| Having trouble seeing this email? | |||||||||
| |||||||||
| |||||||||
| |||||||||
| |||||||||
| World Bank | 1818 H Street NW, Washington, DC 20433 | |||||||||
|
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas. Ver também minha página: www.pralmeida.net (em construção).
Mostrando postagens com marcador mercado de trabalho. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador mercado de trabalho. Mostrar todas as postagens
terça-feira, 17 de julho de 2018
Banco Mundial: publicacao sobre as migrações e os mercados de trabalho
quinta-feira, 29 de junho de 2017
Alemanha e Brasil: o grande diferencial em empregos sofisticados - Paulo Gala
|
domingo, 3 de novembro de 2013
Diplomata corporativo: um novo animal que pertence a outra especie da mesma familia
Maíra Amorim
O Globo, 13/10/2013
O caminho mais conhecido para quem se forma em relações internacionais é o da carreira diplomática tradicional, o que inclui passar no concurso para o Instituto Rio Branco e integrar os quadros do Itamaraty no Brasil e no mundo. Porém, com a globalização da economia e a valorização do Brasil no cenário internacional, começa a crescer o mercado de atuação para esses profissionais dentro de empresas. São os chamados diplomatas corporativos, que atuam principalmente em multinacionais, mas também já começam a ser requisitados por companhias brasileiras.
— Há cerca de quatro anos, existia o desconhecimento desse perfil do diplomata corporativo, mas, hoje, o conceito de interculturalidade é cada vez mais valorizado — explica Marcelo Guedes, coordenador do curso de relações internacionais da ESPM Rio, que existe desde 2007 com foco na diplomacia corporativa.
O campo de atuação, diz Guedes, é amplo — empresas privadas, multinacionais ou não, ONGs, agências governamentais, instituições internacionais, consultorias, agências de recursos humanos e instituições financeiras — e os salários são bons. Um estagiário pode chegar a ganhar R$ 2 mil e um recém-formado tem salário entre R$ 4,5 mil e R$ 5 mil.
A possibilidade ampla de atuação em um mercado aquecido e de boa remuneração foram fatores que atraíram João Araujo, de 26 anos, para essa carreira. Formado em RI há um ano, ele está há dois na L’Oréal, onde atua como analista de trade marketing.
— Meu foco sempre foi a diplomacia corporativa: entrei na faculdade já querendo trabalhar em uma multinacional com marketing internacional e adaptação de mercados — conta João, que, antes da L’Oréal, estagiou no Consulado Britânico. — O que me atrai é a oportunidade de fazer a adequação de estratégias globais ao mercado local.
Crescimento mais rápido
Para Camila de Frias, 22 anos, a opção por fazer RI veio por conta da atração por diferentes culturas e por negociação. Durante a faculdade, que terminou no ano passado, chegou a pensar em fazer o concurso do Instituto Rio Branco.
— Mas a dificuldade da prova e o fato de o crescimento na carreira não ser tão rápido foram dois empecilhos que me fizeram optar pela diplomacia corporativa — ressalta Camila, que é analista de roaming internacional na TIM e já estagiou na Petrobras e na Lufthansa.
Coordenador do curso de relações internacionais da Estácio, Ronald Paschoal diz que é comum que seus alunos tenham dúvidas sobre se devem enveredar para a política ou para o meio empresarial quando começam a graduação.
— Mas, depois que eles começam a entender melhor sobre o assunto, conseguem escolher com mais clareza — aponta Paschoal, que coordena o segundo curso de RI mais antigo do país, lançado em 1984, e vê boas possibilidades de crescimento de mercado para o profissional da área. — As empresas estão crescendo e se internacionalizando cada vez mais. Então, a tendência é que haja mais oportunidades. Ou ao menos a manutenção do cenário atual, porque é algo que depende do andamento da economia também. A empregabilidade de quem se forma está entre as mais altas.
