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sábado, 5 de dezembro de 2015

Mises Brasil (Helio Beltrao) interviewed by Mises Institute; audio

Ouçam aqui: https://mises.org/library/helio-beltr%C3%A3o-will-brazil-choose-marx-or-mises

Helio Beltrão: Will Brazil Choose Marx or Mises?

  • Helio Beltrão on Mises Weekends

August 21, 2015

Brazil is in a meltdown: its stock markets are crashing, inflation is over 10%, and huge numbers of people are marching in the street to demand the impeachment of President Dilma Rouseff. And while collectivism runs deep in Brazilian politics and academia, the tide may be turning—some protesters now carry signs demanding “Less Marx, More Mises.”
Our friend Helio Beltrão, President of Mises Institute Brazil, is here to explain what’s going on. Will Brazil continue to unravel, even as it prepares to host the world for the 2016 Summer Olympics? Or is there a path forward, led by a growing movement eager to shrug off the old guard of Marxist cronies?

Note: The views expressed on Mises.org are not necessarily those of the Mises Institute.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Brasil: o estatismo ganhou - Mary Anastasia O'Grady (Instituto Mises)

O Brasil optou por mais estatismo - a visão dos estrangeiros
por , Instituto Mises Brasil, terça-feira, 28 de outubro de 2014



militontos.jpgRecessão econômica, inflação de preços acumulada em 6,7% nos últimos 12 meses, e um audacioso esquema de corrupção na estatal Petrobras não foram suficientes para negar à presidente Dilma Rousseff, do PT, a reeleição para um segundo mandato.  Ela derrotou seu desafiante Aécio Neves, do Partido da Social Democracia Brasileira, por 51,63% a 48,36%. A campanha de Dilma baseou-se em uma plataforma anti-mercado e pró-assistencialismo, o que ajuda a explicar por que ela se saiu muito melhor nas regiões mais pobres e dependentes de auxílios do governo do que nas regiões prósperas voltadas para o agronegócio, como o sul e o centro-oeste, e na maior cidade brasileira, onde a economia se baseia majoritariamente no setor de serviços e em indústrias de alto valor agregado.
Assim como nos EUA, o Brasil também possui uma classe alta formada por eleitores urbanos de esquerda, que se sentem virtuosos em defender a intervenção estatal na vida de outras pessoas e em ajudar a ditadura cubana.  Porém, existe também um Brasil mais ambicioso, o qual é formado por empreendedores que se arriscam, por agropecuaristas competitivos globalmente e por uma ascendente classe média que anseia enormemente por uma maior integração com o resto do mundo.  Esses brasileiros queriam desesperadamente uma mudança para mais mercado e mais capitalismo, e viram no candidato Aécio Neves um representante mais próximo dessa mudança.  Foram esses brasileiros que fizeram com que as eleições presidenciais do último domingo fossem a mais apertada da história do Brasil.
Com esse resultado apertado, Dilma tem agora de descobrir o que fará com seus próximos quatro anos.  De um lado, ela pode imaginar ser possível consolidar o poder do PT — seu objetivo supremo — dando continuidade às políticas que utilizou até agora, não importa os custos para a economia.  Alternativamente, ela pode optar por fazer ajustes econômicos pragmáticos com o objetivo de restaurar a confiança e o crescimento.
Essa última opção é até possível, mas é bem improvável, pois os militantes do seu partido, que ganharam poderes e engordaram suas contas bancárias durante os governos do PT, querem ainda mais poder, e não menos.  Dilma pode até fazer algumas declarações aparentemente conciliatórias e, no curto prazo, implantar algumas medidas em prol de um pouco mais de liberdade econômica, como fez seu mentor Lula nos primeiros anos de seu governo, quando ele tinha o objetivo de acalmar os mercados que estavam em queda por temor de seu novo governo.  Uma vez alcançado esse objetivo, no entanto, Lula voltou para a esquerda.
As chances são de que Dilma fará o mesmo, assegurando por mais quatro anos a já tradicional reputação do Brasil para a mediocridade.  Somente se uma investigação criminal comprovar que Dilma e Lula sabiam sobre o esquema de corrupção na Petrobras é que as coisas podem se alterar substantivamente.
A grande ironia da campanha eleitoral é que, enquanto Dilma e Lula reivindicavam todo o crédito pelo crescimento econômico que o Brasil vivenciou na década de 2000, ambos se opuseram às reformas estruturais ocorridas na década de 1990.  A privatização de empresas estatais, a abertura (ainda que limitada) da economia brasileira à concorrência estrangeira, e a reforma monetária de 1994, que criou o real e acabou com a hiperinflação — todas essas medidas estimularam o desenvolvimento e, devido a essa geração de riqueza, possibilitaram a criação de programas assistencialistas mais generosos, os quais são a marca registrada do PT. 
Não fossem essas reformas da década de 1990 — às quais o PT se opôs —, não haveria chances de sucesso para os subsequentes governos do PT na década de 2000.
O problema é que o PT não quis aprofundar essas reformas, e a consequência é que o "milagre brasileiro" morreu no berço.  Na mais generosa das avaliações, o país é visto hoje como apenas mais um entre vários países em desenvolvimento; já na maioria das vezes, ele é visto lá no fim da fila.
Nem Lula e nem Dilma parecem se preocupar com desenvolvimento econômico.  De acordo com um relatório do Goldman Sachs, de 2004 a 2013, os gastos do governo cresceram a um ritmo de 8% ao ano, em termos reais, o que representou um crescimento mais de duas vezes maior do que o crescimento do PIB.  A inflação de preços está hoje em quase 7% ao ano para aqueles bens e serviços cujos preços não são controlados pelo governo.  E quando se considera apenas o setor de serviços, a inflação de preços está em 8,6% ao ano.  Para piorar, as expectativas quanto à inflação futura estão se deteriorando.
Dilma imaginou que poderia conter a carestia congelando o preço da gasolina, a qual é ofertada pela Petrobras, e o preço do etanol, o qual é ofertado por usineiros locais e utilizado por carros flexíveis em combustível.  No entanto, dado que os custos de produção continuaram aumentando (por causa da inflação crescente), a Petrobras e o setor sucroalcooleiro estão incorrendo em severos prejuízos.  Várias usinas de álcool já faliram e várias outras estão por falir.  Elas não sobreviverão caso essa política de congelamento de preços continue.
O PT se gaba de ajudar os pobres com políticas assistencialistas, mas a mesma mão que dá é aquela que tira — e a mão que tira é a mais pesada.  O aumento do protecionismo, os pesados encargos sociais e trabalhistas que oneram a folha de pagamento das empresas, os altos impostos sobre o consumo, uma infraestrutura em frangalhos, e as inflexíveis leis trabalhistas geram custos que impedem o aumento dos salários e que fazem com que o padrão de vida dos brasileiros esteja muito aquém do seu potencial.
Ainda mais preocupante é o estrago que o PT pode fazer com as instituições e com o estado de direito ao longo dos próximos 48 meses.  A sociedade civil brasileira é uma forte defensora das liberdades civis e do pluralismo.  No entanto, como um sagaz empresário me confidenciou, "Estamos vivenciando, passo a passo, uma tendência rumo à Argentina, à Bolívia e ao Equador".  Um exemplo é o decreto de maio, assinado por Dilma, que cria os "conselhos populares", os quais criariam um modelo semelhante ao que já existe na Venezuela.  Até o momento, o Congresso vem oferecendo resistência.  Porém, se o tradicional esquema de compra de votos ocorrer, ele pode capitular.
Trata-se de uma perspectiva pavorosa para qualquer pessoa que conheça um pouco de história.  Como já havia observado no século XVIII o filósofo David Hume: "A liberdade não é abolida de uma só vez; o processo ocorre em etapas." 
Hoje, Dilma é apenas uma política que ganhou uma eleição.  No futuro, os brasileiros podem aprender que o governo de um partido só e regras indefinidas são os verdadeiros projetos de longo prazo do PT.

