vou fazê-lo agora, pois não é caso de dar aulas de sociologia,
de história ou de economia a jovens que acabam de fechar os livros de estudos.
Vamos primeiros corrigir o "coletivo", restabelecendo a verdade dos
fatos, que passo agora a expor.
Eu seria, então,
um dos baluartes do conservadorismo no Brasil?
Isso
representa, como se diz em francês, me fazer muita honra e muita desonra, ao
mesmo tempo. Não me lembro de jamais ter sido identificado com o pensamento
conservador brasileiro, pois inexistem textos meus identificados com essa
corrente, cujos expoentes eu desconheço, no Brasil.
Aliás, desafio
o "coletivo" a indicar quem seriam os pensadores conservadores do
Brasil. Buscando muito poderíamos encontrar, talvez, Gustavo Corção, um nome do
qual os jovens nunca ouviram falar, e talvez Miguel Reale, mais conhecido, mas
seria duvidoso colocar este último entre os conservadores. O primeiro sim, foi assumidamente,
deliberadamente, orgulhosamente, conservador, mas ele não deixou "filhos
intelectuais", se ouso dizer. O segundo foi de certa forma um renovador do
pensamento doutrinal, e filosófico do Direito no Brasil, mas eu sou muito
incompetente na matéria para opinar.
O
conservadorismo no Brasil, muito diferente da tradição inglesa, é algo, assim, próximo
da lepra, uma enfermidade mental da qual ninguém quer ser acusado. Ninguém quer
ser chamado de conservador, e até os conservadores políticos – não filosóficos,
pois estes inexistem – querem ser progressistas. Mesmo liberais se pretendem
“sociais. Talvez
Talvez o
"coletivo" esteja pensando em Olavo de Carvalho, mas nisso eles se
enganam redondamente. A menos que OC se defina, ele mesmo, como conservador, eu
o considero, simplesmente, como um polemista arguto, que tem suas crenças, sim,
mas raramente identificadas com o que se chama, filosoficamente, de
conservadorismo, à la Burke, à la Oakeshot. OC, que foi marxista, hoje se opõe
aos comunistas e ao marxismo em geral, mas isso não basta para fazer dele um
conservador, que é bem outra coisa. Quem seriam, portanto, os conservadores no
Brasil? Esclareçam-me, por favor.
Desafio o "coletivo"
a encontrar um único texto meu que possa ser identificado com o
conservadorismo. Ou eles não sabem o que é isso, ou eles são levianos nas
acusações. Minha lista de trabalhos está disponível no meu site, podem buscar.
Por outro
lado, de modo geral, não me considero baluarte de nada, absolutamente nada,
neste país. Sou apenas eu, e meu computador, e minhas leituras, só isso. Não
pertenço a partidos (e jamais ingressaria em qualquer um deles), não me filio a
clubes filosóficos, a crenças religiosas ou espirituais (sou total e
resolutamente irreligioso), não gosto de agrupamentos e movimentos. Não
pretendo, sobretudo, liderar nada, conduzir qualquer movimento ou corrente de
opinião, não quero ser apontado como líder de qualquer coisa, quero apenas
permanecer o que sou: um espírito livre, que, a despeito dessas amarras
institucionais temporárias, se afirma soberanamente dono das próprias ideias,
sem qualquer servilismo a pessoas ou instituições, sem qualquer temor
reverencial de quem quer que seja,
anarquicamente livre, como podem ser as pessoas que não temem pensar com a
própria cabeça e expressar o que pensam, mesmo em prejuízo de situações,
benefícios e privilégios. Acho que ficou claro, assim; portanto, esqueçam o
baluarte...
Dito isto,
vamos esclarecer o que é ser conservador e, a partir daí, medir a distância que
me separa daqueles que classifico como os verdadeiros conservadores do país.
Como pode ser
conservador alguém, como eu, que pretende mudar TUDO no Brasil? Mais do que
simplesmente mudar, ou reformar, o que eu quero, basicamente, é revolucionar
tudo, de A até Z, tudo o que existe de políticas equivocadas, em todas as áreas
que são objeto de certa relevância social.