Domínio de idiomas é fundamental
Para quem quer trabalhar como diplomata corporativo, a fluência em inglês é requisito essencial — até porque, muitas instituições de ensino têm disciplinas ministradas no idioma. Além disso, quanto mais línguas o profissional falar, mais chances tem de crescer e ampliar seu campo de atuação.
— Conhecer somente o inglês já não basta. O espanhol também é necessário e o terceiro idioma pode ser escolhido de acordo com os interesses pessoais. Quem gosta de Oriente Médio, por exemplo, pode aprender árabe, o que abre oportunidades de trabalhar com empresas dessa origem — destaca Marcelo Guedes, coordenador do curso de Relações Internacionais da ESPM Rio.
Bruna Gomes, que fala inglês, espanhol e francês e trabalha na área de serviços financeiros da TIM, onde entrou como estagiária há três anos, acha que ser fluente em línguas, além de ser importante para execução de tarefas do dia a dia, a ajuda se manter atualizada.
— Assim posso ler revistas e jornais de fora para conhecer novidades e me informar sobre inovações internacionais — afirma Bruna, de 21 anos, que escolheu a carreira corporativa porque se identifica com um perfil mais prático. — O diplomata do Itamaraty, por outro lado, tem um perfil mais teórico.
Oportunidades na área de RH também
O que também levou Bruna a seguir por esse caminho foi a multidisciplinaridade exigida do diplomata corporativo:
— O curso de RI é muito abrangente e acaba passando uma visão completa que capacita a analisar e desenvolver projetos em várias frentes.
Comércio exterior, importação e exportação, despacho aduaneiro, negociação, compra e venda, logística, marketing internacional, setor farmacêutico, RH e petróleo são algumas das áreas que mais estão requisitando profissionais de relações internacionais, como destaca o coordenador do curso de RI da Estácio, Ronald Paschoal:
— É interessante notar que a área de recursos humanos está crescendo bastante, com o aumento da contratação de profissionais estrangeiros e a alocação de brasileiros no exterior.
Paschoal destaca, também, as oportunidades internacionais que se abrem por quem se forma em RI. Muitos de seus alunos, por exemplo, viajaram para abrir novos negócios no exterior.
— Outra função da diplomacia corporativa é auxiliar a abrir e estabelecer empresas locais em países estrangeiros — diz o coordenador da Estácio.
Marcelo Guedes, da ESPM-RJ, explica que, se o diplomata tradicional lida com conflitos entre regiões geopolíticas, o orporativo trabalha com empresas que têm culturas e valores diferentes.
— É importante ter um profissional para saber o quanto se deve adequar um negócio à realidade brasileira e vice-versa — avalia Guedes.
Para se destacar na profissão, o coordenador da ESPM ressalta ainda a necessidade de constante atualização:
— Esse profissional tem que gostar de ler e deve ser extremamente antenado e ávido por encontros e debates.
Pensando nisso, João Araujo, da L’Oréal, pensa em fazer uma pós-graduação em administração e passar um tempo fora durante o curso:
— Acho que seria muito bom para agregar à minha carreira.
Camila de Frias já cursa uma pós em negócios internacionais e Bruna Gomes busca o curso mais adequado ao seu direcionamento de carreira.
— Me sinto sempre demandada a conhecer algo novo — diz Bruna.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
Professor de RI contemporaneo: Wanted (for good reasons)
CONCURSO PARA PROFESSOR DOUTOR EM RELAÇÕES INTERNACIONAIS CONTEMPORÂNEAS
O Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo abriu concurso para a contratação de um professor doutor, em regime de dedicação integral, na área de Relações Internacionais Contemporâneas. Os pontos do programa são: 1. Análise comparada de política externa; 2. Conflitos e segurança internacional; 3. Economia política e relações internacionais; 4. Enfoques teóricos na análise das relações internacionais; 5. Instituições domésticas, atores e política internacional; 6. Organizações internacionais, ordem e governança global; 7. O debate metodológico em relações internacionais; 8. Democracia e Relações Internacionais; 9. Relações sul-americanas e integração regional; 10. Regimes internacionais; 11. Política externa brasileira contemporânea. O IRI é responsável pelo Bacharelado em Relações Internacionais e pela Pós-Graduação em Relações Internacionais (Mestrado e Doutorado). O edital pode ser acessado em www.iri.usp.br, e as inscrições serão recebidas de 11.01.2013 a 11.03.2013, devendo o candidato optar por realizar as provas em português ou inglês.