Mary Anastasia O’Grady é editora do The Wall Street Journal e faz a cobertura de eventos da América Latina.

sexta-feira, 29 de agosto de 2014

Podcast do Instituto Mises - entrevista com Paulo Roberto de Almeida

134º Podcast Mises Brasil - Paulo Roberto de Almeida






logo_baixa.jpgPODCAST 134 - PAULO ROBERTO DE ALMEIDA

Desde 2003 a diplomacia brasileira, antes conhecida pela sua postura sóbria e atuação silenciosa, passou a figurar no noticiário e a ser pauta de conversas, mas não pelo lado positivo, mas pelo estardalhaço que passou a provocar. O governo do PT passou usar a política externa do país como instrumento de atuação ideológica do partido, principalmente na América Latina, sob orientação do então assessor especial para assuntos internacionais da Presidência, Marco Aurélio Garcia.

Sob a presidência Dilma, em julho, o Itamaraty divulgou nota em que condenava o uso desproporcional da força pelo governo Israel contra os terroristas do Hamas e recebeu de volta uma simpática declaração do porta-voz da chancelaria isralense, Yigal Palmor, de que o comportamento do governo brasileiro mostrava “a razão por que esse gigante econômico e cultural permanece politicamente irrelevante”.

O que aconteceu no âmbito da política externa brasileira? O Itamaraty mudou? Estas e outras questões são abordadas no ótimo livro Nunca Antes na Diplomacia - A Política Externa Brasileira em Tempos Não Convencionais, do diplomata Paulo Roberto de Almeida. Em entrevista ao Podcast do IMB, Paulo falou sobre os temas principais do seu livro e se em algum momento histórico a diplomacia brasileira agiu num sentido mais liberal.

O diplomata também contou como deixou de ser marxista, que se exilou durante a ditadura, para se tornar um liberal e explicou como as ideias liberais poderiam ajudar a diplomacia brasileira. Paulo também analisou a influência negativa do lulo-petismo nas relações internacionais do Brasil e de que forma essa orientação política poderá modificar a forma de agir e de pensar da diplomacia brasileira.

***

Todos os Podcasts podem ser baixados e ouvidos pelo site, pela iTunes Store e pelo YouTube.

E se você gostou deste e/ou dos podcasts anteriores, visite o nosso espaço na  iTunes Store, faça a avaliação e deixe um comentário.

