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segunda-feira, 7 de novembro de 2011

O TNP e a posição do Brasil: Paulo Roberto de Almeida


O Tratado de Não proliferação Nuclear (TNP) e a posição do Brasil:
Algumas posições pessoais (Paulo Roberto de Almeida)

Entrevista concedida 
para trabalho acadêmico
(Brasília, 7/11/2011)

Perguntas: 

1) O que o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP) representa, em sua opinião? Segundo a hipótese do meu trabalho, o TNP teria trazido mais pacifismo ao mundo, porém provei no decorrer dos estudos que esta afirmação não se sustenta. Esse tratado teria trazido mais paz aos EUA e Brasil na sua visão?

PRA: Não foi exatamente o TNP que trouxe mais paz ao mundo, e sim o seu objeto próprio, ou seja, as armas nucleares. Por mais contraditório que possa parecer, os vetores nucleares, e as ameaças terríveis que eles fazem pesar sobre o destino dos Estados e o próprio futuro das sociedades – assim como, visto numa perspectiva ainda mais catastrófica, a própria sobrevivência da humanidade – contribuíram, desde Hiroshima e Nagasaki e o término da Segunda Guerra Mundial para que nenhum outro conflito global de grandes proporções tenha ocorrido entre as grandes potências. Foi a ameaça do holocausto nuclear que conteve os ânimos belicosos das grandes potências e impediu-as de “subir aos extremos”, ou seja, deslanchar qualquer tipo de aventura guerreira contra uma outra, igualmente detentora de arma nuclear.
O TNP é apenas uma decorrência dessa terrível perspectiva potencial – a de um conflito entre grandes potências que implicasse o uso desse tipo de vetor – e tem a ver, mais exatamente, com o monopólio desse tipo de arma de destruição em massa por um número reduzido de grandes atores internacionais, basicamente os que já detinham a posse dessas armas no momento da negociação do TNP, em meados dos anos 1960. O TNP representa, assim, uma garantia – por certo não total, ou absoluta – de que essas armas permanecerão sob controle exclusivo de um pequeno grupo de países, considerados como nuclearmente responsáveis, já que sua disseminação por um número maior de entes estatais – ou até não estatais – poderia trazer enormes riscos para a segurança estratégica dessas grandes potências, para a paz mundial, e como dito, para a própria sobrevivência da espécie humana em nosso planeta.
O TNP não trouxe mais paz ao mundo, ele apenas garantiu que a paz ficasse dependente de certo equilíbrio nuclear, desde que esse equilíbrio pudesse ser assegurado por um entendimento tácito entre os patrocinadores desse instrumento discriminatório, iníquo, desigual e unilateral, imposto ao restante dos atores estatais pelos três negociadores originais. Ele pode ser visto como parte de uma arquitetura estratégica não exatamente de paz, mas de não-guerra, pelo menos não de guerra total, e sobretudo de uma guerra direta entre as potências nuclearmente armadas.
O Brasil não é um poder nuclear, e sequer é um ente estratégico significativo, mesmo nos vetores convencionais de guerra e de dissuasão; portanto, ele não pode ser visto como um ator relevante em qualquer questão que tenha a ver com uma discussão séria em torno do equilíbrio nuclear. O Brasil é apenas um dos Estados, dentre muitos outros, que ficou reduzido à condição de participante não nuclear do TNP, embora estivesse ao seu alcance, teoricamente pelo menos, recusar o TNP e qualificar-se nuclearmente por meios próprios, como fizeram outros países (Israel, Índia, Paquistão, Coreia do Norte, por exemplo). O fato de não fazê-lo, antes da vigência da Constituição de 1988 – que proibiu ao país dotar-se de armamentos nucleares – não tem a ver com alguma falta de vontade estratégica (já que ela existia, entre a maioria dos militares e entre muitos outros membros da elite, como os diplomatas), mas sobretudo com a falta de meios financeiros, tecnológicos científicos, para se capacitar nuclearmente, pelo menos no terreno especificamente militar.
O mundo dispõe, portanto, de um acordo que não é mundial, mas tão somente internacional, que regula parcialmente o problema, que é o TNP, o tratado de não-proliferação nuclear (Washington-Moscou-Londres, 1968). Esse tratado não é certamente universal e, sobretudo, não é multilateral, uma vez que apenas três países o negociaram e depois o “ofereceram” à comunidade internacional. Ele foi posteriormente “estendido” ao resto do mundo, na ausência – talvez na oposição – dos dois outros únicos países nucleares à época, que eram a França e a China (que a ele só aderiram no início dos anos 1990). Essa extensão se fez sob os olhos por vezes invejosos, outras vezes preocupados, de outros países, alguns deles interessados em desenvolver seus próprios artefatos nucleares, alguns outros temerosos de que a proliferação indevida dessas terríveis armas pudesse conduzir ao holocausto nuclear.

2)             Sobre a obtenção de armas nucleares por um grupo seleto de países, qual seria sua visão sobre a atitude desses países?

PRA: Não se define qual seria esse seleto grupo de países, uma equação que é altamente aleatória, pois os Estados dispõem, no universo de Westfália que ainda é o nosso, de soberania absoluta para decidir se querem, ou não, dotar-se de armamentos nucleares. É claro que, depois do TNP, aumentaram significativamente os custos – políticos, econômicos, estratégicos – para que esse passo seja dado, mas ele não é impossível, como o provam as trajetórias de países como Israel, Índia, Paquistão, Coreia do Norte e, possivelmente, a África do Sul (o único país que renunciou à posse da arma atômica, depois de ter entrado no domínio dessas tecnologias, e de ter capacidade para se qualificar ainda mais, ou seja, desenvolver vetores de entrega).
De toda forma, trata-se de um arranjo de conveniência, no qual potências médias, ou países menores, renunciam a dotar-se de armas nucleares, contra a garantia, dada pelas potências nucleares de que não irão usar essas armas como ameaça, ou chantagem de uso, contra esses países que aderiram ao TNP no status de não detentor.
Resta saber como fica a situação de potências nucleares, mas militarmente médias, como Israel, Índia, Paquistão, Coreia do Norte, que não assinaram ou se retiraram do TNP e que não possuem um status muito bem definido. Existem também países que assinaram o TNP, que observam suas prescrições, mas que poderiam, se assim o desejassem, se dotar mais facilmente de vetores nucleares em prazo médio, ou até curto: seriam grandes ou médias potências econômicas, tipo Alemanha, Japão, Canadá, Espanha, algumas até em desenvolvimento (como Argentina, Brasil, México, Indonésia, e algumas outras) e talvez até países menores mas avançados, como a Suíça, a Suécia e outros.
Creio que são poucas as vantagens decorrentes do armamento atômico, pois ele traz uma série de consequências provavelmente prejudiciais ao país, como se observou – e se observa ainda – nos casos do Iraque, da Líbia e propriamente do Irã (um caso ainda não resolvido, junto com a Coreia do Norte). As sanções econômicas eventuais – o que a Índia e o Paquistão experimentaram apenas parcialmente – podem impedir a capacitação tecnológica em outras áreas. O Brasil, aliás, sofre até hoje de restrições ao acesso de materiais, tecnologias e equipamentos sensíveis por causa de seu histórico de rejeição ao TNP (até 1996) e de tentativas de capacitação nuclear no passado (ainda com alguns efeitos residuais na área de enriquecimento de urânio).

