sábado, 22 de março de 2014

OEA-Venezuela: Itamaraty cumpre, submissamente, ordens da presidencia da republica - Reinaldo Azevedo

Quando se pensa que a política externa brasileira chegou ao fundo do poço, a gente descobre que é possível descer um pouco mais. Como já informei aqui, a deputada venezuelana Maria Corina Machado — aquela que teve a cara chutada por parlamentares bolivarianos — está ameaçada de perder a imunidade parlamentar e pode ir para a cadeia. Estava prevista uma intervenção sua, nesta sexta, na OEA (Organização dos Estados Americanos). Em dois lances, com a ajuda do Brasil, sua palavra foi cassada.
Num primeiro, a Nicarágua, governada pelo orelhudo Daniel Ortega, propôs que Maria Corina falasse a portas fechadas, sem a presença de público ou da imprensa. A proposta venceu com 22 votos a favor, 9 contra e 1 abstenção. Numa segunda, sugeriu-se pura e simplesmente cortar o tema Venezuela da pauta, o que também foi aprovado, aí com 22 votos a favor, 3 contra e nove abstenções. A deputada só conseguiu se pronunciar brevemente — e a portas fechadas — porque o embaixador do Panamá cedeu a ela a sua palavra, um recurso que é permitido.
Nas duas vezes, o Brasil votou para cassar a palavra de Maria Corina. É nojento!
A parlamentar venezuelana foi à OEA evocar a Carta Democrática Interamericana para que a entidade cumpra a sua função e cobre o respeito do governo da Venezuela aos fundamentos da democracia. Leiam, por exemplo, dois artigos:
Carta Democrática Interamericana 
Restou a Maria Corina falar com mais vagar numa entrevista coletiva: “Não viemos aqui pedir nenhum favor, mas exigir que a OEA cumpra o seu dever. Esta é uma organização de Estados, não um clube de presidentes.” Ela cobra que a OEA reúna o Conselho Permanente para discutir a crise em seu país; que se condem a repressão e a supressão de liberdades e que se faça uma comissão, compostas por reais democratas — como Óscar Arias, ex-presidente da Costa Rica — para visitar a Venezuela.
Ironias
Ao emprestar a sua cadeira para Maria Corina, o Panamá repetiu o gesto generoso da Venezuela pré-chavista, em 1989, quando cedeu o seu lugar para que um representante panamenho denunciasse a ditadura do delinquente Manuel Noriega. Em 2009, já sob os auspícios do bolivarianismo, o representante da Venezuela na OEA, Roy Chaderton, também cedeu seu posto a Patrícia Rodas, ex-chanceler de Honduras, para atacar Porfírio Lobo, presidente eleito e legítimo do seu país. Ocorre que Patrícia era da turma do maluco Manuel Zelaya. Nesse caso, como lembra o jornal “Ela Nacional”, a sessão foi aberta e transmitida ao vivo pela TV chavista VTV.

Já são 31 os motos na Venezuela desde o dia 12 de fevereiro. Mais de 1.800 pessoas foram detidas. Na semana passada, foram presos os prefeitos Daniel Ceballos, de San Cristóbal, no estado de Táchira, e Enzo Scarano, de San Diego, em Carabobo. O primeiro foi acusado de incitar a violência; o segundo, de não ter impedido a formação de barricadas. É espantoso! O Brasil não apenas se cala diante da escalda ditatorial como também cala uma representante da oposição, tentando impedi-la de se manifestar até na OEA.
O governo Dilma poderia se contentar em ser apenas medíocre. Mas não! A mulher está disposta a nos cobrir de vergonha.
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Governo Dilma e seus aliados impedem fala de deputada oposicionista venezuelana na OEA


Ao lado, Corina, na coletiva, proibida de falar no plenário da OEA pelo Brasil e seus aliados.

CLIQUE AQUI para examinar o video. São apenas 4 minutos. Uma pequena mostra do regime que virou uma ditadura, comandada por bandidos."
CLIQUE AQUI, também, para examinar reportagem de El Nuevo Herald, Miami, mostrando a repressão aos estudantes da Venezuela. 

Com ajuda do Brasil e de países aliados, o governo venezuelano conseguiu abafar nesta sexta-feira uma fala da oposição em um encontro da Organização dos Estados Americanos (OEA) realizado em Washington.Por duas vezes, os membros da organização apelaram para manobras para impedir a deputada venezuelana María Corina Machado, uma das lideranças da oposição ao presidente Nicolás Maduro, de discursar sobre a repressão promovida pelo governo chavista.

. Em um primeiro momento, o Conselho Permanente da organização decidiu pela proibição do acesso do público e da imprensa à reunião. A proposta recebeu 22 votos a favor, 11 contra e uma abstenção. Posteriormente, os membros da OEA resolveram simplesmente eliminar da agenda o tópico dedicado à crise venezuelana, decisão que contou com 22 votos a favor, três contra e nove abstenções. Nos dois casos, o Brasil se posicionou a favor da censura à deputada.

. Ela acabou falando para a imprensa, numa coletiva improvisada, na própria sede da OEA. 

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