Neste link: http://www.mises.org.br/FileUp.aspx?id=334

Eu preparei um texto antecipando essa entrevista, mas que é, obviamente, diferente do que foi falado.
Neste registro:
Texto dividido em seis partes para divulgação no blog Diplomatizzando, em 23/08/2014, segundo o esquema a seguir: 1) Diplomacia e política externa: quão diferentes? (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista.html); 2) Nunca Antes na Diplomacia: ideias boas e menos boas (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_23.html); 3) A diplomacia profissional e a engajada (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_93.html); 4) Existiria uma diplomacia liberal e outra menos liberal? (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_5.html; 5) Os estragos da diplomacia amadora sobre a política externa (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_95.html); 6) Ruptura de padrões e deterioração institucional na era do Nunca Antes (http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-entrevista_97.html). Consolidado em postagem sintética (23/08/2014: http://diplomatizzando.blogspot.com/2014/08/nunca-antes-na-diplomacia-alguns.html).

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Sobre a real taxa de desemprego no Brasil - Leandro Roque

A real taxa de desemprego no Brasil
por , sexta-feira, 30 de novembro de 2012

 

image001.jpgNão são poucas as pessoas que nos escrevem pedindo comentários e explicações sobre a supostamente baixa taxa de desemprego no Brasil.  De fato, um estrangeiro mais desinformado que olhe para os números brasileiros irá se sentir tentado a arrumar suas malas, vender sua casa europeia e vir voando com toda a família para o Brasil.
Quando me perguntam minha opinião sobre a taxa de desemprego no Brasil, apenas respondo: qual taxa?  A do IBGE ou a do DIEESE?  A do DIEESE é simplesmente o dobro da do IBGE.  Enquanto o IBGE fala que a taxa de desemprego de outubro foi de 5,3%, o DIEESE afirma que foi de 10,5%.  Dois indicadores iguais, uma margem de erro de incríveis 100%.  E as implicações disso são enormes.  Ao passo que uma taxa de desemprego de 5,3% é menor que a de todos os países europeus (exceto Suíça e Áustria), norte-americanos, asiáticos e da Oceania, uma taxa de 10,5% só é inferior à francesa, portuguesa, irlandesa, grega e espanhola.  Ou seja: o mesmo país, o mesmo indicador, duas realidades totalmente opostas.
Desde que comecei a prestar mais atenção no assunto — e, principalmente, desde que me inteirei melhor da metodologia —, perdi completamente o interesse pelo indicador.  Ele não indica nada.  A metodologia do IBGE é totalmente ridícula.  Um malabarista de semáforo é considerado empregado.  Um sujeito que vende bala no semáforo também está empregadíssimo.  Um sujeito que lavou o carro do vizinho na semana passada em troca de um favor é considerado empregado (ele entra na rubrica de 'trabalhador não remunerado').  Se um sujeito estava procurando emprego há 6 meses, não encontrou nada e desistiu temporariamente da procura, ele não está empregado mas também não é considerado desempregado.  Ele é um "desalentado".  Como não entra na conta dos desempregados, ele não eleva o índice de desemprego.
Além disso, o índice também coloca na rubrica 'empregado' todas aquelas pessoas que exercem trabalhos considerados precários, como o sujeito que trabalha poucas horas por semana e gostaria de trabalhar mais, mas não consegue (muito provavelmente por causa das regulamentações trabalhistas), e o sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo.  Ou seja, você substitui seu vizinho na barraca de pipoca dele por três dias.  Em troca, ele lha dá R$250.  Você foi considerado pelo IBGE como estando empregado — tendo efetivamente trabalhado 3 dias no mês.
Com todos esses truques, não é de se estranhar que o Brasil esteja com "pleno emprego", mesmo com sua arcaica legislação trabalhista, sua escandinava carga tributária e seus espoliadores encargos sociais e trabalhistas.
Mas isso, sejamos francos, não é uma exclusividade brasileira, não.  O governo americano, por exemplo, também divulga 2 índices, cada um com uma metodologia diferente.  Obviamente, ele se pauta apenas por aquele que fornece o mais róseo resultado.  Uma fonte privada complementa fornecendo o terceiro índice, bem mais rigoroso.  Veja abaixo:
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Na Europa, a coisa é ainda mais discrepante.  Alguém realmente acredita que o real desemprego na França e em Portugal é a metade do espanhol?  A impressão que tenho é que a Espanha é o único país que de fato adota uma metodologia mais rigorosa.
Indo para os finalmentes
Felizmente, o IBGE disponibiliza em seu site todos os dados coletados desde março de 2002, possibilitando que uma pessoa mais interessada em fatos e menos em ideologias possa analisar um pouco melhor a realidade do país.  A tabela divulgada para o mês de outubro está aqui.  Veja lá todas as categorias que mencionei acima: Pessoas Desalentadas, Pessoas Subocupadas por Insuficiência de Horas Trabalhadas, Pessoas Ocupadas com Rendimento/Hora menor que o Salário Mínimo/Hora, Pessoas Marginalmente Ligadas à PEA (População Economicamente Ativa).
Em termos práticos, na atual metodologia, se um gerente de banco é demitido e passa a fazer malabarismo no semáforo, a taxa de desemprego não se altera.  Se um desempregado lava o carro do vizinho em troca de um favor, a taxa de desemprego cai.
O leitor interessado pode baixar aqui uma enorme planilha de Excel com os valores de todas essas variáveis coletadas desde março de 2002.  Eu fiz isso e calculei uma taxa de desemprego mais realista. 
Coletei os seguintes dados:
1) pessoas desocupadas;
2) trabalhadores não remunerados;
3) pessoas com rendimento/hora menor que o salário mínimo/hora (aquele sujeito que faz vários bicos, mas cujo rendimento mensal é menor que o salário mínimo);
4) pessoas marginalmente ligadas à PEA (pessoas que não estavam trabalhando na semana da pesquisa mas que trabalharam em algum momento dos 358 dias anteriores à pesquisa e que estavam dispostas a trabalhar); e
5) pessoas desalentadas.
De canja para o governo, deixei de fora as pessoas subocupadas, pois uma pessoa que trabalha regularmente um determinado número de horas por semana não está tecnicamente desempregada.
Somei estes cinco itens e dividi pela soma entre população economicamente ativa, pessoas marginalmente ligadas à PEA e pessoas desalentadas. (Estas duas últimas também não entram no denominador do cálculo do IBGE porque não são consideradas economicamente ativas pelo IBGE, o que é um despropósito.)
Logo, a real taxa de desemprego brasileiro é essa abaixo:
taxa.png
Portanto, a real taxa de desemprego no Brasil em outubro foi de 20,8%.  Nada surpreendente quando levamos em conta nossa legislação trabalhista e tributária.  Encargos sociais e trabalhistas onerosos em conjunto com uma paquidérmica carga tributária sobre as empresas não poderiam permitir outro resultado senão esse.  Um quinto da população sem emprego fixo após três anos de economia "pujante", segundo o animador de circo que habita o Ministério da Fazenda.
Observe o efeito da expansão artificial do crédito criada pelo Banco Central em conjunto com o sistema bancário de reservas fracionárias a partir de meados de 2009.  Sem que nenhuma alteração na estrutura da economia brasileira houvesse sido feita, a taxa de desemprego caiu para o historicamente baixo nível de 20%.  Por isso ela é insustentável: ela é totalmente guiada pela expansão do crédito, um mecanismo de curto prazo
A economia, como foi previsto neste site ainda no segundo semestre do ano passado, já está parada.  O desemprego, como em todos os outros países, tende a ser a última variável a ser afetada.

