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sábado, 2 de fevereiro de 2019

O governo Bolsonaro, segundo um observador não engajado

Um colega da pós-graduação em Direito do Uniceub, que possui um cargo no governo e que por isso prefere manter-se discreto, escreveu-me a respeito de sua visão do governo Bolsonaro.
Confesso que não concordo com tudo. Não acho, por exemplo, que o governo seja especialmente confuso. Creio reconhecer certa coerência no presidente, mas uma informação (e formação) ainda insuficiente em certas áreas, como por exemplo naquela em que eu próprio trabalho, a diplomacia.
Transcrevo, com sua permissão, mas de forma não identificada (basta dizer que, sendo formado em Direito, ele trabalha na área da Justiça):

O governo Bolsonaro é uma assemblagem mal costurada de diversas tendências politicas e forças sociais, sem um predomínio nítido de uma delas.
Existe um núcleo econômico liberal que terá imensas dificuldades em recolocar o Brasil nos trilhos de um crescimento sustentado, dadas a extensão e profundidade da Grande Destruição lulopetista da economia: 2,5 anos de inédita recessão, 14 milhões de desempregados, um déficit orçamentário que chegou a quase 10% do PIB, e que só será eliminado em 2022 ou 23, uma dívida pública que se aproxima da insolvência, a mais de 85% do PIB (se os juros subirem muito, o calote é praticamente certo).
Existe o grupo da Lava Jato hoje na Justiça, mas que pode ser podado em sua ação por políticos corruptos que ainda têm essa excrescência do foro privilegiado.
Existem militares em várias áreas do governo, cuja preocupação básica é a preservação da estabilidade da governança, e que precisam tutelar um presidente pouco preparado para as funções.
Existem vários ministros técnicos em diversos ministérios, e um ou outro político aqui e ali.
E existe, finalmente, um punhado de ideológicos de direita, alguns “olavetes” (seguidores de um sofista que mora na Virginia), outros evangélicos, com aquele pensamento que se pode esperar de fundamentalistas ignorantes, como a ministra de Direitos Humanos, que é basicamente estúpida.
Esse é o governo brasileiro considerado extremista de direita, mas que no fundo é essencialmente confuso.”

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