quinta-feira, 4 de dezembro de 2014

Petrobras: instantaneos da mafia em plena acao - Reinaldo Azevedo

Não pensem que a roubalheira companheira -- até rimou, perfeitamente -- era uma zorra total. Isso não. A coisa era até organizada. Parece até uma máfia suiça, tudo organizadinho...
Paulo Roberto de Almeida

Augusto Ribeiro de Mendonça Neto, o executivo da Toyo Setal que afirmou que parte da propina paga ao PT foi registrada como doação legal, fez outras revelações que chegam a assumir certo tom jocoso, mas que dão conta do grau de delinquência a que chegaram as relações da Petrobras com empreiteiras e partidos políticos.

Três homens, disse ele, passavam para recolher a propina em dinheiro vivo. Atendiam pelas alcunhas de “Tigrão”, “Melancia” e “Eucalipto”. A Polícia Federal tem tentado chegar a esses senhores, mas, até agora, não conseguiu.

“Tigrão”, segundo o executivo, é “moreno, 1,70 m a 1,80 m de altura, meio gordinho e com idade aproximada de 40 anos.” Júlio Camargo, o segundo diretor da Toyo Setal que fez delação premiada, descreveu os dois outros deste modo: “Um deles era mulato, forte, 1,85 m, idade aproximada de 55 anos, e outro era de estatura baixa, bem branco, idade aproximada de 60 anos”.

Pronto! Suponho que o segundo fosse o “Melancia”, e o outro, o “Eucalipto”. Nessa zoologia criminosa, é evidente, falta identificar os ratos, as raposas, as baratas, as hienas; não faltam ratos, raposas, cães ladravazes e baratas.

Como é mesmo aquele trecho de uma música dos Titãs, do tempo ainda em que certo partido pregava a ética na política?

Bichos!
Saiam dos lixos
Baratas!
Me deixem ver suas patas
Ratos!
Entrem nos sapatos
Do cidadão civilizado

O clube
Mendonça Neto também sintetizou as regras do chamado “Clube das Empreiteiras”, que operaria em parceria com a quadrilha instalada na Petrobras e os políticos que lhe davam suporte, segundo informa a Folha:

– Reuniões eram convocadas por mensagens de celular ou por telefone. A frequência variava conforme as oportunidades de negócio oferecidas pela Petrobras.

– Quem participava das reuniões não tinha a entrada registrada e recebia um crachá já na portaria.

– Cada empresa atribuía um grau de interesse, de 1 a 3, às obras que seriam licitadas pela estatal.

– Em caso de conflito e coincidência de prioridades, as empresas interessadas resolviam entre si quem ficaria com a obra. Se a disputa persistisse, o caso era arbitrado pelo “clube”, que redistribuía contratos para acomodar interesses.

– A empresa ou consórcio escolhido para “vencer” a licitação tinha de informar previamente sua proposta de valor.

– As empresas do “clube” que participariam da licitação para simular uma concorrência poderiam contestar o valor, caso achassem exagerado.

Isso é que é organização!

A ser tudo verdade, precisamos chamar Francis Ford Coppola, Robert De Niro e Al Pacino para filmar a versão nativa de “O Poderoso Chefão”. Só não vai dar para contar com Marlon Brando! Que pena!

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