domingo, 23 de junho de 2013

Manifestacoes de massa: o mito e a realidade - Gelio Fregapani, Hiram Reis e Silva


Posted: 23 Jun 2013 06:46 AM PDT
Hiram Reis e Silva, Porto Alegre, RS, 23 de junho de 2013.

As manifestações populares, inicialmente planejadas e incitadas pelos partidos de extrema esquerda, levaram às ruas multidões de brasileiros realmente preocupados com os desmandos de toda a ordem perpetrados pela companheirada e seus asseclas cooptados por inúmeros cargos públicos criados para favorecê-los em um dos 40 Ministérios Petralhas.

Como a maioria dos movimentos este se iniciou com uma justa reivindicação que mobilizou inicialmente apenas a classe média que precisava pagar a conta do aumento das passagens e não a classe trabalhadora como pretendiam seus artífices. A PEC 37, demarcações de terras indígenas, corrupção, falta de investimentos na educação e saúde e uma série de outras demandas foram sendo incorporadas às manifestações tornando o protesto bastante difuso e de resultados pouco promissores. O que observamos hoje é que o país tornou-se refém de um movimento que embora se auto-defina como pacífico vem causando uma série de transtornos para todos e um alto custo para o país.

Inúmeros analistas se pronunciaram a respeito desta mobilização das massas que foi capaz de relegar a um segundo plano, na mídia nacional e internacional, a Copa das Confederações da FIFA. O comentário de um deles, em especial, chamou minha a atenção pela lucidez e consistência de argumentos, o de meu caro amigo e mestre Gelio Fregapani que repercuto a seguir.

-  A Psicologia das Multidões
Gelio Fregapani, Comentário 170 de 22 de junho de 2013

É bonito ver uma multidão empolgada. Há uma sensação de união, da luta por um ideal, de onipotência, mas nunca se sabe o rumo que ela vai tomar.

A psicologia das multidões foi estudada por Gustave Le Bom, que nos legou preciosos conhecimentos, úteis para quem pensa que um dia poderá ter que conduzir ou controlar alguma. Ensina ele:

“Uma massa é como um selvagem; não está preparada para admitir que algo possa ficar entre seu desejo e a realização deste desejo. Ela forma um único ser e fica sujeita à lei de unidade mental das massas. As personalidades individuais desaparecem e o mais eminente dos homens dificilmente supera o padrão dos indivíduos mais ordinários. Ela não pode realizar atos que demandem elevado grau de inteligência. Numa multidão ensandecida é a estupidez, não a inteligência, que é acumulada. O sentimento de responsabilidade que controla os indivíduos desaparece completamente. Todo sentimento e ato são contagiosos. O homem desce diversos degraus na escada da civilização. Isoladamente, ele pode ser um indivíduo; na massa, ele é um bárbaro, isto é, uma criatura agindo por instinto. A multidão não constrói. Só tem força para destruir”.

Quando Le Bom descreveu a multidão, a sociologia científica (não ideológica) ainda não tinha identificado o estereótipo das ações das classes sociais, considerava-se que nas multidões predominariam os elementos da classe dos excluídos, cuja tradicional imprevidência e irresponsabilidade os conduziriam a destruir tudo. Quando predominam indivíduos de classe média pode haver alguma diferença no comportamento.

Apesar disto presenciamos a baderna em vários locais do País. Quebram prédios. Prejudicam o trânsito. Atacam a Polícia para obrigá-la a revidar. Já era de se esperar que numa multidão houvesse baderneiros e ladrões, mas quando foram presos vários baderneiros declararam que receberam dinheiro para criar desordem. Verificou-se que alguns outros trabalhavam no próprio palácio do Governo, indicando que alguma facção governamental pode estar envolvida na criação e organização dos presentes movimentos.

-  Como Teria Começado

O primeiro a convocar uma “manifestação” teria sido o Zé Dirceu. Depois tivemos os “esculachos”, organizados pelos esquerdistas radicais, que não foram adiante por falta de apoio popular. As manifestações que estamos presenciando teriam sido montadas e organizadas nos centros acadêmicos controlados por movimentos ideológicos de extrema esquerda, principalmente nos diretórios das Faculdades de Filosofia. Na orientação esquerdista certamente providenciaram para que não fosse uma manifestação totalmente pacífica.

