Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida;
Os chanceleres do BRICS, representando os atuais cinco Brics individuais, reuniram-se recentemente na Cidade do Cabo, África do Sul, para preparar a próxima cúpula do grupo, que deverá reunir-se em Johannesburg, capital daquele país, em agosto.
Como quando da reunião de chanceleres do ano passado, e da própria declaração final dos chefes de Estado e de governo, ocorrida já em meio à guerra de agressão da Rússia contra a Ucrânia, iniciada em 24 de fevereiro de 2022, os diplomatas fizeram cara de paisagem, em face da cruel realidade da guerra, inclusive já revelados os massacres, crimes de guerra inomináveis, perpetrados pelas forças russas em Bucha, arredores da capital Kiev, que elas não conseguiram tomar (levado ao local, para uma exposição na igreja local sobre os cadáveres deixados espalhados nas ruas pelos assassinos do Exército russo, o atual assessor internacional do presidente Lula para assuntos internacionais, e ex-chanceler nos governos Lula 1 e 2, disse que "não dava para saber, pois são apenas fotos).
Transcrevo abaixo, para renovar a lembrança da vergonha já cometida em 2022 e renovado neste ano, trechos da declaração dos chanceleres, que se vangloriam reciprocamente do compromisso de seus países com o multilateralismo e a "defesa do direito internacional"... "em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de respeito mútuo, justiça e igualdade."
Não consigo imaginar hipocrisia maior, sabendo-se de todos os crimes já perpetrados (e ainda a perpetrar) pelos invasores em território soberano da Ucrânia, sobretudo a recente explosão deliberada da barragem de Nova Krakhovka, causando um desastre humanitário e uma catástrofe ecológica e ambiental.
Imagino que os chanceleres continuarão impérvios à realidade da guerra, deslanchada sem provocação, por um dos membros contra um vizinho, na violação da Carta da ONU e de normas elementares do direito internacional, ou da própria moralidade dos seus atos de guerra, que cabe a cada Estado respeitar, segundo os protocolos em vigor sobre as leis da guerra, que a Rússia viola seguidamente.
Entendo que a hipocrisia continuará na reunião de cúpula de 2023, talvez até com a presença do criminoso de guerra cuja prisão já foi solicitada pelo Tribunal Penal Internacional, mas que não será eventualmente cumprida pela República da África do Sul, a que seria obrigada pelo Estatuto de Roma ao qual subscreveu e ratificou. Ah, sim, a hipocrisia se estendeu inclusive a um curto parágrafo sobre a "situação na Ucrânia", na qual ignoram completamente a situação de guerra causada por uma das partes.
Nada mais tenho a expressar, a não ser uma vergonha alheia, pela diplomacia de meu país, nesta conjuntura diplomática que aparentemente não mudou absolutamente nada, desde o governo demolidor de nossa política externa até o final de 2022.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 14 de junho de 2023
Ministério das Relações Exteriores
Assessoria Especial de Imprensa
Nota nº 76, 19 de maio de 2022
Declaração Conjunta do BRICS sobre o tema: “Fortalecer a Solidariedade e a Cooperação do BRICS; Responder às novas Características e Desafios da Situação Internacional”
(...)
3. Os Ministros reiteraram seu compromisso com o multilateralismo por meio da defesa do direito internacional, inclusive os propósitos e princípios consagrados na Carta das Nações Unidas como sua pedra angular indispensável, e com o papel central das Nações Unidas em um sistema internacional no qual Estados soberanos cooperam para manter a paz e a segurança, promover o desenvolvimento sustentável, garantir a promoção e proteção da democracia, dos direitos humanos e das liberdades fundamentais para todos e promover a cooperação baseada no espírito de respeito mútuo, justiça e igualdade.
4. Os Ministros reiteraram seu compromisso de realçar e aprimorar a governança global, promovendo um sistema mais ágil, eficaz, eficiente, representativo e responsável, realizando consultas e colaboração inclusivas para o benefício de todos com base no respeito à soberania, à independência, à integridade territorial, à igualdade, aos interesses e preocupações legítimos dos diferentes países.
(...)
11. Os Ministros recordaram suas posições nacionais sobre a situação na Ucrânia, conforme expressas nos fóruns apropriados, nomeadamente o CSNU e a AGNU. Apoiaram as negociações entre a Rússia e a Ucrânia. Discutiram também suas preocupações sobre a situação humanitária dentro e ao redor da Ucrânia e expressaram seu apoio aos esforços do Secretário-Geral da ONU, das Agências da ONU e do CICV para fornecer ajuda humanitária de acordo com a resolução 46/182 da Assembleia Geral da ONU.
