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sábado, 3 de agosto de 2013

IDHM: o que o governo promove, o que o governo esconde (sempre desonestamente) - Roberto Rachewsky

A falácia da igualdade

ROBERTO RACHEWSKY *
O IDHM, Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios, é uma expressão estatística tabulada pelo IPEA, Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, com base em dados coletados pelo IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sob a supervisão do PNUD, Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, encarregado também de estabelecer os indicadores a serem apurados.
O IDHM é um interessante instrumento de diagnóstico para a averiguação de resultados das políticas implementadas pelos governos, ou pela iniciativa privada, nos campos da saúde, da educação, da economia, entre outros que constituem o universo das ações com a intenção de promover o bem estar social.
Qualquer governo bem intencionado faria uma análise das informações consolidadas nesse estudo, com o propósito crítico de avaliar, de forma profissional e isenta, os resultados ali apresentados para compreender os problemas existentes e aferir o alcance das soluções implementadas.
Pois o governo do PT, Partido dos Trabalhadores, gestor das ações coletivas que influenciam diretamente os resultados do IDHM, faz o oposto.
Numa ação coordenada para mistificar, integrantes do governo apresentaram, com estardalhaço ímpar, um relatório baseado nos estudos que envolvem o índice para perverter a compreensão dos problemas e manipular a opinião pública dando destaque a pontos irrelevantes do mesmo. Quando não, para distorcer sem pudor o retrato capturado da situação.
A Estatística sempre foi um instrumento a serviço da Matemática, da Geografia, ou da Economia. Neste caso presente, foi utilizada como um instrumento da política, da pior política, aquela que visa apenas fins eleitoreiros.
O governo prova, mais uma vez, que torturando-se os dados capturados, se obtém as informações que se quer ouvir.
Ao editar e propagar um press release na forma de fato relevante, repercutido pela mídia ostensivamente servil, ou intimidada, o governo divulga como notícia importante, sob manchetes ufanistas e tendenciosas que fazem até um crente inveterado virar cético, factoides que expõem suas segundas intenções de maneira nada camuflada.
Qualquer clipping com as notícias publicadas sobre a matéria mostra, invariavelmente, que duas manchetes destacavam os pontos considerados interessantes pelo governo, a saber:
- Manchete 1: “IDHM cresce vertiginosamente de 1991 para 2010, alcançando a histórica marca de crescimento absoluto de 47% no período.”
Ora, qual o significado deste dado aparentemente extraordinário? Nenhum.
Comparar um valor absoluto atual com um de 20 anos atrás não faz sentido, é um detalhe estatístico imprestável.
Serve apenas para a confrontação político partidária, como se viu logo após sua divulgação quando o partido que governou o Brasil de 1991 a 2002 explicou ter sido responsável por 24% daquele crescimento, restando ao atual, 18%.
Dado fundamental seria, contextualizar a informação, permitindo uma análise referencial que considerasse a posição do Brasil entre todas as nações em 1991, comparando-a com a registrada atualmente. Poderíamos aí sim, apurar de forma consistente, qual teria sido o desempenho das políticas executadas em nosso país perante a comunidade internacional.
Mais revelador do que os dados informados pelo governo, foi o fato de ele ter omitido a informação mais importante para compreendermos efetivamente a nossa situação.
Eis o que o governo sonegou:
A posição do Brasil no ranking das nações, considerada a ordem decrescente do valor absoluto do IDH, desprezando-se os países que em alguma daquelas datas não forneceram dados para avaliação, foi a seguinte:
Em 1990, 74⁰ lugar; em 2000, 59º lugar; e, em 2012, 60⁰ lugar.
Ou seja, o Brasil, ao longo dos governo Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso, marcados por políticas mais liberalizantes do que os governos Lula e Dilma, principalmente no que se refere à austeridade fiscal e monetária, fizeram com que o Brasil melhorasse nitidamente sua posição no ranking global do IDH. Já os governos liderados pelo PT, fizeram com que o Brasil perdesse o ritmo, inclusive caindo uma posição da corrida por uma sociedade melhor.
Este rearranjo se deve ao fato de que inúmeras nações tiveram melhor aproveitamento nas suas políticas para oferecer às suas sociedades a possibilidade de melhorarem de vida. No Brasil, essa possibilidade, de 2000 para cá, ficou apenas nas intenções e na retórica, uma vez que os resultados têm sido desoladores.
Entre 1990 e 2000, 22 países tiveram crescimento mais significativo do que o nosso do IDH; entre 2000 e 2012, esse número subiu para 61; e entre 1990 e 2012, o número de países com crescimento do IDH maiores do que o do Brasil foi de 38.
Assim, o que foi qualificado como uma melhora, é na realidade um retardo, uma deterioração, um decréscimo efetivo se for considerado o crescimento de outras dezenas de países que avançaram muito mais do nós e a perda de posição no ranking aferido.
E a explicação para tal atraso se dá por uma razão simples.
