O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Doing Business in Brazil???!!! - You must be kidding!!!


Brazil's business labyrinth of bureaucracy
By Luciani Gomes Rio de Janeiro, Brazil
BBC, May 14, 2012

 In Brazil on average it takes 119 working days to start a business
Long known as the country of the future, Brazil is now the nation of the moment.
Yet while the country has become the world's sixth-largest economy, reform of the laws and regulations for opening and running businesses don't seem to be improving at the same pace.
Although bureaucracy is obviously not part of Brazil's propaganda, it's a huge part of the country's way of life. And anyone interested in opening a business in the country, Brazilian or outsider, should know this.
According to the World Bank's 2012 annual global report "Doing Business", which evaluates the ease of starting a business, dealing with construction permits, registering property, and paying taxes, Brazil ranked 126th this year out of 183 countries.
On average, it takes 13 procedures and 119 days of work to start a business in Brazil.
And construction permits demand an average 17 procedures and 469 days to finally get authorised.
Pile of paperwork
French chef Pierre Cornet-Vernet could never imagine it would take him 11 months to open his confectionery story Paradis in Rio de Janeiro's famous Copacabana neighbourhood.

“Start Quote
I sell macaroons, popsicles and chocolates. And each of these products is under a different tax”
Pierre Cornet-Vernet French chef

"It's like a game," he says.
"You need a document. But to have that document, you need to hand in another seven documents. And to get each of these seven there's a different demand."
To find his way through Brazil's bitter bureaucracy, Mr Cornet-Vernet had to hire a lawyer, a forwarding agent and an accounting specialist.
And even so he could not see the end of the journey. Each new step would bring him a new surprise. Taxes was the next one after paperwork.
"I sell macaroons, popsicles and chocolates. And each of these products is under a different tax," says Mr Cornet-Vernet.
To make it even harder and costly, his store and factory, both in the same neighbourhood, had to be registered as different businesses. On top of all that, a chocolate machine he imported to double the production, has been stuck in customs since December.
Standards
The excess of laws, regulations, taxes, paperwork and time to fulfil the requirements when opening or running a business is one of the reasons why 40% of Brazilian start-up businesses do not survive for more than two years after opening, according to data revealed by the end of 2011 by IBGE, Brazil's main government research institute.
Cristiano Prado, a Rio-based industrial competitiveness manager, says that someone starting a business has to get approval from no less than 12 government agencies. He adds that the final cost of the required documents can surpass 2,000 reals ($1,023; £633).
Another specialist on the matter, João Carlos Gomes, economy superintendent at the Trade Federation of the State of Rio de Janeiro, says: "It's crucial to make Brazil meet the global standards. We're very far away from it."
In 2010 bureaucracy cost Brazil 46.3bn reals, according to a study made by Sao Paulo Industry Federation (Fiesp).
Such high levels of bureaucracy creates a fertile environment for corruption.
In Brazil, it's not uncommon to be asked for a bribe to speed up a document issuing.
Alexandre Sampaio, an entrepreneur since the 1980s in the hotel industry, faced such a situation at the private school where he's a counsellor.
The school declined not to comply with the demand for a bribe.
"We got the document, but it too a lot more time for us to get it," he says.
Headache
Julia Santos, who owns three units of a childcare centre chain in Rio de Janeiro, knows all too well the difficulties imposed by Brazilian bureaucracy.

