Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
segunda-feira, 14 de maio de 2012
Doing Business in Brazil???!!! - You must be kidding!!!
O "futuro" do Mercosul em debate: resumindo os argumentos (PRA)
Como acabei fazendo 26 páginas de comentários (das quais grande parte é ocupada pela transcrição do artigo em questão, talvez seja útil resumir aqui o sentido das minhas críticas à condução desse processo desde 2003.
Agora, os links para meus comentários na íntegra, de baixo para cima:
- O "futuro" do Mercosul em debate (9) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (8) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (7) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (6) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (5) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (4) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (3) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (2) - comentarios...
- O "futuro" do Mercosul em debate (1) - comentarios...
Livro: Fabio Giambiagi, Armando Castelar - Alem da Euforia
Um lançamento possível, um livro incontornável:
Além da euforia
Fabio Giambiagi e Armando Castelar
RJ: Campus-Elsevier, 2012
O "futuro" do Mercosul em debate - Renato Marques
Mas, impõem-se as reservas de sempre: eles se expressa a título pessoal, não como diplomata, como eu sempre faço, aliás: mesmo sendo diplomata, nunca deixei de pensar e, por vezes, de expressar o que penso, como cidadão, não como diplomata. Não concordo, absolutamente, com os que dizem que o diplomata só tem, e só pode ter, uma única opinião, a do Governo. Enquanto diplomata, ele precisa seguir instruções, o que não deveria impedi-lo de expressar, internamente, suas ideais e opiniões para a formulação dessas mesmas instruções. Como cidadão, ele tem o direito de pensar o que quer. Impõem-se, como sempre, as reservas de praxe: o diplomata não tem o direito de expressar em público suas opiniões, em temas da agenda diplomática corrente, sem a devida autorização dos seus superiores. Um pouco como no Vaticano... (e tem de ser assim).
O que não quer dizer que ele não pode debater ideias -- não instruções -- de colegas diplomatas quando expostas abertamente em público. Se por acaso penetrar em temas da agenda diplomática corrente, tem o dever de pedir autorização. Por vezes dão, por vezes não, como no Vaticano...
Paulo Roberto de Almeida
Debate debiloide: voce quer austeridade ou crescimento?
Será que eles regulam bem?
Qual é o político são de espírito que vai proclamar sangue, suor e lágrimas para seus cidadãos eleitores?
Qual é o jornalista idiota que acha que recessão é uma escolha política, podendo ser trocada por algo mais palatável?
Ou seja, a pergunta, ou as supostas opções, são completamente idiotas e sem sentido.
Só vai postado aqui para que se constate, mais uma vez, o nível (lamentável) do debate político e econômico neste nosso continente.
Mas, nos outros também: ou os indignados acham que os governos podem escolher entre bondades e maldades como num passe de mágica?
Acho que vou ter de revisar meu artigo sobre o número crescente de idiotas no mundo: ele é muito maior do que alguém pode imaginar...
Paulo Roberto de Almeida
França, François Hollande, América Latina
América Latina prefere a reativação (François Hollande) à austeridade (Angela Merkel)
Madri, 13 de maio de 2012
- Dilma Rousseff: “estou segura de que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais-entre eles o G20- que permitam investir nas políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado fizeram o Brasil infeliz e à maioria dos países da América Latina”.
Até agora a UE seguiu a receita da chanceler alemã, Angela Merkel, quem advertiu ao novo presidente francês, o socialista François Hollande, que não pensa romper o pacto de austeridade fiscal que acordou com o presidente que sai do poder, Nicolas Sarkozy: “o pacto fiscal não é renegociável, como não é nenhum outro tratado europeu depois de umas eleições em um país, porque se fosse assim não se poderia trabalhar na UE”.
De todas as formas, muitos analistas, como o ex-presidente do governo espanhol Felipe González, acreditam que “talvez haja um presidente da República francesa que se atreva a lhe dizer que não à senhora Merkel quando não tenha razão”.
Cabe recordar que, durante a campanha, Hollande assegurou que “Merkel estará contra algumas coisas (de suas propostas), mas haverá uma negociação. A Alemanha não vai decidir por toda a Europa”, e depois de seu triunfo ratificou que “a mudança começa agora. A austeridade não pode ser uma condenação”.