Participação do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva na Cúpula do G7
A convite do Primeiro-Ministro do Japão, Fumio Kishida, o Presidente Luiz Inácio Lula da Silva participará do segmento de engajamento externo da Cúpula do G7, em Hiroshima, no Japão, nos dias 20 e 21 de maio corrente.
De acordo com o governo japonês, além dos demais países do G7 e do Brasil, foram convidados para a reunião Austrália, Comores, Ilhas Cook, Índia, Indonésia, República da Coreia e Vietnã, além de representantes das Nações Unidas, do Fundo Monetário Internacional, do Banco Mundial, da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico, da Agência Internacional de Energia, da Organização Mundial de Saúde, da Organização Mundial do Comércio e da União Europeia.
O Brasil compartilha valores que congregam os países do G7 – como o fortalecimento da democracia, a modernização econômica e a proteção do meio ambiente e dos direitos humanos – e mantém com seus membros permanente coordenação sobre temas da agenda internacional, seja de forma bilateral, seja no âmbito do G20 e de organismos internacionais nos quais o Brasil e os membros do G7 interagem.
O Brasil foi convidado a participar de Cúpulas do G7 em diversas ocasiões no período entre 2003 e 2009. Esta será a sétima participação do Presidente Lula em cúpulas do grupo, marcando a retomada do engajamento do Brasil com o G7 e consolidando a percepção de equilíbrio no posicionamento do país em temas sensíveis do cenário internacional. Deverão ser discutidos no segmento de engajamento externo do G7, entre outros, os desafios enfrentados pela comunidade internacional em temas como paz e segurança, saúde, desenvolvimento, questões de gênero, clima, energia e meio ambiente.
Anexo:
Histórico de participações do Brasil em Cúpulas do G7:
• 2003: Cúpula de Évian-les-Bains, a convite da França;
• 2005: Cúpula de Gleneagles, a convite do Reino Unido;
• 2006: Cúpula de São Peterburgo, a convite da Rússia (então membro do G8);
• 2007: Cúpula de Heiligendamm, a convite da Alemanha;
4199. “Antiglobalismo”, Brasília, 20-22 julho 2022, 9 p. Contribuição à 2ª edição do Dicionário dos Antis: a cultura brasileira em negativo, coordenado por Carmela Grüne. Enviado em 22/07/2022.
Quanto aos trabalhos de 2022, a listagem já foi publicada neste blog, e pode ser consultada nos links abaixo:
Trabalhos publicados de Paulo Roberto de Almeida, 27 (2022)
Número de trabalhos publicados: 55, ou seja, um por semana.
=============
The first:
1433. “Hipólito da Costa, a censura e a independência do Brasil”, Introdução a José Theodoro Mascarenhas Menck: A imprensa no processo de Independência do Brasil:Hipólito da Costa, o Correio Braziliense e as Cortes de Lisboa de 1821 (Brasília: Câmara dos Deputados, 2022, 228 p.; p. 19-41; ISBNs: Papel: 978-65-87317-75-5; E-book: 978-65-87317-76-2; Prefácio: Helena Chagas; Posfácio: Enrico Misasi). Disponível no seguinte link: https://www.academia.edu/70952484/Hipólito_da_Costa_a_censura_e_a_independência_do_Brasil_2022_. Relação de Originais n. 3954.
(...)
The last:
1488. “Uma enciclopédia da democracia e das constituições, no Brasil e no mundo”, Prefácio ao livro de Edson Emanoel Simões, Constitucionalismo e Constituição de 1988, volume 1 da coleção Constituições e Democracia no Brasil e no mundo – da antropofagia à autofagia (São Paulo: Almedina, 2022, p. 7-14; ISBN: 978-65-5627-477-5); divulgado no blog Diplomatizzando (5/01/2023; link: https://diplomatizzando.blogspot.com/2023/01/edson-simoes-uma-enciclopedia-do.html). Relação de Originais n. 4065.
For many Western policymakers, the Russian invasion of Ukraine is the all-defining crisis of the moment. That’s understandable: An open war in Europe of this scale marked an epochal moment on the continent, realigning grand strategy in major European capitals and reinvigorating the transatlantic alliance. Meanwhile, the war’s ripple effects — shocks to supply chains, energy markets and global food systems — have fed into other crises far away, from West Africa to South Asia.
But there’s a lot more to worry about in the world. Two recent studies — one by a think tank, the other by a humanitarian international organization — lay out the challenges that should vex global policymakers in 2023.
The annual Preventive Priorities Survey, released by the Council on Foreign Relations (CFR), polled more than 500 U.S. government officials, policymakers and academics on the likelihood of certain events transpiring this year and what their impact would be on U.S. interests. It sorted these contingencies into a three-tiered ranking of potential hot spots and crises — at least from the vantage point of Washington.
