“Dez grandes derrotados da
nossa história (ou, como o Brasil poderia ter dado certo mas não deu)”,
Brasília 7-9 fevereiro 2016, 14 p. Relatos breves sobre dez grandes derrotados
na história do Brasil: (1) (....) (10) (...). Publicado...
Antecipando sobre uma próxima publicação. Só falta revelar os nomes e os casos...
Dez grandes derrotados da nossa história
(ou, como o Brasil poderia ter dado certo, mas não deu)
Paulo Roberto de Almeida, sociólogo de formação,
diplomata por ocupação
O Brasil, já disse
alguém, não é para principiantes. Vamos admitir que a frase expresse a
realidade, ainda que ela seja uma mera banalidade conceitual. A verdade é que nenhuma
sociedade urbanizada, industrializada, conectada, ou seja, complexa, como são
quase todas as nações contemporâneas, é de fácil manejo para amadores da vida política
ou para iniciantes no campo da gestão econômica. Não deveria haver nada de
surpreendente, portanto, em que o Brasil, de fato, não seja para principiantes,
como dito nesse slogan tão folcloricamente simpático quanto sociologicamente
inócuo.
Mas atenção: a frase é,
sim, relevante pelo lado do seu exato contrário. O mais surpreendente, no caso
do Brasil, está em que o país não é de rápida explicação ou de fácil interpretação
nem mesmo para pensadores distinguidos e intelectuais de primeira linha (eles o
são, de verdade?). Ele tampouco parece ser de simples manejo mesmo para
estadistas da velha guarda (nós os temos?), para políticos experientes (parece
que ainda existem), sem esquecer os empresários inovadores (quantos são, alguém
sabe dizer?) ou para economistas sensatos (seria uma espécie rara?). O Brasil
já destruiu mais de uma reputação política, como continua desafiando as
melhores vocações de “explicadores sociais” (inclusive brasilianistas), com o
seu jeito sui-generis de ser. Existe, por exemplo, alguma explicação sensata
para o fato de que “o país do futuro”, o “gigante inzoneiro”, a terra dos
recursos infinitos, seja ainda uma sociedade desigual, ricamente dotada pela
natureza, mas com muitos pobres, milhões deles, uma nação até materialmente
avançada, mas (aparentemente, pelo menos) mentalmente atrasada? O que é que nos
retém na rota do desenvolvimento social integrado? Quais são os formidáveis
obstáculos, quantas e quais são as barreiras intransponíveis?
Não foram poucos os
espíritos corajosos que tentaram vencer essas dificuldades e nos colocar num itinerário
de progresso sustentado. A maior parte acabou derrotada por um conjunto variado
de circunstâncias cuja identificação exata requereria um batalhão de sociólogos,
dos melhores. Vamos repassar, ainda que brevemente, o itinerário de dez grandes
personalidades que, em momentos decisivos da história do Brasil, viram seus
projetos e propostas de reformas ou de melhorias para o país totalmente
frustrados em função das condições ambientes, por força da oposição de outros personagens
ou de grupos poderosos, ou pelo fato de que eles mesmos não souberam, ou não
puderam, obter apoios suficientes para que suas propostas de políticas públicas
fossem, em primeiro lugar, aceitas por outros dirigentes, ou pela opinião
pública, depois seguidas pela coalizão dominante a cada momento e, finalmente,
implementadas na forma por eles concebida inicialmente. A maior parte desses homens
não foi sequer consolada, em vida, por aquele famoso dístico de bandeira
estadual: “ainda que tardia”.
(...)
Continua num próximo capítulo, como se diz nas novelas...
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 11 de fevereiro de 2016
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