Em
contrapartida, considero alguns -- ou vários, quem sabe todos? -- que estão
atualmente no poder, como essencialmente conservadores, quando não
absolutamente reacionários. Querem ver como? Vamos lá.
1) Política:
Considero
nossa Constituição anacrônica, defasada, ridiculamente conservadora,
equivocada, idealista, ingênua, burra e sumamente estúpida em várias áreas,
sobretudo econômicas e sociais. Querem ver? Uma Constituição que começa por
pretender regulamentar em detalhes toda a vida social é radicalmente estúpida,
pois obriga a sociedade, o legislativo, a entrar, cada vez, num doloroso
processo de revisão constitucional, para regular ou transformar direitos de
gregos e goianos. Estúpido, pois não? A vida, a economia, as transações globais
são dinâmicas, e constitucionalizar tudo em detalhes é de um conservadorismo
atrás, pois obriga tudo a permanecer estável por muito tempo.
O ideal,
portanto, seria fazer uma Constituição mais enxuta, tratando apenas de questões
essenciais e remetendo muita do que é secundário para a legislação
infraconstitucional. A sociedade brasileira, dinâmica, criativa, cambiante, não
merece a Constituição que tem. Quais são os projetos dos companheiros para
mudá-la. Eu tenho vários.
Os
companheiros que VOTARAM contra a CF, agora se opõem às mudanças simplificadoras;
eles querem apenas acrescentar mais penduricalhos de direitos corporativos nessa
pobre coitada.
Procurem, por
exemplo, quantos vocábulos "direito" existem: vocês vão encontrar,
salvo engano, mais de 70. Procurem agora palavras como obrigações, ou
eficiência, ou produtividade: necas de pitibiribas, não é? Pois é: parece que o
monstrengo constitucional não serve para avançar, apenas para conservar...
Em outra
esfera, a nossa representação política (proporcional) é deformada,
monstruosamente deformada, e isso é um insulto à sociedade. Nosso Congresso, de
maneira geral, é inflado, obeso, gastador, quase irrelevante. Perguntem quem
são os "conservadores" que querem mudar isso, e os
"progressistas" que querem manter tudo como está? Eu mudaria tudo,
mas reconheço que os conservadores, os reacionários vão simplesmente sentar e
não fazer nada. Aliás, é o que já acontece...
2) Economia:
O Brasil não
apenas avança lentamente, a passos de cágado, acompanhando por baixo o ritmo
da América Latina e do mundo, mas também recua, institucionalmente,
filosoficamente, operacionalmente. Os companheiros no poder são adeptos de
ideias velhas, conservadoras, de 50 ou 60 anos atrás, que aprenderam quando ainda
estavam na faculdade mas nunca conseguiram avançar para ideias mais modernas,
progressistas, reformistas ou revolucionárias.
São
conservadores, ou reacionários, e dou exemplos: querem reproduzir o
planejamento da era militar, o intervencionismo dos anos 1950 e 60, o
protecionismo dos anos 1970 e 80, as manipulações monetárias e cambiais dos
anos 1980, e por aí vai. A política industrial tem saudades de um tempo que não
volta mais, as "receitas tecnológicas" são de “avestruz”, o
subvencionismo é da gloriosa era militar -- quem diria? -- e o pensamento
econômico é esse keynesianismo de botequim, tosco, rústico, mal aprendido em
manuais de segunda mão -- inclusive porque Keynes era bem mais sofisticado --
que não suportaria um exame de faculdade de segundo ano. As políticas
industriais e comerciais misturam indústria infante à la List e tarifas
hamiltonianas -- século 19, portanto -- e protecionismo à la Manoilescu (anos
1920 e 30, neste caso). O que de mais moderno eles têm a apresentar é a
contrafação de Hamilton, List e Manoislescu, na figura patética de um coreano
de Cambridge (My God!) que desconhece a história e não sabe que representa uma
reencarnação mal ensaiada do prebischianismo simplificado. O furtadismo, a
doutrina daquele que sempre pretendeu que um pouco de inflação não faz mal, tem
adeptos em todas as partes.
