Paulo Roberto de Almeida
COMENTÁRIO Blog Ricardo Noblat, 26/08/2013
Esquisito o episódio da chegada ao Brasil do senador boliviano refugiado há mais de 440 dias em nossa embaixada em La Paz. E agora da demissão do ministro Antônio Patriota, das Relações Exteriores.
A operação de retirada do senador da Bolívia foi arriscada se ela de fato ocorreu à revelia do governo Evo Morales.
Foram 22 horas dentro do carro principal da embaixada até a chegada em Corumbá. Fuzileiros navais garantiram a segurança do senador durante a viagem.
Em Corumbá, a segurança coube à Polícia Federal, subordinada ao ministro da Justiça.
É possível que fuzileiros e agentes da Polícia Federal tenham sido mobilizados à revelia dos seus chefes - os ministros da Defesa e da Justiça?
É possível que a fuga do senador fosse apenas do conhecimento do encarregado de negócios da embaixada do Brasil na Bolívia? O posto de embaixador está vago por lá.
E a pergunta mais importante: que ministro teria coragem de se envolver numa operação diplomaticamente tão delicada sem que a presidente Dilma fosse informada? E desse seu aval?
Dilma nunca gostou de Patriota, nunca se deu bem com ele, sempre o tratou mal, às vezes de forma humilhante.
Era preciso entregar alguma cabeça para acalmar o governo boliviano, aparentemente irritado com o que aconteceu.
Se Evo Morales só ficou sabendo da fuga do senador depois de sua entrada no Brasil, é grave. Deixa-o mal diante dos seus governados.
Se ele sabia da fuga e compactuou com ela, não poderá admitir. Pegaria mal.
A demissão de Patriota desmanchará o mal estar sincero ou simulado que separa a Bolívia do Brasil. Mas não porá um ponto final nessa história.
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