O Instituto de Relações Internacionais (IRI) da Universidade de São Paulo abriu concurso para a contratação de um professor doutor, em regime de dedicação integral, na área de Relações Internacionais Contemporâneas. Os pontos do programa são: 1. Análise comparada de política externa; 2. Conflitos e segurança internacional; 3. Economia política e relações internacionais; 4. Enfoques teóricos na análise das relações internacionais; 5. Instituições domésticas, atores e política internacional; 6. Organizações internacionais, ordem e governança global; 7. O debate metodológico em relações internacionais; 8. Democracia e Relações Internacionais; 9. Relações sul-americanas e integração regional; 10. Regimes internacionais; 11. Política externa brasileira contemporânea. O IRI é responsável pelo Bacharelado em Relações Internacionais e pela Pós-Graduação em Relações Internacionais (Mestrado e Doutorado). O edital pode ser acessado em www.iri.usp.br, e as inscrições serão recebidas de 11.01.2013 a 11.03.2013, devendo o candidato optar por realizar as provas em português ou inglês.
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Emprego no Brasil: faltam profissionais qualificados locais
As estatísticas do MTE de ingresso de profissionais estrangeiros no Brasil confirmam a falencia do terceiro ciclo brasileiro em formar profissionais adequados (geralmente em areas técnicas e científicas) e nos números necessários para atender a demanda local. A situacao vai persistir por algum tempo até que o próprio mercado estabilize oferta e demanda nos níveis apropriados.
Precisamos de Ciencia Sem Fronteiras nas humanidades? Certamente nao, e provavelmente vamos ter de continuar insistindo nas áreas científicas e técnicas.
Paulo Roberto de Almeida
Precisamos de Ciencia Sem Fronteiras nas humanidades? Certamente nao, e provavelmente vamos ter de continuar insistindo nas áreas científicas e técnicas.
Paulo Roberto de Almeida
MTE (30/01/2013) – VISTOS DE TRABALHO CONCEDIDOS EM 2012, BALANÇO.
BRASIL
CONCEDEU 73 MIL VISTOS DE TRABALHO A ESTRANGEIROS EM 2012. OS
PROFISSIONAIS SÃO ALTAMENTE QUALIFICADOS E VIERAM EXERCER PROFISSÕES NAS
ÁREAS DE GERÊNCIA E SUPERVISÃO DE EMPRESAS. Em 2012 foram concedidas
73.022 autorizações de vistos a estrangeiros, segundo dados divulgados
pela Coordenação Geral de Imigração (CGig) do Ministério do Trabalho e
Emprego (MTE). Das autorizações concedidas no ano, 64.682 foram
temporárias e 8.340 permanentes. Nas autorizações temporárias, o visto
destinado ao profissional com vínculo empregatício no Brasil teve um
crescimento de 26% com relação a 2011. Nos últimos três anos esta
categoria teve um crescimento de 137%, passando de 2.460 profissionais
autorizados em 2009 para 5.832 em 2012. Esses profissionais são
altamente qualificados e vem ao Brasil exercer profissões nas áreas de
gerência e supervisão de empresas que demandam conhecimento não
disponível. As principais áreas são engenharia, tecnologia, analise de
sistemas, petróleo e gás, construção civil e obras de infra-estrutura.
Portugal, Espanha e China foram as nacionalidades mais beneficiadas por
esses vistos. Houve aumento de 81% no número de vistos emitidos a
portugueses com relação a 2011, de 53% a espanhóis e de 24% a chineses.
