São Bernardo – Na abertura da Conferência Nacional “2003-2013: Uma Nova Política Externa”, organizada pela UFABC (Universidade Federal do ABC), o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, afirmou que o Brasil deixou de ser um País submisso internacionalmente nos últimos dez anos. De acordo com Patriota, desde 2002, quando o ex-presidente Lula tomou posse, e também nos três anos de mandato da presidente Dilma, o Brasil conseguiu firmar relações diplomáticas com quase todos os países.
“Desde 2002 expandimos nossas relações e, atualmente, o Brasil é uma das poucas nações do mundo a manter relações diplomáticas com todos os 193 países dignitários da ONU (Organização das Nações Unidas). Inclusive com a Palestina, que ainda não é reconhecida como um país, mas que, esperamos, o seja em breve”, afirmou Patriota.
Participação
O ministro também anunciou que pretende criar um fórum, composto por representantes de diversos segmentos da sociedade, para atuar na formulação de propostas na política externa brasileira. O grupo também teria o papel de acompanhar a implementação e os resultados de programas e iniciativas nessa área.
Após sua fala, Patriota recebeu uma carta, assinada pelo Grupo de Reflexão sobre Relações Internacionais (GR-RI), que reivindica maior transparência e democracia na política externa brasileira. A carta foi lida em público. Ao recebê-la, o ministro afirmou que o documento é mais um motivo para a concretização do projeto. Na verdade, o GR-RI, composto por representantes do mundo acadêmico, movimentos sociais, partidos e governos, que tem se reunido há um ano, tem feito essa reivindicação desde o início de seu trabalho.
“Esse fórum terá uma composição equilibrada”, disse depois Patriota à imprensa, “com pessoas do mundo acadêmico, ONGs, sindicatos, setor privado e de grupos ligados a questões de gênero, racial e outros”. O ministro acredita ser possível apresentar oficialmente o projeto entre setembro e novembro.
Segundo sua assessoria, a minuta do projeto está praticamente concluída. Numa próxima etapa, será enviada à Casa Civil, para análise e ajustes jurídicos, e segue para a presidenta Dilma transformá-la em decreto. A ideia é que Dilma o faça depois da participação dela na Assembleia Geral da ONU, em setembro.
“É uma iniciativa importante, que responde a uma pressão que temos feito”, avalia Artur Henrique, presidente do Instituto de Cooperação da CUT e secretário-adjunto de Relações Internacionais da Central. “Vamos cobrar para que esse grupo tenha a maior efetividade possível”.
Evento
Durante os quatro dias de debates promovidos pela UFABC serão discutidas as políticas públicas e diplomáticas adotadas pelo Brasil nos últimos 10 anos e que colocaram o País como peça importante no cenário mundial.
“O momento é bastante favorável para debater políticas internacionais. O Brasil hoje tem um papel fundamental no mundo e as políticas adotadas na última década foram as responsáveis por isso. Tanto é que o País foi um dos mais espionados pelos Estados Unidos. O apoio do Brasil ao retorno do Paraguai ao Mercosul e o posicionamento contra a espionagem têm um peso importante. Esses e outros temas estarão nas mesas de debate”, explicou o professor Giorgio Romano Schutte, um dos organizadores do evento.
Ainda participam dos debates da conferência os ministros Celso Amorim (Defesa), Gilberto Carvalho (Secretaria Geral da Presidência) e Maria do Rosário (Secretaria de Direitos Humanos), além do ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva e o coordenador do MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra), João Pedro Stedile.
A Conferência é aberta ao público. Para participar é necessário realizar inscrição no site oficial do evento (http://www.conferenciapoliticaexterna.org.br/). A programação completa, com os temas dos debates, oficinas e convidados dos quatro dias de evento, também está disponível na página.
O encerramento será no dia 18, às 15h, com a presença prevista do ex-presidente Lula.
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