O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Diplomacia soberana (dos hermanos) - editorial Estadao

Sem comentários.


O Brasil se rende a Moreno

Editorial O Estado de S.Paulo, 21/05/2012

O governo brasileiro, mais uma vez, se curvou ao protecionismo argentino, aceitou as imposições do ministro Guillermo Moreno e admitiu discutir as condições de comércio nos termos ditados pelo governo da presidente Cristina Kirchner. Moreno, ministro do Comércio Interior, mas comandante de fato da política argentina de importações, resumiu claramente a rendição das autoridades brasileiras depois de uma reunião no Itamaraty, na terça-feira: "Com a disposição do Brasil de adquirir nossos produtos, obviamente some o problema com a carne suína". Em outras palavras, os exportadores brasileiros de carne de porco serão premiados com uma oportunidade comercial em troca das bondades prometidas pelos representantes de Brasília. Seria um escárnio, talvez uma brincadeira de mau gosto, se esse não fosse o padrão normal das relações entre as autoridades dos dois países, quando se trata de regras de comércio.

O ministro Moreno esteve em Brasília em companhia do ministro de Relações Exteriores de seu país, Héctor Timerman, mas este participou das conversações obviamente como figura decorativa. A irrelevância de seu ministério nessa questão só é comparável à passividade e à mansidão do Itamaraty no trato comercial com os parceiros ditos estratégicos.

Acostumado a agir com truculência no trato com empresários de seu país, ameaçando-os e impondo sua vontade por meio de ordens formais e informais, o principal estrategista do protecionismo argentino encontrou em Brasília interlocutores ideais. Nenhum diplomata brasileiro se dispôs a desmentir os termos das conversações mencionados pelo ministro argentino. Na quinta-feira, o chanceler Antônio Patriota limitou-se a indicar um cronograma de trabalhos: representantes dos dois países deverão reunir-se de novo até a primeira quinzena de junho para uma reunião técnica. "A Argentina está muito longe de ser uma pedra no sapato. É um aliado estratégico", disse o ministro.

Esse "aliado estratégico" ampliou várias vezes, a partir de 2008, as barreiras comerciais impostas a produtos brasileiros. As medidas protecionistas incluíram a eliminação das autorizações automáticas para importação - uma atitude inaceitável numa zona de livre comércio e muito menos admissível numa união aduaneira. Em seguida, o governo argentino passou a retardar as licenças, demorando, para concedê-las, muito mais que os 60 dias permitidos pelas normas da Organização Mundial do Comércio (OMC). O passo seguinte foi exigir dos importadores argentinos a apresentação de declarações juradas a respeito de cada compra planejada - mais um passo para dificultar a entrada de bens estrangeiros.

As barreiras argentinas têm causado prejuízos a produtores brasileiros de eletrodomésticos, calçados, equipamentos agrícolas, roupas, tecidos, cosméticos e diversos tipos de alimentos, para citar só algumas categorias.

Quando já não podia disfarçar sua escandalosa passividade, autoridades brasileiras decidiram impor alguns obstáculos a produtos argentinos. Agora se comprometem a eliminá-los em troca da supressão das barreiras à carne suína. É mais uma rendição. Em vez de continuar pondo panos quentes sobre a questão, o governo brasileiro deveria, em defesa de interesses da economia nacional e também do Mercosul, exigir o fim de todas as políticas incompatíveis com as normas internacionais e, de modo especial, com uma união aduaneira.

Cada capitulação da diplomacia brasileira estimula a manutenção do protecionismo argentino e, mais que isso, a ampliação periódica das barreiras. O governo tem cedido em tudo e já aceitou várias vezes a prorrogação do acordo automotivo entre os dois países, sempre com novas cláusulas a favor dos vizinhos. Pelo acordo original, os dois países deveriam, há muitos anos, ter liberalizado o comércio de veículos e componentes.

É essencial cooperar com a Argentina e discutir, por exemplo, a organização de cadeias produtivas para integrar os sistemas industriais dos dois países. A política seguida pelo governo brasileiro vai na direção oposta, prejudicando a indústria nacional e impedindo o avanço do Mercosul.