Ainda no total de autorizações temporárias, houve um crescimento de 23%
nos profissionais estrangeiros ligados à assistência técnica, com 19.990
profissionais em 2012. Esse crescimento é decorrente do aumento na
demanda por máquinas, equipamentos e transferência de tecnologia para
empresas no Brasil. Já no trabalho a bordo de embarcações ou plataforma
estrangeira houve queda, passando de 17.738 autorizações em 2011 para
15.554 em 2012. No visto permanente, houve aumento de 15% no número de
investidores que ocasionou ao Brasil investimentos de R$ 286 milhões de
reais, representando aumento de 40%, passando de 3.834 em 2011 para
8.340 em 2012. Também nesta categoria, Portugal foi a nacionalidade que
mais demandou a concessão de vistos, com aumento de mais de 100% em
relação a 2011. Os profissionais autorizados a trabalhar no Brasil estão
mais qualificados. Entre 2011 e 2012 houve aumento de 9,5% no total de
mestres e doutores autorizados a trabalhar temporariamente, sendo que,
entre 2009 e 2012 esse aumento foi de 560%. Esse é um dos grupos que
mais cresce em números relativos no Brasil. Os dados também demonstram o
impacto da concessão de residências especiais de caráter humanitário
pelo Conselho Nacional de Imigração (CNIg) aos haitianos, com 4.706
autorizações expedidas em 2012. Na avaliação dos técnicos, a situação é
transitória e emergencial, tendo impacto importante já que são
autorizações especiais e de viés humanitário em relação ao agravamento
da situação recente do Haiti após o terremoto de 2010, mas que não devem
se refletir no longo prazo.
sexta-feira, 16 de abril de 2010
2025) O Bolsa-Familia e seus impactos negativos sobre o mercado de trabalho: um debate metodológico e empiricamente fundamentado
Uma leitora habitual deste blog, Glaucia, comentou em outro post meu,
quinta-feira, 15 de abril de 2010
2022) A parabola do samaritano, revisitada, e novamente corrigida
que, por sua vez, começou tratando dos efeitos nefastos do BF sobre o mercado de trabalho, neste post inicial ao debate da questão:
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho
e que acabou derivando para uma pretensa parábola do “bom samaritano” sobre virtudes cívicas e morais – como se a caridade, a benemerência e o assistencialismo oficial (e politicamente motivado) fossem um substituto à boa política econômica ou ao bom ordenamento de uma economia produtiva, funcionando em bases normais – que “qualquer pesquisa rápida sobre os números do emprego no Brasil desmonta a tese de que o Bolsa-Família bloqueia o emprego, ou impede a formalização das relações de trabalho.”
Desconheço “qualquer pesquisa rápida” que tenha dito isso e convido minha leitora a trazer-me essas pesquisas rápidas, para minha informação e dos leitores.
Mas, de molde a poder oferecer um debate amplo sobre essa questão importante, num espaço aberto ao debate de boa qualidade (nem sempre) como o oferecido neste espaço, com base na honestidade intelectual, na consistência dos argumentos e no simples atendimento de algumas poucas regras de boa convivência e de lógica elementar – ou seja, evidências consistentes, não contradição intrínseca dos argumentos, boa fé dos argüidores – vou retomar cada um dos pontos do debate, começando pela transcrição completa do que disse minha leitora:
Glaucia deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2022) A parabola do samaritano, revisitada, e nova...":
Apenas reitero: qualquer pesquisa rápida sobre os números do emprego no Brasil desmonta a tese de que o Bolsa-Família bloqueia o emprego, ou impede a formalização das relações de trabalho.
IBGE, FIESP, CNI, Dieese, google, cada um pode escolher sua fonte. O essencial é substituir o senso comum, anedotas e ditados populares por dados estatisticamente relevantes e, de preferência, agregados. Ao menos foi o que aprendi nas aulas de metodologia.