Se analisarmos outra informação importante, também desconsiderada pelo governo atual por motivos óbvios, veremos que de acordo com a publicação realizada pela Heritage Foundation, que mede o grau de civilidade das nações, conforme o respeito que dedica ao Estado de Direito (Direito de Propriedade e Combate à corrupção ), aos limites do governo (Controle dos gastos públicos e Liberdade fiscal), à eficiência regulatória (Liberdade empresarial, Liberdade trabalhista e Liberdade monetária) e ao Livre-Mercado (Liberdade de comércio, Liberdade de investir e Liberdade financeira), veremos que a posição do Brasil é a seguinte:
Em 1995, quando os estudos se iniciaram, estávamos em 73⁰ lugar; em 2000, 71º lugar; e, em 2012, 100⁰ lugar.
Assim, fica mais claro entendermos porque estamos perdendo em civilidade para avançarmos em mistificações, incompetência, anarquia, hipertrofia governamental e desdém pelos direitos individuais.
- Manchete 2: “Apesar da redução da desigualdade social e econômica da população ela ainda é enorme.”
O foco no combate à desigualdade para esse governo que se arroga o monopólio da virtude, tem sido obsessivo e antes de qualquer outra coisa, equivocado e falacioso.
Todos os países, qualquer um dos países, mesmo os mais desenvolvidos, mesmo aqueles que vem liderando as listas do IDH por décadas, assim como os paupérrimos, apresentam desigualdade social e econômica e expõem, uns mais e outros menos, concentração de renda.
Por que isso ocorre? Porque a desigualdade é um resultado indissociável da ação humana. Ela permeia todas as sociedades, todos os estratos, castas, classes, ou qualquer agrupamento formado por seres humanos.
A realidade nos impõe que aceitemos essa verdade absoluta. Uns criam, trabalham, produzem, transacionam, poupam ou consomem de maneira mais interessante para os demais e esses retribuem pagando-lhes o que merecem. Quanto mais satisfação levam para os demais, mais recursos acumulam para si. Isso é da vida e nada pode modificar, nem mesmo a coerção consegue acaba com a desigualdade, ainda que acabe com a riqueza.
A igualdade de resultados é um mito, jamais será um bem a ser buscado, muito menos um valor a ser descoberto e defendido com ardor heróico. É um objetivo inatingível, irreal e contraproducente.
A igualdade de resultados somente pode ser tentada através de ações impositivas. A busca pela isonomia requer coerção, censura, castração, o que levará a resultados invariavelmente diversos das intenções originais.
Sempre que o homem age para compensar diferenças naturais, cria-se um efeito colateral que degrada os reais valores que nos movem para o progresso, para o enriquecimento da sociedade, para a mobilidade social e econômica e, acima de tudo, para a constante e imediata redistribuição justa da riqueza, proporcionada exclusivamente pelas forças de mercado com suas trocas voluntárias e valores éticos.
Enaltecer a igualdade, é desdenhar dos reais valores necessários para a promoção da vida plena.
É desconhecer que o propósito da vida é a vida per se e que a falta desses valores tornam a própria vida um tormento, um sacrifício.
Os valores que tornam a vida profícua, não pertencem ao governo, nem às religiões, nem a grupos específicos, nem foram criados nem inventados por alguém.
São valores universais, de domínio público, ninguém os possui. Temos apenas que reconhecê-los, compreendê-los, segui-los e protegê-los. A Realidade, a Vida e seus corolários, a Liberdade, a Propriedade e a busca da Felicidade são valores inegociáveis para que a Humanidade prospere, interaja pacificamente, cooperando para a satisfação individual que oportunizará o bem estar de todos.
Lidar com a existência como ela é, considerar a Vida o valor ético maior, reconhecer que a Racionalidade é o melhor instrumento que a sustenta, eleger a Liberdade como o caminho para a superação das dificuldades, onde o Estado, limitado ao combate da violência, associado ao Livre-Mercado, criam o ambiente fecundo para que a Felicidade possa ser buscada com legitimidade inquestionável.
Qualquer outro ingrediente adicionado a essa receita não funcionará.
Os elementos necessários para uma vida gloriosa estão à disposição de todos, estão aqui, estão ali, estão em todos os lugares. Eles pertencem à Natureza, à Realidade, eles existem. Temos que percebê-los, temos que respeitá-los, temos que protegê-los.
Eles não são frutos criados pela Humanidade, como a violência, como a religião, como a igualdade, como a coerção. Não são atributos construídos pela consciência.
Os valores fundamentais que promovem o Bem não podem ser inventados por ninguém, são descobertas e por isso, ninguém pode reclamar sua propriedade.
A Realidade, a Vida, a Liberdade, a Propriedade e a Felicidade somente podem ser reconhecidas através do uso da Razão, qualquer outro argumento é dogmático, é niilista, é subjetivo.
Esse conjunto de elementos vitais é objetivo, é secular e liberta filosoficamente a Humanidade de sua própria ignorância, de seu pendor ao coletivismo e sua indesejável tendência de se insurgir contra os seus semelhantes, perenizando o primitivismo e a busca pela igualdade através da coerção.
Infelizmente, a sociedade brasileira tem demorado a perceber a raiz e a solução de seus problemas, ainda mais quando o caminho para o conhecimento e a independência intelectual tem sido obstruído por quem deveria promovê-lo.
* EMPRESÁRIO