"I could have got my businesses running sooner If I didn't have to wait, at each time, for a new document, a new stamp, etc," she says, adding that the constant change on tax criteria is an extra headache for her.
Firjan, says that it's often so hard to follow the changes and to comply with them that small and medium businesses see themselves forced to invest in accounting teams to make sure they won't be caught and punished on inspections.
Owner of two hotels, one in Rio's Copacabana and another one in Macaé, 180 km from Rio, Alexandre Sampaio believes the bureaucracy is certainly an obstacle, but the country has climbed a few steps, especially in what concerns micro and small businesses.
"Nowadays an individual company is possible. Before you needed a partner to open any kind of business," he says.
Unification
Brazil also improved its tax system, he says, with the National Simple in 2007, a law that created a differential and simplified tax regime to micro and small business, improved by the end of 2011 to house more entrepreneurs.
For analysts, Brazil could improve its system by simplifying and unifying processes and regulations.
"Some innocuous steps that only exist here should be extinguished", states Cristiano Prado.
The need of a lawyer's stamp and certified copies for certain documents, for example.
Technology could also ease the processes, they say, by allowing business owners to request permits or pay fines online.
"That would mean lower physical and financial cost", says João Carlos Gomes, from Fecomercio.
The ideal, though, all agree, would be a one-stop-shop, a place where all the process would be done, just like it is in Pierre Cornet-Verne's France.
He says: "It's a country with an excellent market and high demand. But it's a pity it has such huge bureaucracy. Brazil is a great country when it works."

O "futuro" do Mercosul em debate: resumindo os argumentos (PRA)

Já postei, alguns posts abaixo (e retomo os links aqui), meus comentário a artigo do Alto Representante do Mercosul sobre o futuro do bloco, que suscitou minha atenção pela recorrência de equívocos de todos os tipos sobre o cenário internacional, sobre a China e até sobre o bloco, vejam só. O "funcionário" propõe medidas que, na prática, vão fragmentar o bloco, desfigurá-lo com respeito a seus princípios básicos e apóia iniciativas -- como as salvaguardas argentinas -- que só podem representar prejuízo para o Brasil e o próprio processo.
Como acabei fazendo 26 páginas de comentários (das quais grande parte é ocupada pela transcrição do artigo em questão, talvez seja útil resumir aqui o sentido das minhas críticas à condução desse processo desde 2003.



1) Acredito que houve, de forma deliberada ou involuntária, perda do sentido de direção do significado do Tratado de Assunção e do Mercosul, que é para ser um processo de liberalização comercial, em primeiro lugar, levando para a integração econômica, numa segunda etapa. É evidente que se perdeu isso, com retrocessos nessas áreas e uma expansão inútil nas areas políticas e sociais, já que desprovidas de qualquer substrato mais sólido, que só poderia ser dado pela unificação econômica.
2) Por razões totalmente políticas, e eminentemente ideológicas, foi mantida uma visão errada do Mercosul, como sendo oposto a acordos hemisféricos, o que fez o Mercosul ficar isolado na região, quando lideranças de pelo menos três países se opuseram, POLITICAMENTE, à Alca, levando todos os demais países, a começar pelos EUA, a concluírem acordos bilaterais de livre comércio; sé ficaram de fora os países do Mercosul e os bolivarianos, por razões óbvias; agora, todos eles estão sendo fragilizados pelo duplo avanço dos EUA e da China na região.
3) A própria relação com os EUA era vista de maneira negativa no plano comercial (a tal de "nova geografia", um equívoco tremendo), o que nos fez perder espaço no mercado americano e em todos os demais.
4) Ao operar esse maniqueísmo político -- que condenava a Alca, confiando ingenuamente em que a UE iria se dobrar aos encantos do Mercosul -- o que ocorreu, sobretudo, foi a perda de maiores investimentos que poderiam ser direcionados ao Brasil, passando este a atender os mercados do Cone Sul. Era evidente que o acordo da Alca não era um acordo de comércio do ponto de vista do Brasil, ou o era apenas em parte, e sim um acordo de investimentos. A atitude negativa da administração anterior nos fez perder espaços preciosos de incremento tecnológico, e de penetração em novos mercados no hemisfério.
5) Registre-se, em várias áreas, uma visão completamente errada quanto ao papel da China, na região e no mundo (aliás, se se pretendia reforçar o Mercosul, segundo os objetivos declarados, a concepção esquizofrênica de propor um acordo de livre comércio ou fazer comércio, ou pagamentos, em moedas locais com a China, eram as melhores receitas para o desastre).
6) Ocorreu também extrema complacência com o protecionismo ilegal da Argentina, o que só serve para desmantelar, não para reforçar o Mercosul.
7) Mais importante, a principal personagem no desenho dessas políticas "não-assimétricas" de integração, tinha uma concepção totalmente equivocada do que sejam assimetrias, e uma noção ingênua quanto à responsabilidade do Brasil em "acabar" com elas.
8) Ao patrocinar o ingresso forçado da Venezuela, país importante, pelos recursos, mas escassamente comprometido com os valores democráticos (atualmente, embora isso mude),  pode-se estar favorecendo uma diluição ainda maior do Mercosul, uma vez que o país andino não cumpriu ainda nenhum dos requisitos formais do Mercosul em matéria de política comercial, a começar pela TEC. Nessa esteira, se está propondo, finalmente, é que todos os demais países entrem, sem passar pela TEC. Ora, isso representaria o desmantelamento institucional do Mercosul. Se existe tal intenção, melhor deixá-la de modo explícito.
9) Finalmente, observa-se uma atitude geral introvertida, de avestruz, refletida no novo protecionismo, reticente e relutante em face da globalização; enquanto a Ásia realiza uma formidável integração produtiva com todos os tipos de intercâmbio, a América Latina e o Brasil se fecham numa espécie de stalinismo industrial, digno dos anos 1950.



