Lições Amargas é o titulo que o ex-presidente do Banco Central Gustavo Franco deu ao seu livro mais recente, e ele se aplica de forma absolutamente fiel aos tempos que estamos vivendo justamente agora, talvez o maior desafio já colocado à nação brasileira, à sua sociedade.
Não me refiro à pandemia, pois ela é um desafio colocado igualmente a todos os povos e nações, países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Eu me refiro ao desgoverno Bolsonaro, possivelmente o pior governo que jamais conheceu o Brasil desde 1549, isto é, desde que aqui desembarcou nas costas da Bahia D. Tomé de Souza, o primeiro governador-geral do Brasil então português, ou seja, desde sempre.
Não me refiro tampouco à incompetência notória do capitão para qualquer coisa que se vincule a uma gestão minimamente eficiente da coisa pública, nem à sua ignorância abissal em relação às relações exteriores do Brasil, o que destruiu completamente a imagem internacional do país, trazendo imensos danos à credibilidade da nossa diplomacia.
Eu me refiro à sua perversidade inacreditável, seu lado macabro, capaz de produzir mortos em série, devido ao negacionismo renitente, seu mau exemplo repetido, que consiste em aglomerar o povo mais humilde em seguidos palanques eleitorais, sua insistência em recomendar tratamentos inadequados, sua sabotagem continuada na obtenção de vacinas, enfim, um comportamento que pode ser o de um dos cavaleiros do apocalipse, aquele que traz a morte consigo, pela expansão da doença de acarreta.
O desgoverno do capitão é a lição mais amarga que já nos foi dado contemplar na direção do país em qualquer época de nossa história.
Não é possível que as pessoas bem intencionadas de 3 anos atrás não estejam contemplando com certa comiseração o espetáculo dantesco — desculpe Dante — que se nos oferece hoje por meio desse circuito oficial de contaminação induzida por um psicopata eleitoral, assistido em todo esse turismo de auto-propaganda por militares indiferentes à sorte da população. Não é possível que se continue a achar que tudo isso é normal e que deve assim continuar até o final de 2022. Não é possível que não se desperte para a boçalidade mortal do macabro personagem.
Não é possível que o Brasil continue a descer tão baixo na escala civilizatória, para as profundezas da indignidade e da ignomínia.
Paulo Roberto de Almeida
Brasília, 23/05/2021