Polindo a Prata da Casa: mini-resenhas de livros de diplomatas (Amazon Digital Services: Kindle edition, 2014, 151 p. 484 KB; ASIN: B00OL05KYG; disponível na Amazon; link: http://www.amazon.com/dp/B00OL05KYG; e na plataforma Academia.edu; link: https://www.academia.edu/8815100/23_Polindo_a_Prata_da_Casa_mini-resenhas_de_livros_de_diplomatas_2014_). Prefácio e Sumário disponíveis no blog Diplomatizzando (link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/10/mini-resenhas-de-livros-de-diplomatas.html). Relação de Originais n. 2693. Relação de Publicados n. 1145.
“Prata da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 2014”, Notas sobre os seguintes livros:
(1) Paulo Roberto de Almeida: Nunca Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8);
(2) José Ricardo da Costa Aguiar Alves: O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma (Brasília: Funag, 2014, 535 p.; ISBN 978-85-7631-504-9; Coleção CAE);
(3) Rogério de Souza Farias: A palavra do Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994) (Brasília: Funag, 2013, 885 p.; ISBN 978-85-7631-477-6; Coleção Política Externa Brasileira);
(4) Renato L. R. Marques: Memorábilia (Rio de Janeiro: Edição do Autor, 2013, 378 p.; ISBN 978-85-914949-1-0);
(5) José A. Lindgren Alves: Os novos Bálcãs (Brasília: Funag, 2013, 161 p.; ISBN 978-85-7631-478-3; Coleção Em Poucas Palavras);
(6) Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994) (Brasília: Funag, 2014, 190 p.; ISBN 978-85-7631-489-9; Coleção Em Poucas Palavras).
Publicado no Boletim da Associação dos Diplomatas Brasileiros – ADB (ano 21, n. 86, julho-agosto-setembro 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503).
Relação de Originais n. 2634. Relação de Publicados n. 1140.
Prata
da Casa - Boletim ADB: 3ro. trimestre 2014
Paulo Roberto
de Almeida
Boletim da
Associação dos Diplomatas Brasileiros
(ano 21, n. 86,
julho-agosto-setembro 2014, p. 30-32; ISSN: 0104-8503)
(1) Paulo Roberto de Almeida:
Nunca
Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não
convencionais
(Curitiba: Appris, 2014, 289 p.; ISBN: 978-85-8192-429-8)
Tudo o que
você sempre quis saber sobre a diplomacia companheira e nunca teve a quem
perguntar? Agora talvez já tenha, sobre quase tudo. Em todo caso, figura aqui
uma avaliação do que representaram, para a política externa, os anos do
lulo-petismo, com a independência de um acadêmico que também integra a
diplomacia. Existem episódios que ainda vão requerer pesquisa em arquivos para
saber como foram exatamente decididos, e provavelmente lacunas subsistirão,
tendo em vista justamente as características especiais de uma diplomacia que
não partiu essencialmente de sua casa de origem, mas andou combinada a outros
estímulos, não arquivados. Parece que ela foi ativa, altiva e soberana, como
nunca antes tinha acontecido. Outros traços emergirão num futuro balanço, ainda
sem data. A História a absolverá? A ver...
(2) José Ricardo da Costa Aguiar Alves:
O Conselho
Econômico e Social das Nações Unidas e suas propostas de reforma
(Brasília: Funag,
2014, 535 p.; ISBN 978-85-7631-504-9; Coleção CAE)
Prefaciada pelo ex-ministro Pedro
Malan, que já trabalhou na ONU, a tese representa a mais ambiciosa análise,
histórica e estrutural, do papel do Conselho desde sua origem até 2007, período
em que foram empreendidas 42 reformas. A revisão das Metas do Milênio, em 2015,
provavelmente exigirá novas reformas. O órgão consome mais de dois terços dos
recursos da ONU, comprometidos com o desenvolvimento, ao lado daqueles
destinados à paz e segurança, no âmbito do seu Conselho de Segurança. A obra é
minuciosa no exame dessas propostas de reforma, sem conter, porém, uma
avaliação sobre a eficácia dos recursos investidos nessa missão, o que
requereria um outro tipo de estudo, feito por economistas. É uma obra
importante para o Itamaraty, que está sempre demandando mais recursos para o
desenvolvimento, justamente.