Intriguingly, the report noted that for the first time since 2008, when the survey of foreign policy elites started being conducted, “the possibility of a foreign terrorist organization inflicting a mass casualty attack on the United States or a treaty ally was not proposed as a plausible contingency.” In other words, “from the perspective of those responding, the 9/11 era is over,” Paul Stares, head of CFR’s Center for Preventive Action, said at a Tuesday briefing.
The seven most pressing threats in 2023 enumerated by the survey are as follows: The advent of “a severe cross-strait crisis” that pulls the United States into a confrontation with China over Taiwan; an escalation in the Ukraine war that sees “unconventional weapons spillover into neighboring countries”; a cyberattack hitting U.S. critical infrastructure; economic collapse and social unrest within Russia because of the toll of the war, leading to a destabilizing spiral; North Korea stepping up its testing of nuclear weapons and long-range ballistic missiles; Israel’s right-wing government taking covert or direct action against Iran’s nuclear program, with diplomacy over Tehran’s nuclear capabilities at a dead end; and the possibility of natural disaster and social unrest in Central America spawning a new surge of migration to the United States.
“Every conversation I’ve had about Ukraine over the course of the year has at some point moved to Taiwan,” said Suzanne Maloney, vice president and director of foreign policy at the Brookings Institution, a leading think tank. Speaking at the same CFR briefing, Maloney gestured to the widespread feeling of concern in Washington that China is priming itself for an invasion of the island democracy at its doorstep.
This rundown of what’s most vexing U.S. policymakers still misses a whole other world of crisis. Last month, the International Rescue Committee unveiled its annual emergency watch list of 20 countries most at risk of humanitarian calamity. Ukraine, though in the grips of a ruinous war, is only 10th in the IRC ranking. Other countries are in even more dire conditions: At the top of the list are the Horn of Africa nations of Somalia and Ethiopia, stricken by drought and war. Hundreds of thousands of people are already living under famine conditions in these two countries, with aid agencies warning of far greater depredations to come. In Somalia, close to half the population is already in need of humanitarian assistance.
Then there’s Afghanistan, which dropped from the top spot on the watch list only because of the severity of the crises in East Africa. The economic collapse that was compounded by the takeover of the Taliban has immiserated much of the country. The political impasse over Kabul — the Taliban are international pariahs and have their foreign reserves frozen by U.S. sanctions — is only making things worse. “Despite efforts to engage the [Taliban government], a plan to address Afghanistan’s economic collapse has not been agreed upon,” the IRC noted. “With almost the entire population now living in poverty and preparing for another long winter, an escalation in humanitarian need is a risk in 2023.”
As I reported earlier, for humanitarian organizations, the war in Ukraine has been a double tragedy — triggering a cascading series of pressures that impacted poor nations elsewhere, while also leading the entreaties of aid agencies last year to fall on somewhat deaf ears. We knew for months that Somalia faced a devastating epidemic of hunger, but humanitarian officials say the funding and international response has come late.
The 20 countries on the IRC watch list account for some 90 percent of people in the world who need humanitarian assistance, 81 percent of people who have been forcibly displaced from their homes, 80 percent of those who are acutely food insecure and only 1.6 percent of global gross domestic product. Their precarity is, in and of itself, a reflection of vast inequities that shape the global system.
“Most of the crises in Watchlist countries are not new,” IRC President and CEO David Miliband wrote in a foreword to the annual report. “But the fact that these crises are protracted does not make them any less urgent. The primary reason we are seeing worrying new record levels of need is because three key accelerators of crisis — armed conflict, climate change and economic turmoil — are driving long-standing crises to new extremes. And, in some instances, they are sparking new crises as well.”
Todavía está por ver si 2023 será el año de la escalada –ya sea intencionada o accidental– o el momento de cimentar pequeñas desescaladas que rebajen la tensión geopolítica y su impacto económico global. Pero el espejo de 2022 nos ha mostrado que cuanto mayores son los riesgos, más obsoletos están los marcos reguladores y los sistemas de protección que deben resguardarnos de tanta volatilidad.
2023 es el año que pondrá a prueba los límites individuales y colectivos: inflación, seguridad alimentaria, crisis energética, más presiones en la cadena de suministro y en la competición geopolítica global, la descomposición de los sistemas de seguridad y gobernanza internacional, y la capacidad colectiva para responder a todo ello. Es por eso que, en 2023, la permacrisis –elegida palabra del 2022– abarca desde la desorientación estratégica de las potencias occidentales hasta la vulnerabilidad que siente buena parte de la población del planeta por el encarecimiento de los productos básicos y la incapacidad de proteger bienes comunes como los alimentos, la energía o el clima. La fragilidad impregna desde la seguridad colectiva a la supervivencia individual.