Leandro Roque é o editor e tradutor do site do Instituto Ludwig von Mises Brasil.

postado por Leandro Roque | 30/11/2012

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Meira Penna: o mais longevo liberal brasileiro - Podcast do Instituto Mises Brasil

PODCAST 101 - J. O. DE MEIRA PENNA

Nascido num país onde a liberdade nunca foi um dado cultural e justamente no ano da revolução bolchevique em 1917, José Osvaldo de Meira Penna se transformou num ícone das ideias da liberdade no Brasil. Diplomata de carreira, Meira Penna construiu uma vida intelectual brilhante com livros fundamentais para entender o Brasil, como Em Berço Esplêndido - Ensaios de psicologia coletiva brasileira, Opção Preferencial Pela Riqueza, O Brasil na Idade da Razão e O Dinossauro. Aos 96 anos, Meira Penna talvez seja o mais longevo liberal brasileiro.

Lúcido e ativo, Meira Penna concedeu esta entrevista histórica ao Podcast do Instituto Mises Brasil para contar uma parte de sua vida e ideias, que também são parte da história do liberalismo no Brasil. Nesta conversa, realizada graças à ajuda valiosa de Bráulio Porto de Matos, Luiz Jardim e Daniel Marchi, o embaixador aposentado conta por que se tornou um liberal, quais foram os primeiros autores que leu, o encontro com Hayek no Brasil e o ingresso na, e as reuniões da, Mont Pelerin Society.

Ele também explicou a concepção psicológica do brasileiro, elaborada a partir das teses de C. G. Jung, a influência do positivismo na política nacional, e a ausência, desde a colonização, de um ambiente favorável à livre iniciativa devido à ausência de capitalismo, resistências burocráticas, patrimonialismo, escravidão, nacionalismo míope e ressentido, elementos que ajudam a explicar a relação de dependência e servidão de parte da sociedade brasileira em relação ao governo e a própria atuação das instituições políticas.

É uma honra para este Podcast compartilhar a entrevista com os ouvintes.