Agora, meus comentários (PRA):
1) Pois bem, estou à espera dessas “pesquisas rápidas” que provariam o que eu venho argumentando aqui, com base em evidências prima facie – ou seja, que não se apóiam em pesquisas de terreno e em números imediatamente verificáveis – mas que apresentam alguma consistência teórica e prática, qual seja: o BF diminui sim, a oferta de mão-de-obra não qualificada no mercado de trabalho, com impactos setoriais que podem ser importantes, diminui a empregabilidade geral do sistema econômica, distorce as condições de concorrência no mercado de trabalho, sobretudo no plano dos custos da mão-de-obra, e introduz um viés anti-mercado no comportamento geral da economia e da sociedade brasileira, sem mencionar seus custos fiscais e tendências perversas do ponto de vista da psicologia social, que se aproxima da cultura da assistência pública, em lugar da cultura do trabalho e da inserção produtiva nos mercados.
Estes são os meus argumentos, que não vêm, por certo, apoiados em qualquer pesquisa de terreno, rápida ou lenta, que agora caberia desmentir.
2) Então ficamos assim: a Glaucia nos apresenta suas pesquisas rápidas que desmentiriam o que venho afirmando na linha do que está escrito acima. Podem ser pesquisas longas também, à condição que sejam consistentes e compatíveis com a metodologia científica. Tenho certa desconfiança, confesso, dos trabalhos atuais do IPEA, depois que esse instituto, outrora sério, descobriu uma metodologia genial para “provar” que a produtividade do trabalho no setor público no Brasil era fantasticamente maior do que a do setor privado, e que estados periféricos, como Roraima, eram 150 vezes mais eficientes do que estados neoliberais como São Paulo.
O importante é que essas pesquisas -- pode ser IBGE, FIESP, CNI -- “desmontem” as minhas teses, como ela nos promete. Se elas forem fiáveis e desmentirem minhas percepções, vou oferecer aqui uma contrição pública, um mea culpa por ser tão maldoso em relação ao BF.
3) Senso comum não é o mesmo que falácia, embora muitas falácias sejam de senso comum. Senso comum pode ser até verdadeiro, desde que embasado na realidade, e não corresponder a mitos.
O que eu pretendo destacar em relação ao BF é isto: o programa criado pelos tucanos se prendia ao Bolsa-Escola, limitando os pagamentos a contrapartidas escolares. Parece uma solução genial – mas é a confissão de nossas mazelas – e pode ser um expediente temporário, até que pais tenham renda suficiente para manter seus filhos na escola e não retira-los para trabalhar (pode demorar, dai que o Bolsa-Escola é temporariamente aceitável).
Ao se criar o BF – volto a repetir, por motivos basicamente políticos – se introduziu um “free-ride” para todos: ou seja, basta ser pobre para desfrutar da benesse (com contrapartidas vagamente implementadas). As evidencias prima-facie são de que isso impacta significativamente o mercado de trabalho, por uma série de mecanismos que não é preciso descrever aqui, sumariamente inserido naquilo que os economistas chamam de “wrong incentives”.
Se a renda aparece caindo do céu, por que é que eu vou me dar ao trabalho de fazer algo duro – como são todos os trabalhos de baixa qualificação – por um pagamento que se aproxima do mínimo, ou fica abaixo disso?
E quanto ao capitalista, como ele vai fazer? Paga duas vezes o mínimo para atrair os BFs da vida, e corre o risco de ficar pouco competitivo? Capitaliza a sua indústria, serviço, plantação? Paga por fora (porque assim exigem os contemplados do BF, diga-se claramente), correndo o risco de ser multado pelo Ministério do Trabalho?
Se isso não é um conjunto de distorções, então eu não sei o que são distorções.
