SPG: Em
2012, a economia mundial se caracteriza pelo aumento da distância entre países
desenvolvidos e subdesenvolvidos, pela expansão da globalização e das mega
empresas multinacionais e, de outro lado, passa pela sua mais profunda crise
desde 1929, a qual se originou em uma tendência à superprodução, à extensão
excessiva do crédito e, finalmente, em um enorme movimento especulativo,
desencadeado por bancos, fundos de investimento, auditoras e corretoras,
permitido pela globalização e pela profunda desregulamentação nacional e
internacional dos sistemas financeiros. A crise eclodiu nos Estados Unidos e se
espraiou pelos sistemas financeiros dos demais países desenvolvidos, enquanto
se atribuiu aos países emergentes, de forma indistinta, a capacidade de manter
algum crescimento positivo da economia mundial. Enquanto os países ocidentais
desenvolvidos se encontram mergulhados em suas crises, que já afetam a unidade
europeia, a China surge como a segunda maior potência econômica do mundo.
PRA: A primeira afirmação não é um fato; ela é
enfaticamente falsa, mas as duas seguintes são fatos. “Mais profunda” crise é um exagero, mas isso é uma interpretação à qual SPG tem direito. Agora,
que essa crise tenha sido causada por uma “tendência à superprodução” constitui
o mais equivocado chavão marxista desde os tempos de Marx, usado e abusado por
gerações de bolcheviques, stalinistas e neobolcheviques, sem que qualquer um
deles tenha provado a existência dessa tal de “superprodução”. Que a crise tenha
se espalhado por outros países a partir dos EUA pode ser um fato, mas não consigo identificar quem,
exatamente, atribuiu a “países emergentes” funções tão nobres como as indicadas
acima; trata-se, portanto, de mera opinião.
Que a China se “aproprie” do segundo PIB mundial, pode ser um fato, mas existiriam muitas qualificações a fazer nesse tipo de
afirmação, pois é também um fato que
grande parte dessa agregação de valor corresponde a tecnologias e investimentos
das tais megaempresas multinacionais, o que já não parece ser bem acolhido por
SPG: ele parece gostar da China, mas demonstra extrema reserva quanto às
empresas. Quanta desinformação: são
elas, justamente, que contribuem a fazer da China a potência econômica que ela
parece ser.
SPG: Em
2012, o panorama político-militar internacional se caracteriza pelo desenrolar
de guerras em países islâmicos, com a expansão dos poderes da OTAN para muito
além de sua área de competência; pela luta contra um inimigo difuso, o
terrorismo; pela eclosão, imprevista, de movimentos populares contra ditaduras
árabes tradicionalmente apoiadas, e às vezes até financiadas, pelas potências
ocidentais; pela intervenção das potências ocidentais, a pretexto humanitário,
nos assuntos internos de Estados mais fracos; pelo ressurgimento da xenofobia e
do racismo, em especial na Europa, com reflexos sobre imigrantes
sul-americanos; pela crescente sofisticação e automação das forças militares
das grandes potências e pelo seu esforço em desarmar, inclusive em termos
convencionais, os Estados mais fracos e já desarmados.
PRA: Alguns fatos,
que se misturam a opiniões de SPG,
numa interpretação certamente
maniqueísta, destinada a afirmar que as potências da OTAN são aquilo mesmo que
pensam todos os que pensam como SPG: intervencionistas, hegemônicas,
prepotentes, hipócritas, dominadoras, racistas, enfim, a mesma cantilena de
sempre. Como se diz: contra opiniões,
não há fatos que as infirmem.
Passemos...
SPG: Este
cenário político-militar estará sendo cada vez mais transformado pela expansão
geográfica da presença política, e no futuro militar, da China, a partir de sua
crescente influência econômica, em sua qualidade de maior economia, maior potência exportadora e importadora,
segundo maior destino de investimentos internacionais, de sua crescente capacidade
científica e tecnológica, de sua situação de maior detentora de reservas
internacionais e de maior investidora em títulos do Tesouro americano. Apesar
de todas as dificuldades e desafios a trajetória econômica e política chinesa
tende a não sofrer radicais alterações devido às características de seu sistema
político colegiado e de ascensão gradual dos membros do Partido Comunista às posições de alta responsabilidade no
Bureau Político do Comitê Central.
PRA: As primeiras frases são apostas educadas no futuro
da China, e têm algo de wishful thinking.
A afirmação de que a trajetória da China não sofrerá alterações radicais é uma opinião, interessada, certamente, mas
altamente arriscada. SPG parte do princípio de que o PCC vai dominar
eternamente o processo de transformação capitalista da China, o que pode se
revelar uma interpretação avant la lettre extremamente fantasiosa.
SPG: A
emergência da China como a maior potência econômica do mundo, e possivelmente,
em breve, como a segunda maior potência política e militar, tem extraordinárias
consequências para a América do Sul, mas muito especialmente para os Estados
do Mercosul.
PRA: SPG é adepto de coisas extraordinárias. Sua opinião
vem embasada em certos fatos: alguns
países latino-americanos se tornaram hoje mais dependentes da China do que
jamais o foram, no passado, dos EUA, inclusive quanto ao tipo de padrão
neocolonial das relações de comércio: matérias primas para lá, manufaturados
para cá. Pelo menos o imperialismo ianque permitia interfaces bem mais
diversificadas, com intercâmbios de todos os tipos e também importação de
manufaturados das “colônias”. Mas esse tipo de afirmação é provavelmente uma interpretação maldosa da minha parte: a
China quer manter uma relação respeitosa e igualitária com os
latino-americanos, muito diferente desses imperialistas perversos, que só buscam
dominação e dependência. O Mercosul, em especial, tem tudo a ganhar com a
emergência extraordinária da China.
Um comentário:
Sr. PRA.
Cometeu erro gravissimo ao afirmar serem seus comentarios longos e chatos.
gustavo Stein
Postar um comentário