O ministro da Defesa, Celso Amorim, afirmou que o Brasil apoia a criação da Escola de Defesa Sul-Americana. A proposta de constituição da Escola foi formalizada pelo Equador recentemente durante a reunião de vice-ministros de defesa, realizada em Lima, Peru, no âmbito do Conselho de Defesa Sul-Americano (CDS) da Unasul.
A manifestação favorável à ideia ocorreu após a reunião bilateral entre Amorim e a ministra da Defesa do Equador, María Fernanda Espinosa Garcés, em Quito, capital equatoriana. Na passagem pelo país, o ministro brasileiro também foi recebido pelo presidente Rafael Correa, em encontro no Palácio Presidencial. Em entrevista à imprensa após o encontro, os dois ministros explicaram que a Escola terá o objetivo de impulsionar a formulação de um pensamento estratégico regional de defesa.
A nova instituição deverá ter sede em Quito, onde funcionarão as áreas de coordenação e de administração. No entanto, como explicaram os ministros, a escola funcionará como uma rede, aproveitando as diversas iniciativas no campo militar existentes nos países do continente.
Como exemplo de iniciativas em rede, Amorim citou o Centro de Estudos Estratégicos (CEE/CDS), sediado em Buenos Aires, Argentina, e o Curso Avançado de Defesa Sul-Americano (CAD-SUL), que este ano será realizado, pelo segundo ano consecutivo, na Escola Superior de Guerra (ESG), no Rio de Janeiro.
“Todos esses cursos organizados por diferentes instituições podem fazer parte de uma rede que deverá ter uma coordenação para evitar duplicações e perda de recursos”, disse Amorim, acrescentando que a Escola respeitará sempre a pluralidade e diversidade de ideias.
Segundo a ministra da Defesa equatoriana, embora tenha recebido a chancela dos integrantes do CDS, a proposta de criação da Escola terá ainda que ser confirmada na próxima reunião de ministros da Defesa sul-americanos, marcada para novembro deste ano, também em Lima.
Para Maria Espinosa Garcés, a Escola deverá aproveitar, de maneira coordenada, a riqueza de ofertas das nações sul-americanas, potencializando as capacidades e especialidades que cada país tem em matéria de defesa. “O caminho futuro é construir um pensamento, por mais diverso que ele seja, que nos identifique, que gere uma identidade sul-americana”, afirmou Garcés. “O essencial é que seja uma escola que se concentre em problemas que são nossos, e não condicionada por problemas que não são nossos”, acrescentou Amorim, que já havia defendido a criação da Escola em fóruns internacionais.
Cooperação bilateral
O ministro brasileiro foi a Quito a convite do governo do país. Durante a reunião bilateral, ocorrida na sede do Ministério da Defesa, representantes das duas delegações discutiram uma extensa pauta de assuntos que resultaram em decisões com o objetivo de aprofundar a cooperação em defesa entre as duas nações.
Entre os temas discutidos pelas delegações presentes ao encontro, figuraram o apoio brasileiro ao desenvolvimento da indústria de defesa equatoriana, a ampliação do auxílio às ações de desminagem no país, controle e defesa do espaço aéreo, e o treinamento de pilotos e técnicos da força aérea equatoriana que operam com os aviões Super Tucano.
Além desses assuntos, as delegações trataram de questões relativas ao fortalecimento da identidade sul-americana de defesa no marco do CDS/Unasul, e da contribuição brasileira à iniciativa equatoriana, ora em curso, de atualização de sua agenda política na área militar.
Os principais resultados do encontro foram objeto de um comunicado conjunto, divulgado à imprensa ao final da reunião (veja aqui a íntegra do documento). Amorim convidou os equatorianos a enviarem observadores militares à próxima edição da Operação Ágata, na fronteira do Brasil, que deverá ocorrer no segundo semestre deste ano. Ele também convidou a ministra Garcés para uma visita oficial ao Brasil em Agosto.
Para garantir a continuidade e o acompanhamento direto dos temas acordados, os dois ministros decidiram criar um grupo de trabalho e institucionalizar uma reunião anual dos respectivos estados-maiores conjuntos.
A delegação brasileira contou, entre outros, com o subchefe de Assuntos Estratégicos do Estado-Maior Conjunto das Forças Armadas (EMCFA), almirante Renato Rodrigues de Aguiar Freire, com o chefe da Comissão de Implementação do Sistema de Controle do Espaço Aérea da FAB, brigadeiro Carlos Aquino, além do chefe da Assessoria Internacional do Ministério da Defesa, conselheiro Ibrahim Neto.
2 comentários:
Amorim não fala pelos militares, eu garanto!
Se ele não fala pelos militares, quem fala?
E o que os militares esperam dessas alianças sul-americanas atualmente dominadas por gente do Foro de São Paulo, como a Unasul?
Paulo Roberto de Almeida
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