Euclides da Cunha lança 'Os Sertões'
Opinião e Notícia, 1/12/2019
No dia 1° de dezembro de 1902, Euclides da Cunha lançava um dos livros mais famosos da literatura brasileira: “Os Sertões”. O livro fala sobre a Guerra de Canudos, no interior da Bahia. Como o autor acompanhou a batalha como correspondente do jornal O Estado de S.Paulo, o livro é uma mistura de relato jornalístico, histórico e de literatura.
Dividido em três partes, o autor discorre primeiro sobre a natureza do local. Na parte intitulada “A Terra”, Euclides da Cunha fala sobre o drama da seca. “O Homem” é a segunda parte da obra, no qual o autor faz uma análise da psicologia do sertanejo e de seus costumes. Como a maioria na sua época, ele acreditava que existia uma “raça superior”, e considerava que o sertanejo estava na parte inferior desta hierarquia. Já na última parte, chamada de “A Luta”, o autor fala sobre a guerra em si, que dizimou a população da cidade homônima.
“Para mim, foi uma das grandes experiências da minha vida de leitor. Foi realmente o encontro com um livro muito importante, com uma experiência fundamental. Um deslumbramento, realmente, um dos grandes livros que já se escreveram na América Latina”, afirmou o consagrado escritor peruano Mario Vargas Llosa.
A Guerra de Canudos é considerada uma das principais batalhas no Brasil entre a queda da monarquia e a instalação do regime republicano. A comunidade, chamada Canudos, foi consolidada por Antônio Conselheiro. Ele defendia que os homens deveriam se livrar das opressões e injustiças que lhes eram impostas, buscando superar os problemas de acordo com os valores religiosos cristãos. Por meio deste discurso, o líder atraiu muitos sertanejos que se identificavam com sua mensagem.
Canudos, nome dado à comunidade por seus opositores, se tornou uma ameaça ao interesse dos poderosos. A Igreja atacava a comunidade alegando que os seguidores de Conselheiro eram apegados à heresia e à depravação. Os políticos e senhores de terra, por sua vez, diziam que Antônio Conselheiro era monarquista e liderava um movimento que almejava derrubar o governo republicano, instalado em 1889.
A comunidade acabou sendo alvo das tropas republicanas. Apesar de Canudos conseguir resistir a quatro investidas militares, na última expedição, a população apta para o combate foi massacrada.
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