quinta-feira, 14 de março de 2013

Pra' Frente Brasil! Ops: apenas uma exortacao, para nao cair no pessimismo...

O pessimismo não é de deste blogueiro, e sim dos dados em geral, da imprensa em particular.
Ah, essa mídia maldosa, do PIG, e do grande capital, sempre querendo diminuir nosso glorioso Brasil.
Paulo Roberto de Almeida

http://www1.folha.uol.com.br/poder/1246141-idh-brasileiro-sobe-mas-em-ritmo-menor-do-que-paises-em-desenvolvimento.shtml

 http://www1.folha.uol.com.br/poder/1246173-avaliacao-e-injusta-com-brasil-afirmam-ministros-sobre-idh.shtml

 http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/idh-do-brasil-avanca-mas-fica-abaixo-da-media-da-america-latina.htm

 http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/desigualdade-mundial-diminui-mas-157-bilhao-ainda-vivem-na-pobreza.htm

 http://educacao.uol.com.br/noticias/2013/03/14/brasil-tem-3-maior-taxa-de-evasao-escolar-entre-100-paises-diz-pnud.htm

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/noruega-e-a-primeira-colocada-no-idh-pelo-quarto-ano-consecutivo.htm

http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/agencia-estado/2013/03/14/governo-contesta-dados-do-idh-e-questiona-pesquisa.htm

http://noticias.uol.com.br/album/2013/03/14/o-grupo-dos-dez-menos-no-idh.htm

http://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2013/03/14/mesmo-em-guerra-civil-libia-avanca-e-passa-brasil.htm

sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Apesar dos avancos, Brasil patina em quase todos os indicadores de bem estar