Aguardo as pesquisas rápidas para tirar minhas conclusões.
quinta-feira, 15 de abril de 2010
2022) A parabola do samaritano, revisitada, e novamente corrigida
que, por sua vez, começou tratando dos efeitos nefastos do BF sobre o mercado de trabalho, neste post inicial ao debate da questão:
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho
e que acabou derivando para uma pretensa parábola do “bom samaritano” sobre virtudes cívicas e morais – como se a caridade, a benemerência e o assistencialismo oficial (e politicamente motivado) fossem um substituto à boa política econômica ou ao bom ordenamento de uma economia produtiva, funcionando em bases normais – que “qualquer pesquisa rápida sobre os números do emprego no Brasil desmonta a tese de que o Bolsa-Família bloqueia o emprego, ou impede a formalização das relações de trabalho.”
Desconheço “qualquer pesquisa rápida” que tenha dito isso e convido minha leitora a trazer-me essas pesquisas rápidas, para minha informação e dos leitores.
Mas, de molde a poder oferecer um debate amplo sobre essa questão importante, num espaço aberto ao debate de boa qualidade (nem sempre) como o oferecido neste espaço, com base na honestidade intelectual, na consistência dos argumentos e no simples atendimento de algumas poucas regras de boa convivência e de lógica elementar – ou seja, evidências consistentes, não contradição intrínseca dos argumentos, boa fé dos argüidores – vou retomar cada um dos pontos do debate, começando pela transcrição completa do que disse minha leitora:
Glaucia deixou um novo comentário sobre a sua postagem "2022) A parabola do samaritano, revisitada, e nova...":
Apenas reitero: qualquer pesquisa rápida sobre os números do emprego no Brasil desmonta a tese de que o Bolsa-Família bloqueia o emprego, ou impede a formalização das relações de trabalho.
IBGE, FIESP, CNI, Dieese, google, cada um pode escolher sua fonte. O essencial é substituir o senso comum, anedotas e ditados populares por dados estatisticamente relevantes e, de preferência, agregados. Ao menos foi o que aprendi nas aulas de metodologia.
Agora, meus comentários (PRA):
1) Pois bem, estou à espera dessas “pesquisas rápidas” que provariam o que eu venho argumentando aqui, com base em evidências prima facie – ou seja, que não se apóiam em pesquisas de terreno e em números imediatamente verificáveis – mas que apresentam alguma consistência teórica e prática, qual seja: o BF diminui sim, a oferta de mão-de-obra não qualificada no mercado de trabalho, com impactos setoriais que podem ser importantes, diminui a empregabilidade geral do sistema econômica, distorce as condições de concorrência no mercado de trabalho, sobretudo no plano dos custos da mão-de-obra, e introduz um viés anti-mercado no comportamento geral da economia e da sociedade brasileira, sem mencionar seus custos fiscais e tendências perversas do ponto de vista da psicologia social, que se aproxima da cultura da assistência pública, em lugar da cultura do trabalho e da inserção produtiva nos mercados.
Estes são os meus argumentos, que não vêm, por certo, apoiados em qualquer pesquisa de terreno, rápida ou lenta, que agora caberia desmentir.
2) Então ficamos assim: a Glaucia nos apresenta suas pesquisas rápidas que desmentiriam o que venho afirmando na linha do que está escrito acima. Podem ser pesquisas longas também, à condição que sejam consistentes e compatíveis com a metodologia científica. Tenho certa desconfiança, confesso, dos trabalhos atuais do IPEA, depois que esse instituto, outrora sério, descobriu uma metodologia genial para “provar” que a produtividade do trabalho no setor público no Brasil era fantasticamente maior do que a do setor privado, e que estados periféricos, como Roraima, eram 150 vezes mais eficientes do que estados neoliberais como São Paulo.
O importante é que essas pesquisas -- pode ser IBGE, FIESP, CNI -- “desmontem” as minhas teses, como ela nos promete. Se elas forem fiáveis e desmentirem minhas percepções, vou oferecer aqui uma contrição pública, um mea culpa por ser tão maldoso em relação ao BF.
3) Senso comum não é o mesmo que falácia, embora muitas falácias sejam de senso comum. Senso comum pode ser até verdadeiro, desde que embasado na realidade, e não corresponder a mitos.
