A PRÓPRIA SEM-VERGONHICE
Milton
Simon Pires
Hoje tive uma idéia
- a de importar vergonha. Sim! Por que não? Importamos tanta coisa: bugigangas
chinesas, música pop americana de quinta categoria, roupas que não fariam
sucesso nem usadas por Salvador Dali..médicos..Qual o problema em importar
vergonha? A vergonha poderia ser enviada de países como a Alemanha ou Japão -
que depois de destruídos tornaram-se potências mundiais..poderia vir da
Escandinávia, região do mundo que transformou um freezer num paraíso de bem
estar social ou de Israel, que fez um deserto infernal parecer um jardim..Não
faltariam exportadores de vergonha pra gente, né? Chegando aqui, grandes
carregamentos de vergonha bruta poderiam ser usados de cara na saúde, educação
e segurança..Vergonha "refinada" e de alta qualidade poderia ser
aplicada nas artes e na Universidade Brasileira e por aí vai..nossa demanda é
alta!
Depois de ter tido essa idéia, me dei conta de uma coisa..Quem
está "sem vergonha" há muito tempo pode acabar esquecendo como
usá-la. Imagino que alguns técnicos estrangeiros teriam que chegar juntos com
os primeiros carregamentos..Outra coisa que é fato, e que também ocorre com
quem está sem comida cronicamente, é que a vergonha deve ser administrada aos
poucos para não provocar intoxicações como as que ocorreram com pessoas dos
campos de concentração depois que começaram a comer novamente. Sem dúvida
nenhuma, deve-se administrar vergonha de maneira endovenosa principalmente na
Justiça do país importador..Não se pode fazer um país ficar
"impregnado" de vergonha sem primeiro lidar com essa área da
sociedade. Um país com uma justiça míope, paraplégica e demencial (quando lhe
convém) precisa repor seu nível de vergonha no sangue de forma urgente! Deixo
aqui um exemplo - quando o supremo tribunal de uma nação condena por corrupção,
e em instância máxima, um grupo de seus mais poderosos mandatários, níveis
adequados de vergonha garantem que a sentença seja cumprida imediatamente.
Casos em que presidentes desse país sustentam amantes com dinheiro público
também podem evoluir melhor caso a concentração corporal de "vergonha na
cara" seja normal.
Embora não existam muitos casos de importação de vergonha
relatados na literatura, uma coisa a ciência já estabeleceu: não esperem que
sobreviva e alcance a longevidade um país sem vergonha nenhuma..Toda história
da humanidade é rica em mostrar que quando uma nação não respeita a si mesma,
ela vês seus médicos como "ricos com nojo pobre", seus policiais
"como corruptos" e seus professores como "eternos
grevistas"..Sabe-se também que sentir vergonha é, do ponto de vista
psicológico, em certo aspecto muito parecido com deprimir-se pois tanto da
vergonha quanto da tristeza brotam, para quem não se considera "abençoado
por Deus e bonito por natureza”, a vontade de redimir-se..a capacidade de
reerguer-se e o dom de novamente impor-se como tem direito os homens e os
países de bem. Duvido muito que um país que é sinônimo de
"alegria"..de homens que são lembrados como "bons de bola"
e de mulheres que se apresentam ao mundo como "fáceis" tenha um dia
vergonha na cara e explico o porquê: outros povos do mundo também podem
ser assim, mas só nós nos
"orgulhamos" disso..só nós celebramos a nossa falta de vergonha..só
nós rimos da nossa própria ignorância e aplaudimos nossa falta de educação
características do "parabéns a você" cantado aos berros dentro de
qualquer churrascaria carioca. Os “intelectuais do CNPQ do B” - vão chamar esse
meu texto de “complexo de vira-latas”..Adoro essa expressão! Ela é própria
da “marxinálise” - ciência brasileira
que mistura marxismo + psicanálise numa fórmula em que não existe vergonha no
mundo inteiro que sirva como antídoto..rss..rss
Termino esse artigo meio triste..achei que faltava aos brasileiros
vergonha na cara e me enganei; nossa falta é de humildade...Humildade
necessária para perceber a própria sem-vergonhice!
Porto Alegre, 24 de julho de 2013 AVC (antes da vinda dos cubanos)
Um comentário:
FINALMENTE O PROGRAMA CERTO PARA O BRASIL DE HOJE!!! O "MAIS VERGONHA NA CARA" !!!
Postar um comentário