3) Sobre a tentativa de novos países obterem armas nucleares, como o Irã e Coréia do Norte, que retomou a fabricação de bombas atômicas recentemente, de que forma o Senhor explica a atitude desses países? Essa seria uma característica de um novo paradigma mundial, revelado pela nova conjuntura da globalização mundial?

PRA: A globalização não tem absolutamente nada a ver com a capacitação nuclear desses dois países, e sim a vontade de suas elites dirigentes, paranoicas ou calculistas, que estão se armando, seja para dissuadir o “império” americano, seja para intimidar possíveis contendores (no caso do Irã, o Iraque, anteriormente, possivelmente outros na região, e sobretudo Israel). Não existe tampouco nenhum paradigma mundial nesses dois casos, mas pode-se eventualmente falar do paradigma da dissuasão, que me parece, contudo, um elemento secundário, no cálculo estratégico que ambos fizeram. Certas lideranças são fascinadas, com razão, ou sem, pela perspectiva de serem consideradas potências nucleares, acreditando que isso fará com que seus países, ou seu próprio poder, seja mais respeitado e temido. São, de toda forma, países não confiáveis no plano estratégico – o que seria o caso com dois outros nucleares não reconhecidos mas de fato, como Israel e Índia – e portanto vão continuar a sofrer sanções da comunidade internacional. Cada país é um caso diferente, com capacitações diferentes, mas ambos entram naquela categoria que o maniqueísmo político americano já chamou de “Estados vilões”.

4) Como um estudioso de Relações Internacionais e tomando a posição brasileira, o Senhor concorda com a atitude brasileira de ser uma potência “pacífica” por apenas fabricar a energia nuclear para fins de pacifismo, ou acredita que seria importante o Brasil possuir armas nucleares para possuir mais poder de barganha no cenário internacional?

PRA: Não se trata de ser, ou não, potência “pacífica”, e sim de ser um país responsável, sobretudo no plano do direito internacional e dos esforços de todos os países confiáveis para assegurar a paz e a segurança internacionais. Não é a detenção da arma atômica que confere maior poder de barganha no plano internacional, se tanto isso se dá no terreno da dissuasão estrita (como fez a Índia, mais pensando na China, do que no Paquistão, que por sua vez se armou por causa da Índia, com a ajuda da China, por sinal). O que confere maior poder de barganha é ser respeitado pelas suas boas ações, e por certa capacidade militar convencional, a única que conta em certos teatros de guerra.
O Brasil não possui nenhum contenciosos estratégico com vizinhos ou países mais distantes, e não precisa, assim, exibir qualquer dissuasão nuclear, ou mesmo em vetores mais tradicionais. Ele tem, sim, de dispor de vetores convencionais para poder participar de missões de manutenção E DE imposição da paz sob coberta do CSNU. O Brasil precisar ser dotado militarmente de meios capazes de assegurar sua defesa e de eventualmente impor a paz a outros, mas jamais na posse de arma nucleares, que não resolve nenhum problema básico do país e cria dezenas de outros indesejáveis.

5) Em sua opinião, ainda sob a visão nuclear para fins não pacíficos, daqui a 50 anos teremos um mundo...

PRA: Dentro de meio século, o mundo não será muito diferente do que é hoje, ou seja, contraditório, inseguro, com focos de conflitos, mas com ainda menos potencial para conflitos nucleares, já que supostamente aumenta a consciência dos povos quanto aos efeitos nefastos da detenção de armas atômicas.
            Em todo caso, meio século é um prazo muito longo para tratar de questões estratégicas e militares, que podem mudar rapidamente com a ascensão de novos países, e a decadência ou crise de outros países. Observando-se a China, por exemplo, constata-se que ela saiu de uma miséria abjeta a uma pobreza aceitável em menos de 20 anos, tendo construído infraestrutura e capacidades tecnológicas inigualáveis no plano mundial. Mas, ela pode entrar em crise, também, e sofrer problemas ainda não de todo detectados na presente conjuntura.

6) Caso o Senhor deseje expor mais alguma opinião sobre este tema, por gentileza, fique a vontade para colocar suas ideias.