(3) Rogério de Souza Farias:
A palavra do
Brasil no sistema multilateral de comércio (1946-1994)
(Brasília: Funag,
2013, 885 p.; ISBN 978-85-7631-477-6; Coleção
Política Externa Brasileira)
Um
empreendimento de alta qualidade, que completa, com louvor, uma coletânea do
gênero feita pelo Embaixador Seixas Corrêa para os discursos de abertura da
AGNU. Ele é, aliás, o prefaciador da compilação seletiva dos mais importantes
pronunciamentos feitos por representantes brasileiros desde o início do Gatt,
passando pela Unctad, até a criação da OMC, e destaca a relevância dos
materiais como instrumento de trabalho para os negociadores de hoje. O livro
vem acompanhado por informações e fotos dos representantes e de notas de rodapé
explicativas de cada contexto negociador. O denso prefácio e a longa introdução
merecem leitura atenta; os temas abordados em cada capítulo constituem matéria
prima indispensável para conhecer a história econômica e diplomática brasileira
no plano do comércio internacional. Parece que pouco mudou...
(4) Renato L. R. Marques:
Memorábilia
(Rio de Janeiro:
Edição do Autor, 2013, 378 p.; ISBN 978-85-914949-1-0)
Como
diplomata, Renato Marques é bom um escritor, com sua prosa elegante, frases em
latim, vasto conhecimento da cultura humanista, sobretudo da história, e grande
tino para a observação dos seres humanos, como Balzac, Dickens ou Flaubert.
Como escritor, ele não é um diplomata, já que escreve sem os trejeitos típicos
dos colegas, falando tudo com grande sinceridade. Nestas suas memórias
sentimentais, ele vai desde as origens familiares nos pagos gaúchos, até os
últimos postos, que eram, não muito tempo atrás, partes do império soviético.
Mais do que um recorrido pela sua vida em vários continentes, elas são
reflexões intelectuais sobre países, pessoas, processos e eventos a que
assistiu, de que participou, sobre os quais leu; a referência aos grandes
escritores é constante, e as fotos são um complemento agradável ao seu texto
cortante.
(5) José A. Lindgren Alves:
Os novos
Bálcãs
(Brasília: Funag,
2013, 161 p.; ISBN 978-85-7631-478-3; Coleção Em Poucas Palavras)
Os “novos
Bálcãs” talvez se pareçam um pouco com os “velhos”, no sentido em que os muitos
povos eslavos – católicos, ortodoxos, ou islamizados – voltaram a se dividir em
meio a conflitos por vezes sanguinários. Depois de algumas décadas de
socialismo, quando eles estavam “unidos” pela razão ou pela força, eles estão
prontos para receber novamente o Orient Express, que ia das terras cristãs ao
império dos otomanos justamente atravessando essas terras complicadas. Lindgren
Alves esclarece como a fragmentação étnica reconstruiu a balcanização, com
alguns massacres no caminho. Um alerta de como a Europa também pode recriar os
velhos demônios da guerra e da violência étnica. O chauvinismo está na origem
dessa utopia estilhaçada. Uma síntese que se apoia na melhor bibliografia e num
conhecimento direto da região.
(6) Francisco Doratioto:
O Brasil no
Rio da Prata (1822-1994)
(Brasília: Funag,
2014, 190 p.; ISBN 978-85-7631-489-9; Coleção Em Poucas Palavras)
Metade, ou
quase, de toda a política externa brasileira, das origens aos dias de hoje, se
fez e se faz no Rio da Prata. Daí a escolha deste “semi-diplomata” para
escrever uma história que começa na contenção de Buenos Aires, passa pela
guerra do Paraguai – sobre a qual o autor publicou o clássico Maldita Guerra –, avança do americanismo
ingênuo para o pragmatismo conciliador, nutre desconfiança e cautela (de 1930 a
1955), retoma o aprendizado da cooperação e da superação de divergências, para
finalmente chegar à integração no Mercosul (pelo menos até 1994, numa fase ainda
feliz). Mesmo “em poucas palavras”, o autor usou fontes primárias, mas várias
das secundárias são de autores hermanos:
eles são a nossa “circunstância”. A história trata mais de diplomacia do que de
comércio e desenvolvimento; parece que é a política que move a economia.
Paulo Roberto
de Almeida
[Hartford,
28/07/2014]
Revisão: Twin
Falls, Idaho, 5/09/2014
No próximo post, tem mais mini-resenhas, as últimas do ano. Já estou pensando na seleção para o primeiro trimestre de 2015. Livros não faltam, mas tenho de escolher os melhores, para ler e resenhar.
Paulo Roberto de Almeida
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