Agora, os links para meus comentários na íntegra, de baixo para cima:

Livro: Fabio Giambiagi, Armando Castelar - Alem da Euforia


Um lançamento possível, um livro incontornável: 
Além da euforia
Fabio Giambiagi e Armando Castelar
RJ: Campus-Elsevier, 2012

Contracapa para livro de Fabio Giambiagi e Armando Castelar

O Brasil mudou nas últimas duas décadas. Ficaram para trás o pesadelo da inflação crônica, as crises do Balanço de Pagamentos, a dívida externa, a supervisão do FMI e os frustrados planos de estabilização. Essa época é parte do passado. Hoje, especialmente diante das dificuldades enfrentadas pelos países desenvolvidos desde a crise financeira de 2008, a economia brasileira parece ir bem. Os avanços são inegáveis: a inflação está contida, a arrecadação fiscal bate recorde, o investimento estrangeiro nunca foi tão alto, o desemprego é baixo e até a nossa lastimável distribuição de renda dá indícios de melhora.
Períodos de relativo sucesso econômico, como o desta primeira década do século, trazem riscos. Há sempre a tentação de postular o fim definitivo dos problemas e decretar a aurora de uma nova era onde todas as dificuldades teriam sido superadas. Embalados na euforia dos bons resultados, corre-se o risco de perder o senso crítico e de esquecer que a boa gestão da economia exige análise permanente, a avaliação dos pontos nevrálgicos e a antecipação dos gargalos. Assim como o bom desempenho atual é, em grande parte, resultado das reformas e das políticas postas em práticas na última década do século passado, o desempenho da economia amanhã será determinado por medidas que estão sendo tomadas – ou  deixando de serem tomadas - hoje.
"Além da euforia" percorre, ao longo de seus onze capítulos, as diversas áreas da economia brasileira onde, por trás dos resultados aparentemente exuberantes, existem sinais preocupantes. Problemas que, se não forem compreendidos e equacionados, podem levar à interrupção do ciclo de bons resultados, antes do imaginado.
Fabio Giambiagi e Armando Castelar têm profundo conhecimento da economia brasileira, acumulado ao longo de bem sucedidas carreiras no setor publico e na Universidade. Foram capazes de apresentar de forma organizada e simples, sempre fundamentada em dados claros, um retrato lúcido dos desafios que temos pela frente.  Por último, mas importantíssimo, escrevem de forma clara e acessível. A leitura deste livro, além de obrigatória para compreender o momento atual, é  - coisa rara em economia  - uma tarefa agradável.
André Lara Resende