PRA: Acredito que o recurso à guerra total já não é mais possível na era nuclear, com a crescente interpenetração dos “impérios” regionais. Isto não quer dizer que o direito internacional – e suas manifestações institucionais, como a ONU e outras agências intergovernamentais – venha a prevalecer sobre a vontade dos Estados-nacionais e, sobretudo, acima desses impérios: a ameaça do uso da força deve permanecer como a ultima ratio da política internacional durante um bom tempo ainda, enquanto, pelo menos, a lógica westfaliana continuar a prevalecer (e isto pode durar mais um século e meio, aproximadamente).
            Em todo caso, na equação estratégica contemporânea, a detenção de artefatos nucleares continua a ser o elemento dominante, em ultima ratio, do jogo do poder. Existem, obviamente, outros vetores de poder, em especial o tecnológico e o econômico, este constituindo, em última instância – segundo o modelo analítico marxista, que neste particular conserva plena validade –, o elemento crucial de afirmação de supremacia, de modo continuado. Não se compreende, aliás, o desenvolvimento e a posse de artefatos nucleares senão ao cabo de certo grau de avanço científico e tecnológico, que costuma estar ligado ao nível de desenvolvimento econômico do país.
Certamente que países economicamente poderosos estão em condições de assegurar um modo de vida satisfatório aos seus cidadãos, podendo influenciar decisivamente a agenda política e econômica mundial e contribuir, no mundo contemporâneo, para o desenvolvimento econômico e social de outros povos e países. Isso é plenamente verdade. Mas, se formos decidir, em determinados momentos, sobre a paz e a guerra, e definir quem, no momento decisivo, é capaz de impor sua vontade – ou de impedir que outros imponham a sua própria vontade –, então, a posse de armas nucleares torna-se o diferencial absoluto de poder, independentemente do poder econômico relativo de cada um dos contendores.
A questão nuclear, no seu sentido amplo, estratégico, apresenta três aspectos que não estão necessariamente conectados entre si de modo estrutural, mas que foram conceitualmente reunidos pelo próprio instrumento que “regula” a questão no plano internacional: (a) a não-proliferação, que é obviamente o aspecto principal subjacente às intenções dos proponentes do TNP; (b) a cooperação nuclear para fins civis, ou pacíficos, que representa uma promessa e uma garantia das potências nuclearmente armadas em direção de todas as outras; (c) o desarmamento, que é uma hipótese fantasiosa inventada pelos proponentes do TNP para atrair – enganar seria o termo mais exato – os demais países a esse instrumento discriminatório e desigual. Em relação a esta terceira dimensão da questão nuclear, se poderia repetir o velho argumento tantas vezes utilizado em outras circunstâncias: em relação ao desarmamento, as potências nuclearmente armadas fingem que pretendem desarmar, um dia, e todos os demais fingem que acreditam nessa hipocrisia. De fato, parece difícil reverter a situação ao status quo ante: uma vez que o “gênio” nuclear saiu da sua lâmpada militar, é praticamente impossível fazê-lo retornar à sua “inexistência” anterior.
Para todos os efeitos práticos, o que vale, para as potências do TNP é a garantia de não-proliferação, com alguma cooperação na dimensão da cooperação – sob o olhar vigilante da AIEA – e a total desconsideração da dimensão desarmamento. Para todos os “nucleares”, portanto, essa questão apresenta dois aspectos: o da projeção da força e o da dissuasão. O primeiro aspecto, depois de Hiroshima e Nagasaki, não mais voltou ao cenário internacional (a despeito de alguns “ensaios”, como em Cuba, em 1962). A arma nuclear não mais voltou a ser usada como arma de terreno para abreviar o final de uma guerra, ainda que ela tenha sido cogitada em alguns cenários ou teatros possíveis de operação (como a sugestão do general MacArthur, em face da ofensiva chinesa durante a guerra da Coréia). Mesmo no caso de Cuba (1962), quando os dois grandes contendores da fase pré-TNP parecem ter chegado ao limite do abismo nuclear, não estavam reunidas todas as condições para que o jogo de pôquer, naquelas circunstâncias, chegasse a uma “solução final”.
A arma nuclear é usada, portanto, para fins essencialmente dissuasórios, e é como tal que Israel a concebe, em face de uma coalizão agressiva de Estados árabes que gostariam de varrê-lo do mapa. Existem, certamente, militares, que concebem alguma utilização tática da arma nuclear; mas os estadistas responsáveis e planejadores sensatos dos países nuclearmente “capazes” – e não apenas daqueles nuclearmente armados – assim imaginam sua equação nuclear nacional. De fato, repassando a lista dos nucleares, veremos que eles sempre tiveram em mente algum perigo estratégico, para o qual se buscou a solução de última instância.
Com a possível exceção da França – que estava exercendo uma opção de “orgulho nacional”, depois de tantas humilhações sofridas desde o século 19 – e, possivelmente, da África do Sul – que se sentia acuada pelos demais países africanos no momento do Apartheid –, todos os demais países tinham algum contendor em mente no desenvolvimento do seu programa nuclear. A China se armou contra os EUA e contra a própria URSS; a Índia o fez contra a China, menos do que contra o Paquistão; o Paquistão contra a Índia (com a ajuda da China); Israel contra os países árabes, e eles são muitos; a Coréia do Norte contra os EUA (possivelmente o Irã, também, mais do que contra o Iraque). As aventuras nucleares de Saddam Hussein (ditador do Iraque até sua derrubada pelos EUA em março de 2003) e as do coronel Kadhafy, da Líbia (estas, finalizadas depois de duras sanções contra o país), entram nesta equação a título de bizarrice, embora o ditador do Iraque tivesse o inimigo iraniano no seu planejamento militar. De todos esses países, o único que desarmou voluntariamente foi a África do Sul; mas ela o fez no momento da transição para o regime de maioria negra, e esse elemento pode ter entrado no cálculo estratégico da liderança branca que assim decidiu no início dos anos 1990. Quanto à Coréia do Norte, a supor que ela desarme, efetivamente, tal fato pode ser atribuído à dupla pressão da China e dos EUA, nessa ordem.
Parece haver uma teoria das relações internacionais contemporâneas – mas não testada na prática – que afirma que os Estados que se tornam nuclearmente armados passam a se comportar de modo mais responsável e condizente com suas novas responsabilidades no plano internacional. Este foi certamente o caso da China, de Israel, da Índia, embora haja desconfianças em relação ao que possam algum dia fazer o Paquistão, a Coréia do Norte e, eventualmente, o Irã. Mesmo com relação à China, se questiona se seu papel foi responsável, uma vez que ela pode ter sido decisiva na capacitação nuclear do Paquistão, que por sua vez foi, em parte, negligente com o seu programa: um físico desse país está na origem de uma das mais importantes redes de disseminação de tecnologia e materiais nucleares, num contexto de “proliferação” por empreendimento individual, um pouco como faziam os piratas de antigamente, que também podiam servir de corsários para seus Estados respectivos. Alguns cenários podem ser preocupantes, nessa hipótese de uma proliferação não controlada pelos atores responsáveis, o que poderia ser o caso do Paquistão, da Coréia do Norte e do Irã, precisamente.
Mesmo quando um país nuclearmente “capaz” não parece ameaçar a paz mundial, cenários de conflito são sempre imprevisíveis, pois as fontes podem emergir não da situação objetiva de um país determinado, em seu contexto geopolítico próprio, mas como resultado da paixão dos homens, falíveis por definição. Imaginemos, por um instante, uma ocupação das Malvinas por tropas argentinas respaldadas por um artefato nuclear que teria sido previamente desenvolvido pela ditadura militar. A história poderia ter sido bastante diferente.
O TNP vem se “universalizando” nos últimos anos, em que pese sua notória falta de legitimidade intrínseca. Por outro lado, mais países estão se tornando nuclearmente capazes, quando não nuclearmente armados. A Índia já criou uma situação nova e vem sendo aceita como uma potência nuclear de fato, ainda que não o venha a ser de direito. O grande responsável por essa transformação foi, a rigor, a potência garantidora, por excelência, do TNP e aquela teoricamente mais engajada na não-proliferação: os EUA. A dissuasão e o cálculo estratégico estão aqui bem presentes. As boas relações entre Índia e EUA, nesse terreno, têm a ver com a China, embora equivocadamente considerada como a fonte possível de desafios estratégicos para os EUA. O acordo nuclear entre EUA e Índia vale estritamente para fins civis, e não tem o poder de qualificá-la para o clube formal das potências nucleares, o que de toda forma exigiria reforma do TNP, algo praticamente impossível de ocorrer nessas bases.
O TNP precisa, sim, de reformas, mas elas teriam de ser bem mais radicais do que poderiam admitir os cinco privilegiados da atualidade. Nem eles poderiam admitir o seu desarmamento, o que obviamente não ocorrerá, nem eles vão querer estimular em demasia o desenvolvimento nuclear – ainda que para fins eminentemente pacíficos – dos demais países. Assim, parecem existir poucas chances de progresso institucional na questão nuclear, com base nos instrumentos atualmente disponíveis, em primeiro lugar o TNP. Haverá, portanto, muita hipocrisia e muito more of the same nesta agenda.
Não se concebe, com efeito, as potências nuclearmente armadas favorecendo o ingresso de países “candidatos” no clube nuclear. Eles precisariam “forçar a porta” e garantir o seu ingresso, mas sempre serão passageiros incômodos, por não disporem do bilhete desde a partida. Em outros termos, não haverá nenhum levantamento de restrições à transferência de tecnologia. Mas os próprios países que aspiram ingressar no grande jogo estratégico terão de buscar sua equiparação progressiva – embora rudimentar – com os cinco grandes, com base em sua própria capacitação. Esta dependerá em grande medida do aprendizado próprio – ou seja, ciência e indústria, com base em tecnologia endógena ou copiada –, da política dirigida ao comércio de materiais sensíveis, alguma cooperação bilateral e um pouco de espionagem.
Quanto ao problema da reforma da Carta das Nações Unidas e a ampliação do seu Conselho de Segurança, esse processo não tem a ver, diretamente, com a posse de algum artefato nuclear. O Japão – potencialmente capaz de desenvolver a arma, mas que prefere, por enquanto, viver castrado nessa dimensão – e a Índia são, teoricamente, os dois únicos países que estariam na lista dos EUA para ingresso no CSNU, mas não por algum cálculo de natureza estratégica que envolva a posse de armas nucleares. De toda forma, o alegado desejo dos países membros e dos candidatos em promover uma “democratização” das estruturas de poder internacional não passa de uma hipótese pouco credível para quem acompanha a realidade das relações internacionais. Os cinco permanentes atuais não desejam a reforma e não pretendem diluir o seu poder com novos candidatos. O status quo lhes convém e assim será mantido até que novos dados da realidade alterem substancialmente a equação estratégica do cenário internacional contemporâneo. Uma coisa é certa: o “gênio” nuclear continuará fora da garrafa.
E o Brasil, como se situa ele, neste cenário de unilateralismo arrogante, de arranjos oligárquicos e de pressões sobre os países “desviantes”? Ele mesmo poderia ser incluído nessa categoria, ao persistir sua recusa do Protocolo adicional ao TNP, mesmo depois de aceitar relutantemente esse instrumento discriminatório em 1996. É certo que, na origem, isto é, nos anos 1950, o Brasil mantinha concepções otimistas – talvez ingênuas – sobre a utilização do poder nuclear, tanto sob a forma de energia, como em aplicações médicas e mesmo em obras de engenharia civil. Depois ele alimentou o sonho de aceder à tecnologia de processamento e de sua eventual utilização militar, ao empreender, entre outros programas, a cooperação nuclear com a Alemanha (que, junto com o Brasil, foi objeto de intensas pressões dos EUA). Sua capacitação interna foi prejudicada por insuficiência de recursos e de vontade política, independentemente do eventual sucesso tecnológico do acordo com a Alemanha, que não foi conduzida a termo. Foi, provavelmente, melhor assim, pois o espectro de uma corrida nuclear com a Argentina foi afastado e ambos os países terminaram não apenas acedendo ao TNP, como também desenvolveram um programa exemplar de cooperação em salvaguardas nucleares que pode servir de modelo para outras situações do gênero (provavelmente no sul da Ásia, com o impasse indo-paquistanês ainda pendente).
Continuam pendentes, portanto, o problema da recusa brasileira ao Protocolo adicional ao TNP – que parece ter a ver com uma hipotética “tecnologia original” utilizada na fábrica de processamento de Resende – e a questão da postura em relação à nova “doutrina nuclear” dos EUA, que envolve o controle das atividades civis, em todos os seus aspectos (comerciais, tecnológicos, produtivos). Tendo em vista o nacionalismo e o soberanismo brasileiros, não haverá progresso sensível no futuro imediato, mas essa questão não é crucial no plano da segurança estratégica para a ordem política mundial: afinal de contas, o Brasil não é um elemento desestabilizador da ordem internacional e o mundo pode facilmente conviver com esse tipo de nacionalismo “nuclear”.