Apesar de avanços, Brasil continua em baixa em índices globais

Brasil – BBC – 28/12/2011

Em 2011, o Brasil melhorou sua posição na maioria dos rankings internacionais que medem diferentes aspectos do desenvolvimento, mas, por trás de pequenos avanços, o país ainda tem desempenho fraco quando comparado a nações do chamado mundo desenvolvido.
A BBC Brasil reuniu 10 indicadores, divulgados ao longo de 2011, que vão além do Produto Interno Bruto (PIB) e inserem o Brasil em um contexto global em áreas como renda, desigualdade, corrupção, competitividade e educação.
O Brasil, que pode se tornar a 6ª maior economia do mundo ultrapassando a Grã-Bretanha se projeções recentes forem confirmadas, já despenca dezenas de posições quando se considera a renda per capita, resultado da divisão do PIB pela população.
Nessa média, o brasileiro ganha, por ano, o equivalente a US$ 10.710 (contra US$ 8.615 em 2009). Segundo os últimos dados do Banco Mundial, 44 países têm renda per capita superior à do Brasil, entre eles a própria Grã-Bretanha.
A renda dos britânicos, US$ 36.144, é três vezes maior do que a dos brasileiros. Essa diferença, no entanto, vem caindo. Além disso, a renda média do brasileiro continua superior à de seus colegas dos Brics, a Rússia (US$ 10.440), a Índia (US$ 1.475), a China (US$ 4.428) e a África do Sul (US$ 7.275).
Distribuição de renda
Essa simples divisão do PIB pelo total da população, no entanto, sofre críticas de especialistas em desenvolvimento por ignorar aspectos como a má distribuição da renda. Quando a desigualdade entra na equação, a posição do Brasil no cenário global despenca ainda mais, apesar dos avanços alcançados no país nesse quesito.
Tomando como medida o coeficiente de Gini, que mede a desigualdade na distribuição da renda em 187 países, apenas sete nações apresentam distribuição pior do que a do Brasil, segundo dados da ONU: Colômbia, Bolívia, Honduras, África do Sul, Angola, Haiti e Comoros.
O coeficiente usado nesta comparação para o Brasil é de 53,9. Quanto mais perto de 100, maior a desigualdade. A Suécia, com coeficiente de 25, é um dos países com menor concentração de renda.
Apesar dessa péssima posição no quesito desigualdade de renda, o desempenho em outros aspectos do desenvolvimento medidos pela ONU põem o Brasil em uma posição melhor no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
O Brasil tem progredido no IDH e sua posição geral, em 84º lugar, põe o país no grupo de alto desenvolvimento humano, mas ainda longe do grupo mais seleto com desenvolvimento considerado “muito alto”. A lista de 47 países dessa elite é encabeçada pela Noruega.
Competitividade
O IDH engloba diversas áreas como educação, saúde, expectativa de vida, mas dados de outras organizações servem para complementar o quadro do Brasil no cenário externo.
A competitividade da economia brasileira, por exemplo, é medida por instituições como o Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês). No ranking do fórum, o Brasil subiu cinco posições em 2011 e passou a ser a 53ª economia mais competitiva entre 142.
A organização destacou o grande mercado interno e o sofisticado ambiente de negócios como pontos fortes do Brasil, mas enfatizou o sistema educacional, as leis trabalhistas consideradas rígidas e o baixo incentivo à competição como entraves à competitividade brasileira. A Suíça é a primeira nesse ranking seguida por Cingapura.
Em outros quesitos que influenciam a economia, como Corrupção, Ciência e Tecnologia e Educação, o Brasil continua mal, mas teve pelo menos algum avanço.
A nota do Brasil avaliada pela Transparência Internacional sobre corrupção passou de 3,7 para 3,8. Mas apesar dessa “melhora” decimal, o Brasil caiu da 69ª para 73ª entre 182 países.
A queda se explica pelo progresso mais acentuado de outros países e pela entrada de novas nações na lista da ONG. O país mais bem colocado no ranking é a Nova Zelândia ( com nota 9,5), seguida pela Dinamarca (com nota 9,4).
Apesar da queda, o Brasil tem a menor percepção de corrupção entres potências emergentes como Rússia, Índia e China.
“Mas o Brasil não deve se orgulhar disso. Deve ver que há muito a avançar para alcançar o nível dos países desenvolvidos”, alertou o mexicano Alejandro Salas, diretor da Transparência Internacional para as Américas.
“Eu vejo que, às vezes, o tema é colocado em segundo plano, dentro de um contexto de muito otimismo com o crescimento econômico e do novo papel que o Brasil ocupa no mundo”, acrescentou.
Outra área em que o Brasil fica tradicionalmente no “lado B” dos rankings é a de Ciência e Tecnologia. Mas um estudo divulgado em março pela Royal Society, academia nacional de ciência britânica, mostrou um pequeno progresso do Brasil.
A representatividade dos estudos brasileiros teve um ligeiro aumento de 1999 para 2003. Passou de 1,3% do total de pesquisas científicas globais para 1,6%. São Paulo subiu de 38º para 17º lugar como centro com mais publicações científicas do mundo.
“Existe uma diversificação com alguns países demonstrando lideranças em setores específicos como a China em nanotecnologia e o Brasil em biocombustíveis, mas as nações avançadas do ponto de vista científico continuam a dominar a contagem de citações”, analisou o relatório.
A China, no entanto, segue em uma velocidade muito superior à do Brasil e já superou Europa e Japão na quantidade anual de publicações científicas.
Na área de Educação, a Organização para Cooperação e Desenvolvimento (OCDE) divulga comparações internacionais que incluem o Brasil.
Os últimos dados do Programa Internacional de Avaliação de Alunos (PISA) pôs o país em 51º lugar entre 65 no ranking de leitura, em 55º no de matemática e em 52º no de Ciências. O país ficou entre os últimos, mas a nota nas três áreas melhorou em relação à pesquisa anterior.
O avanço do Brasil foi elogiado por Guillermo Montt, analista da OCDE.
“O Brasil aumentou os resultados nas três áreas do estudo. Não são muitos os países que conseguiram fazer isso (…) Não é uma surpresa que o país continue em posições baixas no ranking já que o processo de melhoria do ensino é algo lento e muito amplo”, disse à BBC Brasil.
Custo de vida
Na contramão dos avanços, ainda que lentos e graduais, há pesquisas como a do banco suíço UBS feita em 73 países. Segundo o relatório, o poder de compra no Rio e em São Paulo vem caindo nos últimos cinco anos, apesar da elevação dos salários.
A pesquisa ilustra a tendência comparando o custo de vida no Rio e em São Paulo com o de Nova York.
Nas duas cidades brasileiras, o custo de vida representava pouco mais de a metade do custo de vida em Nova York há cinco anos. Hoje, representa, respectivamente, 74% e 69% do custo de vida na metrópole americana.
Também em agosto, a consultoria Mercer divulgou seu ranking anual. São Paulo apareceu como a 10ª cidade mais cara do mundo, subindo 11 posições em um ano. O Rio foi a 12ª, subindo 17.
O Brasil também piorou no ranking que tenta medir a facilidade de se fazer negócios em 183 países. Perdeu seis colocações, caindo da 120ª para a 126ª posição, segundo o Banco Mundial. As avaliações levam em conta dez indicadores e se concentram no ambiente de negócios entre pequenas e médias empresas. O Brasil ficou bem, por exemplo, no item “proteção a investidores”, mas mal no que avalia a facilidade para se pagar imposto.
Entre avanços e retrocessos, o otimismo entre os consumidores brasileiros foi um indicador que manteve, em 2011, o Brasil no topo das pesquisas globais.
Uma enquete da Nielsen, divulgada em outubro, por exemplo, mostrou que, apesar dos sinais de desaceleração na economia, a confiança do consumidor brasileiro foi a que mais cresceu no trimestre anterior à pesquisa entre os 56 países pesquisados pela empresa.
A confiança dos brasileiros ficou atrás somente da de indianos, sauditas e indonésios.
Virada
As projeções recentes de que o Brasil vá superar a Grã-Bretanha em valor de PIB em 2011 não são unanimidade entre centros de pesquisa e ainda precisam ser confirmadas pelos números do último trimestre que saem nos primeiros meses de 2012.
Como a diferença entre as duas economias é pequena, a esperada virada pode não ocorrer em 2011, se perspectivas atuais de crescimento não se confirmarem ou se houver mudanças nas taxas de câmbio dos dois países que influenciem o cálculo do PIB em dólares.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Liberdade Econômica, IDH e Renda Per Capita de Países Selecionados