Orelha
As grandes mudanças na economia brasileira ocorreram em momentos de crise. Foi quando os governos tiveram que abandonar a inércia em favor da racionalidade, ainda que às custas de danos à sua popularidade. Parece contrário à natureza humana dedicar-se à solução de problemas quando se vivem tempos de bonança. Dos anos 1980 para cá foram tantas as crises – a superinflação, o desemprego, os colapsos do Balanço de Pagamentos, a moratória da dívida externa -   que soa legítimo desfrutar de um período tão singular da história econômica do país como o atual.  A sensação de bem-estar ofusca, porém, a percepção de que nem tudo está pronto para o país ter um crescimento sustentável por muitos anos.
Neste livro, o leitor poderá avaliar os problemas ainda presentes que precisam ser resolvidos para que o desenvolvimento nos últimos anos não seja uma mera euforia, mas um processo duradouro de encontro com o futuro.
É senso comum que o Estado cobra uma carga tributária excessiva e gasta mal o dinheiro do contribuinte. Basta ver que os recursos destinados à educação pública dobraram desde 1980 e hoje somam 5% do PIB – o mesmo que a média dos países da OCDE e mais do que México, Chile, Coreia ou a Alemanha. Isso, no entanto, não se traduziu em benefícios para o aprendizado dos alunos. Além disso, boa parte da infraestrutura que abastece o país foi herdada do tempo dos militares.
Estima-se que até 2050 a população acima de 60 anos será multiplicada por um fator da ordem de 3,5 e não se notam sinais de preocupação com as consequências do envelhecimento demográfico e do encolhimento da população economicamente ativa.
Sem negar o muito que se avançou nos governos mais recentes, Giambiagi e Castelar fazem, num texto de agradável leitura, uma radiografia do que ainda falta para o país estar preparado para enfrentar os maus momentos inerentes aos ciclos econômicos. Isso significa, dentre várias tarefas, prover as crianças de uma boa educação, modernizar a infraestrutura e impor eficiência ao gasto público.
Claudia Safatle

O "futuro" do Mercosul em debate - Renato Marques

Recebi, junto com nova cópia do artigo do Alto Comissário (ops, perdão, Representante) do Mercosul, Samuel Pinheiro Guimarães, as observações que transcrevo abaixo do colega diplomata Renato Luis Rodrigues Marques, que foi responsável pela integração bilateral Brasil-Argentina e depois pelo seguimento do processo na primeira fase do Mercosul.
Mas, impõem-se as reservas de sempre: eles se expressa a título pessoal, não como diplomata, como eu sempre faço, aliás: mesmo sendo diplomata, nunca deixei de pensar e, por vezes, de expressar o que penso, como cidadão, não como diplomata. Não concordo, absolutamente, com os que dizem que o diplomata só tem, e só pode ter, uma única opinião, a do Governo. Enquanto diplomata, ele precisa seguir instruções, o que não deveria impedi-lo de expressar, internamente, suas ideais e opiniões para a formulação dessas mesmas instruções. Como cidadão, ele tem o direito de pensar o que quer. Impõem-se, como sempre, as reservas de praxe: o diplomata não tem o direito de expressar em público suas opiniões, em temas da agenda diplomática corrente, sem a devida autorização dos seus superiores. Um pouco como no Vaticano... (e tem de ser assim).
O que não quer dizer que ele não pode debater ideias -- não instruções -- de colegas diplomatas quando expostas abertamente em público. Se por acaso penetrar em temas da agenda diplomática corrente, tem o dever de pedir autorização. Por vezes dão, por vezes não, como no Vaticano...
Paulo Roberto de Almeida 


Comentários do Embaixador Renato Luis Rodrigues Marques ao artigo em anexo:
(ele se refere ao artigo de Samuel Pinheiro Guimarães, “O Futuro do Mercosul”. Ele foi publicado no número inaugural da revista Austral, Revista Brasileira de Estratégia e Relações Internacionais (Porto Alegre, UFRGS, Programa de Pós-Graduação em Estudos Estratégicos Internacionais da UFRGS, vol. 1, n. 1, jan.-jun. 2012, p. 13-22; disponível neste link: http://seer.ufrgs.br/austral/article/view/27989/16627).