Paulo Roberto de Almeida
(Brasília, 7/11/2011)

"Estamos cansados de crises..."; Eu também, mas tenho uma proposta, infalivel.

Muito simples lidar com todos esses meliantes instalados no poder... muito simples, simplíssimo.
O governo, ou melhor, o Estado, tem uma agência de inteligência, certo?
Bem, é do Estado, mas digamos que, cansada de dormir, de não fazer nada, ela resolva, uma vez não é costume, trabalhar também para o governo, esse governo que está aí, e que nunca sabe de nada, e que só toma conhecimento das falcatruas, patifarias e crimes comuns de seus mais altos representantes quando algo sai na imprensa.
Vergonha, não é mesmo.
Que tal pedir para os arapongas do Estado, que trabalhem um pouco para o governo, e que eles repassem, diretamente aos órgãos da imprensa, todas as informações de falcatruas, crimes, patifarias, etc. etc. etc., cometidos por todos, digo TODOS, os personagens que frequentam e empestam o governo?
Basta isso: já que o governo não se movimenta até que a imprensa publique alguma coisa, melhor já ir passando todos os dados para a Veja, a FSP, o Estadão, o Globo, a Época, a IstoÉ, enfim, a todo mundo. Basta publicar e esperar.
Depois é só demitir...
Simples não é?
OK, não precisa agradecer. Estou a serviço das boas causas (que podem não coincidir com as dos patifes no poder, mas não se pode pedir perfeição, a quem está acostumado a chafurdar no crime).
Paulo Roberto de Almeida 


“Estamos cansados de crises”, diz auxiliar de Dilma
Por João Domingos
O Estado de S.Paulo, 7/11/2011

O ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) disse ontem ao Estado que “já está ficando cansado” de administrar crises envolvendo colegas do primeiro escalão. Ele se referia às notícias de que o PDT montou um esquema de achaque para aprovar convênios firmados entre o Ministério do Trabalho e ONGs. Sua declaração foi feita em tom de desabafo.
“Teremos de ver isso amanhã (hoje). Se bem que o ministro Carlos Lupi (Trabalho) tomou providências imediatas e afastou dois assessores”, ponderou Carvalho. Lupi exonerou os dois servidores no sábado, mesmo dia em que circulou a edição da revista Veja com a notícia de que os auxiliares tinham montado um esquema de cobrança de propina contra ONGs que têm convênio com o ministério.
De junho até agora, coube a Gilberto Carvalho negociar a queda de cinco ministros envolvidos em escândalos, que vão desde as suspeitas de enriquecimento ilícito - caso de Antonio Palocci (Casa Civil) - a suposto desvio de dinheiro e cobrança de propinas, que atingiu Alfredo Nascimento (Transportes), Pedro Novais (Turismo), Wagner Rossi (Agricultura) e Orlando Silva (Esporte).
(…)

Estatisticas: sonhando acordado...

Mais um pouco, chego às 500 mil visitas...
Se eu recebesse um real por cada visita, já teria construído uma biblioteca decente para abrigar meus "não sei quantos" livros...


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Brasil: um avestruz industrial?