Como en una mesa de billar americano, la invasión rusa de Ucrania es la bola blanca que ha impactado sobre las distintas transformaciones y crisis en curso que, proyectadas por la fuerza centrífuga que supone el nuevo escenario bélico, se mueven sobre el tablero, colisionando las unas con las otras, aumentado así la sensación de desorden y aceleración global, de incertidumbre geopolítica y de agitación social. ¿En qué momento se detendrá cada una de estas bolas que ahora están bajo el impacto de la confrontación armada en Ucrania? ¿Qué grado de desorden imperará en ese preciso momento? ¿Cuál podría ser, entre tanta crisis, la bola negra que, si cae por la tronera antes de tiempo, derive en una nueva amenaza existencial? Y, sobre todo, en este escenario continuado de vulnerabilidad e incertidumbre que se configura como la nueva normalidad, ¿qué respuestas colectivas están en construcción?
No estamos solo ante una crisis de dimensiones ingentes, sino ante un nuevo proceso de cambio estructural que en 2023 impactará, al menos, en estas 10 tendencias.
16 de noviembre de 2022, Egipto, Scharm El Scheich: Luiz Inacio Lula da Silva, Presidente electo de Brasil, habla en la Cumbre del Clima de la ONU COP27. – recrop Photo: Christophe Gateau/dpa (Foto de Christophe Gateau/picture alliance vía Getty Images)
Aceleración de la competición estratégica. A pesar de que la guerra en Ucrania ha acelerado la confrontación entre Estados Unidos y China, 2023 será también el año de los otros; aquel en el que veremos con más claridad una aceleración en la competición estratégica de otras potencias que aspiran a ganar protagonismo manteniendo espacios de cooperación abiertos, tanto con Washington como con Pekín o Moscú. Será un año para seguir de cerca las estrategias de India o Turquía, la evolución de Arabia Saudí, o los cambios que puedan venir desde el Brasil de Lula da Silva y del último ciclo electoral en América Latina, un continente donde China ha ganado con creces la puja internacional por afianzar su peso e influencia.
Inoperatividad de los marcos globales de seguridad colectiva. Desde el 24 de febrero de 2022, los paradigmas de la arquitectura de seguridad, tanto global como europea, han cambiado drásticamente. Por un lado, hemos asistido a una revitalización del papel de la OTAN; mientras que, por el otro, las imágenes de la invasión militar rusa aceleraban la percepción de descomposición del sistema de seguridad internacional, aumentando la sensación de vulnerabilidad y desorientación estratégica que acompaña los cambios estructurales actuales. Más allá del marco transatlántico, hay un impacto regional directo de esta inoperatividad de los instrumentos de seguridad colectiva, con resultados distintos según los conflictos: desde nuevos vacíos de poder o la profundización de la inestabilidad y la violencia, hasta el fortalecimiento de un minilateralismo que busca tejer espacios alternativos de seguridad compartida ante desafíos geoestratégicos.
Empleados trabajan en la línea de producción de paneles solares en una fábrica el 11 de octubre de 2022 en Jinhua, provincia china de Zhejiang. (Fotografía de VCG/VCG vía Getty Images)
Transiciones en colisión. Las transiciones verde y digital, que parecían ir de la mano hacia la construcción de un mundo más sostenible, han entrado en colisión. La guerra en Ucrania y el impacto de las sanciones a Rusia han alterado mercados, dependencias, compromisos climáticos e incluso los tiempos previstos para afianzar la apuesta por energías alternativas. ¿Ha sido esta crisis un acelerador o un sabotaje para la transición energética?
A corto plazo, el miedo a una falta de suministros durante el invierno ha impulsado la demanda de carbón, pero también ha acelerado una profundización en el mercado único de la energía en la UE. La otra gran apuesta en la carrera por la diversificación energética ha sido el incremento del uso de energías renovables, con la energía solar como alternativa principal. Desde el inicio de 2022, la Unión Europea ha incrementado un 121% la importación de placas solares producidas en China. Sin embargo, en esta transición, la competición por las tierras raras ganará centralidad y, en 2023, veremos a la UE presentar su Ley Europea de Materias Primas Fundamentales, con el objetivo de evitar una nueva dependencia hacia el gigante asiático, que representa el 60% de la producción global de estos minerales y componentes necesarios para producir placas solares, pero también baterías eléctricas o componentes tecnológicos necesarios para las transiciones gemelas: climática y tecnológica.
