Mini-reflexão sobre o acordo comercial EUA-China:
Donald Trump continua desmantelando o sistema multilateral de comércio, assim como faz com as demais instituições "globalistas". O acordo firmado ontem é uma volta aos "tratados desiguais" do século XIX, quando as grandes potências imperiais europeias impunham acordos iníquos aos países da periferia dependente. Portugal e Brasil tiveram a sua cota, no nosso caso até 1844. A China teve de amargar tratados desiguais até a Segunda Guerra Mundial, em 1943.
Trata-se do pior acordo jamais visto na era do Gatt. Países terceiros, como Brasil, Japão e UE, deveriam protestar na OMC contra esse mercantilismo vergonhoso, que obriga a China a comprar 200 bilhões de produtos americanos até 2021. O problema é que, por culpa mais uma vez dos EUA, o sistema de solução de controvérsias da OMC se encontra sem condições de funcionar, por falta de árbitros.
Esse acordo é uma espécie de "Buy American Act" ao contrário. Esse concedia preferências a produtos fabricados nos EUA, "made in America", qualquer que fosse o fornecedor, americano ou estrangeiro. O novo OBRIGA os chineses a comprarem produtos feitos nos EUA, e chega até à desfaçatez de designar, na parte dos serviços financeiros, quais empresas serão beneficiadas: Visa, Master Card, American Express.
É o mercantilismo mais rastaquera imperando novamente. Um retrocesso de mais de três séculos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 16/01/2020
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