O título do post é inteiramente meu, mas creio que ele traduz, com um pouco de exagero, o espírito deste artigo de opinião, mas fortemente embasado em evidências de políticas setoriais e macroeconômicas que se desenham há muito tempo no Brasil.
É até possível que o Brasil consiga preservar certo dinamismo industrial e do crescimento voltado para dentro, mas como ocorreu no caso argentino, vai descolar das pressões externas e ficar defasado em relação à economia internacional.
Pior para nós, todos nós (menos para os industriais protegidos, claro, pelo menos durante certo tempo), que continuaremos pagando caro por produtos defasados e sem a qualidade requerida nos mercados internacionais.
Incrível como o Brasil escolhe ficar para trás e crescer lentamente.
Não se prevê grandes mudanças no futuro previsível: continuaremos sendo um país pequeno e sem grandes arroubos, na periferia do mundo...
Dos autores, conheço Sérgio Lazzarini, um excelente professor e pesquisador, autor do livro "Capitalismo de Laços", no qual pesquisou e descreve, justamente, essas alianças privilegiadas -- alguns diriam promíscuas -- entre grandes grupos econômicos nacionais e o poder, a começar pelo dinheiro do BNDES e por políticas setoriais de favorecimento. Capitalismo de compadres, diriam alguns, ou crony capitalism.
Ou seja, o partido da classe operária dando dinheiro para quem já é rico... Belo exemplo.
Entendo que todos se beneficiam, e nós pagamos.
Paulo Roberto de Almeida

O 'empoderamento desenvolvimentista'

Carlos Melo e Sérgio Lazzarini *
O Estado de S.Paulo, 07 de novembro de 2011 | 3h 04

Afora as peculiaridades do seu estilo, a presidente Dilma Rousseff não faz um governo diametralmente oposto ao de seu antecessor e é mesmo possível que aquilo que hoje demarca sua gestão fosse levado a cabo também por Lula, estivesse ele sob as mesmas circunstâncias. Bobagem imaginar cisões e distanciamentos entre criador e criatura.
O fato é que, mesmo fazendo profissão de fé à ortodoxia, Lula desde sempre manteve certo dispositivo desenvolvimentista à espreita em seu governo. Primeiro, confinado ao BNDES, depois expandido ao Ipea e à Fazenda, esse setor aguardava a hora de entrar em campo. Dilma ampliou seu espectro reforçando os Ministérios da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento - este, com Lula, foi muito mais o Ministério do Comércio Exterior.
A visão desenvolvimentista é fenômeno recorrente no País e, a rigor, não constitui novidade no cenário nacional. Para sermos justos, lembremos que também Fernando Henrique Cardoso projetara seu momento desenvolvimentista. O superministério da produção de FHC só não foi levado a cabo pelas circunstâncias: a morte de Sérgio Motta, as sucessivas crises dos mercados emergentes, o escândalo dos grampos do BNDES e as desinteligências entre PSDB, PFL e PMDB em torno da composição do poder no segundo mandato.
Assim, o desenvolvimentismo dilmista não é algo exatamente novo nem extraordinário. O que o reaviva neste momento, como já se disse, são as circunstâncias.
A persistente crise financeira mundial nos países desenvolvidos arrefeceu a pressão externa, presente em FHC e Lula, para que fosse seguida a cartilha ortodoxa. Não menos importante, os mercados emergentes, que antes eram problema, tornaram-se solução - para usar uma frase de Lula. São hoje os heróis do crescimento num mundo combalido por desemprego e dívida. Sob constante assédio de empresas e investidores internacionais, o mundo emergente passa a ter mais espaço para políticas distanciadas da busca irrestrita de controle inflacionário e forte disciplina fiscal.
Esse novo "empoderamento desenvolvimentista" emerge, no Brasil, com algumas características importantes. No âmbito da máquina pública, o impulso, que antes se localizava nas iniciativas de formar "campeões nacionais", pelo BNDES, agora se espalha por meio de uma miríade de iniciativas articuladas pelos Ministérios da Fazenda, da Ciência e Tecnologia e do Desenvolvimento. Seus ministros querem cada vez mais mostrar serviço e, embora nem sempre atuem em uníssono, compartilham as mesmas críticas ao receituário ortodoxo, assim como parece ser o caso da própria presidente. Coincidência ou não, os cortes de juros pelo Banco Central vieram justamente num momento em que esse grupo se reforça.
Quais seriam, então, as implicações desse processo? A tríade ministerial acima citada deve continuar ganhando mais espaço e tentando ampliar seu leque de propostas. O aumento do IPI sobre automóveis, proposto pela Fazenda, carrega bandeiras defendidas pelos outros ministros, notadamente a exigência de conteúdo nacional e maior investimento em pesquisa no País. A criação da "Embrapa da indústria", propalada pela Ciência e Tecnologia, tem ampla ressonância com a crença compartilhada de que o setor industrial é elemento central de desenvolvimento. A recente proposta do Desenvolvimento de elevar impostos de importação para compensar a depreciação do dólar bate na tecla dos efeitos adversos da "guerra cambial" - expressão cunhada pelo ministro da Fazenda. A presidente Dilma diz querer rigor no controle inflacionário, mas não vê com maus olhos medidas, como essas, que podem encarecer os produtos no Brasil e/ou aumentar gastos, contribuindo, assim, para o recrudescimento da inflação.
Não se trata de negar que o Estado tenha seu papel, é óbvio que o governo há de zelar pelo emprego e pelo desenvolvimento do País. Mas, com mais pressão dos empresários, de um lado, e mais receptividade do governo, de outro, não será de estranhar que mais propostas de semelhante natureza continuem ganhando vida. Propostas e iniciativas dispersas, favorecendo setores escolhidos sem critério claro de bem-estar social.
Nesse contexto, a resposta estratégica do setor empresarial torna-se evidente. Para que apontar problemas sistêmicos de infraestrutura ou clamar por uma profunda reforma tributária, se é mais fácil argumentar por mais proteção ou "medidas compensatórias"? O aumento (adiado) do IPI dos automóveis agradou ao lobby das grandes montadoras, temerosas dos novos entrantes asiáticos. O objetivo de maior foco no mercado doméstico é conveniente para empresários que não querem gastar muito tempo e esforço se aventurando na concorrida arena global. O mais lógico, para esses empresários, é abraçar o movimento desenvolvimentista e clamar por mais proteção diferenciada, ainda que à custa dos consumidores.
Melhor seria, obviamente, se o governo conseguisse gerar uma agenda menos reativa a reclamações privadas e mais ativa em resolver os reais gargalos produtivos, evitando perpetuar setores com dificuldades estruturais para competir. Uma agenda que estimule, e não iniba, renovação setorial via novos entrantes - sejam eles empreendedores locais ou firmas estrangeiras.
Não é isso, no entanto, o que se observa. A conjuntura dos emergentes transforma-se e abre janelas ao desenvolvimento, mas essas janelas parecem estar viradas para o quintal dos fundos, para o passado. Afinal, as circunstâncias atuais podem não perdurar e punir, no futuro, países menos criteriosos nas suas políticas industriais. Ironicamente, a frase de lorde Keynes resiste: desse jeito, "no longo prazo, estaremos todos mortos", ou, então, condenados a um eterno retorno.