Com vocês, J. O. de Meira Penna

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O manifesto libertario de Murray Rothbard - livro no Instituto Mises Brasil

Por uma nova liberdade - o manifesto libertário
por , sexta-feira, 11 de outubro de 2013

 

Manifesto_Livro.jpg
Clique na foto para adquirir o livro
Existem muitas variantes do libertarianismo vivas no mundo atual, porém o rothbardianismo continua a ser seu centro de gravidade intelectual, sua consciência primordial, seu cerne moral e estratégico, e o ponto focal de debate até mesmo quando seu nome não é mencionado.  
O motivo é que Murray Rothbard foi o criador do libertarianismo moderno, um sistema político-ideológico que propõe uma fuga decisiva das armadilhas da esquerda e da direita e de seus planos centrais acerca de como o poder estatal deve ser usado. O libertarianismo é a alternativa radical que afirma que o poder estatal é impraticável e imoral.
"Senhor Libertário" era como Murray N. Rothbard era chamado, e também de "O Maior Inimigo Vivo do Estado". Ele continua a sê-lo.  Sim, ele teve muitos antecessores, pelos quais ele foi influenciado: toda a tradição liberal clássica, os economistas austríacos, a postura anti-belicista da Old Right americana, e a tradição dos direitos naturais.  Porém, foi ele quem juntou todas estas peças em um sistema unificado que a princípio parece implausível, mas que, uma vez definido e defendido por Rothbard, se mostra inevitável.  As peças individuais deste sistema são claras, (autonomia individual, direitos de propriedade indeléveis, mercados livres, e uma postura anti-estado em todos os aspectos concebíveis), porém suas implicações são impactantes.
Após você ser exposto ao panorama completo — e Por uma Nova Liberdade vem sendo o principal meio de exposição por mais de um quarto de século — é impossível esquecê-lo.  Ele se torna a lente indispensável pela qual podemos ver os eventos no mundo real com a maior clareza possível.
Este livro, mais que qualquer outro, explica por que a importância de Rothbard parece aumentar ano após ano (sua influência cresceu enormemente desde sua morte) e por que o rothbardianismo tem tantos inimigos na esquerda, na direita e no centro.  A ciência de liberdade que ele trouxe claramente à tona é, pura e simplesmente, tão eletrizante na esperança que ela cria de um mundo livre quanto é implacável com o erro. Sua consistência lógica e moral, aliada à sua força intelectual, representa uma ameaça a qualquer visão ideológica que procure utilizar o estado para refazer o mundo de acordo com algum plano pré-programado.  E, com a mesma intensidade, ela impressiona o leitor com uma visão auspiciosa do que pode ser realizado.
Rothbard começou a escrever este livro logo após receber uma ligação de Tom Mandel, um editor da Macmillan que havia visto um editorial de Rothbard no The New York Times publicado na primavera de 1971.  Foi a única comissão recebida por Rothbard em toda a sua vida de uma editora comercial.  Quando examinei o manuscrito original, tão consistente em sua tipografia e praticamente finalizado após o seu primeiro rascunho, pareceu-me visível que, para Rothbard, escrevê-lo foi uma alegria quase natural.  Ele é consistente, implacável e enérgico.
O contexto histórico ilustra um ponto que frequentemente é ignorado: o libertarianismo moderno não nasceu em reação ao socialismo ou ao esquerdismo — embora ele seguramente seja anti-esquerda e anti-socialismo.  Para ser mais exato, o libertarianismo, em seu contexto histórico, surgiu como uma resposta ao estatismo do conservadorismo e sua celebração seletiva de um planejamento central de estilo conservador.  Os conservadores podem não adorar o estado de bem-estar social ou as regulamentações econômicas excessivas, porém apreciam o exercício do poder em nome do nacionalismo, do belicismo, de políticas "pró-família" e da invasão da privacidade e da liberdade pessoal.  No período após o governo do democrata Lyndon Johnson, os presidentes republicanos, ainda mais do que os democratas, foram responsáveis pelas mais intensas expansões dos poderes executivo e judiciário.  E foi para defender uma liberdade pura contra as concessões e corrupções do conservadorismo — iniciando-se com o período de Nixon, porém continuando ao longo das presidências de Reagan e Bush — que a economia política rothbardiana foi criada.
Também é notável como Rothbard opta por não usar meias-palavras em seu argumento. Outros intelectuais que tivessem recebido um convite semelhante poderiam ter sucumbido à tentação de diluir seus argumentos, para torná-los mais palatáveis. Por que, por exemplo, defender a ausência do estado quando defender um governo limitado poderia trazer mais pessoas para o movimento?  Por que condenar o imperialismo americano quando fazê-lo apenas acabaria limitando a atração do livro a conservadores anti-soviéticos que, não fosse por este motivo, poderiam apreciar suas inclinações ao livre-mercado?  Por que se aprofundar tanto na privatização dos tribunais, estradas e dos sistemas hídricos e correr o risco de, ao fazê-lo, se indispor com tantas pessoas?  Por que entrar no terreno pantanoso da regulamentação do consumo e da moralidade pessoal — e fazê-lo com uma consistência tão desconcertante — quando seguramente um público maior teria sido atraído caso isto não fosse feito?  E por que entrar em detalhes como questões monetárias, bancos centrais e tópicos semelhantes quando um argumento mais diluído em prol da livre iniciativa teria agradado muito mais em termos gerais?
Porém, enfeitar e ceder para agradar ou ganhar mais público simplesmente não era uma de suas características. Ele sabia que tinha uma oportunidade única na vida de apresentar o pacote completo do libertarianismo, em toda a sua glória, e não estava disposto a abrir mão disto.  E é por isso que lemos neste livro não apenas um argumento para a diminuição do governo, mas também para a sua eliminação pura e simples; não apenas um argumento para a atribuição de direitos de propriedade, mas também para a submissão ao mercado até mesmo em questões relativas a aplicações de contratos; e não apenas um argumento a favor do corte do assistencialismo, mas também para o completo banimento de todo o sistema de bem-estar social.
Enquanto outras tentativas de se defender o libertarianismo, tanto antes quanto depois deste livro, costumam pedir por simples medidas de transição ou estão dispostas a ceder o máximo possível aos estatistas, não é isto que Murray nos oferece.  Não ele, para quem sistemas como vouchers escolares ou a privatização de programas governamentais não deveriam sequer existir.  Em seu lugar, ele apresenta e dá sequência à visão inteiramente completa e totalmente revigorante do que deve ser a liberdade.  É por isto que tantas outras tentativas semelhantes de se escrever o Manifesto Libertário não resistiram ao teste do tempo, enquanto este livro continua a ser tão procurado.
Da mesma maneira, muitos livros foram escritos sobre o libertarianismo durante estes anos, que cobriram apenas a filosofia, a política, a economia ou a história.  Aqueles que reuniram todos estes temas geralmente eram coletâneas de diversos autores.  Apenas Rothbard tinha o domínio em todos os campos, o que lhe permitiu escrever um manifesto integral — um que jamais foi superado.  E ainda assim, sua abordagem é tipicamente modesta: ele constantemente se refere a outros escritores e intelectuais do passado e de sua própria geração.
Ademais, algumas introduções deste tipo são escritas para dar ao leitor uma transição mais facilitada para um livro difícil; este, no entanto, não é o caso aqui.  Ele jamais se refere ao leitor com condescendência, mas sempre com clareza.  Rothbard fala por si mesmo.  Pouparei o leitor de uma lista de minhas partes favoritas, ou de especulações sobre quais passagens Rothbard teria tornado mais claras se ele tivesse tido a chance de lançar uma nova edição.  O leitor perceberá por sua própria conta como cada página exala energia e paixão, como a lógica de seu argumento é incrivelmente persuasiva, e como o fogo intelectual que inspirou esta obra escrita há mais de 40 anos continua a arder hoje com a mesma intensidade.
Este livro é considerado "perigoso" exatamente porque, uma vez ocorrida a exposição ao rothbardianismo, nenhum outro livro sobre política, economia ou sociologia poderá novamente ser lido da mesma maneira.  O que era um fenômeno comercial acabou por se tornar genuinamente um manifesto clássico, o qual, prevejo, será lido por muitas gerações vindouras.