As afirmações de nosso Alto Representante no Mercosul, no artigo "O Futuro do Mercosul", publicado na revista Austral. edição jan/jun de 2012, da UFRGS, distorcem fatos históricos de domínio público. Com a mesma ligeireza de pensamento, falseiam tanto os objetivos que nortearam a criação do Mercosul, como as razões que fundamentaram a abertura de mercado nos países da região no início da década dos 90. A abertura das economias não foi motivada por um desejo quase freudiano de "contribuição voluntária ao processo de globalização" , mas como uma fórmula para - entre outros objetivos concorrentes - abater a hiperinflação que corroía o poder de compra dos assalariados e desmontar mamutes estatais inoperantes, que funcionavam como grande cabides de emprego, sem vantagens para os contgribuintes a que deveriam servir. Nos tempos da EMBRATEL, o telefone era tão caro e raro que constava da lista de bens na declaração anual de imposto de renda de alguns privilegiados. Hoje está universalizado ao ponto que o número de aparelhos é praticamente o mesmo que o de habitantes do país. Pode-se criticar a forma como essas privatizações ocorreram na região - em alguns casos apenas substituindo o monopólio estatal pelo privado - mas é inegável que suas economias se modernizaram e ampliaram as oportunidade de trabalho (o que não se confunde com emprego) em cada país.
Da mesma forma, o Mercosul nunca foi pensado como um aplainador de assimetrias, mas como um instrumento de inserção competitiva para essas economias no mercado internacional ( e é sob esse ângulo que deve ser avaliado). A conclusão seria que o Mercosul é uma área de livre comércio incompleta e uma união aduaneira imperfeita, tão frágil quanto os acordos seletivos de livre comércio  celebrados com os EUA e a União Europeia pelos países da região. O programa automotivo, apregoado como modelo no artigo, é um arranjo de controle de mercado das multinacionais do setor - e não um paradigma de cooperação econômica a ser imitado, pois opera contra os interesses dos consumidores. Além disso, o Brasil, se está disposto a ajudar o desenvolvimento da Bolívia, Equador, Suriname e Guiana, certamente dispõe dos meios para fazê-lo bilateralmente, sem os constrangimentos de uma camisa de força supranacional.  Apenas seria de esperar que nossa "pujança econômica" (implícita no programa) pudesse pelo menos tentar antes realizar a tarefa internamente, via redução das desigualdades regionais no próprio Brasil. 
Finalmente, embora seja inegável o êxito do modelo econômico chinês - calcado na exploração da mão-de-obra e na ausência de seguridade social (para não mencionar as restrições à liberdade política no país) - dificilmente poderia ser mimetizado no Brasil, na medida em que  representaria um retrocesso nas conquistas sociais já alcançadas, estaria em contradição com o programa de todos os partidos políticos e ao arrepio das aspirações democráticas da população como um todo (que não estaria disposta a injetar maior estabilidade à nossa "trajetória econômica e política" através da adoção de "um sistema político colegiado e de ascensão gradual dos membros do Partido Comunista às posições de alta responsabilidade no Bureau Político do Comitê Central" - ou seu equivalente tupiniquim).       

Renato L.R. Marques
Blogger: http://renatolrmarques1.blogspot.com/  

Debate debiloide: voce quer austeridade ou crescimento?