O que eu pretendo destacar em relação ao BF é isto: o programa criado pelos tucanos se prendia ao Bolsa-Escola, limitando os pagamentos a contrapartidas escolares. Parece uma solução genial – mas é a confissão de nossas mazelas – e pode ser um expediente temporário, até que pais tenham renda suficiente para manter seus filhos na escola e não retira-los para trabalhar (pode demorar, dai que o Bolsa-Escola é temporariamente aceitável).
Ao se criar o BF – volto a repetir, por motivos basicamente políticos – se introduziu um “free-ride” para todos: ou seja, basta ser pobre para desfrutar da benesse (com contrapartidas vagamente implementadas). As evidencias prima-facie são de que isso impacta significativamente o mercado de trabalho, por uma série de mecanismos que não é preciso descrever aqui, sumariamente inserido naquilo que os economistas chamam de “wrong incentives”.
Se a renda aparece caindo do céu, por que é que eu vou me dar ao trabalho de fazer algo duro – como são todos os trabalhos de baixa qualificação – por um pagamento que se aproxima do mínimo, ou fica abaixo disso?
E quanto ao capitalista, como ele vai fazer? Paga duas vezes o mínimo para atrair os BFs da vida, e corre o risco de ficar pouco competitivo? Capitaliza a sua indústria, serviço, plantação? Paga por fora (porque assim exigem os contemplados do BF, diga-se claramente), correndo o risco de ser multado pelo Ministério do Trabalho?
Se isso não é um conjunto de distorções, então eu não sei o que são distorções.
Aguardo as pesquisas rápidas para tirar minhas conclusões.
terça-feira, 13 de abril de 2010
2096) Efeitos nefastos do Bolsa Familia sobre o mercado de trabalho
Eu nunca tive dúvidas de que isso iria acontecer. Mais até do que algum impacto fiscal ou orçamentário -- tanto porque o custo do Bolsa Família, em si, não é alto, sendo muito mais importante o dinheiro que o governo repassa aos capitalistas e aos banqueiros -- os efeitos mais significativos do "curral eleitoral" que o governo produziu com o Bolsa Família seriam exercidos no mercado de trabalho, todos de forma altamente negativa, não apenas em termos de sistema produtivo, mas sobretudo para as contas futuras da Previdência e para a criação de uma cultura nefasta de assistencialismo e dependência.
Esta matéria tem alguns meses, mas ela é relevante pelo seu efeito demonstração.
Alguem tinha alguma dúvida de que isso iria acontecer?
14 de Agosto de 2009
Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constantemente formada e preparada. Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.
O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o governo entrou com o recurso; o Senai com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e, o Sinditêxtil com o compromisso de enviar o cadastro das formandas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras. Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor.
Pois bem. O curso foi concluído recentemente e com isto os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações. E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO.
Entenderam bem? ZERO, gente.
Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer.
ZERO, sem qualquer exagero.
O motivo? Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil.
Todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada.
Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso, o Bolsa Família é um beneficio que não pode ser perdido. É para sempre.
Nenhuma admite perder o subsidio. SEM NEGÓCIO - Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formandas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade.
Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.
A RAZÃO DE LULA - O que sobrou nisso tudo? Muita coisa. O custo alto para formar as costureiras foi desperdiçado. E pelo que foi dito no ambiente da FIEC, casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores. Considerando que a região nordeste do país contempla o maior número de beneficiados com o Bolsa Família, aí está a razão para sermos todos imbecis e idiotas. Lula tem razão. Toda razão.
Esta matéria tem alguns meses, mas ela é relevante pelo seu efeito demonstração.
Alguem tinha alguma dúvida de que isso iria acontecer?
14 de Agosto de 2009
Como o setor têxtil é de vital importância para a economia do Ceará, a demanda por mão de obra na indústria têxtil é imensa e precisa ser constantemente formada e preparada. Diante disso, o Sinditêxtil fechou um acordo com o governo para coordenar um curso de formação de costureiras. O governo exigiu que o curso deveria atender a um grupo de 500 mulheres que recebem o Bolsa Família. De novo: só para aquelas que recebem o Bolsa Família.
