Microhistória do Brasil nos últimos 60 anos
Paulo Roberto de Almeida
Diplomata, professor
(www.pralmeida.org; diplomatizzando.blogspot.com; pralmeida@me.com)
Vou resumir, num único parágrafo nossa história das três últimas gerações.
Sou de uma geração que assistiu a tudo: o descontrole inflacionário do final dos anos 1950 e início dos 60, a estabilização estatista dos anos militares, o descontrole inflacionário e o endividamento do final da ditadura, as hiperinflações e os planos frustrados de estabilização da redemocratização (1986-1992), uma razoável estabilização macroeconômica com o Plano Real (1994), mas meia boca, pois que baseado em âncora cambial insustentável e ausência de ajuste fiscal rigoroso, um "conserto" em 1999, que criou um tripé macroeconômico razoável, a ser complementado por reformas estruturais de segunda geração que NUNCA foram feitas – o lulopetismo econômico surfou sobre a demanda chinesa e a valorização das commodities –, seguido de uma rápida deterioração da conjuntura econômica sob a incompetente da Dilma, que provocou a MAIOR RECESSÃO econômica de nossa história, uma nova tentativa de correção sob Temer, mas sabotada pelas turbulências políticas derivadas da corrupção e do ativismo judicial, para chegarmos, enfim, a um governo que prometia tudo – luta contra a corrupção, abertura econômica e liberalização comercial, nova política – e não entregou NADA, ao contrário, só agravou TUDO, corrupção, desmandos, desgoverno, graves violações da institucionalidade, com um psicopata genocida no comando do Executivo, militares castrados a seu serviço e um estamento político adepto do patrimonialismo gangsterista.
Acho que resumi nossa história pelo lado menos glorioso.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 4011, 5 novembro 2021, x p.