* Carlos Melo e Sérgio Lazzarini; cientista político, é professor do Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper). E-mail: carlos.melo@insper.edu.br; professor titular de estratégia do Insper. E-mail: sergiogl1@insper.edu.br -

Um terrorista sincero, e transparente: "vamos atacar..."

Bem, pelo menos não se pode dizer que eles atacarão de surpresa...



Les pirates ayant attaqué le site Web de "Charlie Hebdo" menacent celui de "Libération"

LEMONDE.FR avec AFP | 06.11.11
Capture d'écran de la page d'accueil du site Web de l'hebdomadaire "Charlie Hebdo" piratée par Akincilar.
Capture d'écran de la page d'accueil du site Web de l'hebdomadaire "Charlie Hebdo" piratée par Akincilar. D.R.

L'un des membres du groupe de hackers turcs qui ont revendiqué le piratage mercredi du site Internet de Charlie Hebdo, mis hors service, affirme, dans unentretien au Journal du Dimanche"défendre son pays" et menace le quotidienLibération. Les locaux de l'hebdomadaire satirique ont été détruits par un incendie criminel mercredi, le jour où paraissait un numéro dont la "une" représentait le prophète Mahomet, "rédacteur en chef" d'un journal rebaptisé Charia Hebdo. Le site internet du journal a en outre été victime d'un piratage informatique. "Si "Libération" continue à publier ces dessins, nous nous occuperons d'eux aussi", déclare Ekber, un jeune homme de 20 ans, rencontré par Le Journal du Dimanche à Istanbul."Nous défendons notre pays et nos institutions", justifie Ekber auprès du JDD.

Ekber, membre du groupe de pirates turcs Akincilar et surnommé Black Apple, explique : "Nous ne pensons pas avoir fait quelque chose de mal, ce n'est pas comme si nous avions siphonné des comptes bancaires. C'est une protestation contre une insulte à nos valeurs et nos croyances."
Cependant, selon le JDD, Ekber a tenu à se désolidariser de l'attaque au cocktail Molotov qui a ravagé le journal. "Nous ne soutenons pas la violence. L'islam est une religion de paix. Ces actes sont le fait de gens qui se servent de la religion", affirme le jeune homme, étudiant à l'université Isik et futur ingénieur informatique. Ekber explique qu'il n'avait jamais entendu parler de Charlie Hebdo auparavant. Mais, après avoir lu sur internet des articles de journaux parlant de la sortie du numéro spécial baptisé Charia Hebdo, raconte-t-il, le groupe Akincilar a décidé deréagir. A la suite du piratage du site du journal satirique, la société Bluevision, qui assure son hébergement, l'avait mis hors service après avoir "reçu des menaces de mort".

"O ministro tem minha inteira confianca...": o que vai ocorrer, uma vez mais...

Minha pergunta não é bem uma pergunta, mas uma afirmação: vamos assistir ao mesmo cenário patético das "n" vezes anteriores -- sim, eu sei, já deveriam ter sido dez, e foram apenas seis, e estão nos devendo pelo menos mais quatro que escaparam pela tangente, por enquanto -- com aquelas declarações tristes de hipócritas -- tipo "o princípio da inocência se aplica", "não existem provas formais", "nunca soube desses pequenos erros", "foram equívocos que já estão sendo corrigidos" -- e as mesmas acusações e posturas defensivas de rigor:
"A imprensa golpista...", "meus inimigos...", "estou sendo massacrado, caluniado", etc. etc. etc...


E vamos assistir também ao mesmo roteiro que pensa que todos os brasileiros são idiotas.
O indiciado em questão pede demissão, para cuidar da sua "defesa", tem todas as honras da Casa, os elogios de praxe, sai fartamente aplaudido, e o mesmo grupo de meliantes se perpetua no aparelho, preparando assaltos mais bem planejados, para não sofrer os mesmos constrangimentos dos métodos primários adotados anteriormente.


Querem apostar como será assim?
Valem dois livros novos...
Paulo Roberto de Almeida 


PS 1: Adesistas anônimos: acho que vocês já desistiram de escrever xingando este modesto blogueiro, não é mesmo?
PS 2: Companheiros, militantes da causa, membros da máfia: vocês não sentem nem um pouco de vergonha, pessoal e alheia, ao assistir esse mesmo espetáculo tantas vezes repetido? Não se perguntam, ou ao travesseiro, quando vão dormir, como é que vocês, o Brasil, nós todos, chegamos a essa situação verdadeiramente constrangedora, de termos verdadeiras máfias instaladas no centro de tudo?

Glossario de termos sobre integracao regional - livro de Paulo Roberto de Almeida


Uma première para os fieis leitores deste blog e estudiosos dos processos de integração: um Glossário, mais ou menos completo (ninguém é perfeito), dos termos mais comumente usados nos estudos de integração.
Abaixo, transcrevo o início, o final e alguns verbetes intermediários desse arquivo de mais de 20 páginas, contendo os conceitos mais frequentes na terminologia dos acordos regionais de integração, remetendo ainda à história econômica e às políticas comerciais.
O texto completo integra meu livro: Integração Regional: uma introdução (São Paulo: Saraiva, 2013, 192 p.; ISBN: 978-85-02-19963-7).
O arquivo completo pode ser descarregado neste link.
Paulo Roberto de Almeida 

Glossário de Termos sobre a Integração Regional

Paulo Roberto de Almeida

Acordo Geral de Tarifas Aduaneiras e Comércio (GATT): Acordo multilateral de comércio, contendo a cláusula incondicional e ilimitada de nação mais favorecida (NMF), concluído em Genebra, em outubro de 1947, entrado provisoriamente em vigor em janeiro de 1948, entre poucos países participantes, cujos artigos e disposições substantivas deveriam ser incorporados, como capítulos específicos, ao acordo de criação da Organização Internacional de Comércio, adotado na Conferência de Havana sobre Comércio e Emprego (novembro de 1947-março de 1948). Não tendo a Carta de Havana sido ratificada pelos principais signatários, nem entrado em vigor, o GATT permaneceu “provisoriamente” em vigor durante praticamente meio século, tendo sido, ao longo do período, modificado em diferentes ocasiões – criando um secretariado, por exemplo, ou incorporando uma parte IV, sobre comércio e desenvolvimento – e “funcionando” quase como uma organização (sem jamais perder seu caráter de acordo entre partes contratantes, que são territórios aduaneiros, não países membros). Foi objeto de uma revisão mais ampla no curso da rodada Uruguai de negociações comerciais multilaterais (1986-1993), sendo convertido, de GATT-1947, em GATT-1994, passando sua administração a ser feita pela OMC, junto com todos os demais acordos multilaterais e plurilaterais aprovados na conclusão dessa rodada (http://www.wto.org/english/tratop_e/gatt_e/gatt_e.htm).

