O novo "gênio da lâmpada" chegou não apenas a propor um acordo de livre comércio do Mercosul com a China, mas também que esse comércio se fizesse em moedas locais, ou seja, em reais e em yuans; isso para escapar da "ditadura do dólar", claro, que como todos sabemos, é uma moeda perversa, imperialista, através do qual o Império impõe sua vontade econômica a todos os demais países do mundo.
Assim, o saldo que ainda temos com a China -- mas isso deve acabar graças às parcerias estratégicas do genial governo com as novas potências do Sul -- seria obrigatoriamente convertido em compras na própria China, como antigamente se fazia na época dos "rentenMarks", quando o comércio entre o Brasil de Vargas e a Alemanha nazista, nos anos 1930, era estritamente bilateralizado. Essa enormidade de inovação econômica e monetária -- endossada na época pelo chanceler submisso, e até hoje pelo ministro que parece que se ocupa das finanças do Brasil -- faria o sistema de pagamentos do Brasil recuar mais de oitenta anos atrás, passando do multilateralismo estabelecido em Bretton Woods, para o sistema de intercâmbio dirigido dos anos da Depressão.
Não é preciso dizer que os companheiros no poder se esforçaram também para sabotar todos os vínculos comerciais com as "potências do Norte" e estimular a tal de "nova geografia". Os asiáticos, que não são bobos, concordaram em vender mais ao Brasil, já que nós nos oferecíamos para abrir nossos mercados, mas continuavam exportando suas manufaturas para todos os mercados abertos, especialmente para os países desenvolvidos: eles já tinham descoberto a "nova geografia" muito tempo antes dos companheiros, e exportavam para todos os mercados solváveis, em lugar de gastar dinheiro com promoção comercial apenas nos mercados do Sul. Para eles, mercados são mercados, e não têm ideologia, cor ou geografia: tudo o que possa comprar é interessante.
O gênio da lâmpada também sugeriu que os nossos importadores fizessem o genial programa brasileira de "substituição de importações", ou seja, deixar de comprar onde fosse mais barato ou de melhor qualidade, para "comprar dos nossos irmãos mais pobres, mesmo que fosse um pouco mais caro", como argumenta esse gênio. O seu criado amestrado logo criou um programa desse tipo em seu ministério, fazendo com que o Brasil pagasse pelo que era dever dos outros: se quer vender, arregace as mangas e vá buscar mercados. Aqui não: nós é que nos dispúnhamos a ir buscar os seus produtos caros para inunda o mercado brasileiro. Genial, não?
O Brasil não é tão atrasado materialmente, como ele é mentalmente atrasado, sobretudo pela mentalidade de certas pessoas que tomam certas decisões. Ainda não experimentamos todas as soluções genias que vão criar para nos trazer de volta aos gloriosos anos do protecionismo generalizado.
Paulo Roberto de Almeida
Um comentário:
"Pecunia non olet!"
*Titus Flavius Vespasianus, Imperador romano (69d.c.-79d.c.)
Vale!
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