 Liberdade Econômica, IDH e Renda Per Capita de Países Selecionados

Paulo Roberto de Almeida

            Coletei alguns dados, de países diversos, selecionados ao acaso, mas bastante representativos do grupo de alto IDH e de médio IDH, com apenas um (Madagascar) de baixo IDH e baixíssima renda per capita (e também um de alto IDH, mas de “baixa” renda per capita no grupo dos avançados, a Coreia do Sul).
            Pensei escrever algo, mas os dados são tão eloquentes que dispenso-me de comentar o que quer que seja, salvo para evidenciar o óbvio: a distância de IDH não é assim tão grande, mas as diferenças de renda per capita são enormes. Nenhum país no segundo grupo supera 10.000 dólares de renda, ao passo que com a exceção da Coreia (cuja renda PPP, no entanto, alcança quase 30 mil dólares), todos os países do primeiro grupo exibem alta renda per capita.
            A variável explicativa, do meu ponto de vista, é o índice de liberdade econômica. Pode até ser que a Rússia ostente um índice próximo de 0,8 em termos de IDH, mas seu indicador de liberdade econômica não parece nada brilhante. Quanto à China, país notoriamente autoritário, e que ainda se define como “socialista”, ela possui um índice de liberdade econômica superior ao do Brasil.

Liberdade Econômica, IDH e Renda per capita (US$*) de países selecionados
Países de alto IDH, renda e liberdade
Países de baixo IDH, renda e liberdade
País
ILE
IDH
Renda
País
ILE
IDH
Renda
Noruega
7,30
0,938
85.340
Rússia
6,55
0,799
9.910
Austrália
7,98
0,937
43.590
México
6,74
0,750
8.930
EUA
7,60
0,902
47.240
Brasil
6,19
0,699
9.390
Canadá
7,81
0,888
41.950
Tunísia
6,40
0,635
4.060
Suécia
7,24
0,885
43.903
China
6,43
0,633
4.260
Alemanha
7,45
0,885
43.290
Egito
6,42
0,620
2.440
Japão
7,44
0,884
42.130
África Sul
6,49
0,597
6.090
Coreia Sul
7,32
0,877
19,890
Índia
6,40
0,519
1.340
Reino Unido
7,71
0,849
38.560
Madagascar
6,29
0,435
430
Fontes: Fraser Institute (Economic Freedom 2011); UNDP (HDI 2011); World Bank (World Development Indicators 2010); US$*= dólares correntes.