Acordo de Livre Comércio da América do Norte (NAFTA): Trata-se, provavelmente, do mais ambicioso e abrangente acordo de livre comércio dentre os modelos do gênero, unindo, desde 1994, Canadá, Estados Unidos e México, sendo que os dois primeiros países já se encontravam vinculados por um ALC desde 1988. Compreende, além dos temas tradicionais de liberalização fronteiriça, abertura dos mercados de serviços, regulação liberalizadora da propriedade intelectual e dos investimentos, ademais de instrumentos de solução de controvérsias. O modelo do NAFTA serviu como padrão para acordos bilaterais que os EUA vêm negociando com parceiros selecionados, bem como para um malogrado acordo de livre comércio das Américas, proposto em 1994, mas descontinuado desde 2005, por oposição do Brasil (http://www.nafta-sec-alena.org/).
(...)
Integração: Nome genérico atribuído a qualquer experimento ou processo de derrubada de barreiras a fluxos de fatores produtivos entre países ou territórios aduaneiros, que passam a ser regulados por meio de políticas comuns ou convergentes. Um acordo de comércio regional visa, em princípio, à integração econômica entre seus membros, embora eles possam se contentar com suas fases mais elementares – áreas preferenciais de comércio – e não caminhar verdadeiramente para a formação de um espaço econômico comum; em suas fases mais avançadas, a integração pode implicar em moeda comum, ou única, e gestão conjunta de políticas de segurança e defesa (interna e externa) de relações internacionais. A passagem da mera liberalização comercial e da abertura econômica recíproca para etapas mais profunda é no entanto complicada, tendo em vista a necessidade de coordenação, de convergência ou até de gestão unificada de políticas cruciais de gestão macroeconômica (fiscal, cambial, monetária) ou setorial (agrícola, industrial, comercial, tecnológica, etc.). O exemplo mais avançado de integração, não isento de problemas de gestão (notadamente na área fiscal) é, obviamente, a União Europeia. O Mercosul encontra-se em fase elementar (união aduaneira) desse processo.
(...)
Mercado Comum do Sul (Mercosul): Criado formalmente por meio do Tratado de Assunção (26/03/1991), seu nome oficial é “tratado para a constituição de um mercado comum entre Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai”, o que significa que se trata de um acordo-quadro, provisório, tendente a criar um mercado comum entre os quatro países, objetivo fixado para o dia 1o. de janeiro de 1995, o que obviamente ainda não foi cumprido. Sua estrutura “permanente” foi confirmada pelo Protocolo de Ouro Preto (1994), que também consolidou o formato intergovernamental, em lugar da estrutura supranacional – seguida no exemplo europeu – que muitos esperavam ser institucionalizada. Possui diversos acordos de associação com parceiros em desenvolvimento, mas ainda não conseguiu concluir um acordo de liberalização comercial com a União Europeia e recusou um acordo de livre comércio no plano hemisférico, proposto pelos EUA (Alca). Depois de 2003, tem desenvolvido bem mais seus aspectos políticos e sociais do que seu conteúdo econômico e comercial, que de fato recuou devido a restrições e práticas protecionistas de alguns membros.
(...)
Protecionismo: Concepção política e econômica identificada com o fechamento dos mercados nacionais no terreno da política comercial, obstando a concorrência estrangeira em todos os setores em que possa haver uma produção nacional similar. Na era moderna esteve identificado ao mercantilismo e foi combatido pelas doutrinas de livre comércio, mas persiste até os tempos atuais sob variadas formas, geralmente disfarçadas, algumas vezes abertas, de preferência ao produto local, contra o que se considera ser uma competição “predatória” de produtos estrangeiros. Costuma ser generalizado no terreno agrícola – sob justificativa de “segurança alimentar” – mas se exerce com muita criatividade (ou seja, não apenas sob a forma mais transparente de tarifas aduaneiras, mas por meio de barreiras por vezes invisíveis) no setor industrial e também no de serviços (em ambos favorecido pela preferência nacional nas políticas de compras governamentais). Sua formalização está identificada historicamente com as recomendações de Alexander Hamilton, o primeiro secretário do Tesouro dos EUA, e com as dos economistas Friedrich List (alemão), Henry Carey (americano) e Mihaïl Manoïlesco (romeno). O Gatt representa uma tentativa de coibir, ou de limitar, o protecionismo dos parceiros comerciais, mas ele costuma ressurgir com mais ímpeto nas conjunturas de crises econômicas.
(...)

Zollverein: Aliança tarifária e aduaneira construída gradativamente a partir de 1834 entre a Prússia e diversos estados alemães e cidades comerciais setentrionais, até alcançar toda a Alemanha, com a unificação política de 1871; no plano dos mecanismos e das instituições, pode ser considerado como o “pai fundador” dos modernos acordos regionais de comércio.

Zona de Livre Comércio (ZLC): A segunda forma mais comum de ARC, não conduz exatamente a uma integração econômica, como para as formas mais avançadas, mas favorece a especialização e as economias de escala ao liberalizar o comércio entre as partes ao acordo pelo desmantelamento de barreiras tarifárias e não-tarifárias. Cada parte conserva sua própria política comercial, e por isso pode entrar em tantas ZLCs quanto forem operacionalmente possíveis e compatíveis com o sistema multilateral de comércio, o que já não é possível para as uniões aduaneiras. Existem, provavelmente, tantas ZLCs quanto áreas preferenciais de comércio, com um predomínio destas últimas entre países em desenvolvimento, e das ZLCs entre países mais avançados.

Paulo Roberto de Almeida 
[Esta versão: 5/11/2011]

Mon Sejour en France (4): Cours a l'IHEAL (Fevrier-Mai 2012)


Université de Paris 3 - Sorbonne Nouvelle:
Institut des Hautes Etudes de l’Amérique latine

L'IHEAL: 

Fondé en 1954, l’Institut des Hautes Études de l’Amérique latine (Université Sorbonne Nouvelle - Paris 3), dispense des enseignements pluridisciplinaires sur l’Amérique latine.
L’IHEAL délivre deux diplômes de niveau Bac + 4 et Bac + 5. Le premier, DELA (diplôme d’études latino américaines est un diplôme d’université (DU) qui se prépare en un an.
Le second, Master Etudes Internationales, Spécialité Etudes latino-américaines est un diplôme national qui se prépare en deux ans, la seconde année étant orientée soit vers la recherche (avec 7 parcours : Anthropologie, Economie, Géographie, Histoire, Science politique, Sociologie, MPluridisciplinaire), soit vers la formation professionnelle (avec 3 parcours : Gestion environnementale, Echanges économiques, Métiers de la coopération).
L’IHEAL prépare aussi à divers doctorats (anthropologie, démographie, droit, économie, géographie, histoire, science politique, sociologie, doctorat pluridisciplinaire « Etude des sociétés latino-américaines »)



Cours donné les Mardis, de 18hs à 20hs - Calendrier 


Cours donné les Mercredis, de 16hs à 18hs - Calendrier 

Bibliographie générale des relations internationales et de la politique étrangère du Brésil (livre de Paulo Roberto de Almeida: Relações internacionais e política externa do Brasil: a diplomacia brasileira no contexto da globalização; Rio de Janeiro: LTC, 2012, p. 280-297)

Iran nuclear?: AIEA confirma capacitacao (e que farao os ocidentais?)