Lew Rockwell é o presidente do Ludwig von Mises Institute, em Auburn, Alabama, editor do website LewRockwell.com, e autor dos livros Speaking of Liberty e The Left, the Right, and the State.


Tradução de Leandro Roque

quinta-feira, 3 de outubro de 2013

Paralisacao do governo americano: uma boa coisa - Gary North

Contrariamente à visão catastrofista que vem sendo propagada pela imprensa e pelo próprio governo americano, a cessação, interrupção ou paralisação de apenas algumas atividades do governo (não típicas de governo, mas prestadas, sem que se conteste, pelo governo), essa situação não é tão ruim assim, e pode até ser ótima, segundo este liberal americano, partidário da Escola Austríaca de Economia.
Pensando bem, pode ser mesmo verdade. O governo será obrigado a fazer aquilo que só ele pode fazer, suas tarefas mais essenciais: defesa, relações exteriores, segurança dos cidadãos, e paremos por aí.
Muitas outras atividades continuam, mas dezenas delas poderiam tranquilamente passar a ser prestadas em regime de concorrência pelo setor privado, como aliás já ocorre em diversas esferas, como na educação e na saúde. Aliás, foi por causa do programa socialista de seguro-saúde que o conflito se deu entre a maioria republicana da Câmara e o Executivo federal.
Mais da metade dos americanos não aceita pagar seguro-saúde para outras pessoas que não eles mesmos, e metade do Congresso também não concorda com a ideia. Por que Obama insiste? O presidente americano faria um bom socialista europeu, mas não faz tanto sucesso assim nos Estados Unidos.
O que é mais grave? Um monte de funcionários totalmente inúteis continuando a gastar o dinheiro dos contribuintes, ou um fechamento das atividades não essenciais do governo?
O teste está sendo feito na economia keynesiana na qual vivemos pelo menos nos últimos 70 anos, como argumenta Gary North. Se der certo (mas suspeito que vão voltar atrás, o que seria uma pena), se poderia começar uma nova era de governos enxutos e reduzidos ao essencial.
Seria bom no Brasil, mas sabem quando isso vai acontecer por aqui?
Mais ou menos em 2.345..., ou seja, não se entusiasmem...
Paulo Roberto de Almeida

A paralisação do governo americano e o pavor dos keynesianos
Instituto Mises Brasil, terça-feira, 1 de outubro de 2013