            O que, aliás, é confirmado por esta simples correlação linear traçada pelo Fraser Institutue.


 Brasília, 4/11/2011

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil – ONU


Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil – Fonte ONU
Base: Ano de 2011

Brasil avança no desenvolvimento humano e sobe uma posição no ranking do IDH 2011
O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil avançou de 0,715 em 2010 para 0,718 em 2011, e fez o país subir uma posição no ranking global do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) deste ano. Com isso, o Brasil saiu da 85ª para a 84ª posição, permanecendo no grupo dos países de alto desenvolvimento humano. O documento foi lançado esta quarta-feira (02/10) pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em Copenhague, na Dinamarca.

O Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 apresenta valores e classificações do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para um número recorde de 187 países e territórios reconhecidos pela ONU. Um aumento significativo em relação aos 169 países incluídos no Índice de 2010, quando os indicadores-chave de muitos dos novos países analisados este ano ainda estavam indisponíveis.

No ranking global do IDH 2010, o Brasil obteve a classificação 73, entre os 169 países. No entanto, é enganoso comparar valores e classificações do RDH 2011 com os de relatórios publicados anteriormente. Isto porque, além da inclusão de 18 novos países e territórios (veja a lista ao final), os dados e métodos sofreram ajustes e algumas mudanças.

Intitulado “Sustentabilidade e equidade: Um futuro melhor para todos”, o Relatório de Desenvolvimento Humano 2011 mostra que o Brasil faz parte do seleto grupo de apenas 36 dos 187 países que subiram no ranking entre 2010 e 2011, seguindo os dados recalculados para a nova base deste ano. Os outros 151 permaneceram na mesma posição ou caíram. No caso brasileiro, esta evolução do IDH do ano passado para este ano contou com um impulso maior da dimensão saúde – medida pela expectativa de vida –, responsável por 40% da alta. As outras duas dimensões que compõem o IDH, educação e renda, responderam, cada uma, por cerca de 30% desta evolução.
Evolução do Brasil nas séries históricas

A série histórica do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) para o Brasil revela uma retrospectiva positiva também a médio e a longo prazos. Entre 1980 e 2011, o valor do IDH subiu 31%, saltando de 0,549 para 0,718. Este desempenho foi puxado pelo aumento na expectativa de vida no país (11 anos no período), pela melhora na média de anos de escolaridade (4,6 anos a mais) e pelo crescimento também da renda nacional bruta (RNB) per capita (quase 40% entre 1980 e 2011).

Por causa dos ajustes de dados, das adaptações metodológicas e da inclusão de 18 países no ranking deste ano, as medias anuais de crescimento do IDH só podem ser calculadas com os dados que estão disponíveis na Tabela 2 “Tendências do Desenvolvimento Humano” do Relatório, que traz as séries históricas recalculadas para todos os 187 países. Ela tem como base indicadores, metodologia e dados em séries temporais consistentes e, por isso, mostra as alterações reais dos valores e classificações no decorrer do tempo, refletindo o progresso verdadeiro feito pelos países.

Em uma análise de médio prazo, considerando a evolução de posições do ranking de 2006 a 2011, o Brasil está entre os 24 países com melhor desempenho, ou seja, aqueles que subiram 3 ou mais posições.

Taxa média de crescimento do IDH brasileiro
Com base nos dados da Tabela 2 “Tendências do Desenvolvimento Humano”, verifica-se que a taxa média de crescimento do IDH do Brasil foi de 0,87%, entre 1980 a 2011. Um desempenho superior ao da América Latina (0,73%) e ao dos países de alto desenvolvimento (0,61%), quartil do qual o Brasil faz parte no ranking do IDH 2011.

Avanço semelhante pode ser visto para o Brasil entre 1990 e 2011, quando a taxa de média de crescimento do IDH foi de 0,86%, enquanto a da América Latina foi de 0,76% e a dos países de alto desenvolvimento, de 0,64%.