Intelligence provided to U.N. nuclear officials shows Iran’s government has mastered the critical steps needed to build a nuclear weapon, receiving assistance from foreign scientists to overcome key technical hurdles, according to Western diplomats and nuclear experts briefed on the findings.

Documents and other records provide new details on the role played by a former Soviet weapons scientist who allegedly tutored Iranians over several years on building high-precision detonators of the kind used to trigger a nuclear chain reaction, the officials and experts said. Crucial technology linked to experts in Pakistan and North Korea also helped propel Iran to the threshold of nuclear capability, they added.


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domingo, 6 de novembro de 2011

O Bingo dos DCEs - Vanguarda Popular


Se você também não aguenta mais aquele entra e sai de chapas concorrentes ao seu DCE, todas, ou quase todas propondo a luta de classes e a derrubada da burguesia universitária, divirta-se com este simpático 

DCE BINGO
Demian Alves

Época de eleições do DCE. Você já cansou de ser interrompido nas aulas e receber panfletos das chapas com propostas engraçadíssimas das mais bizarras possíveis? Você está de bobeira andando pelos corredores da universidade porque o professor faltou e não tem aula? Você resolve parar pra assistir a um debate da eleição para o DCE e sente um tédio imenso durante os discursos e fica se perguntando o que está fazendo no meio daquele bando de gente à toa? Aqui tem um método eficaz para combater esse problema!
Como Jogar:
Imprima o quadro abaixo antes de começar o debate com as chapas do DCE. Sempre que ouvir a palavra ou expressão contida numa das casas, marque a mesma com um (X). Quando completar uma linha, coluna ou diagonal, grite “BINGO”!

Depoimento de jogadores satisfeitos:
a) “O debate já tinha começado há 5 minutos quando ganhei!”;
b) “A minha capacidade para escutar aumentou muito desde comecei a jogar o DCE Bingo”;
c) “A atmosfera do último debate foi muito tensa porque 14 pessoas estavam à espera de preencher a 5ª casa”;
d) “A organização ficou surpresa ao ouvir oito pessoas gritando “BINGO”, pela 3ª vez numa hora”;
e) “Agora, vou a todos os debates do DCE, mesmo que esteja em horário de aula”.

Se você é candidato ou te passaram o microfone para dar opinião, siga estas instruções para mandar bem e ser aplaudido:
MONTE SEU PRÓPRIO DISCURSO PARA PARTICIPAR DOS DEBATES!
A tabela abaixo permite a composição de até cem mil sentenças!
Basta combinar, em seqüência, qualquer frase da primeira coluna, com alguma da segunda, em seguida outra da terceira e finalmente qualquer uma da quarta. Termine sempre gritando alguma frase da quinta coluna. O resultado sempre será uma sentença correta, mas sem nenhum conteúdo inteligente. Monte agora mesmo seu discurso aleatório, democrático e popular! Experimente na próxima reunião do DCE e impressione até mesmo os comunistas mais ortodoxos que lá habitam há décadas, nunca se formaram e demonstram um profundo amor pela universidade “daqui não saio, ninguém me tira”!

Termino aqui deixando minha opinião sobre as eleições do DCE. Eu acho que o DCE deve permanecer fechado enquanto continuarem escrevendo com arrobas (@) e usando vírgula entre sujeito e predicado além de insistirem em escrever faCismo (com c) nos cartazes. Enquanto isso, alguém precisa estudar.


(Adaptado de outro texto sobre reuniões chatas da empresa)

Decadencia universitaria do Brasil: viva o caos...


USP admite discutir com alunos convênio com a PM
DA AGÊNCIA BRASIL
DE SÃO PAULO

A USP (Universidade de São Paulo) admitiu abrir negociação e discutir com alunos e trabalhadores da instituição o aperfeiçoamento e o detalhamento do convênio feito entre a universidade e a Polícia Militar.
Segundo a direção da USP, uma comissão mista formada por representantes dos estudantes, dos funcionários e da reitoria passaria a decidir sobre os termos do convênio. A formação da comissão está atrelada à desocupação do prédio da reitoria, tomada pelos estudantes desde quarta-feira (2).

"O convênio é um acordo genérico entre as partes. Evidente que esse convênio tem que ter um plano de trabalho anexo, que sequer houve tempo de ser feito, dado os incidentes, os ocorridos. Não tivemos tempo de detalhar. Mas isso vai ser detalhado, e agora com uma novidade: com a participação deles [os alunos]", disse ontem (5) o professor Wandeley Messias da Costa, superintendente de Relações Institucionais da USP.

Costa ressaltou que a reitoria não está disposta, em nenhuma hipótese, a cogitar a possibilidade de revogação do convênio com a PM. "O que a universidade coloca é que nós podemos e devemos discutir com os alunos e com outros membros da universidade o detalhamento e aperfeiçoamento do convênio", disse.

A reitoria da USP também aceitou reavaliar os processos abertos contra funcionários e estudantes. De acordo com o superintendente, há processos na Justiça devido a atos de depredação desde 2007, em outra ocupação estudantil da reitoria, que durou de 55 dias.

 Lalo de Almeida-03.nov.2011/Folhapress 

Aluna que havia invadido o prédio da FFLCH, se prepara para deixar o local carregando seus pertences

"Não cabe a nós anistiar ninguém por atos praticados dessa natureza. Mas há outros processos, de natureza administrativa, sobre os quais nós poderíamos ter interferência e teremos. A novidade é que isso não vai ser tratado só pelo pessoal da área jurídica, mas também pela comissão de negociação", disse.

A rediscussão da presença da Polícia Militar no campus da USP e a reavaliação dos processos contra os alunos e trabalhadores da universidade estão entre os principais pontos reivindicados pelos estudantes que ocupam a reitoria.
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Comentário de um amigo: 
O Brasil perdeu todo o sentido de autoridade legitimamente constituida, e isto ocorreu depois dos anos Lula.
Delinquentes que se fantasiam de estudantes, amplamente minoritários, invadem uma universidade , destroem instalações, depredam propriedades, não são punidos academicamente nem detidos e ainda dobram a reitoria conseguindo que esta atenda suas reivindicações inadequadas  atendidas.
Este país só pode ser o Brasil.
No mundo inteiro já se sabe que estudante tem é que estudar e mais nada porque a era é da sociedade do conhecimento.
Politicagem com ações de intimidação em ambiente estudantil é coisa dos anos 1960.
A reitoria da USP está usando truque de linguagem aí abaixo para não dizer que foi dobrada por delinquentes.