Foi fácil sentir as digitais do grupo organizador; A especialidade número um das esquerdas radicais é incitar as massas O pretexto para as manifestações foi incoerente e inconsistente e não mobilizou as classes trabalhadoras, pois trabalhadores recebem vale transporte, mas foi suficiente para juntar universitários indignados com a corrupção e a politicagem. Entediados com a vida fácil, mas cheios de vigor, agarraram a oportunidade de romper com a covardia oficial (do não reaja) e sair em busca de um “Santo Graal”.

-  A Evolução

A verdade é que nem tudo saiu como foi planejada, a garotada de classe média conteve em parte a violência da multidão e repudiou os provocadores. O movimento tomou vulto surpreendente por causa da insatisfação geral e essa insatisfação fez com que as reivindicações fugissem do controle de seus organizadores. Os partidos políticos tem sido rejeitados, principalmente os esquerdistas radicais que pretendiam conduzi-lo em favor de seus ideais e aparece uma possibilidade de forçar a solução de alguns dos problemas nacionais. Entretanto, os grandes problemas nacionais só foram citados de forma difusa, até por ignorância dos manifestantes e certamente não serão tratados prioritariamente fala-se muito contra a corrupção, mas sem objetividade. Quase não se toca na perigosa questão indígena e ás vezes defende-se romanticamente posições prejudiciais ao País como a defesa exagerada do meio ambiente.

-  Final, a Quem as Manifestações Beneficiam?

Bem, “quid prodest”? Quem ganha ou pensou ganhar com isto? Poucas dúvidas restam que o grupo sindicalista do PT (leia-se Zé Dirceu), desejoso de derrubar a Dilma esteve na liderança, secundado pelo PSOL, PSTU e outros radicais, claro, contando com a colaboração de vários “companheiros de viagem” A extrema esquerda soube sempre espalhar ódio entre diferentes grupos e jogar uns contra os outros. Desta vez conseguiu mobilizar contra a ordem vigente uma sociedade indignada, mas sem saber direito para onde apontar suas armas. Cansada da política, dos partidos, do Congresso, dos abusos do poder, as pessoas saem às ruas com a sensação de que é preciso “fazer algo”, mas não sabem ao certo o que ou como fazer.

Apesar dos esquerdistas, até agora, terem falhado em conduzir o movimento para os ideais deles, pode ser que ainda consigam, por serem os únicos organizados. Até agora tem sido um tiro no pé, pois estão sendo os mais prejudicados. A tática da reação governamental está dando certo: pouca intervenção e as imagens de vandalismo criam uma má vontade para com os vândalos e permitem uma reação forte quando ficar insuportável. Este filme viveu-se antes de 1964, também comandado por uma esquerda cega e violenta. Por sorte, naquela época, a classe média foi às ruas com o apoio das Forças Armadas e inverteu a situação.

Até agora só se vê prejuízos; o custo das depredações alcançará a dezenas de milhões e o prejuízo nas quebras de negócios e do turismo passará de um bilhão.

A esquerda gritona ficará reduzida ao seu real tamanho, ou seja, à insignificância, o Governo ficará diminuído e os políticos serão hostilizados onde quer que apareçam, mas não mudarão de índole.

O País perderá força e credibilidade e o sistema financeiro internacional certamente se aproveitará da ocasião.

-  O Futuro Incerto

Desta vez ainda não se sabe o rumo que tomará pode ser que as manifestações se extingam naturalmente tendo apenas dado um susto nos políticos, assim como podem forçar a solução de alguns atos de corrupção ou ainda tomar tal vulto que obrigue a intervenção autônoma das Forças Armadas. Isto dependerá muito da comunicação, na mídia e na internet.

Em qualquer caso o prejuízo para o País já foi evidente. O melhor que poderia ainda acontecer seria marcar o início da substituição da corrupta Democracia Representativa pela Democracia Direta, aproveitando as facilidades da internet.

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