Num período mais curto de 2000 a 2011, o desempenho foi o seguinte: Brasil avançou 0,69%, América Latina, 0,66%, e os países de alto desenvolvimento, 0,70%.

É importante notar que a taxa de crescimento para países de desenvolvimento humano muito elevado de 2000 a 2011 foi de 0,33%, ou seja, quanto mais desenvolvido o país se torna, menor é sua taxa de crescimento do IDH. Este fenômeno é também conhecido como concavidade de taxas de crescimento.

O IDH é uma medida resumida para avaliar o progresso a longo prazo em três dimensões básicas do desenvolvimento humano: uma vida longa e saudável, acesso ao conhecimento e um padrão decente de vida. Como no Relatório de Desenvolvimento Humano de 2010, uma vida longa e saudável é medida pela expectativa de vida; o acesso ao conhecimento é medido por: i) média de anos de educação de adultos, que é o número médio de anos de educação recebidos durante a vida por pessoas a partir de 25 anos; e ii) a expectativa de anos de escolaridade para crianças na idade de iniciar a vida escolar, que é o número total de anos de escolaridade que uma criança na idade de iniciar a vida escolar pode esperar receber se os padrões prevalecentes de taxas de matrículas específicas por idade permanecerem os mesmos durante a vida da criança; e o padrão de vida é medido pela Renda Nacional Bruta (RNB) per capita expressa em PPP$ 2005 constante.

A fim de garantir o máximo possível de comparabilidade entre países, o IDH se baseia principalmente em dados internacionais da Divisão de População da ONU, do Instituto de Estatística da UNESCO e do Banco Mundial. Como afirma a introdução, os valores e classificações do IDH no relatório deste ano não são comparáveis aos dos relatórios passados (inclusive ao IDH 2010) por causa de diversas revisões feitas nos indicadores componentes pelas agências encarregadas. Para permitir a avaliação do progresso nos IDHs, o relatório de 2011 inclui IDHs recalculados de 1980 a 2011.

Indicadores complementares de desenvolvimento humano
Além do IDH calculado para 187 países, o Relatório 2011 traz também três outros indicadores complementares introduzidos em 2010. São eles o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD) para 134 países, o Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) para 146 países e o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM) para 109 países.

Índice de Desenvolvimento Humano Ajustado à Desigualdade (IDHAD)
O IDH é uma medida média das conquistas de desenvolvimento humano básico em um país. Como todas as médias, o IDH mascara a desigualdade na distribuição do desenvolvimento humano entre a população no nível de país. O IDH 2010 introduziu o IDH Ajustado à Desigualdade (IDHAD), que leva em consideração a desigualdade em todas as três dimensões do IDH “descontando” o valor médio de cada dimensão de acordo com seu nível de desigualdade.

Com a introdução do IDHAD, o IDH tradicional pode ser visto como um índice de desenvolvimento humano “potencial” e o IDHAD como um índice do desenvolvimento humano “real”. A “perda” no desenvolvimento humano potencial devido à desigualdade é dada pela diferença entre o IDH e o IDHAD e pode ser expressa por um percentual.

O IDH do Brasil para 2011 é 0,718. No entanto, quando é descontada a desigualdade do valor, o IDH cai para 0,519, uma perda de 27,7% devido à desigualdade na distribuição dos índices de dimensão. O IDHAD, que vem complementar a leitura feita pelo IDH, mostra que o cidadão brasileiro médio teria quase 30% de risco de não conseguir alcançar o desenvolvimento humano potencial que o país tem para lhe oferecer em função dos obstáculos que as desigualdades podem lhe impor.

Nesta área, o Brasil se insere em um contexto semelhante ao da América Latina, onde a desigualdade – em especial de renda – faz parte de um passivo histórico que ainda representa um grande obstáculo para o desenvolvimento humano. Mas o relatório elogia os esforços e avanços da região na tentativa de reduzir estes números, e faz menção às conquistas de Argentina, Brasil, Honduras, México e Peru. O Relatório atribui os avanços, em parte, à melhor cobertura na educação básica e aos programas de transferência de renda.

Índice de Desigualdade de Gênero (IDG)
O Índice de Desigualdade de Gênero (IDG) reflete desigualdades com base no gênero em três dimensões – saúde reprodutiva, autonomia e atividade econômica. A saúde reprodutiva é medida pelas taxas de mortalidade materna e de fertilidade entre as adolescentes; a autonomia é medida pela proporção de assentos parlamentares ocupados por cada gênero e a obtenção de educação secundária ou superior por cada gênero; e a atividade econômica é medida pela taxa de participação no mercado de trabalho para cada gênero.

