Desde o início eu reclamei da supressão, por algum comitê de "sábios" – mais provavelmente um grupo de cardeais revisionistas – da figura do limbo, pelo Vaticano, ainda na gestão do papa polonês, Karol Wojtilla, ou Papa João Paulo II.
O limbo sempre me fascinou, e me serviu, como contrarianista que sou, embora em algumas ocasiões de maneira forçada, tendo sido encaminhado ao ostracismo do Itamaraty – geralmente na Biblioteca – por gente mal humorada, que não suportava o meu contrarianismo diplomático, expresso em artigos levemente – por vezes pesadamente – destoantes da linha oficial do comitê central, ou seja, o gabinete do chanceler.
Fiquei no limbo a quase total duração da era lulopetista no Itamaraty, tendo sido dele resgatado no impeachment de Madame Pasadena, para assumir a função de diretor do Instituto de Pesquisa de Relações Internacionais (IPRI).
Pois eu voltei ao limbo desde o Carnaval de 2019 – que ocasião mais propícia – por obra e graça, mas sem muita graça, de mais gente mal humorada: primeiro fiquei sem lotação, depois fui lotado formalmente na Divisão de Comunicações e Arquivo, sob a qual está subordinada a Biblioteca, meu habitat preferido no limbo.
Ao completar-se um ano desde o meu resgate do limbo, preparei um relatório preliminar sobre minhas atividades, que figura neste arquivo:
“Retomada do trabalho no Itamaraty, depois de 13 anos de regime companheiro: um relatório das atividades desde a volta do exterior”, Brasília, 6 agosto 2017, 21 p. Junção dos trabalhos, 3145 e 3146, num único arquivo para fins de informação nas plataformas Academia.edu (https://www.academia.edu/34143789/Retomada_do_trabalho_no_Itamaraty_depois_de_13_anos_de_regime_companheiro_um_relatorio_das_atividades_desde_a_volta_do_exterior) e Research Gate (https://www.researchgate.net/publication/318940308_Retomada_do_trabalho_no_Itamaraty_depois_de_13_anos_de_regime_companheiro_um_relatorio_das_atividades_desde_a_volta_do_exterior), com uma breve introdução sobre as razões dos dois textos. Postado parcialmente no blog Diplomatizzando(https://diplomatizzando.blogspot.com.br/2017/08/retomada-do-trabalho-no-itamaraty.html).
Ao terminar o ano de 2018, e ocorrendo uma mudança de governo que eu já imaginava fatídica para o Itamaraty e para a política externa, eu já imaginei que seria novamente remetido ao limbo, por isso fiz um relatório completo de minhas atividades no IPRI, aqui resumidas:
“Relatório de Atividades como Diretor do IPRI de 2016 a 2018”, Brasília, 24 dezembro 2018, 27 p. Organizado segundo o modelo próprio, usando dados do modelo adotado no IPRI, eliminando alguns eventos, incluindo outros. Total de eventos: 2016=38; 2017=74; 2018=102; total=214. Disponibilizado na plataforma Research Gate (link: https://www.researchgate.net/publication/329905640_Relatorio_de_Atividades_Gestao_do_diretor_do_IPRI_Paulo_Roberto_de_Almeida) e em Academia.edu (link: https://www.academia.edu/s/e66d6c1639/relatorio-do-ipri-diretor-paulo-roberto-de-almeida-2016-2018); anunciado no blog Diplomatizzando (25/12/2018; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2018/12/ipri-meu-relatorio-de-atividades-2016.html).
Não deu outra: o gongo soou na segunda-feira do Carnaval de 2019, e desde então estou de volta ao limbo, o que não me é desconfortável. Como se espera de um escrevinhador compulsivo, não fiquei parado. De imediato, juntei meus textos do período 2014 a 2018, na continuidade de meu livro-síntese sobre a diplomacia do lulopetismo – Nunca Antes na Diplomacia: a política externa brasileira em tempos não convencionais (Appris, 2014) – e publiquei um primeiro livro na mesma editora, e na sequência um outro já tratando expressa e exclusivamente da diplomacia na era olavo-bolsonarista:
Depois disso, continuei acumulando artigos e rascunhos, em vista de um novo livro, cujo esquema e conteúdo revelarei no momento oportuno, assim que eu conseguir organizar os materiais mais recentes.
Volto a dizer: o limbo é um lugar excelente. Vou pedir ao Vaticano para restabelecê-lo oficialmente. Não há melhor lugar para reflexões e escritos.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 24 de janeiro de 2020
Nenhum comentário:
Postar um comentário