¿Recesión económica global? El Banco Central Europeo alerta de que la eurozona podría entrar pronto en una leve recesión técnica o estancamiento. Un escenario sombrío para un mundo que aún trata de revertir los estragos sociales y económicos de la pandemia y, de nuevo, se ve abocado a la volatilidad. En este contexto, las medidas monetarias del BCE para frenar la inflación se mantendrán en los próximos meses y se espera que la Reserva Federal estadounidense continuará aumentando las tasas de interés durante 2023.
En algunas regiones del planeta, el riesgo económico, monetario y social dibujará un 2023 altamente inflamable. La inflación ha llegado a máximos históricos, con Líbano, Turquía e Irán registrando unos incrementos de precios del 162%, el 85% (el dato más alto desde junio de 1998) y el 41%, respectivamente, que dificultan aún más el acceso a los alimentos para una parte significativa de la población. Siria y Yemen también han visto un aumento del precio de la cesta básica alrededor del 97% y el 81%, respectivamente.
El riesgo de que una crisis de deuda se amplíe en las economías emergentes durante 2023 está aumentando. Sri Lanka ha sido la primera alarma, pero, según The Economist, 53 países emergentes están al borde de no poder hacer frente a los pagos de sus deudas debido al incremento de precios y a la desaceleración de la economía mundial. Entre los que presentan una situación más delicada, están Pakistán, Egipto o Líbano.
Una mujer sentada junto a un calefactor eléctrico en su casa durante la temporada de invierno en el barrio de Guinardo, en Barcelona. (Foto de Davide Bonaldo/SOPA Images/LightRocket vía Getty Images).
Crisis de acceso y garantías a los bienes básicos. La guerra en Ucrania ha agravado las dificultades de acceso a la energía, a los alimentos y al agua potable. La provisión de bienes públicos globales, que es un requisito previo para el desarrollo y es vital para la reducción de la pobreza y la desigualdad entre países, sufre hoy los estragos de la rivalidad geopolítica, de una nueva confrontación por los recursos naturales, así como de los efectos de un debilitamiento de la gobernanza global y de la cooperación internacional.
El mundo se enfrenta a una crisis alimentaria sin precedentes. Según Naciones Unidas, en 2022, hay unos 345 millones de personas de 82 países en situación de inseguridad alimentaria aguda o de alto riesgo, unos 200 millones más que antes de la pandemia.También los altos precios de la energía influirán en el retroceso de los índices globales de desarrollo. Es probable que unos 75 millones de personas que recientemente obtuvieron acceso a la electricidad pierdan la capacidad de pagarla, lo que significa que, por primera vez desde que la IEA aporta datos, el número total de personas en el mundo sin acceso a la electricidad vuelva a crecer, y casi 100 millones de personas vuelvan a depender de la leña para cocinar, en lugar de optar por soluciones más limpias y saludables.
Inestabilidad y descontento social. En 2022, más de 90 países han registrado movilizaciones por la falta del acceso a los bienes públicos. En América Latina, los altos precios de los combustibles han generado protestas en Perú, Ecuador y Panamá, así como en Argentina, donde los manifestantes han extendido las demandas para reclamar más empleos y ayudas frente a las altas tasas de inflación. Este malestar social impactará de lleno en el camino a las urnas para Ecuador y Argentina, que tienen elecciones previstas, respectivamente, para febrero y octubre de 2023.
El invierno del descontento en Europa –que ya ha visto movilizaciones de miles de personas en Grecia, Reino Unido, Austria, Alemania, o la República Checa– podría intensificarse en 2023. La encuesta de eupinions revela que un 49% de la población de la UE señala el aumento del coste de vida como su principal preocupación. Por su parte, Oriente Medio y el norte de África podrían ser, de nuevo, el epicentro de una nueva ola de protestas masivas. Con la inflación cada vez más cercana a los niveles de 2011, cuando el descontento social y la frustración desencadenaron el inicio de las “primaveras árabes”, Líbano, Túnez, Egipto y Argelia podrían ser de nuevo escenario de protestas en contra de los regímenes actuales.
