Especial
A queda de João Goulart, 50 anos depois
João Goulart foi deposto em março de 1964 pelos militares, que tiveram apoio popular, de intelectuais, artistas e da imprensa (Getty Images)
Os personagens
João Goulart
Castello Branco
Ernesto Geisel
Olympio Mourão Filho
Amaury Kruel
Leonel Brizola
Magalhães Pinto
Lincoln Gordon
Assis Brasil
Maria Thereza Goulart
Cabo Anselmo
Darcy Ribeiro
José Serra
Golbery do Couto e Silva
Emílio Garrastazu Médici
Luiz Carlos Prestes
Clodesmidt Riani
Carlos Lacerda
Miguel Arraes
Juscelino Kubitschek
Adhemar de Barros
Ieda Maria Vargas
Brigitte Bardot
Tancredo Neves
Abelardo Jurema
Ranieri Mazzilli
Arthur da Costa e Silva
Francisco Julião
Carlos Heitor Cony
Celso Furtado
San Tiago Dantas
Castello Branco
Ernesto Geisel
Olympio Mourão Filho
Amaury Kruel
Leonel Brizola
Magalhães Pinto
Lincoln Gordon
Assis Brasil
Maria Thereza Goulart
Cabo Anselmo
Darcy Ribeiro
José Serra
Golbery do Couto e Silva
Emílio Garrastazu Médici
Luiz Carlos Prestes
Clodesmidt Riani
Carlos Lacerda
Miguel Arraes
Juscelino Kubitschek
Adhemar de Barros
Ieda Maria Vargas
Brigitte Bardot
Tancredo Neves
Abelardo Jurema
Ranieri Mazzilli
Arthur da Costa e Silva
Francisco Julião
Carlos Heitor Cony
Celso Furtado
San Tiago Dantas
Em uma reportagem especial de 44 páginas, VEJA revisita os choques políticos que levaram à queda do governo de João Goulart, o Jango, em 31 de março de 1964, dia em que ele foi alijado do poder pelos militares com amplo apoio popular, dos intelectuais e da imprensa. Isso ocorreu há meio século, mas muitas das contradições daquele tempo ainda estão vivas no Brasil de hoje — com exceção do que diz respeito à intocabilidade dos valores democráticos e ao valor intrínseco da sanidade econômica.
Por feliz sugestão de Vilma Gryzinski, editora executiva e coordenadora do projeto, a reportagem de VEJA gira em torno das pessoas que foram os principais personagens, de um lado e do outro, daqueles eventos. Afinal, não existe história sem homens públicos, e mesmo estes são seres humanos de carne e osso, movidos por ambições, desejos e medos.
Homens públicos devem ser julgados por seu legado político, mesmo quando, no plano pessoal, sejam simpáticos, amem os animais e as mulheres, tratem bem os subordinados e se condoam das injustiças sociais. João Goulart, o presidente deposto no golpe de 1964, era assim. Presidente acidental, também era hesitante, demagógico e aplicado no mau hábito populista de dividir os brasileiros entre os bons e os maus, os que mereciam ter seus clamores atendidos e os que demandavam tratamento duro, se não a exclusão total. Introduzir a complexidade em assuntos que parecem cristalinamente simples foi um dos intuitos de VEJA na reportagem.
Ambiciosos ou inapetentes para o poder, racionais ou autodestrutivos, generosos ou cruéis, quando não uma mistura de tudo isso, todos os personagens de 1964 se viam como defensores da democracia — e quase todos a afrontaram. No governo Jango, comerciantes eram presos por especulação, sob aprovação popular, e o trecho mais aplaudido do discurso que ele fez no comício da Central do Brasil, quando pretendeu mudar as regras do jogo em assuntos vitais, tratava do congelamento dos aluguéis. Desde então, governantes e governados, entre tantos erros cometidos pelos governos militares e pelos civis que lhes sucederam, aprenderam a respeitar fundamentos básicos que garantem a todos o direito de defender suas opiniões e até lutar por elas, dentro do estado de direito, sem achar que os oponentes precisem ser esmagados, encarcerados ou exilados. Cinquenta anos depois da derrubada de Jango, 29 anos depois do fim da ditadura que se seguiu, o Brasil é um país muito melhor.
Ouça a leitura deste texto e, nas edições digitais de VEJA, de toda a reportagem especial
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