Ou o jornalista é um completo idiota, ou outras figuras, cujos nomes me escuso não mencionar, pensam que somos todos idiotas, ao defenderem o crescimento, a distribuição, os empregos, no lugar da austeridade, da recessão, do desemprego.
Será que eles regulam bem?
Qual é o político são de espírito que vai proclamar sangue, suor e lágrimas para seus cidadãos eleitores?
Qual é o jornalista idiota que acha que recessão é uma escolha política, podendo ser trocada por algo mais palatável?
Ou seja, a pergunta, ou as supostas opções, são completamente idiotas e sem sentido.
Só vai postado aqui para que se constate, mais uma vez, o nível (lamentável) do debate político e econômico neste nosso continente.
Mas, nos outros também: ou os indignados acham que os governos podem escolher entre bondades e maldades como num passe de mágica?
Acho que vou ter de revisar meu artigo sobre o número crescente de idiotas no mundo: ele é muito maior do que alguém pode imaginar...
Paulo Roberto de Almeida 

França, François Hollande, América Latina

América Latina prefere a reativação (François Hollande) à austeridade (Angela Merkel)

Infolatam
Madri, 13 de maio de 2012
Las claves
  • Dilma Rousseff: “estou segura de que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais-entre eles o G20- que permitam investir nas políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado fizeram o Brasil infeliz e à maioria dos países da América Latina”.
(Especial para Infolatam por Rogelio Núñez)-. François Hollande assume na terça-feira, como novo presidente da República francesa. A chegada ao Elísios do líder socialista pode supor um giro às políticas econômicas ortodoxas europeias sustentadas por Angela Merkel. A América Latina parece se inclinar mais pelas teses do novo chefe de Estado francês que pelas sustentadas pela chanceler alemã, pois uma rápida reativação europeia melhoraria o panorama econômico mundial do qual depende a atual prosperidade latino-americana.

As presidentas Merkel e Fernández em um encontro oficial em 2010
Até agora a UE seguiu a receita da chanceler alemã, Angela Merkel, quem advertiu  ao novo presidente francês, o socialista François Hollande, que não pensa romper o pacto de austeridade fiscal que acordou com o presidente que sai do poder, Nicolas Sarkozy: “o pacto fiscal não é renegociável, como não é nenhum outro tratado europeu depois de umas eleições em um país, porque se fosse assim não se poderia trabalhar na UE”.
De todas as formas, muitos analistas, como o ex-presidente do governo espanhol Felipe González, acreditam que “talvez haja um presidente da República francesa que se atreva a lhe dizer que não à senhora Merkel quando não tenha razão”.
Cabe recordar que, durante a campanha, Hollande assegurou que “Merkel estará contra algumas coisas (de suas propostas), mas haverá uma negociação. A Alemanha não vai decidir por toda a Europa”, e depois de seu triunfo ratificou que “a mudança começa agora. A austeridade não pode ser uma condenação”.
Como sustenta Moisés Naim no jornal El País “crescimento ou austeridade? Este é o grande debate destes tempos. Surpreendentemente, propõe-se como um menu no qual os países têm a liberdade de escolher o prato que mais lhes parece. A quem lhe apetece a austeridade? Pagar mais impostos, ter menos e piores serviços públicos, perder subsídios e reduzir a proteção social? Aos alemães. Mas desde que sirva aos seus vizinhos europeus”.
México, Brasil e Argentina apoiam as teses de Hollande
A vitória de Hollande e a possível mudança de política econômica na UE foram bem recebidas na América Latina, pois o bom momento econômico latino-americano depende de que exista uma boa conjuntura econômica internacional, algo que, com tão sérias nuvens negras na Europa, parece difícil.
Os três países latino-americanos no G-20, Brasil, México e Argentina, respaldam a ideia de Hollande de apostar pela reativação antes que pela austeridade estrita de Angela Merkel.