O importante acordo foi fechado dentro das seguintes atribuições: o governo entrou com o recurso; o Senai com a formação das costureiras, através de um curso de 120 horas/aula; e, o Sinditêxtil com o compromisso de enviar o cadastro das formandas às inúmeras indústrias do setor, que dariam emprego às novas costureiras. Pela carência de mão obra, a idéia não poderia ser melhor.
Pois bem. O curso foi concluído recentemente e com isto os cadastros das costureiras formadas foram enviados para as empresas, que se prontificaram em fazer as contratações. E foi nessa hora que a porca torceu o rabo, gente. Anotem aí: o número de contratações foi ZERO.
Entenderam bem? ZERO, gente.
Enquanto ouvia o relato, até imaginei que o número poderia ser baixo, mas o fato é que não houve uma contratação sequer.
ZERO, sem qualquer exagero.
O motivo? Simples, embora triste e muito lamentável, como afirma com dó, o diretor do Sinditêxtil.
Todas as costureiras, por estarem incluídas no Bolsa Família, se negaram a trabalhar com carteira assinada.
Para todas as 500 costureiras que fizeram o curso, o Bolsa Família é um beneficio que não pode ser perdido. É para sempre.
Nenhuma admite perder o subsidio. SEM NEGÓCIO - Repito: de forma uníssona, a condição imposta pelas 500 formandas é de que não se negocia a perda do Bolsa Família. Para trabalhar como costureira, só recebendo por fora, na informalidade.
Como as empresas se negaram, nenhuma costureira foi aproveitada.
A RAZÃO DE LULA - O que sobrou nisso tudo? Muita coisa. O custo alto para formar as costureiras foi desperdiçado. E pelo que foi dito no ambiente da FIEC, casos idênticos do mesmo horror estão se multiplicando em vários setores. Considerando que a região nordeste do país contempla o maior número de beneficiados com o Bolsa Família, aí está a razão para sermos todos imbecis e idiotas. Lula tem razão. Toda razão.
Assinar:
Comentários (Atom)
Postagem em destaque
Livro Marxismo e Socialismo finalmente disponível - Paulo Roberto de Almeida
Meu mais recente livro – que não tem nada a ver com o governo atual ou com sua diplomacia esquizofrênica, já vou logo avisando – ficou final...
-
Uma preparação de longo curso e uma vida nômade Paulo Roberto de Almeida A carreira diplomática tem atraído número crescente de jovens, em ...
-
FAQ do Candidato a Diplomata por Renato Domith Godinho TEMAS: Concurso do Instituto Rio Branco, Itamaraty, Carreira Diplomática, MRE, Diplom...
-
Mercado Comum da Guerra? O Mercosul deveria ser, em princípio, uma zona de livre comércio e também uma zona de paz, entre seus próprios memb...
-
Países de Maior Acesso aos textos PRA em Academia.edu (apenas os superiores a 100 acessos) Compilação Paulo Roberto de Almeida (15/12/2025) ...
-
Reproduzo novamente uma postagem minha de 2020, quando foi publicado o livro de Dennys Xavier sobre Thomas Sowell quarta-feira, 4 de março...
-
Itamaraty 'Memórias', do embaixador Marcos Azambuja, é uma aula de diplomacia Embaixador foi um grande contador de histórias, ...
-
Israel Products in India: Check the Complete list of Israeli Brands! Several Israeli companies have established themselves in the Indian m...
-
Desde el post de José Antonio Sanahuja Persles (Linkedin) Con Camilo López Burian, de la Universidad de la República, estudiamos el ascens...
-
O Brics vai de vento em popa, ao que parece. Como eu nunca fui de tomar as coisas pelo seu valor de face, nunca deixei de expressar meu pen...