O IDG substitui os anteriores Índice de Desenvolvimento relacionado ao Gênero e Índice de Autonomia de Gênero. Ele mostra a perda no desenvolvimento humano devido à desigualdade entre as conquistas femininas e masculinas nas três dimensões do IDG.

O Brasil tem um valor de IDG de 0,449, que o coloca na posição 80 dentre 146 países no índice de 2011. No Brasil, 9,6% dos assentos parlamentares são ocupados por mulheres e 48,8% das mulheres adultas têm alcançado um nível de educação secundário ou superior, em comparação com 46,3% de suas contrapartes masculinas. Para cada 100.000 nascidos vivos, 58 mulheres morrem de causas relacionadas à gravidez; e a taxa de fertilidade entre as adolescentes é de 75,6 nascimentos por 1000 nascidos vivos. A participação feminina no mercado de trabalho é de 60,1%, em comparação com 81,9% para os homens.

Índice de Pobreza Multidimensional (IPM)
O IDH 2010 introduziu o Índice de Pobreza Multidimensional (IPM), que identifica privações múltiplas em educação, saúde e padrão de vida nos mesmos domicílios. As dimensões de educação e saúde se baseiam em dois indicadores cada, enquanto a dimensão do padrão de vida se baseia em seis indicadores. Todos os indicadores necessários para elaborar o IPM para um domicílio são obtidos pela mesma pesquisa domiciliar.

Os indicadores são ponderados e os níveis de privação são computados para cada domicílio na pesquisa. Um corte de 33,3%, que equivale a um terço dos indicadores ponderados, é usado para distinguir entre os pobres e os não pobres. Se o nível de privação domiciliar for 33,3% ou maior, esse domicílio (e todos nele) é multidimensionalmente pobre. Os domicílios com um nível de privação maior que ou igual a 20%, mas menor que 33,3%, são vulneráveis ou estão em risco de se tornarem multidimensionalmente pobres.

Os dados da pesquisa para a estimativa do IPM do Brasil se referem a 2006. No Brasil, 2,7% da população sofrem de múltiplas privações, enquanto outros 7,0% estão vulneráveis a múltiplas privações. A amplitude da privação (intensidade) no Brasil, que é o percentual médio de privação vivenciado pelas pessoas na pobreza multidimensional, é de 39,3%. O IPM, que á a parcela da população multidimensionalmente pobre, ajustado pela intensidade das privações, é de 0,011.

O IPM é um indicador complementar de acompanhamento do desenvolvimento humano e tem como objetivo acompanhar a pobreza que vai além da pobreza de renda, medida pelo percentual da população que vive abaixo de PPP US$1,25 por dia. Ela mostra que a pobreza de renda relata apenas uma parte da história. No caso do Brasil, a contagem de pobreza multidimensional é 1,1 ponto percentual menor que a pobreza de renda. Isso implica que indivíduos que vivem abaixo da linha da pobreza de renda talvez tenham acesso a recursos de não renda.

Entenda o IDH
O IDH varia de 0 a 1 (quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano) e mede as realizações em três dimensões básicas do desenvolvimento humano – uma vida longa e saudável, o conhecimento e um padrão de vida digno. As três variáveis analisadas, dessa forma, são relacionadas à saúde, educação e renda.

Desde o ano passado o Relatório de Desenvolvimento Humano deixou de classificar o nível de desenvolvimento de acordo com valores fixos e passou a utilizar uma classificação relativa. A lista de países é dividida em quatro partes semelhantes. Os 25% com maior IDH são os de desenvolvimento humano muito alto, o quartil seguinte representa os de alto desenvolvimento (do qual o Brasil faz parte), o terceiro grupo é o de médio e os 25% piores, os de baixo desenvolvimento humano.

18 países incluídos este ano
Palau, Cuba, Seychelles, Antígua e Barbuda, Granada, Líbano, São Cristóvão e Névis, Dominica, Santa Lúcia, São Vicente e Granadinas, Omã, Samoa, Territórios Palestinos Ocupados, Kiribati, Vanuatu, Iraque, Butão, Eritreia.
Desenvolvimento Humano nos BRICS

Veja comparações do desenvolvimento humano do Brasil com o dos outros países do grupo chamado BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), economias em desenvolvimento que se destacam pelas semelhanças no ritmo de crescimento e pela influência geopolítica que exercem atualmente na arena internacional.

Para ler o relatório completo clique aqui: http://hdr.undp.org/en/reports/global/hdr2011/download/pt/