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domingo, 27 de julho de 2014

Mais crônicas do nanismo diplomatico - Wandell Seixas e o conflito Israel-Hamas

Brasil é mesmo um “anão diplomático”

Wandell Seixas
Diário da Manhã, 26/07/2014

O governo brasileiro reagiu à pecha de "anão diplomático", feita pelo Ministério das Relações Exteriores de Israel. O Itamaraty, sediado em Brasília, fizera críticas à postura israelense no conflito com os palestinos na Faixa de Gaza, considerando "desproporcional" as forças entre os contendores. "Esta é uma demonstração lamentável de que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático", disse o porta-voz Yigal Palmor quinta-feira, conforme o jornal The Jerusalem Post.


O episódio provocou a ira do Ministério das Relações Exteriores do Brasil e chamou o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Sardinha, para consultas. O comportamento brasileiro é deplorável, demonstrando uma atitude unilateral. A diplomacia brasileira procurou manifestar a "desproporcionalidade" na ofensiva israelense na região.


O governo Dilma Rousseff se esquece das atitudes insanas do Hamas, grupo terrorista com o apoio de outros grupos terroristas supostamente sustentados pelo Irã. Desde que o regime muçulmano tomou conta do Irã a palavra de ordem "é acabar com os judeus". Antes de tudo, a luta entre israelenses e parte do segmento árabe é milenar. Advém dos tempos bíblicos. Quantas vezes Jerusalém não foi palco de cenário de destruição?


Israel é um país do tamanho de Sergipe, com uma população de cerca de seis milhões de pessoas. Foi criado com a participação de um brasileiro, que presidia a sessão das Nações Unidas. Osvaldo Aranha é venerado naquele país, que já deu oito prêmios Nobel a seus ilustres cidadãos. Pela sua pequena dimensão exige segurança porque está cercado praticamente de inimigos por todos os lados. Só a Síria dispõe de um exército de mais de 500 mil soldados preparados para a guerra. Em decorrência da constante ameaça que pesa sobre Israel, suas forças armadas são as mais preparadas do mundo e seu serviço de informações, como o Mossad, amplamente articulados.


O país é essencialmente democrático, dispondo de inteira liberdade de imprensa e de religião. As mulheres participam ativamente da política e servem ao exército. Golda Meir, foi eleita presidente. O eleitor tem optado mais pelo Likud, mais conservador, em detrimento do Partido Trabalhista, mais liberal, justamente por causa da interminável guerra. Nos países vizinhos, a modernidade anda devagar. Nem todas as mulheres podem chegar às escolas. Seu papel ainda é de mulher parideira e de forno e fogão.


Os moshave e os kibutzim, que serviram inclusive de experiência agrária no Nordeste de Goiás no governo Mauro Borges, são modelos de produção cooperativista. O colono hebreu precisava dispor de sistemas de irrigação por controle remoto por causa dos constantes ataques inimigos. Grande parte das casas necessita de abrigo subterrâneo também por causa das bombas, dos foguetes e dos mísseis dos praticantes do terrorismo.


É deplorável que o governo petista em momento algum tenha condenado ou mesmo censurado o comportamento do Hamas. Sua maneira de agir é odiosa. Só mesmo quem acompanha o conflito entre israelenses e palestinos mais de perto, quem conheceu a vida desses povos, sabe. Os agentes do Hamas se utilizam das escolas e dos hospitais justamente para sofrerem ataques das forças de Israel. A morte de civis, sobretudo crianças e idosos, é o eles querem, para ganhar espaço na mídia internacional, protestos no mundo e reações intempestivas como a da diplomacia brasileira.


Que moral o governo petista tem para condenar Israel? É só lembrar um pouco dos grevistas de fome em Cuba contra o regime de Fidel Castro? O Lula estava em Havana e não movimentou uma palha em favor desses pobres desgraçados? Os jogadores de basquetebol e os judocas cubanos numa temporada no Brasil pedirem asilo e o governo mandou-os de volta à Havana? Os direitos humanos estão sendo feridos na Venezuela, desde Hugo Chaves e Maduro e onde está o apoio diplomático aos venezuelanos? O senador de oposição boliviano Roger Pinto Molina mofou na Embaixada do Brasil em La Paz. Precisou fazer uma aventura para passar pelas fronteiras dos dois países. Em Brasília, precisou do apoio do Congresso Nacional, liderado pelo deputado federal Ronaldo Caiado, para que lhe fosse assegurado o direito de permanência no Brasil.


O governo brasileiro devia isto sim, participar das negociações entre Israel e Palestina para um acordo de paz duradoura. Afinal, o Brasil se comporta mesmo como um anão diplomático.




(Wandell Seixas, jornalista voltado para o agro, bacharel em Direito e Economia pela PUC-Goiás, bolsista em cooperativista agrícola pela Histradut, Tel Aviv, Israel, e autor do livro O Agronegócio passa pelo Centro-Oeste)

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