Vou publicar antecipadamente aqui apenas o início e o final dessa nota recapitulativa, bem como o início e o final do quadro analítico sobre a produção brasileira em relações internacionais e política externa do Brasil nestes últimos 60 anos.
O artigo completo será divulgado oportunamente, assim como partes que foram suprimidas, muito provavelmente em outro artigo. Em todo caso, o quadro analítico completo pode ser um instrumento útil aos pesquisadores da área, razão pela qual eu já o coloquei à disposição dos interessados na plataforma Academia.edu, como informado in fine.
Eu sempre digo divirtam-se, mas não creio que seja o caso desta vez, pois tem muita coisa para ler, e para pesquisar, nos mais de 60 desde a criação do IBRI, no velho Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro.
Paulo Roberto de Almeida
O Instituto
Brasileiro de Relações Internacionais e a Revista
Brasileira de Política Internacional: contribuição intelectual, de 1954 a
2014
Paulo Roberto de
Almeida
Diplomata de carreira; professor no Uniceub;
editor-adjunto da RBPI.
Em 27 de janeiro de 1954, um pequeno
grupo de intelectuais, de funcionários públicos e de profissionais liberais se
reuniu no Palácio Itamaraty do Rio de Janeiro, sede do Ministério das Relações
Exteriores desde o início da República, e tomou a decisão de criar a primeira instituição
brasileira especificamente dedicada ao estudo da política internacional e de
questões atinentes às relações exteriores do Brasil: o Instituto Brasileiro de
Relações Internacionais (IBRI). Ele foi definido, nos seus estatutos, como uma
sociedade civil com finalidades culturais, com o objetivo de “realizar,
promover e incentivar estudos sobre problemas internacionais, especialmente os
de interesse para o Brasil”. Condizente com a sede que abrigava o conclave, o
IBRI congregaria, ao longo de sua existência continuada, vários diplomatas
engajados em suas atividades, assim como devotaria parte de seus esforços
analíticos e das iniciativas empreendidas nos anos e décadas seguintes ao
registro, à exposição, para um público mais vasto, e à discussão dos mais
diversos temas vinculados à relações internacionais, em especial ao pensamento
e à ação da diplomacia brasileira.
Uma primeira grande iniciativa
concretizou-se quatro anos depois, sob a forma de um periódico, a Revista Brasileira de Política Internacional
(RBPI), o mais antigo e o mais
prestigioso dos veículos especializados em temas internacionais no Brasil (ver
o n. 1 neste link: http://cafemundorama.files.wordpress.com/2013/10/rbpi_1958_1.pdf). Ambos, o IBRI e a RBPI, passaram por diferentes etapas em
seus itinerários respectivos de mais de meio século, em duas fases bem
caracterizadas: a do Rio de Janeiro, de 1954-58 até 1992, e a de Brasília, a
partir de 1993 aos nossos dias. Um pouco de sua história, ao completar o IBRI meio
século de vida, foi recapitulada por este autor na nota comemorativa “Instituto
Brasileiro de Relações Internacionais: 50 anos de um grande empreendimento
intelectual” (Revista Brasileira de
Política Internacional, vol. 47, n. 2, 2004, p. 223-226; link: http://www.scielo.br/pdf/rbpi/v47n2/v47n2a08.pdf ).
(...)
Quanto à revista, ela não apenas
recuperou suas excelentes qualidades analíticas dos anos do Rio de Janeiro,
quanto cresceu exponencialmente em prestígio e audiência internacionais, o que
é confirmado pela ampla gama de instrumentos de citação e de indexação de
âmbito mundial. Dois nomes foram essenciais para essa feliz evolução
institucional e intelectual: o professor emérito Amado Luiz Cervo, seu primeiro
editor durante os primeiros dez anos da fase de Brasília, e desde 2004 o
professor Antônio Carlos Lessa, que imprimiu notável modernização editorial e
gráfica à revista, bem como atuou de forma decisiva para inculcar-lhe os mais
rigorosos padrões de qualidade propriamente acadêmica (ver a coleção: http://ibri-rbpi.org/category/edicoes-da-rbpi/).
Ela é parte de um esforço mais amplo que também vem acompanhado de outros veículos e instrumentos de pesquisa e publicação, como a antiga plataforma Relnet e, desde muitos anos, a plataforma Mundorama. Por iniciativa do prof. Lessa, em 2000, foi criado o Boletim Meridiano 47, cujo significado foi explicado em seu primeiro número nestes termos: “Meridiano 47 é uma homenagem que o IBRI faz a Brasília (cidade cortada por aquela linha), onde está funcionando desde 1993, com o que renova o seu compromisso permanente com a análise de alto nível na área de relações internacionais, há muito firmado com a publicação ininterrupta da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, que desde 1958 é testemunha e muitas vezes veículo preferencial dos movimentos intelectuais e políticos que renovaram a ação internacional do Brasil, assumindo desde logo um papel de relevo na cultura política e acadêmica do país.” (n. 1 do boletim, neste link: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/4774/4007)
Ela é parte de um esforço mais amplo que também vem acompanhado de outros veículos e instrumentos de pesquisa e publicação, como a antiga plataforma Relnet e, desde muitos anos, a plataforma Mundorama. Por iniciativa do prof. Lessa, em 2000, foi criado o Boletim Meridiano 47, cujo significado foi explicado em seu primeiro número nestes termos: “Meridiano 47 é uma homenagem que o IBRI faz a Brasília (cidade cortada por aquela linha), onde está funcionando desde 1993, com o que renova o seu compromisso permanente com a análise de alto nível na área de relações internacionais, há muito firmado com a publicação ininterrupta da Revista Brasileira de Política Internacional - RBPI, que desde 1958 é testemunha e muitas vezes veículo preferencial dos movimentos intelectuais e políticos que renovaram a ação internacional do Brasil, assumindo desde logo um papel de relevo na cultura política e acadêmica do país.” (n. 1 do boletim, neste link: http://periodicos.unb.br/index.php/MED/article/view/4774/4007)
O quadro analítico ao final deste
ensaio tenta seguir esse longo itinerário a partir de uma compilação seletiva
da produção intelectual em relações internacionais e sobre a política externa
do Brasil, tal como repercutida em obras de acadêmicos, de diplomatas profissionais
e de alguns poucos analistas estrangeiros, obras que foram consideradas
relevantes para enquadrar essa rica evolução intelectual e prática do
pensamento e da própria ação da diplomacia brasileira. Ele fornece um rápido
instrumento de consulta sobre os trabalhos mais importantes publicados no
Brasil nas últimas seis décadas, com destaque para a própria RBPI, ademais de
uma seleção dos livros já integrados à literatura desses campos, e que marcaram
cada um desses anos de aprofundamento analítico e de crescimento intelectual. O
IBRI e a RBPI são peças destacadas, e certamente meritórias, desse cenário de
realizações intelectuais, como tais destinados a perdurar no futuro previsível,
num ambiente certamente mais competitivo do que o das primeiras décadas, e por
isso mesmo mais estimulante em termos de rigor analítico e de preservação dos
padrões de qualidade que sempre foram os seus.