 

government-closed.jpgO governo americano está, a partir desta terça-feira, 1º de outubro, com pagamentos de funcionários públicos e de fornecedores, bem como repasses a estados e municípios, suspensos por falta de orçamento.  A oposição republicana se manteve irredutível: só votaria o orçamento do ano fiscal de 2014 se a Casa Branca concordasse em postergar em um ano a adoção da reforma da Saúde.  Como isso não ocorreu, o orçamento não foi votado e, como consequência, grande parte do setor público dos EUA será "paralisado" a partir desta terça-feira.
Segundo uma reportagem do governista The Washington Post, a paralisação do governo americano está longe de ser uma genuína paralisação.
Portanto, é hora de começarmos a pensar em como realmente seria esta paralisação do governo federal.
Nem todas as funções do governo irão simplesmente se evaporar no dia 1º de outubro.  Os cheques da Previdência Social continuariam sendo enviados pelos Correios, os quais também continuariam funcionando.  O controle de tráfego aéreo, os pagamentos de pensões, os serviços militares, os serviços médicos e controle de fronteiras, entre outros, também continuarão ativos.  Porém, vários ministérios e agências federais serão fechados, desde o Ministério da Educação até centenas de parques nacionais, e seus funcionários ficarão em casa em licença não-remunerada.
Como é que é?  O Ministério da Educação será fechado?  Uma agência que supervisiona um fracasso universalmente reconhecido será fechada e isso deve ser visto como algo ruim, como uma ameaça? Próxima!
Os parques nacionais serão fechados?  Sem problemas!  O governo pode simplesmente elevar os preços das entradas para conseguir algum lucro.  Cobrar valores inteiros em vez de subsidiados por impostos não é o mesmo que um fechamento.  Mas e se os americanos não quiserem pagar para visitar parques federais?  Aí então a ameaça de um fechamento não é realmente uma ameaça.  Seria apenas o fechamento de algo pelo qual os turistas não querem pagar para visitar.
Keynesianos têm um mantra: os benefícios dos gastos do governo federal sobrepujam os malefícios dos déficits.  Trata-se de um raciocínio econômico tosco.  Já a Escola Austríaca de economia possui um outro mantra: redução de impostos aumenta a liberdade.  Os EUA estão prestes a testar o primeiro mantra.
Esta reportagem da CNN é típica.
Um fechamento do governo poderia custar à ainda debilitada economia americana aproximadamente US$1 bilhão em salários não-pagos a funcionários públicos federais que serão compulsoriamente colocados em licença não-remunerada.  E esta é apenas a ponta do iceberg.
Em primeiro lugar, estima-se que 800.000 funcionários públicos que ficarão sem emprego.  Este é praticamente o mesmo número de trabalhadores empregados por todas as linhas de montagem de automóveis e por todas as fábricas de autopeças do país.
O inchaço federal será reduzido.  Isso apavora os keynesianos.  No entanto, o que pode ocorrer é que dificilmente alguém irá notar a ausência destes burocratas.  O maior perigo é que o cidadão americano descubra que tudo aquilo que estes burocratas fazem à custa dos pagadores de impostos pode perfeitamente ser feito sob um arranjo de "taxas em troca de serviços".  Talvez empresas privadas possam ofertar tais serviços.  Talvez o governo possa, em vez de cobrar impostos universais, cobrar apenas dos usuários destes serviços uma taxa que cubra os custos.
Se um cidadão quer ir a um museu federal ou a um parque nacional, ele que pague para entrar.  É assim que funciona na Disney.  Um grande conceito.  Nada de férias grátis para alguns eleitores que gostam de tais atividades.
Se um cidadão americano quiser um passaporte, ele pode pagar separadamente para o governo lhe vender um.  Por que tal atividade deveria ser subsidiada pelos pagadores de impostos?
Estes trabalhos por acaso exigem grandes habilidades?  Não.  Pode o governo contratar trabalhadores avulsamente, a um salário de US$15 a hora, sem benefícios de aposentadoria e sem ter de pagar seguro-saúde?  É claro que sim.
Este fechamento do governo americano irá revelar aquilo que os cidadãos que realmente pagam impostos já sabem: há muita gordura no governo federal.  Há vários burocratas recebendo salários nababescos e sendo protegidos pelo seu status de funcionário público.  Eles fazem trabalhos que podem ser perfeitamente terceirizados, a custos bem mais baixos, para o setor privado.
Eis uma rápida lista de empregos públicos que serão cortados.
Adicionalmente, o estrago para a economia é muito maior do que apenas o gasto público federal.  Aqueles empregados públicos considerados "não-essenciais" são sim essenciais para vários setores da economia que dependem deles.  Por exemplo, a perda de dados do Departamento da Agricultura fará com que seja mais difícil para agricultores e investidores tomarem decisões.
O que ocorrerá se todo o Ministério da Agricultura for fechado?  Os subsídios e as tarifas protecionistas para os ineficientes acabarão.  Regulamentações restringentes serão abolidas. A produção agrícola irá aumentar.  Os preços dos alimentos cairão.
E então há estes burocratas.
O aparato regulatório também sofrerá.  A Comissão de Valores Mobiliários colocará vários de seus empregados em licença não-remunerada, mas não quis fornecer o número exato.  A Comissão emitiu uma declaração dizendo que a agência "permanecerá aberta e funcional mesmo que o governo federal enfrente um lapso em suas apropriações".