Eu gostaria de
revolucionar tudo isso, mas os companheiros adoram ideias velhas, tanto que
escolheram como seu guru intelectual, e homenageado ocasional, alguém que é
coerente, há meio século, com as mesmas ideias atrasadas que já defendia naquela
época.
E eu sou o
conservador? Mon Dieu, eles não sabem
o que é ser conservador. Não sou eu quem recomenda leituras dos anos 1940 e
1950 aos alunos, ideias defasadas e metodologicamente simplórias, em lugar de
se alimentar das modernas pesquisas de arquivos e de testes empíricos. Deixemos
a paranoia de lado, e fiquemos apenas com a teoria conspiratória, aquela que
divide o mundo entre poderosos e oprimidos. Tudo isso é um pouco velho, não é?
Os
reacionários não conseguem se destacar dos moldes mentais que presidiram seus
estudos de meio século atrás. Poderia multiplicar os exemplos em economia, e
todos eles estão invariavelmente presentes em certos posts, mas creio que posso
parar por aqui. O exercício seria um pouco arriscado no plano da desconstrução
mental.
3) Educação:
Aqui a
inversão é notável, e eu diria mesmo patética e dramática. Os companheiros
acabam de eleger como "patrono da educação no Brasil" uma figura
desonesta -- que roubou suas ideias de um outro, sem sequer reconhecer o feito
--, que elogiava os experimentos de "criação do homem novo" nas
revoluções cubana e maoísta (e que jamais se redimiu em função dos crimes
cometidos por seus símbolos ideológicos), que é responsável pelo atraso
pedagógico e mental da educação brasileira, e cujas "lições"
estúpidas mantêm os cursos de pedagogia e as "saúvas" do MEC
aferradas a essas ideais atrasadas, em detrimento da educação brasileira (não
sou eu quem digo, basta ver os resultados do PISA...).
Eu gostaria de
revolucionar o setor, mas reconheço que é difícil, a começar pelo atraso mental
que o guru promoveu, pelas ideias equivocados patrocinadas pela burocracia do
MEC, pelo desleixo geral que convive com a máfia sindical isonomista e
anti-mérito das associações de professores.
O
conservadorismo, e até o reacionarismo é notável e absolutamente trágico na
esfera educacional, e desde já reconheço que isso não vai ser corrigido, e que
o Brasil vai continuar recuando por anos e anos à frente.
4) Governança,
instituições:
Eu reconheço
que o Estado trabalha mal, é ineficiente, e gostaria de mudar muita coisa,
revolucionar a administração pública, acabar com a estabilidade (em quase todos
os níveis e funções), acabar com o isonomismo debilóide, redistribuir funções,
promover a eficiência, aferição por resultados e por méritos, instrumentos de
accountability, benchmarks para várias atividades de agências públicas,
market-like inducements, enfim, um sem número de mudanças que não reputo em
classificar como revolucionárias para o Estado e a sociedade brasileiras.
Pergunto,
ao "coletivo", quantos projetos de reforma, nesses vários
setores foram encaminhados pelos companheiros no poder?
Legislação
trabalhista, que todos sociólogos -- e suponho que "coletivo"
estudou isso nos cursos preparatórios -- apontam como herdada do fascismo
mussoliniano, que precisaria ser modernizada? Onde estão as propostas dos
progressistas?
Onde está a abolição
da cobrança compulsória, fascista, do imposto sindical, que os sindicalistas
alternativos, nos tempos de oposição aos pelegos, diziam querer eliminar? O que
fizeram depois de instalados no poder? Deram um naco sem contrapartida e sem
necessidade de justificativa para as centrais, que elas mesmas são emanações de
uma das mais pujantes "indústrias" do Brasil atual, junto com a
"teologia da prosperidade": a criação de sindicatos artificiais, no
papel, apenas para capturar o imposto sindical.