Minhas dez regras de diplomacia: não custa relembrar -

As regras abaixo, foram redigidas por mim mais de dez anos atrás -- mais exatamente em agosto de 2001 -- e sua formulação e redação foram inspiradas a partir da leitura de quatro regras diplomáticas de um colega português do século XIX (como pode ser lido em meu artigo original: http://www.espacoacademico.com.br/004/04almeida.htm).
Acredito que elas sejam válidas, ainda, como de vez em quando me lembra um leitor de meu site ou blog.
Sendo assim, talvez haja interesse em reproduzi-las aqui, relembrando que elas foram escritas em benefício dos mais jovens, que podem eventualmente ficar intimidados por uma carreira que tem algo de Vaticano, como sempre digo...
Paulo Roberto de Almeida 


Dez regras de diplomacia


1. Servir a pátria, mais do que aos governos, conhecer profundamente os interesses permanentes da nação e do povo aos quais serve; ter absolutamente claros quais são os grandes princípios de atuação do país a serviço do qual se encontra.
O diplomata é um agente do Estado e, ainda que ele deva obediência ao governo ao qual serve, deve ter absoluta consciência de que a nação tem interesses mais permanentes e mais fundamentais do que, por vezes, orientações momentâneas de uma determinada administração, que pode estar guiada — mesmo se em política externa isto seja mais raro — por considerações “partidárias” de reduzido escopo nacional. Em resumo, não seja subserviente ao poder político, que, como tudo mais, é passageiro, mas procure inserir uma determinada ação particular no contexto mais geral dos interesses nacionais.
2. Ter domínio total de cada assunto, dedicar-se com afinco ao estudo dos assuntos de que esteja encarregado, aprofundar os temas em pesquisas paralelas.
Esta é uma regra absoluta, que deve ser auto-assumida, obviamente: numa secretaria de estado ou num posto no exterior, o normal é a divisão do trabalho, o que implica não apenas que você terá o controle dos temas que lhe forem atribuídos, mas que redigirá igualmente as instruções para posições negociais sobre as quais seu conhecimento é normalmente maior do que o do próprio ministro de estado ou o chefe do posto. Mergulhe, pois, nos dossiers, veja antigos maços sobre o assunto (a poeira dos arquivos é extremamente benéfica ao seu desempenho funcional), percorra as estantes da biblioteca para livros históricos e gerais sobre a questão, formule perguntas a quem já se ocupou do tema em conferências negociadoras anteriores, mantenha correspondência particular com seu contraparte no posto (ou na secretaria de estado), enfim, prepare-se como se fosse ser sabatinado no mesmo dia.
3. Adotar uma perspectiva histórica e estrutural de cada tema, situá-lo no contexto próprio, manter independência de julgamento em relação às idéias recebidas e às “verdades reveladas”.
Em diplomacia, raramente uma questão surge do nada, de maneira inopinada. Um tema negocial vem geralmente sendo “amadurecido” há algum tempo, antes de ser inserido formalmente na agenda bilateral ou multilateral. Estude, portanto, todos os antecedentes do assunto em pauta, coloque-o no contexto de sua emergência gradual e no das circunstâncias que presidiram à sua incorporação ao processo negocial, mas tente dar uma perspectiva nova ao tema em questão. Não hesite em contestar os fundamentos da antiga posição negociadora ou duvidar de velhos conceitos e julgamentos (as idées reçues), se você dispuser de novos elementos analíticos para tanto.
4. Empregar as armas da crítica ao considerar posições que devam ser adotadas por sua delegação; praticar um ceticismo sadio sobre prós e contras de determinadas posições; analisar as posições “adversárias”, procurando colocá-las igualmente no contexto de quem as defende.
Ao receber instruções, leia-as com o olho crítico de quem já se dedicou ao estudo da questão e procure colocá-las no contexto negocial efetivo, geralmente mais complexo e matizado do que a definição de posições in abstracto, feita em ambiente destacado do foro processual, sem interação com os demais participantes do jogo diplomático. Considerar os argumentos da parte adversa também contribui para avaliar os fundamentos de sua própria posição, ajudando a revisar conceitos e afinar seu próprio discurso. Uma saudável atitude cética — isto é, sem negativismos inconseqüentes — ajuda na melhoria constante da posição negociadora de sua chancelaria.
5. Dar preferência à substância sobre a forma, ao conteúdo sobre a roupagem, aos interesses econômicos concretos sobre disposições jurídico-abstratas.
Os puristas do direito e os partidários da “razão jurídica” hão de me perdoar a deformação “economicista”, mas os tratados internacionais devem muito pouco aos sacrossantos princípios do direito internacional, e muito mais a considerações econômicas concretas, por vezes de reduzido conteúdo “humanitário”, mas dotadas, ao contrário, de um impacto direto sobre os ganhos imediatos de quem as formula. Como regra geral, não importa quão tortuosa (e torturada) sua linguagem, um acordo internacional representa exatamente — às vezes de forma ambígua — aquilo que as partes lograram inserir em defesa de suas posições e interesses concretos. Portanto, não lamente o estilo “catedral gótica” de um acordo específico, mas assegure-se de que ele contém elementos que contemplem os interesses do país.
6. Afastar ideologias ou interesses político-partidários das considerações relativas à política externa do país.