Commodities Futures Trading Commission [responsável pelo mercado de futuros] irá dispensar 652 de seus 680 funcionários.  Isso deixará 28 pessoas para regular boa parte do mercado de derivativos, que gira US$565 trilhões.  Sim, trilhões.
Nenhum destes burocratas é vital.  Nenhum deles foi capaz de alertar sobre a crise de 2008.  O Diário Oficial da União publica 80.000 páginas de novas regulamentações por ano.  E se elas fossem reduzidas a zero?  Os EUA reconquistariam boa parte de suas liberdades.
Quantos destes 800.000 empregos públicos podem ser abolidos ou terceirizados?  Por que não fazer um teste para descobrirmos?
Porém, economistas dizem que o impacto virá não somente destes salários que deixarão de ser pagos aos funcionários públicos, mas também de vários empreendimentos ligados a estes funcionários públicos, os quais terão de retrair ou até mesmo interromper seus negócios.  Isto irá levar a uma retração nos gastos dos trabalhadores destas empresas afetadas.
O impacto econômico total supostamente será pelo menos 10 vezes maior do que o simples cálculo dos salários não-pagos aos funcionários públicos, disse Brian Kessler, economista da Moody's Analytics.  Sua empresa estima que uma paralisação de três a quatro semanas irá custar à economia americana aproximadamente US$55 bilhões.
Isso significa que o impacto econômico de um fechamento de um mês seria praticamente igual aos distúrbios causados conjuntamente pelo furacão Katrina e pela super-tempestade Sandy, desconsiderando os danos físicos causados por essas tempestades.
Em suma: gastos federais são positivos para a economia, pois, dentre outras coisas, ajudam a manter aquelas empresas privadas voltadas exclusivamente para atender às demandas destes gastos públicos.  Um corte de gastos tem o mesmo poder destruidor de um furacão.  Sério.
Várias empresas privadas, como empreiteiras que possuem contratos com o governo federal, terão de reduzir seu quadro de empregados caso não mais consigam os contratos de prestação de serviços que normalmente conseguem junto ao governo.  Há também uma grande variedade de empreendimentos que dependem do governo para conduzirem suas operações rotineiras — por exemplo, empresas de turismo que dependem de os parques nacionais permanecerem abertos.
O corporativismo e o clientelismo serão reduzidos?  Empresas terão de se virar no livre mercado, sem usufruir contratos privilegiados e superfaturados junto ao governo?  Isso soa extremamente produtivo.
Um fechamento do governo irá também afetar pequenos empreendimento, uma vez que [a agência reguladora] Small Business Administration também não mais poderá processar pedidos de empréstimos.
Isso é positivo.  Empreendimentos de alto risco, esbanjadores e subsidiados pelo governo não serão iniciados.
Mas o que realmente preocupa os economistas não é o que ocorrerá em decorrência de um fechamento do governo.  A real preocupação é se a atual batalha legislativa irá impedir que o teto da dívida seja elevado antes que o Tesouro fique sem dinheiro para pagar as contas nacionais.
A não-elevação do teto da dívida seria excelente.  Isso significa menos dinheiro sendo retirado de atividades produtivas para ser desviado para os títulos do governo.  Isso significa que o dinheiro poderá ir para o setor privado em vez de financiar as ineficiências estatais. 
Até agora, tudo está ótimo.
Mark Zandi, economista-chefe da Moody's Analytics, testemunhou perante o Congresso na semana passada e disse que, embora um fechamento do governo vá gerar uma redução no crescimento econômico, a não-elevação do teto dívida irá forçar o governo a implementar profundos cortes de gastos, os quais iriam rapidamente afundar a economia americana em uma nova recessão.
Isso é keynesianismo em estado bruto.  É sempre bom ter uma chance de testar o keynesianismo em condições de laboratório.
Será que realmente devemos acreditar que é impossível o governo federal equilibrar seu orçamento?  Se isso de fato for verdade, então ele inevitavelmente irá quebrar, e isso o obrigará a equilibrar o orçamento. 
Portanto, o orçamento terá de ser equilibrado de um jeito ou de outro.  Isso deve ser feito agora ou mais tarde?  Meu voto é que seja agora.
Que comece o teste.  Quais burocratas serão dispensados?  Por quanto tempo?  Quais podem ser terceirizados?
Isso irá responder a uma pergunta: "E se nada daquilo com que a maioria dos eleitores realmente se importa for fechado?"
Conclusão
A frase "fechamento do governo" não significa realmente um "fechamento do governo".  Significa "paralisação de atividades improdutivas".  Significa "paralisação de subsídios para grupos de interesse".
E os Correios?  Serão fechados?  Não.
E a CIA?  Será fechada?  Não.
E a agência de bisbilhotagem NSA?  Será fechada?  Não.
E a TSA [Transportation Security Administration] e seus burocratas que apalpam as partes íntimas de passageiros nos aeroportos?  Será fechada?  Não.
E o Departamento de Segurança Interna?  Será fechado?  Não.
Minha sugestão: parem de se preocupar com um fechamento do governo.  Ao contrário, preocupem-se com o fato de que grande parte do governo ainda continuará funcionando.

Gary North , ex-membro adjunto do Mises Institute, é o autor de vários livros sobre economia, ética e história. Visite seu website