Como sustenta Moisés Naim no jornal El País “crescimento ou austeridade? Este é o grande debate destes tempos. Surpreendentemente, propõe-se como um menu no qual os países têm a liberdade de escolher o prato que mais lhes parece. A quem lhe apetece a austeridade? Pagar mais impostos, ter menos e piores serviços públicos, perder subsídios e reduzir a proteção social? Aos alemães. Mas desde que sirva aos seus vizinhos europeus”.
México, Brasil e Argentina apoiam as teses de Hollande
A vitória de Hollande e a possível mudança de política econômica na UE foram bem recebidas na América Latina, pois o bom momento econômico latino-americano depende de que exista uma boa conjuntura econômica internacional, algo que, com tão sérias nuvens negras na Europa, parece difícil.
Os três países latino-americanos no G-20, Brasil, México e Argentina, respaldam a ideia de Hollande de apostar pela reativação antes que pela austeridade estrita de Angela Merkel.
Já em sua época o presidente mexicano Felipe Calderón alertou sobre a existência de “uma bomba de tempo. A bomba está na Europa e estamos trabalhando juntos para desativá-la, antes que exploda todos”. Calderón recomendou a Europa que tire “a bazuca imediatamente antes que a pólvora se umidifique… criar um corta-fogos para evitar a queda da terceira e quarta economias europeias (em referência a Itália e Espanha)”.
A ideia de Calderón é que a crise na UE “não só significará a potencial implosão do euro, senão uma crise econômica com consequências devastadoras para o resto do mundo” e a saída da crise está em injetar mais dinheiro pois “quanto mais dinheiro pões no corta-fogos, mais confiança crias, e menos dinheiro precisas, o contrário também ocorre … aqui é onde o apoio internacional é crucial … na Europa, economias solventes precisam urgentemente renegociar suas dívidas e uma enorme ajuda externa”.
A postura mexicana coincide com a que o Brasil vem sustentando. Dilma Rousseff enviou uma felicitação a François Hollande na qual claramente se inclinava para que ambos governos sejam aliados nos foros internacionais contra as “políticas recessivas”: “estou segura de que poderemos compartilhar posições comuns nos foros internacionais-entre eles o G20- que permitam investir nas políticas recessivas, ainda hoje predominantes, e que, no passado fizeram o Brasil infeliz e à maioria dos países da América Latina”.
A aposta de Hollande e Rousseff seria concordante a favor de “políticas que favoreçam o crescimento, o emprego, a inclusão e a justiça social”.
Do mesmo modo, o antecessor de Rousseff, Lula da Silva, crítico com os planos de auteridade (“castigam às vítimas da crise e distribuem prêmios aos responsáveis. Há algo de equivocado nesse caminho”), deu as boas-vindas à mudança que encarna Hollande (“tenho a segurança de que a liderança terá um importante impacto em toda a Europa, em um momento onde são fundamentais a coragem e a ousadia para que a população do continente recupere a esperança e para que a economia volte a gerar empregos”).
A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, que tradicionalmente apoiou políticas econômicas nada ortodoxas, também felicitou Francois Hollande e alabou as posturas do dirigente socialista com a qual disse estar em sintonia: “parece-nos muito interessante a postura do novo presidente da França a respeito do crescimento e da necessidade da geração de emprego como um dos instrumentos para enfrentar a crise e não o ajuste … Bem-vindo seja (o novo governo) e tomara que possa atuar e articular com outros membros do G20 para poder fazer coisas que nós viemos dizendo há bastante tempo”.
O socialismo do século XXI e Hollande
Os representantes do socialismo do século XXI veem no triunfo de Hollande uma ratificação das suas teses de maior intervenção estatal e políticas de incremento da despesa pública, sobretudo em temas sociais.
Nessa linha, Hugo Chávez acha que a vitória deHollande ratifica que “o povo francês tem reafirmado sua profunda vocação republicana, que antepõe a vontade política à fatalidade dos mercados, a sensibilidade social à receita financeira, a justiça e a solidariedade à exclusão”.
E Evo Morales saudou o triunfo do socialistaFrançois Hollande como a mostra do início de importantes mudanças nas políticas econômicas que até agora a UE impulsionou: “o complexo contexto mundial que atualmente enfrentamos, caracterizado por uma crise de ordem estrutural que preocupa o âmbito financeiro, energético, ambiental e alimentício, nos propõem a necessidade de seguir impulsionando novos paradigmas que respondam à vontade libertadora e transformadora dos nossos povos”.
