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terça-feira, 4 de maio de 2021

Os novos bárbaros e a falsa defesa da soberania nacional - Paulo Roberto de Almeida

 Os novos bárbaros e a falsa defesa da soberania nacional

 

Paulo Roberto de Almeida

Comentários esparsos sobre fraudes nas redes sociais


 

Circulou pelas redes sociais uma “notícia” sobre uma suposta interferência do embaixador da China no caso de um assessor fundamentalista bolsolavista que está arriscado de demissão, pois que participou, com o Bananinha 03 e o infeliz ex-chanceler acidental, da destruição da diplomacia brasileira, desde o final de 2018 até o início de 2019. Postei a manchete, ainda que me pareceu suspeita, apenas me permitindo ironizar como sendo a segunda “bola na caçapa”, pois é evidente que a primeira, por parte de um coletivo de senadores, também foi causada pelos potenciais prejuízos causados ao agronegócio brasileiro em vista da postura ideológica de trio aloprado. A tropa dos “novos bárbaros”, que infesta de modo caoticamente organizado as redes sociais, pretendeu fornecer lições de “soberanismo explícito”, às quais respondi com uma série de comentários cumulativamente dispersos (isto é, sem um ordenamento lógico).

Permito-me simplesmente alinhar esses comentários, sem qualquer objetivo de apresentar um quadro linear no que se refere às denúncias que cabe fazer contra os aloprados da bolsodiplomacia, que deliberada ou inconscientemente, alienaram a soberania brasileira a uma potência estrangeira, ou mais especificamente a um dirigente americano, já devidamente votado para fora do governo da maior democracia ocidental.

 

Os “novos bárbaros” continuam agressivamente atacando as bases do conhecimento científico e das evidências empíricas, patrocinando um ataque geral à racionalidade ou ao simples bom senso. Eles estão em todas as frentes, na área médica, nas políticas setoriais, na diplomacia (até 29/03).

Bolsonaristas enchem a boca com seu soberanismo abstrato quando cometeram traição à pátria, ao submeter cada uma das grandes decisões nacionais em comércio internacional, nas votações da ONU, nas relações com outros países, aos interesses dos EUA, atuando como vassalos de um presidente megalomaníaco. 

Como considerar atos de soberania decisões de política externa totalmente sujeitas ao escrutínio estrangeiro como fizeram o Bananinha 03, o Robespirralho e o capacho do chanceler acidental, ao prestar, várias vezes, vassalagem a Trump? Eles isolaram o Brasil do mundo, um pária internacional.

Vergonha dos bolsolavistas ignorantes ao abandonar qualquer defesa do interesse nacional em troca da subordinação às vontades do Trump; não trouxeram nenhuma vantagem ao Brasil, só derrotas: conseguiram nos desentender com TODOS os grandes parceiros do país; um fracasso completo!

Quem passeou com bandeiras de duas potências estrangeiras, pedindo a imbecilidade da “intervenção militar constitucional”? Quem seguiu vergonhosamente cada determinação do Departamento de Estado, até acertar com eles o discurso na AGNU? Não têm vergonha da submissão, de serem capachos?

Aliás, quem foi mesmo que falou “I love you Trump”? E quem foi aquele discípulo do Rasputin de Subúrbio que mandou comprar etanol e trigo americano para ajudar numa certa eleição? E que renunciou a ter presidente do BID brasileiro para eleger um sub do sub do Trump?

Aliás, quem disse que o Brasil já virou um “protetorado chinês” foi aquele guru destrambelhado da Virgínia. Os bolsolavetes debiloides que cospem fogo por aqui não vão acusar o desgoverno atual de rendição a uma potência estrangeira? Por algumas toneladas de soja?

Esses caras não souberam das instruções do patético ex-chanceler acidental para que a China retirasse seu embaixador de Brasília; os chineses devem estar rindo até hoje. Vão lhe oferecer um curso gratuito de mandarim num Instituto Confúcio, a CIA da ditadura chinesa. Vai fazer?

Nos bons velhos tempos em que eu criticava o lulopetismo diplomático, os petistas achavam que eu estava a serviço da CIA. Agora, os idiotas que defendem o bolsolavismo diplomático querem saber quanto a China me paga. E eu ainda continuo usando carro velho, comprando seminovos.

Os exaltados com a soberania não têm nada a dizer do “I love you Trump”; da obediência às “instruções” de Trump em todas as circunstâncias, de uma base militar americana no Brasil à aventura eleitoreira na Venezuela, etanol americano, submissão automática ao Departamento de Estado?

Finalmente, quem acha que o Trump iria salvar o Ocidente? Só mesmo um idiota bolsolavista totalmente submisso aos interesses americanos e ao Bananinha 03. Teve de se desdizer no seu “balanço” mentiroso, ao pretender não ter grudado nos EUA e hostilizado a China! 