Mujeres del colectivo NousToutes organizaron en Toulouse una protesta contra la violencia sexual y el patriarcado. Hasta la fecha, 101 mujeres han sido asesinadas por su pareja en Francia. Toulouse. Francia. 21 de noviembre de 2021. (Foto de Alain Pitton/NurPhoto vía Getty Images)
Fracturas y atomización de los movimientos y sus reivindicaciones. La protesta gana terreno –tanto en democracias como en dictaduras– pero, cada vez más, lo hace en sociedades fracturadas, polarizadas. La “erosión de la cohesión social” es el riesgo que más ha empeorado a nivel mundial desde el inicio de la crisis de la COVID-19, según el Global Risk Report 2022. La fragmentación ha llegado incluso a los movimientos de protesta y a sus reivindicaciones. En los últimos años, el movimiento feminista, por ejemplo, se ha visto sumido en una fractura en torno a grandes debates sobre temas como el trabajo sexual, la definición del sujeto del feminismo, la misma conceptualización del género o la inclusión de las personas trans. También en la movilización ecologista y contra la crisis climática, vemos como las protestas evolucionan hacia estrategias distintas. A finales de 2022, han irrumpido nuevas formas de denuncia: acciones sensacionalistas –como pegarse a un cuadro o rociarlo de sopa de tomate– han acaparado la atención mediática para devolver la acción climática al debate público. En general, todos estos cambios reflejan el desencanto de muchos de estos movimientos –especialmente entre los jóvenes– frente a la inacción y continuismo de los gobiernos ante las crisis que nos acechan. En 2023, este activismo disruptivo estará aún más presente, con llamamientos específicos a la desobediencia civil.
Autoritarismo bajo presión. El 70% de la población mundial –más de 5.000 millones de personas– vive bajo dictaduras. La involución democrática gana terreno. Sin embargo, no solo la democracia está bajo presión, sino que las autocracias electorales también tienen un año con muchos interrogantes por delante. En 2023 veremos como algunos de estos liderazgos autoritarios están cada vez más cuestionados, ya sea por divisiones internas dentro del propio sistema o por la fuerza de movimientos opositores. Las protestas en Irán o China reflejan un malestar social que seguirá latente. También el presidente ruso, Vladímir Putin, tiene un altísimo grado de presión, prácticamente en todos los frentes. El apoyo popular a la invasión rusa de Ucrania ha caído drásticamente en los últimos meses y cuanto más se alargue la guerra más evidente se hará.
Los hombres fuertes parecen haber entrado en crisis. Jair Bolsonaro ha perdido las elecciones en Brasil, y las midterm en Estados Unidos acotaron la ola trumpista. Un aviso claro para el Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, y sus aspiraciones de reelección ante una oposición que se presenta más unida y más fuerte que nunca.
Un carguero carga mercancías para su exportación a Sudáfrica en Qingdao, Zona Piloto de Libre Comercio de Shandong, el 22 de junio de 2022. (Photo credit should read CFOTO/Future Publishing via Getty Images)
Fragmentación regulatoria, desglobalización sectorial. Estamos ante una reglobalización o regionalización de geometría variable; ante un desacoplamiento selectivo, de doble circulación. La integración seguirá, especialmente en aquellos sectores donde la conectividad o la necesidad mutua es vital para el desarrollo de los actores, y el desacoplamiento sucederá en sectores estratégicos de la confrontación geopolítica, como la tecnología, la seguridad y la defensa. Este reset acelerado de la globalización, provocado tanto por la pandemia como por la guerra de Ucrania, no afecta solo a los centros de producción y a las cadenas de distribución. Estamos ante un replanteamiento –incluso ante un cuestionamiento, por parte de algunos actores– de las estructuras de gobernanza internacional.
En este contexto, China ha acelerado su propio entramado de organizaciones y mecanismos de influencia geopolítica. La Organización de Cooperación de Shanghái o la constitución del Banco Asiático de Inversión de Infraestructuras son instrumentos clave que, ya en los últimos meses y durante 2023, se configurarán como espacios importantes de esta transformación geopolítica. Además, un posible fortalecimiento de los BRICS en 2023 también puede reforzar el papel del Nuevo Banco de Desarrollo. Ante esta proliferación de instrumentos distintos, que giran en torno a dos núcleos de poder confrontados, el FMI advierte del riesgo de “fragmentación geoeconómica”.
Testando límites. Si 2023 es el año que pondrá a prueba los límites individuales y colectivos, la bola negra de nuestra mesa de billar es todo aquello –acontecimiento o efecto inesperado– que, como los últimos años han demostrado, es capaz de hacer saltar por los aires las previsiones, los tiempos y las estrategias de la política internacional. En la lista de amenazas que pudieran propiciar una escalada en los riesgos existentes, el peligro de un ataque o accidente nuclear ha subido enteros después de la subida de tono de la retórica rusa de los últimos meses y los bombardeos en las inmediaciones de centrales como la de Zaporiyia en el sureste de Ucrania. Asimismo, no hay que olvidar la creciente agresividad de los fenómenos meteorológicos que, en 2023, también podrían poner a prueba las insuficientes respuestas globales frente a la urgencia de la crisis climática, o la nueva virulencia de la COVID-19 en China.
