sábado, 11 de dezembro de 2021

60 anos de "Pensando no Impensável" de Herman Khan, e do Hudson Institute, um dos melhores think tanks paranóicos dos EUA

O Hudson Institute é um dos mais antigos think tanks paranóicos dos EUA, e um dos de melhor qualidade, sem deixar de ser paranóicos. Mas os soviéticos também eram, o que diminui um pouco a culpa dos gringos. Lembro-me de quando Herman Khan veio ao Brasil, no início da ditadura militar, com seu sonho impossível de unir as três grandes bacias hidrográficas, ou pelo menos a platina e a amazônica por meio de grandes lagos no interior do Brasil. A ideia era tão maluco que acho que nem os militares mais americanófilos toparam sequer considerar a hipótese.

No seu livro O Ano 2000, feito em meados dos anos 1960, com dados econômicos do Brasil do início da década, ele previa o Brasil ainda muito pobre no ano 2000 justamente. Por causa do livro, Roberto Campos e Mario Henrique Simonsen escreveram dois livros, Brasil 2001 e depois Brasil 2002, prevendo um futuro brilhante para o Brasil. Todos eles erraram: o Brasil não ficou tão pobre quanto previa Herman Khan, mas tampouco chegou à prosperidade como aventavam Campos e Simonsen. Creio que com algum esforços dos petistas e do Bolsonaro estamos chegando novamente na pobreza. 

Acho que o Herman Khan ganhou pelo menos essa, não porque ele acertou, mas porque o Brasil errou muito mais do que deveria ou poderia.

O Hudson Institute tem como motos "Security. Freedom. Prosperity". Tudo muito bem, apesar de que eu inverteria a ordem dos fatores, mas ele representa um mundo à parte, válido apenas para os americanos, que veem o mundo segundo uma "geografia" muito simples, não a terra plana, mas uma terra feita de duas partes bem distintas: America and the ROW, Rest of the World. Os americanos estão tão entranhados num mundo que só é o deles, que se enganam quanto ao resto do mundo.

Eles são tão "bolcheviques" na defesa do capitalismo quanto o eram os verdadeiros bolcheviques na defesa do comunismo. No fundo, eles estão certos em defender o capitalismo, as liberdades, a economia de mercado, como sinais de prosperidade, mas o fazem com o fundamentalismo dos true believers na redenção dos pagãos, como foram (e ainda são) muitos "missionários" da verdadeira fé, querendo convertes os demais. Deveriam mostrar pelo exemplo, não pela imposição. Essa geografia simplória deles atrapalha um bocado na política externa e na diplomacia.

Espero que pelos próximos 60 anos, "humbled" pela China, eles mudem sua visão do mundo, pois já são três ou quatro gerações que se acreditam estar na vanguard do mundo e como "farol da democracia". Se não houver uma guerra, eles vão começar a repensar sua relação com o mundo, que começa por uma tomada de consciência de suas deficiências internas, a tal prosperidade que lhes faz ainda falta.

Paulo Roberto de Almeida

Go Deeper

Deter Russia by Arming NATO Allies

As Russian troops mass on the border with Ukraine, the U.S. must act urgently to protect states on the front line and restore deterrence in Europe, writes Hudson Senior Fellow William Schneider in The Wall Street Journal. The failure to stand firm against Russian aggression risks destroying the entire postwar security system in Europe.  Read

The Realistic Path to Deterring China

The blurred line between peace and war exemplified by China's gray-zone military operations renders the Pentagon’s traditional planning constructs obsolete, write Hudson Senior Fellows Bryan Clark and Dan Pattin National Review. As the Pentagon completes its new defense strategy, it should ensure that the U.S. military looks beyond the Taiwan Strait to focus on reducing the Chinese military's operational confidence. Read


The Diminishing Path to Growth: Can Xi Jinping Avoid Crisis during China's Economic Transition?

Predictions that China’s integration into the global market would transform the country into a responsible stakeholder have foundered on the reality of Xi Jinping's increasingly mercantilist economic policies. Is the country headed towards financial catastrophe? Hudson Senior Fellow Thomas Duesterberg assesses the economic challenges faced by China in a new policy memo.  Read

Hudson Institute
1201 Pennsylvania Avenue, NW
Fourth Floor
Washington, D.C. 20004


Nenhum comentário:

Postar um comentário

Comentários são sempre bem-vindos, desde que se refiram ao objeto mesmo da postagem, de preferência identificados. Propagandas ou mensagens agressivas serão sumariamente eliminadas. Outras questões podem ser encaminhadas através de meu site (www.pralmeida.org). Formule seus comentários em linguagem concisa, objetiva, em um Português aceitável para os padrões da língua coloquial.
A confirmação manual dos comentários é necessária, tendo em vista o grande número de junks e spams recebidos.