Gosto sempre de ler cartas e comentários de leitores pois, mais do que os próprios artigos de colunistas, de personalidades, ou os próprios editoriais dos grandes jornais, são extremamente reveladores do que anda pela cabeça do povo.
Trata-se de um exercício necessário para acompanhar a realidade real, se me permitem a redundância, da psicologia coletiva, pois artigos e editoriais só revelam o que pensam seus autores, uma minoria minorantíssima, se me permitem esta outra barbaridade.
Este acadêmico da USP, por exemplo, acha que seria possível reunir uma conferência islâmica mundial para simplesmente condenar a (má) jihad. Haveria uma boa? Ele acha que jihad não significa necessariamente luta armada.
Acho que os desacordos começam por aí, e acredito que essa tal de conferência mundial não seja humanamente, ou islamicamente, possível, e se por acaso for convocada, terminará na acrimônia (sobre a dominação do Ocidente, por exemplo), e sem conclusões factíveis de serem implementadas no mundo a que ela se destinaria, supostamente o mundo muçulmano, tão diverso quanto o mundo do cristianismo (com correntes muito opostas entre si, e que no passado também se massacraram mutuamente).
Em todo caso, reproduzo aqui sua carta, suprimindo seu e-mail, mas antecipo que essa conferência não será feita, e se algum dia for realizada (parcialmente, não universalmente), não trará resultados.
Paulo Roberto de Almeida
Cartas ao jornal O Estado de S.Paulo, 18 Novembro 2015 | 02h 55
MASSACRE EM PARIS
Não basta condenar o terror
Os líderes religiosos muçulmanos, sunitas e xiitas, têm a
missão urgente de convocar uma conferência islâmica mundial para definir
alguns conceitos religiosos, entre os quais se destaca o de jihad. Em
falso nome deste, foram recentemente massacrados civis no Líbano,
explodidos turistas em pleno voo no Egito e metralhados inocentes em
Paris. A conferência deve dar definição clara de jihad e detalhar,
inequivocamente, as condições em que um muçulmano deve participar e como
fazer isso, uma vez que jihad não significa, necessariamente, luta
armada. Em seguida, deve levar esses esclarecimentos, com vigor, aos
quatro cantos do mundo. Tal caminho de combate ao fanatismo
pseudorreligioso levará tempo para dar frutos. Mas no fim dará certo,
pois a História nos ensinou que a razão, e não a repressão, acaba sempre
vencendo. É dessa jihad, sim, que nós precisamos!
OMAR EL SEOUD
xxxxxxxxx@gmail.com
São Paulo
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