Mas não muito.
A continuar essa política econômica de improvisações, puxadinhos, medidas setoriais que não alcançam sequer um setor inteiro, esse arbítrio nas decisões, essa falta de visão completa sobre o que fazer para melhorar a competitividade das empresas brasileiras, parece que 2013 não vai ser brilhante.
Portanto, feliz 2014...
Paulo Roberto de Almeida
É bom olhar além de 2013
Os economistas do BC elevaram de US$ 18 bilhões para US$ 19 bilhões o superávit comercial estimado para este ano. O valor previsto para as exportações foi reduzido de US$ 248 bilhões para US$ 245 bilhões. No caso das importações, o corte foi um pouco maior, de US$ 230 bilhões para US$ 226 bilhões. A revisão parece compatível com as últimas informações do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. De janeiro até a segunda semana de dezembro, o País exportou US$ 233,1 bilhões e importou US$ 215,1 bilhões.
Se os búzios, cartas e bolas de cristal do BC estiverem bem regulados, o valor exportado pelo Brasil neste ano será 4,3% menor que o de 2011. O valor da importação praticamente se repetirá. No próximo ano, a receita será 9,4% maior que a deste ano e apenas 4,7% superior à de 2011. A despesa será 11,1% maior que a de 2012. O superávit encolherá 10,5% em 2013, depois de já ter diminuído 36,2% neste ano.
Faltam, na tabela do BC, detalhes sobre a evolução das vendas de produtos básicos e de manufaturados. De toda forma, os autores das projeções parecem pouco ou nada otimistas quanto aos efeitos da depreciação cambial. Nos 12 meses terminados em outubro, houve um ajuste de 11,9% na taxa de câmbio real efetiva (ponderada pela participação dos 15 maiores parceiros nas exportações brasileiras). Em relação ao dólar americano, a depreciação da moeda brasileira chegou a 11%. Os empresários industriais aplaudem o ajuste cambial realizado até agora, mas defendem uma desvalorização maior. Segundo o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf, a cotação de equilíbrio deve estar na faixa de R$ 2,30 a R$ 2,40 por dólar.
Enquanto isso, o BC intervém no mercado para manter a taxa abaixo de R$ 2,10 e eleva de US$ 1 bilhão para US$ 3 bilhões o limite das posições vendidas dos bancos. Superado o teto, passa a valer o depósito compulsório de 60%. O objetivo, também nesse caso, é conter a alta do dólar. Falta ver como será a política depois de encerradas as pressões da virada de ano. Mas o pessoal do BC parece disposto, pelas indicações dos últimos dias, a tomar cuidado para evitar mais pressões inflacionárias. Isso deve restringir tanto o afrouxamento monetário quanto a depreciação cambial. O presidente do BC, Alexandre Tombini, também mencionou, num encontro com jornalistas em Brasília, na segunda-feira, as perspectivas de moderação nos aumentos salariais e na expansão do crédito nos próximos meses.
Se essas condições forem confirmadas, os estímulos à expansão do consumo privado serão menos intensos do que foram até este ano, mas a preservação de um bom nível de emprego ainda poderá proporcionar às famílias a segurança necessária para ir às compras. De toda forma, será indispensável uma taxa maior de investimento para garantir um crescimento mais veloz, provavelmente no intervalo de 3% a 4%.
Se governo e setor privado investirem o equivalente a uns 20% do Produto Interno Bruto (PIB), 2013 estará quase certamente salvo. Mas será preciso mais que isso para impulsionar uma expansão na faixa de 4% a 5% por vários anos. Além disso, será necessário cuidar da eficiência e da qualidade do investimento, dois itens amplamente negligenciados no setor público. Não basta, por exemplo, gastar bilhões de dólares numa refinaria mal planejada, num petroleiro lançado muito antes de ter condições de navegar ou em instalações de geração de energia sem linhas de transmissão. A médio e a longo prazos, são esses os detalhes realmente importantes, muito mais que a taxa de câmbio. Moeda depreciada e barreiras protecionistas nunca serão suficientes para compensar as ineficiências do sistema produtivo. Curiosamente, alguns empresários e economistas parecem acreditar nisso.
* JORNALISTA
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