Rafael Correa também confirmou que a vitória de Hollande evidencia o fato de que “novos ventos sopram pela França. Eu acho que por toda a Europa”, acrescentou o mandatário, quem recordou que na “Bélgica também chegou um governo socialista”.
A própria chancelaria equatoriana felicitou “por sua vitória ao presidente eleito da França, François Hollande, como expressão do triunfo da democracia no país irmão e seu povo que ‘elegeu a mudança”.
Na Nicarágua, Daniel Ortega foi igualmente claro em seu respaldo a Hollande frente às propostas deMerkel: “valorizamos grandemente essa vitória sua, que reviveu a esperança de justiça social na França, reinstalando os valores republicanos e realçando a sensibilidade e a solidariedade, frente ao império dos mercados”.
A agenda latino-americana de Hollande
O mesmo Hollande se declarou próximo às teses dos dirigentes latino-americanos de esquerda que louvaram suas teses de reativação já que a América Latina “hoje é dirigida por muitos governos progressistas e presidentes que querem também a mudança da situação em seus próprios países”.
O novo presidente francês deverá encontrar um espaço para ter uma agenda latino-americana já que além da aliança militar com o Brasil, a França deve atender outros frentes como as diferenças com México pelo casoCassez e o problema surgido na Colômbia pelo sequestro de Roméo Langlois pelasFarc.
A viagem de Nicolas Sarkozy em 2009 ao Brasil significou o passo definitivo na aliança franco-brasileira. O mais importante dos convênios assinados referia-se à construção conjunta de um submarino de propulsão nuclear e outros quatro convencionais do modelo francês Scorpene, bem como do estaleiro onde se fabricarão os navios e de uma base naval de apoio.
Quanto ao “caso Cassez”, as relações entre México e França viram-se danificadas nos últimos seis anos por causa da disputa que mantêm por Florence Cassez, uma francesa condenada no México a 60 anos de prisão por sequestro e outros delitos.
Para as autoridades mexicanas, Cassez é um exemplo do sucesso do Governo encabeçado pelo presidente Felipe Calderón na luta contra o crime organizado, enquanto o mandatário francês,Nicolas Sarkozy, converteu-a em uma mostra do seu compromisso com seus compatriotas encarcerados no exterior.
Hollande, no momento, tem assegurado que ”com a América Latina quero ter uma relação coerente e duradoura”.
Argentina: restricoes a compra de dolares, como nos anos 1980...
Mas, É UMA VELHA HISTORIA...
Restrições à compra de dólares pelo governo.
A única diferença é que se passa HOJE.
A Argentina repete os mesmos erros do passado.
Já vimos esse filme, e sabemos como terminou...
Paulo Roberto de Almeida
Argentina: o Governo endurece controles para a compra de dólares
Buenos Aires, 13 de maio de 2012
- Segundo a imprensa de Buenos Aires, agentes do Tesouro percorreram na quinta-feira passada, casas de cambio do centro da capital argentina para fiscalizar as transações.
- O Governo de Cristina Fernández ditou desde outubro passado uma série de medidas para restringir a compra de dólares e evitar a fuga de divisas.
Fontes do setor cambiário consultadas por Efe admitiram na sexta-feira que se registraram “complicações” para a aquisição de divisas, ainda que evitaram entrar em detalhes.
Segundo a imprensa de Buenos Aires, agentes do Tesouro percorreram na quinta-feira passada, casas de cambio do centro da capital argentina para fiscalizar as transações.
Por enquanto, o sistema estabelecido pelo Governo para autorizar cada operação de compra de divisas recusou boa parte das solicitações registradas em bancos e casas de câmbio.
“Só puderam comprar dólares menos de 2 por cento dos que hoje (por ontem) tentaram, e por valores que não superavam os 300 dólares por pessoa”, disse o titular de uma mesa de câmbio ao jornal Clarín.
O Governo de Cristina Fernández ditou desde outubro passado uma série de medidas para restringir a compra de dólares e evitar a fuga de divisas.
Desde então, a aquisição de divisas deve ser validada pelo Tesouro, que tem em conta a capacidade de compra demonstrada por cada investidor.
No dia 3 de abril, o Banco Central da Argentina dispôs que as extrações “de moeda estrangeira com o uso de cartões de débito locais de caixas automáticos localizados no exterior deverão ser efetuados com débito em contas locais do cliente em moeda estrangeira”.
Segundo dados do Banco Central, a saída de capitais da Argentina ascendeu a 21.504 milhões de dólares em 2011, 88 por cento a mais que em 2010.