A própria oposição ideológica ao nosso maior parceiro comercial – um dos motivos da queda do chanceler acidental – já é uma prova evidente da submissão total à paranoia americana, não uma defesa dos interesses nacionais. Bolsolavistas entreguistas: quem mandou seus dirigentes alienarem a soberania nacional a uma potência estrangeira, ficando a ela submissos até a derrota final do Grande Mentecapto? Por que os militares não os derrubaram como traidores da pátria que foram? Covardes, uns e outros?

Nada a dizer sobre certos aspones do alto mandarinato que poderiam facilmente ser enquadrados na categoria de agentes de uma potência estrangeira? Os arquivos a desvelar um dia vão confirmar a suspeita, aliás evidente desde já prima facie. Basta ler certas “notas” diplomáticas...

O Gabinete do Ódio já foi melhor na preparação das ofensivas nas redes; o pessoal anda destreinado; não combinam antes como é que vão atacar um contrarianista. Precisam voltar para um supletivo para aprenderem pelo menos a escrever: envergonham até a mãe com esse linguajar chulo! Tem muito nervosinho nestas paragens, defendendo causas que estavam em voga nos anos 1930 em certos países (o que eles provavelmente ignoram). Alguns até ficam pateticamente indignados quando seus “argumentos” são confrontados: não esperavam ser ridicularizados. “Menos” pessoal!

Quanto menos os caras têm algo de inteligente para oferecer ao debate, mais eles se encrespam com o que não combina com suas ideias fixas e suas obsessões geopolíticas e ideológicas. Deveriam tomar chá de camomila e se dedicar mais à sua própria ilustração.

 

Meu lema preferido: Nulla dies sine linea, segundo Plínio, isto é, nenhum dia sem escrever. O que é bem diferente de nenhum dia sem uma mentira grosseira, num “portugueis” estropiado, sempre atacando inimigos imaginários, e contribuindo para aumentar o sofrimento da nação, quando não mortos!

 

Paulo Roberto de Almeida

Brasília, 4 maio 2021

 

quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Política Externa Brasileira e Soberania Nacional - Paulo Roberto de Almeida


Política Externa Brasileira e Soberania Nacional

Paulo Roberto de Almeida
 [Objetivo: palestra no Centro Cultural de Brasília; finalidade: notas reflexivas]


São dois conceitos envolvidos neste seminário. O primeiro é objetivo e evidente: a política externa brasileira, algo que deveria existir e se refletir na sua diplomacia. O segundo é mais difuso, ou vago, pois existem várias concepções sobre o que seja a soberania nacional, e de que forma se pode defende-la.
O presidente acaba de fazer um discurso na abertura dos trabalhos da Assembleia da ONU, na terça-feira 24 de setembro de 2019, na qual afirmou enfaticamente que a Amazônia é brasileira e que ela pertence à nossa soberania. No mesmo dia, o principal editorial do jornal O Estado de S. Paulo, refletindo os trabalhos da Cúpula do Clima, no dia anterior, diz o seguinte:
É perfeitamente possível negociar acordos para a adoção de medidas contra as mudanças climáticas sem colocar em risco a soberania nacional. O que não é mais possível é negar-se a enfrentar a realidade, refugiando-se em um discurso que, a título de defender a pátria, menospreza a ciência e as evidências. (Editorial “O clima como questão política”, OESP, 24/09/2019, A-3)