Sin embargo, esta sensación de volatilidad no debe interrumpir la necesidad de actuar, ni de repensar los nuevos marcos efectivos de cooperación para hacer frente a las crisis globales y a esta incertidumbre permanente.
Este artículo es una versión reducida de la Nota Internacional publicada por CIDOB el 20 de diciembre de 2021. Esta Nota Internacional es el resultado de la reflexión colectiva del equipo de investigación de CIDOB en colaboración con EsadeGeo. Coordinada y editada por Carme Colomina, en el proceso de redacción ha contado con aportaciones de Inés Arco, Anna Ayuso, Jordi Bacaria, Ana Ballesteros, Paula Barceló, Pol Bargués, Moussa Bourekba, Víctor Burguete, Anna Busquets, Carmen Claudín, Anna Estrada, Francesc Fàbregues, Oriol Farrés, Agustí Fernández de Losada, Marta Galceran, Matteo Garavoglia, Blanca Garcés, Patricia García-Durán, Seán Golden, Berta Güell, Josep Mª Lloveras, Ricardo Martínez, Esther Masclans, Óscar Mateos, Sergio Maydeu, Pol Morillas, Viviane Ogou, Francesco Pasetti, Cristina Sala, Héctor Sánchez, Ángel Saz, Reinhard Schweitzer, Antoni Segura, Cristina Serrano, Eduard Soler i Lecha, Marie Vandendriessche, Pere Vilanova, así como de socios individuales de CIDOB en los trabajos preparatorios.
Associação de Brasilianistas na Europa (ABRE) convida para a apresentação de propostas para seu IV Congresso Internacional que ocorrerá de 5 a 8 de setembro de 2023 no ICS - Instituto de Ciências Sociais e no Iscte - Instituto Universitário de Lisboa, Lisboa, Portugal.
A Europa tem uma forte tradição em estudos brasileiros, assim como em pesquisas científicas ou colaborações profissionais que estão de alguma forma conectadas com o Brasil. A ABRE tem como objetivo oferecer um fórum transdisciplinar para o intercâmbio, a difusão e a comunicação entre estudantes e profissionais que atuam na Europa, interessados pelo Brasil. Os congressos que organiza a cada 2 anos procuram juntar pessoas que realizam pesquisas ou algum outro tipo de colaboração relacionada com o Brasil, não se limitando a pesquisadores europeus e vinculados a instituições europeias (http://abre.eu/estatutos/).
O próximo congresso decorrerá ente 5 e 8 de setembro de 2023 em Lisboa, no ICS - Instituto de Ciências Sociais e no ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa.
O Congresso contará com painéis acadêmicos, palestrantes convidados e sessões plenárias.
Calendário
As submissões podem ser feitas até 20 de janeiro de 2023.
As confirmações de aceite serão enviadas até 20 de fevereiro de 2023.
Regras para a submissão de propostas:
ABRE aceita propostas de comunicações individuais e de painéis.
As propostas devem conter:
Título do Painel
Nome dos Organizadores/as e endereço eletrônico
Resumo do painel com 300 palavras
Nome das/dos participantes com o título e resumo da comunicação (250 palavras)
Em caso de submissão individual deve conter título e resumo da comunicação (250 palavras), o nome das/os autoras/es e co-autoras/es, e endereço eletrônico
Painéis
Cada pessoa pode submeter uma única proposta e participar apenas em um painel, seja como autor ou co-autor.
Cada painel proposto deverá ser composto por
um mínimo de 3 e um máximo de 5 participantes;
1 responsável/moderador, que também pode apresentar uma comunicação;
participantes de ao menos 3 países diferentes, sendo 2 europeus.
As propostas de painéis completos (5 participantes) serão privilegiadas.
Comunicações Individuais
As propostas de comunicação individual serão incluídas em painéis com temáticas semelhantes e que tenham menos de 5 membros ou reunidas em painéis que incluam várias temáticas.
O congresso decorrerá preferencialmente de forma presencial embora também aceite painéis/sessões exclusivamente online. Não haverá sessões híbridas e na altura da submissão da proposta deverá ser indicado se a sessão será presencial ou online. Serão privilegiados os painéis presenciais.
Todos os participantes de um painel devem aderir à ABRE antes da submissão da proposta aqui https://www.conftool.pro/abre2023.
Endereço eletrônico do Congresso: secretariadoabre2023@gmail.com
01:03:55 | 06/07/2021 | Economia | O Estado de S. Paulo | Espaço Aberto | BR
Estamos em janeiro de 2023. O Brasil comemora a eleição do novo governo e o programa coeso apresentado para o País. Surge uma oportunidade real para retomarmos a tendência histórica de melhoria das condições sociais. Há espaço para discutir a ampliação da igualdade de oportunidades por meio do crescimento econômico e da atuação eficiente do Estado.
