Não tenho certeza de que depois dele veio algum dilúvio, mas muitos anos depois a França foi submergida por uma revolução radical, que, segundo os marxistas, afogou de vez o feudalismo enquanto modo de produção. Passons...
Mas tem também o dilúvio bíblico, aquele que arrasou a Terra, por causa dos pecados dos homens, mas Noé, escolhido por Deus, salvou gregos e goianos em sua arca, assim como um casal de todos os animais (minhoca inclusive; segundo a versão evangélica da história, só não foi possível salvar os dinossauros, porque eles não couberam naquela arca relativamente modesta, longe de ser um Titanic).
Pois bem, eu acho que o Brasil também passou por um dilúvio, mas isso não tem nada a ver com as chuvas bíblicas e precipitações torrenciais que se abatem sobre... os pobres (não sei se pecadores, mas mal instalados nas encostas).
O dilúvio foi primeiramente político, depois institucional, e agora está sendo torrencialmente cultural, arrasando pessoas e bens, destruindo tudo o que está pela frente dessas águas impetuosas do olavo-bolsonarismo e da extrema-direita.
Por enquanto não temos nenhum Noé para nos salvar, e não cabe mesmo apelas para mitos salvacionistas para nos proteger das enchentes de bobagens que se abatem sobre nós. Vamos ter de arregaçar as mangas, pegar nas pás e nas vassouras (nossos títulos eleitorais) e varrer o novo entulho autoritário e reacionário que se abateu sobre o Brasil inteiro.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 13/01/2020
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