A política externa tende geralmente a elevar-se acima dos partidos políticos, bem como a rejeitar considerações ideológicas, mas sempre somos afetados por nossas próprias atitudes mentais e algumas “afinidades eletivas” que podem revelar-se numa opção preferencial por um determinado tipo de discurso, “mais engajado”, em lugar de outro, supostamente mais “neutro”. Poucos acreditam no “caráter de classe” da diplomacia, mas eventualmente militantes “classistas” gostariam de ajudar na “inflexão” política ou social de determinadas posições assumidas pelo país internacionalmente, sobretudo quando os temas da agenda envolvem definição de regras que afetam agentes econômicos e expectativas de ganhos relativos para determinados setores de atividade. Deve-se buscar o equilíbrio de posições e uma definição ampla, verdadeiramente nacional, do que seja interesse público relevante.
7. Antecipar ações e reações em um processo negociador, prever caminhos de conciliação e soluções de compromisso, nunca tentar derrotar completamente ou humilhar a parte adversa.
O soldado e o diplomata, como ensinava Raymond Aron, são os dois agentes principais da política externa de um Estado — embora atualmente outras forças sociais, como as ONGs e os homens de negócio, disputem espaço nos mecanismos decisórios burocráticos — mas, à diferença do primeiro, o segundo não está interessado em ocupar território inimigo ou destruir sua capacidade de resistência. Ainda que, em determinadas situações negociais, o interesse relevante do país possa ditar alguma instrução do tipo “vá ao plenário com todas as suas armas (argumentativas) e não faça prisioneiros”, o confronto nunca é o melhor método para lograr vitória num processo negociador complexo. A situação ideal é aquela na qual você “convence” as outras partes negociadoras de que aquela solução favorecida por seu governo é a que melhor contempla os interesses de todos os participantes e na qual as partes saem efetivamente convencidas de que fizeram o melhor negócio, ou pelo menos deram a solução possível ao problema da agenda.
8. Ser eficiente na representação, ser conciso e preciso na informação, ser objetivo na negociação.
Considere-se um agente público que participa de um processo decisório relevante e convença-se de que suas ações terão um impacto decisivo para sua geração e até para a história do país: isto já é um bom começo para dar dignidade à função de representação que você exerce em nome de todos os seus concidadãos. Redija com clareza seus relatórios e seja preciso nas instruções, ainda que dando uma certa latitude ao agente negocial direto; não tente fazer literatura ao redigir um anódino memorandum, ainda que um mot d’esprit aqui e ali sempre ajuda a diminuir a secura burocrática dos expedientes oficiais. Via de regra, estes devem ter um resumo inicial sintetizando o problema e antecipando a solução proposta, um corpo analítico desenvolvendo a questão e expondo os fundamentos da posição que se pretende adotar, e uma finalização contendo os objetivos negociais ou processuais desejados. No foro negociador, não tente esconder seus objetivos sob uma linguagem empolada, mas seja claro e preciso ao expor os dados do problema e ao propor uma solução de compromisso em benefício de todas as partes.
9. Valorize a carreira diplomática sem ser carreirista, seja membro da corporação sem ser corporatista, não torne absolutas as regras hierárquicas, que não podem obstaculizar a defesa de posições bem fundamentadas.
Geralmente se entra na carreira diplomática ostentando um certo temor reverencial pelos mais graduados, normalmente tidos como mais “sábios” e mais preparados do que o iniciante. Mas, se você se preparou adequada e intensamente para o exercício de uma profissão que corresponde a seus anseios intelectuais e responde a seu desejo de servir ao país mais do que aos pares, não se deixe intimidar pelas regras da hierarquia e da disciplina, mais próprias do quartel do que de uma chancelaria. Numa reunião de formulação de posições, exponha com firmeza suas opiniões, se elas refletem efetivamente um conhecimento fundamentado do problema em pauta, mesmo se uma “autoridade superior” ostenta uma opinião diversa da sua. Trabalhe com afinco e dedicação, mas não seja carreirista ou corporatista, pois o moderno serviço público não deve aproximar-se dos antigos estamentos de mandarins ou das guildas medievais, com reservas de “espaço burocrático” mais definidas em função de um sistema de “castas” do que do próprio interesse público. A competência no exercício das funções assignadas deve ser o critério essencial do desempenho no serviço público, não o ativismo em grupos restritos de interesse puramente umbilical.
10. Não faça da diplomacia o foco exclusivo de suas atividades intelectuais e profissionais, pratique alguma outra atividade enriquecedora do espírito ou do físico, não coloque a carreira absolutamente à frente de sua família e dos amigos.
A performance profissional é importante, mas ela não pode ocupar todo o espaço mental do servidor, à exclusão de outras atividades igualmente valorizadas socialmente, seja no esporte, seja no terreno da cultura ou da arte. Uma dedicação acadêmica é a que aparentemente mais se coaduna com a profissão diplomática, mas quiçá isso represente uma deformação pessoal do autor destas linhas. Em todo caso, dedique-se potencialmente a alguma ocupação paralela, ou volte sua mente para um hobby absorvente, de maneira a não ser apenas um “burocrata alienado”, voltado exclusivamente para as lides diplomáticas. Sim, e por mais importante que seja a carreira diplomática para você, não a coloque na frente da família ou de outras pessoas próximas. Muitos se “sentem” sinceramente diplomatas, outros apenas “estão” diplomatas, mas, como no caso de qualquer outra profissão, a diplomacia não pode ser o centro exclusivo de sua vida: os seres humanos, em especial as pessoas da família, são mais importantes do que qualquer profissão ou carreira.
Paulo Roberto de Almeida 