Compilação seletiva da produção acadêmica e profissional em relações
internacionais e em política externa do Brasil, de 1954 a 2014
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1954
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Fundação do Instituto Brasileiro
de Relações Internacionais, no Palácio Itamaraty, RJ;
Cassiano Ricardo: O Tratado de
Petrópolis; Lygia Azevedo e José S. da Gama e Silva: Evolução do Ministério das Relações Exteriores;
Lançamento do Boletim da
ADESG (em 1968: Segurança e Desenvolvimento).
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1955
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Afonso Arinos: Um Estadista da
República: Afrânio de Melo Franco e seu tempo; Álvaro Teixeira Soares: Diplomacia do Império no Rio da Prata.
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1956
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Revista do Clube
Militar: Delgado de Carvalho e Therezinha de Castro: A
Questão da Antártica.
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1957
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A. J. Bezerra de Menezes: O
Brasil e o mundo ásio-africano; João Neves da Fontoura: Depoimentos de um ex-ministro.
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1958
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Lançamento da Revista Brasileira de Política
Internacional - RBPI; no
Rio de Janeiro de1958 a 1992; ano I,
n. 1: Raul Fernandes: O malogro da segurança pela união das nações e a liderança americana;
Hermes Lima: A conferência econômica da Organização dos Estados Americanos; ano I, n. 2: Oswaldo Aranha: Relações
diplomáticas com a União Soviética; José
Garrido Torres: Por que um mercado regional latino-americano?; ano
I, n. 4: O. A. Dias Carneiro: Interesses políticos e econômicos dos
Estados Unidos na América Latina;
Hélio Jaguaribe: O Nacionalismo
na Atualidade Brasileira; Hélio Vianna: História diplomática do Brasil; Caio de Freitas: George Canning e o Brasil; Gilberto
Freyre: Sugestões em torno de uma nova
orientação para as relações internacionais do Brasil; Hélio Vianna: História Diplomática do Brasil.
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(...)
2014
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Paulo Roberto de Almeida: Nunca
Antes na Diplomacia...: a política externa brasileira em tempos não
convencionais; Francisco Doratioto: O Brasil no Rio da Prata (1822-1994); Luiz Felipe Lampreia: Aposta em
Teerã: o acordo nuclear entre o Brasil, Turquia e Irã; Lauro Escorel: Introdução ao Pensamento Político de
Maquiavel (3a. ed.); Fernando Cacciatore de Garcia: Como Escrever a História do Brasil: Miséria e
Grandeza;
RBPI: Special issue: China; Henrique
Altemani de Oliveira & Antônio Carlos Lessa: China rising:
strategies and tactics of China's growing presence in the world; Jose
León-Manríquez; Luis F. Alvarez: Mao's
steps in Monroe's backyard: towards a United States-China hegemonic struggle
in Latin America?; José Augusto Guilhon
de Albuquerque: Brazil, China, US: a triangular relation?; RBPI, vol. 57, n. 1: Andrea Q. Steiner et alii: From Tegucigalpa to
Teheran: Brazil's diplomacy as an emerging Western country.
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Fontes: Elaboração de Paulo Roberto de Almeida, com base nos arquivos do
IBRI/RBPI (http://ibri-rbpi.org/), do boletim Meridiano 47 (http://periodicos.unb.br/index.php/MED/issue/archive) e do Scielo (http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_serial&pid=0034-7329&lng=en&nrm=iso); 02/12/2014.
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Nota:
Versão completa deste quadro analítico, sob o título “Política internacional,
contexto regional e diplomacia brasileira, acompanhada de listagem seletiva da
produção acadêmica em relações internacionais e em política externa do Brasil,
de 1954 a 2014”, encontra-se disponível na plataforma Academia.edu, sob o
seguinte link: https://www.academia.edu/9617558/2723_Produ%C3%A7%C3%A3o_intelectual_sobre_rela%C3%A7%C3%B5es_internacionais_e_pol%C3%ADtica_externa_do_Brasil_1954-2-14_.
Vale uma consulta, igualmente, ao número comemorativo dos 40 anos da RBPI, que eu coordenei, contendo uma síntese de tudo o que a revista havia publicado desde 1958, neste link:
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732919980003&lng=en&nrm=iso
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732919980003&lng=en&nrm=iso
[Hartford, 4 de dezembro de 2014]
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