A redução da pobreza, o fortalecimento do Sistema Único de Saúde (SUS), a preservação da Amazônia, a reinserção do Brasil no mundo, a educação de qualidade para todos, o aumento dos investimentos, a garantia dos direitos humanos, a reforma do aparelho do Estado, a simplificação do sistema tributário e a responsabilidade com as contas públicas são as bases do novo discurso oficial.
O desafio é enorme em todas as áreas. A desigualdade social e a dinâmica medíocre de aumento do produto interno bruto (PIB) per capita precisam ser transpostas. Há muito por fazer.
Uma premissa central do governo eleito vem das ideias de John Rawls, importante filósofo falecido em 2002. Ele defendia a tese de que, sob um "véu de ignorância", as pessoas jamais desejariam políticas públicas concentradoras de renda, que excluíssem os setores menos favorecidos. A ideia é instigante: se você não soubesse em que família nasceria, com qual situação financeira, em que região geográfica, com quais capacidades biológicas, almejaria ter condições mínimas de igualdade.
Na mesma linha, o economista Amartya Sen, Prêmio Nobel de Economia, defende a chamada igualdade de oportunidades.
Sen mostra que para ter uma sociedade economicamente desenvolvida e socialmente justa o Estado precisa garantir o acesso equitativo às políticas públicas de educação, emprego, renda, saúde, etc.
No programa do governo eleito lê-se que o Brasil avançou muito com a Constituição cidadã, desde 1988. Os direitos sociais foram expandidos e tornaram-se obrigação do Estado, assim como a busca pela transparência e pela impessoalidade no processo orçamentário.
A promessa é resgatar esses princípios norteadores e elaborar políticas que lhes atendam de maneira eficiente.
Na economia, o programa mostra que o Brasil conquistou certo espaço na cena internacional nos anos 1990 e na primeira década dos 2000, e ampliou suas vantagens comparativas na exportação de produtos primários. No entanto, não superou, mesmo nos melhores momentos, o desafio de expandir permanentemente suas taxas de crescimento.
O governo eleito para comandar o País de 2023 a 2026 parece ter percebido que a saída para a economia passa por uma combinação de políticas.
De um lado, zelar pela responsabilidade fiscal, pelo equilíbrio da dívida pública em relação ao PIB, pela transparência no processo orçamentário, pela qualidade do gasto público e pela manutenção do controle inflacionário. De outro, abrir espaço orçamentário para políticas de incentivo â desde que bem desenhadas e avaliadas â em momentos de alto desemprego e elevada ociosidade na economia.
Também estão no plano de governo a abertura comercial, o aumento da competitividade e a busca de acordos que favoreçam o setor produtivo nacional.
O acordo entre o Mercosul e a União Europeia tem grandes chances de prosperar, finalmente, a partir do compromisso efetivo do Brasil com a preservação da Amazônia e de políticas ambientais responsáveis.
A reforma do Estado começa a ser discutida a sério: busca-se a eficiência na provisão de serviços públicos, a valorização da burocracia estatal e a adoção das práticas de gestão e de remuneração por resultados.
Preconiza-se a adoção de um sistema de avaliação de políticas públicas, com planos pilotos para testar novas ideias e evitar o desperdício de dinheiro público.
O plano de governo é acompanhado de estimativas para o espaço orçamentário nos próximos anos. Traz simulações para o ganho derivado da extinção de políticas ineficientes, a exemplo de certos incentivos tributários carregados por décadas nas contas públicas.
Contém, ainda, cálculo minucioso para uma proposta de reforma tributária com dois objetivos: simplificação e redução da regressividade.
Na área social, pretende-se ampliar o Bolsa Família por meio de programa de renda básica, mas unificando programas que deram pouco resultado e nunca foram avaliados a contento. Na educação, a ministra anunciada é experiente, conhece o setor como ninguém, tem ciência dos avanços do passado e apresentou uma lista de prioridades para sua pasta.
Na saúde, o programa proposto considera que a população brasileira está envelhecendo e a demanda por serviços do SUScrescerá. Abre-se espaço orçamentário para isso em três frentes: aumento de receitas, corte de gastos e realocação de recursos.
Parece um sonho, não é? Depois do horror, da incompetência, da falta de sensibilidade social das hostes oficiais, da crise pandêmica, do luto não vivido, do luto evitável, da tristeza geral destes anos, poderemos ter um novo horizonte. Convidoos a imaginar, desde já, o Brasil que queremos ter a partir de 2023. O futuro é logo ali!
*
DIRETOR EXECUTIVO E RESPONSÁVEL PELA IMPLANTAÇÃO DA IFI.