Nossa
(in)Justiça, canhestra, lenta, dominada pelo processualismo que delonga os
litígios, cabendo esperar, em média, OITO anos por uma "solução",
tudo isso tem proposta de reforma progressista, revolucionária? Eu, por
exemplo, gostaria de reformar os códigos processuais, controlar juízes
corruptos, acabar com a procastinação, os monopólios indevidos (como os da
OAB), a fúria controladora irracional de procuradores e desembargadores que
atuam com base em suas ideias, não com base nas leis. Mas reconheço, aqui
também, que nada se fez durante todos esses anos; e nada se pretende fazer, ou
existem projetos dos não-conservadores nessa área?
5) Social:
Pois é:
antigamente era "reacionário" distribuir ajuda, esse "ópio do
povo" que eterniza a dependência e constrói currais eleitorais. O que se
fez desde alguns anos para cá? Eu pretenderia qualificar pelo emprego, sempre,
para que cada um busque sua renda no mercado, não esperasse um favor do Estado,
a coisa mais reacionária, mais embrutecedora da dignidade cidadã que pode
haver.
Em matéria de
reforma agrária, por exemplo, não existe nada de mais reacionário do que o
modelo regressista, minifundista, antimercado e antiexportador, que pretendem
promover os verdadeiros patronos do MDA, os neobolcheviques do MST, uma
reencarnação de totalitários de um século atrás que pensa que vai fazer o
Brasil retornar meio século, quando a reforma agrária tinha algum sentido
social. Hoje não tem nenhum, nem econômico, diga-se de passagem, mas os
reacionários se aferram a coisas do arco da velha, a textos de Caio Prado, a
figuras como Julião e outros ícones ultrapassados. Acho melhor revolucionar o
campo, pela capitalização, seguro agrícola, integração de mercados,
concorrência mundial, abolição de subsídios, essas coisas das quais os
companheiros tem horror, reacionários que são. Quem é conservador?
Poderia continuar
desfilando os motivos pelos quais eu me qualifico como reformista, ou mesmo
revolucionário, em face dos verdadeiros conservadores e reacionários que hoje
pontificam soberanamente com soluções do século 20 ou mesmo do século 19, propostas
anacrônicas para velhos problemas sociais, entre elas o insulamento stalinista
na área econômica, o distributivismo canhestro na área social, a defesas das
corporações medievais na área institucional, ideias defasadas em todas os níveis
da educação. Mas, não creio que seja mais necessário. Basta o que vai acima.
Vou apenas me
ater ao final do comentário: "voce acabou de fazer
a alegria dos autores do discurso".
Mas como? Eles
se contentam com tão pouco?
Eles se
contentam com uma crítica superficial e rasteira?
Poderia ser
muito mais contundente e analisar uma a uma as "ideias" externadas
nesse discurso "coletivo", mas vou poupar os colegas desta decepção.
Talvez eu o
faça um dia, mas não convém abalar convicções tão bem arraigadas -- depois de
dois anos, ou quase, de reeducação -- num simples golpe revisionista. Leituras
sempre ajudam; observação da realidade, também. Tenho muitos trabalhos escritos
que abordam alguns dos temas tratados nesses discursos, a começar por "13
Ideias" que podem ser lidas em meu site (suponho).
Como diria
Marx, que pode ser considerado um revolucionário, acredito, "deve-se
duvidar de tudo". Nisso estou plenamente com ele, inclusive e sobretudo na
sua vontade de disseminar o novo modo de produção, para acelerar a marcha da
história.
O "coletivo"
deveria se juntar coletivamente e debater novamente as ideias classistas,
racialistas, distributivistas ingênuas, sexistas que defenderam. Acho que o
Brasil está acima desse tipo de divisão artificial, e seria bem melhor se a
sociedade não se dividisse nessas linhas, o que seria altamente prejudicial
para a sociedade e para a própria diplomacia.
Um dia volto
ao assunto, quando divergir não for mais o equivalente de desafio à autoridade
e um ingresso no ostracismo. Muito progressista, certamente...
