Por Redação, com agências internacionais - de Jerusalém
Além das mortes de mais de 700 palestinos, o governo de Israel conseguiu, nesta quinta-feira, ferir gravemente a diplomacia brasileira ao afirmar, por intermédio de sua Chancelaria, que o “comportamento” do Brasil “ilustra a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante”. Além disso, o governo disse que o país escolhe “ser parte do problema, em vez de integrar a solução” e, segundo o porta-voz israelense Yigal Palmor, o Brasil não passa de um “anão diplomático”. O “comportamento” que mereceu as duras críticas de Tel Aviv trata-se do comunicado distribuído na noite passada, no qual o Itamaraty condena o “uso desproporcional da força” por parte de Israel e não faz referência às agressões de palestinos contra israelenses.
– Essa é uma demonstração lamentável de por que o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua sendo um anão diplomático – afirmou Palmor ao diário israelense The Jerusalem Post.
Outra medida que irritou o Estado judeu foi a reprimenda diplomática brasileira ao chamar o embaixador de Israel em Brasília, Rafael Eldad, para expressar seu protesto, e convocar o embaixador brasileiro em Tel Aviv, Henrique Pinto, de volta a Brasília. Segundo as regras da diplomacia, o protesto feito a Eldad e a convocação de Pinto mostram sinais de forte desagrado. Em sua página na internet, a diplomacia israelense acusou o Brasil de “impulsionar o terrorismo” e afirmou que isso, “naturalmente”, afeta a “capacidade do Brasil de impulsionar influência”.
Na nota, Israel se diz “decepcionado” com a convocação do embaixador brasileiro e observa que a atitude “não reflete” o nível das relações bilaterais, além de “ignorar o direito de Israel de se defender”. “Israel espera apoio de seus amigos em sua luta contra o Hamas, reconhecido como uma organização terroristas por muitos países”, afirma o documento.
Apenas algumas horas após a crítica sem precedentes do governo israelense, o chanceler brasileiro, Luiz Alberto Figueiredo, colocou panos quentes na crise ao afirmar que a “discordância entre amigos é natural”. Figueiredo acrescentou que o comunicado do Itamaraty na noite passada, que recebeu o aval da presidenta Dilma Rousseff, segundo apurou o diário conservador paulistano Folha de S. Paulo, “não apaga as críticas feitas anteriormente ao Hamas só porque não as menciona”.
– O gesto que tinha que ser feito foi feito. O Brasil entende o direito de Israel de se defender, mas não está contente com a morte de mulheres e crianças – explicou.
Fontes citadas pela Folha afirmam que o Itamaraty e o Palácio do Planalto ainda estudam a melhor reação para um comentário considerado “tão duro”. “Se, de um lado, alguns diplomatas brasileiros alertam para que não se ‘bata boca’ com Tel Aviv, outros analisam ser necessário uma resposta enérgica da própria presidente da República para responder a crítica à altura. Em Gaza, o gesto brasileiro foi recebido com festa. Palestinos se aproximaram da reportagem da FSP para expressar gratidão ao governo Dilma Rousseff”.
– Obrigado por convocar seu embaixador. O Brasil é melhor do que os países árabes, como o Egito, que não fazem nada – disse Tawfiq Abu Jamaa, em Khan Yunis.
Desde que começou a operação israelense Margem Protetora, no dia 8 deste mês, mais de 700 palestinos, na grande maioria civis, foram mortos. Do lado israelense, morreram 32 militares e três civis, sendo um cidadão tailandês. O intuito da operação é desmantelar o movimento radical islâmico Hamas, que governa a Faixa de Gaza.
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