Em outros termos, existem maneiras e maneiras de defender a soberania. Um deles é enrolar-se na bandeira, recolher-se na sua jurisdição, e proclamar a autonomia completa da nação. A rigor, a soberania completa só pode ser obtida quando um país, um Estado, uma nação for completamente autônoma, independente, autossuficiente, o que implica, por definição, uma autarquia absoluta, um pouco como pretendia o programa do “socialismo num só país” de Stalin, ou a substituição de importações estrangeiras por equivalentes nacionais, como também pretendia Hitler na Alemanha nazista. Mesmo nesses casos, sabemos que seria impossível assegurar completa suficiência nacional em energia, alimentação, insumos para a indústria, ou serviços em geral. A busca de autonomia completa redunda, na verdade, na fragilização do país, uma vez que os sucedâneos nacionais a insumos e produtos serão assegurados a um custo muito mais alto do que a importação desses mesmos bens de países que possuam, justamente, especialização produtiva e, portanto, oferta muito competitiva.
Se partirmos da ideia de que a segurança de um país se consegue com o máximo de interface externa possível, resulta que a soberania fica melhor assegurada com a busca de interdependência econômica no plano global, inclusive no terreno da segurança nacional. Uma visão puramente patriótica da soberania se apoia num nacionalismo muitas vezes introvertido e propenso a rejeitar acordos externos e investimentos estrangeiros, num descolamento negativo vis-à-vis da economia mundial. As relações internacionais no mundo moderno são inerentemente multilaterais, em vista de problemas comuns ao conjunto da comunidade internacional, daí que a rejeição do chamado globalismo é um contrassenso.
Política externa é um posicionamento de um país em face de seu contexto regional, sua vizinhança, e também em relação ao mundo, tanto Estados quanto organismos internacionais, que na sua grande maioria são interestatais e não globalistas, nesse sentido paranoico que temos registrado nos últimos tempos. A diplomacia é um mero instrumento da política externa e costuma ter mais continuidade do que políticas domésticas, que podem oscilar em função das preferências pessoais, ou partidárias, dos dirigentes. Todos os países estão conectados entre si por uma rede de compromissos, acordos de cooperação, normas emanadas de conferências diplomáticas que são, em princípio, acatadas soberanamente por cada Estado que decide participar desses arranjos, supostamente com base num cálculo de custo-oportunidade sobre os benefícios e constrangimentos de tais acordos.
Acordos de integração econômica, por exemplo, são inerentemente redutores da soberania de cada um dos membros, em favor de uma abordagem comum de diferentes vertentes da cooperação: economias de escala na produção industrial, livre comércio nos fluxos de bens e serviços, movimentos facilitados de capitais e até de trabalhadores, e até uma possível moeda comum ou única. Tudo isso retira soberania dos países membros, que aceitam limitações à sua capacidade de regular diferentes setores não só da vida econômica, mas também nos campos da regulação social e do ambiente cultural, na perspectiva de que os benefícios auferidos com a livre circulação de fatores redundará em maior riqueza e bem-estar social. Todas essas reduções de soberania são aceitos soberanamente pelos países.
Acordos internacionais definem muito bem a soberania nacional dos Estados membros, mas ela encontra limites na evolução do direito internacional humanitário, por exemplo, com a crescente afirmação do princípio da “responsabilidade de proteger”, ou seja, proteger vidas humanas contra a irresponsabilidade ou inoperância dos seus respectivos governos. O governo brasileiro, confrontado ao problema de uma possível aplicação intrusiva ou enviesada desse princípio, chegou a defender certa limitação, expressa na fórmula de “responsabilidade AO proteger”. Trata-se de um debate ainda em curso, dados os componentes sensíveis implícitos nesses princípios. Existem muitas questões em aberto.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 26/09/2019

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Política Externa Brasileira e Soberania Nacional - Samuel Pinheiro Guimaraes e Paulo Roberto de Almeida (26/09, Brasilia)

Nesta quinta-feira (26 de setembro) o Seminário Diálogos em Construção terá como tema a 
Política Externa Brasileira e Soberania Nacional 

O evento vai acontecer às 19h30, no Centro Cultural de Brasília (Jesuítas), com a participação dos embaixadores Paulo Roberto de Almeida e Samuel Pinheiro Guimarães Neto.
Mais informações: https://bit.ly/2kR1gKt
O evento terá transmissão ao vivo no canal do youtube do OLMA: https://www.youtube.com/channel/UCLmHVrMFDzLXx0u9mFrom6g 
Fone: 3426-0400






domingo, 21 de julho de 2013

Soberania bolivariana: diferente da soberania normal; ah bom, assim pode...

Bolívia utilizou cães farejadores para vistoriar avião da FAB
ELIANE CANTANHÊDE COLUNISTA DA FOLHA / FILIPE COUTINHO DE BRASÍLIA
Folha de S. Paulo, 1/07/2013

Agentes entraram em aeronave que levava deputados brasileiros em viagem oficial

Autoridades da Bolívia não só revistaram o bagageiro como usaram cães farejadores para vistoriar a cabine de pilotos e passageiros de um avião da FAB (Força Aérea Brasileira) que pousou em Santa Cruz de La Sierra. O voo trazia do Brasil uma comitiva de deputados federais.
O incidente, mantido em sigilo, ocorreu em novembro de 2011, depois que o mesmo governo Evo Morales submetera a constrangimento dois outros voos da FAB --um deles do ministro da Defesa, Celso Amorim.
A diferença é que, na versão do ministro, a revista do seu avião foi apenas no bagageiro e sem a sua presença.
"Os camaradas botaram tudo para cima da gente, guardas, cachorros e periquitos, tudinho, para entrar no avião", disse o deputado Raul Lima (PSD-RR). Segundo ele, o tenente-coronel da FAB Marcelo Mendonça negociou com os agentes, em vão.
Os quatro parlamentares estavam em missão oficial, verificando a situação de estudantes brasileiros de medicina no país. "Já viu avião decolar de Brasília para a Bolívia carregando drogas? Não é o contrário?", indaga Lima.

A deputada Magda Mofatto (PTB-GO), confirma o episódio: "Ficamos ofendidos". Integravam a missão, ainda, Gladson Cameli (PP-AC) e Marcos Rogério (PDT-RO).