A ideia de Calderón é de que a crise na UE "não só significará a potencial implosão do euro, senão uma crise econômica com consequências devastadoras para o resto do mundo"
Já em sua época o presidente mexicano Felipe Calderón alertou sobre a existência de “uma bomba de tempo. A bomba está na Europa e estamos trabalhando juntos para desativá-la, antes que exploda todos”. Calderón recomendou a Europa que tire “a bazuca imediatamente antes que a pólvora se umidifique… criar um corta-fogos para evitar a queda da terceira e quarta economias europeias (em referência a Itália e Espanha)”.
A ideia de Calderón é que a crise na UE “não só significará a potencial implosão do euro, senão uma crise econômica com consequências devastadoras para o resto do mundo” e a saída da crise está em injetar mais dinheiro pois “quanto mais dinheiro pões no corta-fogos, mais confiança crias, e menos dinheiro precisas, o contrário também ocorre … aqui é onde o apoio internacional é crucial … na Europa, economias solventes precisam urgentemente renegociar suas dívidas e uma  enorme ajuda externa”.
A postura mexicana coincide com a que o Brasil vem sustentando. Dilma Rousseff enviou uma felicitação a François Hollande na qual claramente se inclinava para que ambos governos sejam aliados nos foros internacionais contra as “políticas recessivas”: “estou segura de que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais-entre eles o G20- que permitam investir nas políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado fizeram o Brasil infeliz e à maioria dos países da América Latina”.
A aposta de Hollande e Rousseff seria concordante a favor de “políticas que favoreçam o crescimento, o emprego, a inclusão e a justiça social”.
Do mesmo modo, o antecessor de Rousseff, Lula da Silva, crítico com os planos de auteridade (“castigam às vítimas da crise e distribuem prêmios aos responsáveis. Há algo de equivocado nesse caminho”), deu as boas-vindas à mudança que encarna Hollande (“tenho a segurança de que a liderança terá um importante impacto em toda a Europa, em um momento onde são fundamentais a coragem e a ousadia para que a população do continente recupere a esperança e para que a economia volte a gerar empregos”).
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que tradicionalmente apoiou políticas econômicas nada ortodoxas, também felicitou Francois Hollande e alabou as posturas do dirigente socialista com a qual disse estar em sintonia: “parece-nos muito interessante a postura do novo presidente da França a respeito do crescimento e da necessidade da geração de emprego como um dos instrumentos para enfrentar a crise e não o ajuste … Bem-vindo seja (o novo governo) e tomara que possa atuar e articular com outros membros do G20 para poder fazer coisas que nós viemos dizendo há bastante tempo”.
O socialismo do século XXI e Hollande

Hugo Chávez acha que a vitória de Hollande ratifica que "o povo francês tem reafirmado sua profunda vocação republicana".
Os representantes do socialismo do século XXI veem no triunfo de Hollande uma ratificação das suas teses de maior intervenção estatal e políticas de incremento da despesa pública, sobretudo em temas sociais.
Nessa linha, Hugo Chávez acha que a vitória deHollande ratifica que “o povo francês tem reafirmado sua profunda vocação republicana, que antepõe a vontade política à fatalidade dos mercados, a sensibilidade social à receita financeira, a justiça e a solidariedade à exclusão”.
Evo Morales saudou o triunfo do socialistaFrançois Hollande como a mostra do início de importantes mudanças nas políticas econômicas que até agora a UE impulsionou:  “o complexo contexto mundial que atualmente enfrentamos, caracterizado por uma crise de ordem estrutural que preocupa o âmbito financeiro, energético, ambiental e alimentício, nos propõem a necessidade de seguir impulsionando novos paradigmas que respondam à vontade libertadora e transformadora dos nossos povos”.
Rafael Correa também confirmou que a vitória de Hollande evidencia o fato de que “novos ventos sopram pela França. Eu acho que por toda a Europa”, acrescentou o mandatário, quem recordou que na “Bélgica também chegou um governo socialista”.
A própria chancelaria equatoriana felicitou “por sua vitória ao presidente eleito da França, François Hollande, como expressão do triunfo da democracia no país irmão e seu povo que ‘elegeu a mudança”.
Na Nicarágua, Daniel Ortega foi igualmente claro em seu respaldo a Hollande frente às propostas deMerkel: “valorizamos grandemente essa vitória sua, que reviveu a esperança de justiça social na França, reinstalando os valores republicanos e realçando a sensibilidade e a solidariedade, frente ao império dos mercados”.
A agenda latino-americana de Hollande
O mesmo Hollande se declarou próximo às teses dos dirigentes latino-americanos de esquerda que louvaram suas teses de reativação já que a América Latina “hoje é dirigida por muitos governos progressistas e presidentes que querem também a mudança da situação em seus próprios países”.

