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sábado, 19 de maio de 2012

Fracasso da politica educacional dos companheiros...

Registrem que eu disse dos companheiros, não do Governo Lula ou do Governo Dilma, embora as coisas sejam praticamente coincidentes.
Mas acredito que esse fracasso viria mesmo se o governo fosse tucano ou ultra-conservador.
Não há nada que possa ser feito com um MEC que é um dinossauro de ideais fracassadas: com centenas de saúvas freireanas, e com as máfias sindicais de professores isonomistas, pouco preparados, não poderia dar outro resultado, mesmo que o governo fosse bem intencionado, o que obviamente não é o caso.
O governo ajudou, claro, com sua cota imensa de besteirol -- estudos afrobrasileiros e espanhol obrigatórios no fundamental, sociologia e filosofia obrigatórios no médio e um monte de outras bobagens, como os testes e os livros politicamente enviesados -- mas a epidemia é estrutural, sistêmica, duradoura e persistente. Estou sendo otimista claro, pois isso é apenas o que se vê, e a realidade deve ser muito pior, mas muito pior do que somos sequer capazes de imaginar...
O ensino brasileiro vai continuar indo de mau a pior até onde a vista alcança e não há chance de melhorar antes de que uma revolução nas mentalidades ocorra. Como isso tampouco vai ocorrer, só fechando o MEC e criando outras carreiras de professores, bem pagos mas remunerados por desempenho, sem estabilidade e sem isonomia, com uma filosofia de ensino completamente diferente é que as coisas poderiam começar a melhorar (em pelo menos 15 anos de prazo). Como isso não vai ocorrer, obviamente, não há portanto outro destino para a educação brasileira do que a crescente mediocrização.
Paulo Roberto de Almeida 

Os números do ensino médio

Editorial O Estado de S.Paulo, 18 de maio de 2012
Os últimos números do Ministério da Educação (MEC) revelam que, em 2011, o índice de reprovação na rede pública e privada de ensino médio foi de 13,1% - o maior dos últimos 13 anos. Em 2010, foi de 12,5%. Os alunos reprovados não conseguem ler, escrever e calcular com o mínimo de aptidão, tendo ingressado no ensino médio com nível de conhecimento equivalente ao da 5.ª série do ensino fundamental.
O Estado com o maior índice de reprovados foi o Rio Grande do Sul - 20,7% dos alunos. Em segundo lugar aparecem, empatados, Rio de Janeiro e Distrito Federal, com índice de 18,%, seguidos pelo Espírito Santo (18,4%) e Mato Grosso (18,2%). A rede municipal de ensino médio na região urbana de Belém, no Estado do Pará, foi a que apresentou o maior índice de reprovação do País (62,5%), seguida pela rede federal na zona rural de Mato Grosso do Sul (40,3%). No Estado de São Paulo, o índice pulou de 11% para 15,4%, entre 2010 e 2011.
Os Estados com os menores índices de reprovação foram Amazonas (6%), Ceará (6,7%), Santa Catarina (7,5%), Paraíba (7,7%) e Rio Grande do Norte (8%). Os indicadores também mostram que 9,6% dos estudantes da rede pública e privada de ensino médio abandonaram a escola - em 2010, a taxa foi de 10,3%; em 2009, ela foi de 11,5%; e em 2008, de 12,8%.
Já na rede pública e privada de ensino fundamental, o movimento foi inverso ao do ensino médio. Entre 2010 e 2011, a taxa média de reprovação caiu de 10,3% para 9,6% e o índice de abandono diminuiu de 3,1% para 2,8%, no período. Os Estados com os maiores índices de repetência foram Sergipe (19,5%), Bahia (18,5%), Alagoas (15,2%), Rio Grande do Norte (14,9%) e Rondônia (14,2%). Se forem consideradas apenas as escolas públicas, as redes de ensino fundamental da Bahia e Sergipe foram as que registraram os mais altos índices de reprovação do País - 26,6% e 22,5%, respectivamente. Os Estados com as menores taxas foram Mato Grosso (3,6%), Santa Catarina (4,4%), São Paulo (4,9%), Minas Gerais (7,3%) e Goiás (7,6%).
Esses números, que atestam o fracasso da política educacional dos governos Lula e Dilma, foram divulgados na última segunda-feira, pelo site do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC. Como não havia nada para comemorar ou para ser explorado politicamente pelo governo na campanha eleitoral deste ano, a divulgação foi feita de maneira muito discreta - evidentemente, para não prejudicar a imagem do ex-ministro Fernando Haddad, candidato à Prefeitura de São Paulo.
Ao depor na Câmara dos Deputados, em 2007, Haddad afirmou que o ensino médio vivia uma "crise aguda" e reconheceu que as políticas até então adotadas pelo governo federal para estimular os governos estaduais a modernizarem o ensino médio não vinham surtindo efeito. Em 2008, quando integrou um grupo interministerial com o então secretário de Assuntos Estratégicos, Roberto Mangabeira Unger, ele pediu ao CNE novas diretrizes curriculares para tentar melhorar a qualidade do ensino médio - o mais problemático de todos os ciclos de ensino.
Homologadas no final de março por seu sucessor, essas diretrizes sugerem a adoção de "procedimentos que guardem maior relação com o projeto de vida dos estudantes". A ideia é tornar o ensino médio mais atraente, valorizando a correlação entre trabalho, ciência, tecnologia e cultura. Quando as diretrizes foram anunciadas, em meio a mais uma polêmica sobre o desvirtuamento do Exame Nacional do Ensino Médio, por causa das mudanças introduzidas por Haddad nesse mecanismo de avaliação, vários pedagogos afirmaram que elas não eliminarão os gargalos do ensino médio. Para esses pedagogos, as novas diretrizes são mais retóricas do que práticas e estimulam a oferta de um grande número de disciplinas.
As taxas de reprovação e abandono no ensino médio divulgadas pelo Inep são mais um sinal de alerta sobre a má qualidade da educação brasileira. E pelas políticas adotadas até agora, dificilmente esse quadro mudará tão cedo.

Um comentário:

Gilrikardo-Blog disse...

Vou me ater somente a dois índices em virtude de estar "familiarmente" ligado a eles e assim, com um certo conhecimento de causa, ser capaz de construir uma opinião. O Rio Grande do Sul teve o maior ínidice de reprovação (20,7%), estado onde tive minha formação até o segundo grau, considero tal índice uma vitória da ética e da honestidade, pois deve ser verdade, para mim uma prova de que os professores não se renderam às "pressões" políticas para alterarem o quadro. Fato oposto ao que ocorre com o segundo índice, Santa Catarina (7,5%) entre os menores do Brasil, OUSO apostar que tal número é uma MENTIRA deslavada, pois aqui, pessoas que acompanham de perto o ensino já pecerceberam que aluno algum reprova,,, existe uma verdadeira "INDÚSTRIA" de aprovação escolar com intuitos politiqueiros e eleitoreiros. Esses índices só servem para comprovar a facilidade que existe em se manipular estatísticas. Minha vida pertence a estes dois estados irmãos, RS e SC, e a realidade por aqui não justifica um disparate tão significativo entre 7,5 e 20,7 pontos percentuais apresentado em tal estudo. É realmente, educação não é o nosso forte.