E,
sinceramente, preferiria debater com pessoas reais, não com um coletivo
anônimo. Um pouco de coragem, pessoal, a Casa não é tão carrasca assim…
Paulo Roberto de Almeida
(Trier, 24 de Abril de 2012)
2 comentários:
--Caro Professor Paulo Roberto,
o trecho que destaco e guardarei no meu blog é a definição ou explicação dos motivos que me trazem aqui, qualquer semelhança não é mera coincidência, diriam alguns:
""Sou apenas eu, e meu computador, e minhas leituras, só isso. Não pertenço a partidos (e jamais ingressaria em qualquer um deles), não me filio a clubes filosóficos, a crenças religiosas ou espirituais (sou total e resolutamente irreligioso), não gosto de agrupamentos e movimentos. Não pretendo, sobretudo, liderar nada, conduzir qualquer movimento ou corrente de opinião, não quero ser apontado como líder de qualquer coisa, quero apenas permanecer o que sou: um espírito livre, que, a despeito dessas amarras institucionais temporárias, se afirma soberanamente dono das próprias ideias, sem qualquer servilismo a pessoas ou instituições, sem qualquer temor reverencial de quem quer que seja, anarquicamente livre, como podem ser as pessoas que não temem pensar com a própria cabeça e expressar o que pensam, mesmo em prejuízo de situações, benefícios e privilégios.""
PS: o conhecimento para mim é o fim, não um meio, assim me dou o luxo de manifestar minha opinião sem "segundas intenções" ou "meios" para obter algo. Ilustro com o texto abaixo cujo teor e o ritmo das palavras se assemelham as descritas pelo senhor acima.
""""SEXTA-FEIRA, 15 DE JULHO DE 2011
O tudo e o nada
Quem me conhece de perto, talvez já percebeu que aparecer ou vangloriar-se de algo é vaidade que não me pertence. Relevo isso para contar um inusitado fato envolvendo eu e minhas amadorísticas atividades literárias. Desde então, não dou autoridade a quem quer que seja para avaliar meus escritos, também não participo de concursos e coisas do gênero (grandes marmeladas - vide academia brasileira de letras).
Faço desta labuta meu direito de preservar a individualidade - árduo intento em meio a tanta hipocrisia. Mesmo assim, levo adiante este projeto que tem por objetivo o NADA e por isso tem TUDO. Isso quer dizer que no exercício de minhas faculdades, ao tempo que através de tais argumentos, crio oportunidades ou sugestões de como lidar com o ócio. Para mim tem sido simples assim,
em cada canto
um espaço
em cada espaço
uma chance
uma cada chance
uma escolha
em cada escolha
um sim, um não.
Isso para dizer que certo dia, por insistência de amigos pretendendo fazer o bem, levei minhas escritas para serem avaliadas por alguém ligado à secretaria da educação e cultura. Após alguns dias, recebi como resultado, uma observação que merece este registro.
Pois não é que a dita especialista em literatura, recomendou para eu tomar cuidado e evitar plágios na internet. Ingenuamente imaginei que se referia a alguém estar copiando meu material, ao que respondi não ligar, aliás me sentiria até lisonjeado. Mas para minha surpresa, espanto, perplexidade, indignação... a literata sugeria que eu era quem andava copiando coisas da internet. Eu é quem deveria tomar cuidado com acusações de plágio!?!?
Hoje tenho tal evento como uma das melhores avaliações que já recebi pelas minhas letras.
Post scriptum: Este caso é o exemplo do risco que se corre ao ser avaliado por especialistas. Fica o alerta aos ingênuos de plantão"""
Abç
Até breve...
A aferição se um discurso medíocre como esse foi realmente bom ou não para o "coletivo", está em receber aplausos de mentores governistas dessa ideologia e receber críticas do prof. Paulo Roberto de Almeida, ao que parece.
Um discurso que só homenageia a diplomata falecida por ser mulher e negra, sem levar em consideração o que ela representa como servidora pública, como pessoa, suas ideias e ideais é patético e mostra o que podemos esperar desses novos diplomatas.
O "coletivo", de pensamento tutelado e coletivizado bovinamente, diria para a diplomata: tenha orgulho de sua raça, de sua cor. Eu diria: tenha orgulho de seu caráter e da sua honra. Como já dizia Saint-Exupéry: “O importante é invisível aos olhos”.
E pensar nos nomes que passaram por esta Casa... Meu Deus, a que ponto chegamos.
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