O novo presidente francês deverá encontrar um espaço para ter uma agenda latino-americana.
O novo presidente francês deverá encontrar um espaço para ter uma agenda latino-americana já que além da aliança militar com o Brasil, a França deve atender outros frentes como as diferenças com México pelo casoCassez e o problema surgido na Colômbia pelo sequestro de Roméo Langlois pelasFarc.
A viagem de Nicolas Sarkozy em 2009 ao Brasil significou o passo definitivo na aliança franco-brasileira. O mais importante dos convênios assinados referia-se à construção conjunta de um submarino de propulsão nuclear e outros quatro convencionais do modelo francês Scorpene, bem como do estaleiro onde se fabricarão os navios e de uma base naval de apoio.
Quanto ao “caso Cassez”, as relações entre México e França viram-se danificadas nos últimos seis anos por causa da disputa que mantêm por Florence Cassez, uma francesa condenada no México a 60 anos de prisão por sequestro e outros delitos.
Para as autoridades mexicanas, Cassez é um exemplo do sucesso do Governo encabeçado pelo presidente Felipe Calderón na luta contra o crime organizado, enquanto o mandatário francês,Nicolas Sarkozy, converteu-a em uma mostra do seu compromisso com seus compatriotas encarcerados no exterior.
Hollande, no momento, tem assegurado que ”com a América Latina quero ter uma relação coerente e duradoura”.

Argentina: restricoes a compra de dolares, como nos anos 1980...

Não parece uma velha história?
Mas, É UMA VELHA HISTORIA...
Restrições à compra de dólares pelo governo.
A única diferença é que se passa HOJE.
A Argentina repete os mesmos erros do passado.
Já vimos esse filme, e sabemos como terminou...
Paulo Roberto de Almeida 

Argentina: o Governo endurece controles para a compra de dólares

dolares
Infolatam/Efe
Buenos Aires, 13 de maio de 2012
Las claves
  • Segundo a imprensa de Buenos Aires, agentes do Tesouro percorreram na quinta-feira passada, casas de cambio do centro da capital argentina para fiscalizar as transações.
  • O Governo de Cristina Fernández ditou desde outubro passado uma série de medidas para restringir a compra de dólares e evitar a fuga de divisas.
O Governo argentino endureceu os controles para a compra de dólares, se multiplicando as rejeições às solicitações em bancos e casas de mudança, no marco das medidas do Executivo para evitar a fuga de divisas.
Fontes do setor cambiário consultadas por Efe admitiram na sexta-feira que se registraram “complicações” para a aquisição de divisas, ainda que evitaram entrar em detalhes.
Segundo a imprensa de Buenos Aires, agentes do Tesouro percorreram na quinta-feira passada, casas de cambio do centro da capital argentina para fiscalizar as transações.
Por enquanto, o sistema estabelecido pelo Governo para autorizar cada operação de compra de divisas recusou boa parte das solicitações registradas em bancos e casas de câmbio.
“Só puderam comprar dólares menos de 2 por cento dos que hoje (por ontem) tentaram, e por valores que não superavam os 300 dólares por pessoa”, disse o titular de uma mesa de câmbio ao jornal Clarín.
O Governo de Cristina Fernández ditou desde outubro passado uma série de medidas para restringir a compra de dólares e evitar a fuga de divisas.
Desde então, a aquisição de divisas deve ser validada pelo Tesouro, que tem em conta a capacidade de compra demonstrada por cada investidor.
No dia 3 de abril, o Banco Central da Argentina dispôs que as extrações “de moeda estrangeira com o uso de cartões de débito locais de caixas automáticos localizados no exterior deverão ser efetuados com débito em contas locais do cliente em moeda estrangeira”.
Segundo dados do Banco Central, a saída de capitais da Argentina ascendeu a 21.504 milhões de dólares em 2011, 88 por cento a mais que em 2010.