A guerra DO terror: contra a propria populacao

Muitos acreditam que -- e condenam -- a política americana inaugurada por George W. Bush, de "guerra ao terror", era exagerada, mal orientada, e suscetível de causar mais mal do que bem à estratégia americana de segurança.
Obviamente que o fato de ter deixado o Afeganistão entregue à sua própria sorte, depois da expulsão dos soviéticos do país e dos comunistas do poder,  revelou-se contraproducente, uma vez que os talibãs, treinados e armados pelos agentes da CIA, acabaram levando à últimas consequências seus propósitos e ideologia: um regressismo fundamentalista especialmente danoso para a inserção internacional desse país no mundo, para a continuidade das suas instituições políticas, um retrocesso absoluto para suas mulheres e educação, de forma geral, e, importante para o Ocidente, uma mentalidade anti-Ocidental e anti-cristã que se revelaria fatal do ponto de vista da logística da segurança.
Os terroristas fundamentalistas ali se instalaram e passaram a planejar ataques contra alvos ocidentais, contra tudo o que era cristão, na região e no próprio coração do Ocidente, com a ajuda de seus "afiliados" espalhados um pouco em todas as partes.
O obscurantismo fundamentalista islâmico não tem dificuldades em recrutar agentes do terror: existe, como diriam os economista, uma oferta ilimitada de mão de obra para atentados terroristas.
O fato é que mais muçulmanos do que ocidentais pereceram em todos os ataques combinados, alguns (poucos) no Ocidente) e a maioria nos países desestabilizados pelo terror: o próprio Afeganistão, o Paquistão, o Yemen e o Iraque, com vários outros países islâmicos servindo de alvo para os ataques suicidas.
Agora que as tropas ocidentais deixam o Iraque e se preparam a deixar o Afeganistão, pode-se aguardar ataques como esse, de atualidade.
Vai ser difícil terminar esse ciclo infernal: as mentalidades ainda não estão preparadas para renunciar a táticas que produzem impacto, mesmo negativo.
Sem qualquer tipo de animosidade religiosa -- mas sendo absolutamente irreligioso, como nunca escondi -- não tenho nenhuma hesitação em dizer que o fim desse ciclo pavoroso depende, fundamentalmente, de uma reforma religiosa no Islã, algo que no entanto está longe de ocorrer.
Esse tipo de terrorismo tem sustentáculos especificamente religiosos.
Paulo Roberto de Almeida 



By ROBERT F. WORTH and ALAN COWELL
May 21, 2012

An attacker dressed as a soldier killed more than 90 people when he blew himself up in the midst of a military parade rehearsal in the capital on Monday

Economia do Brasil: desaquecendo - The Economist


Brazil’s economy

A bull diminished

The economy has slowed, but there are still opportunities around

FOR Brazil’s government recent weeks have brought some long-awaited victories. The overvalued currency has weakened to two reais to the dollar, from its peak of 1.54 last July. At 9% the Central Bank’s policy interest rate is near to historic lows and should fall further after President Dilma Rousseff’s brave decision to cut returns on government-backed savings accounts, which had previously acted as a floor. Both developments were welcomed by manufacturers, who have been labouring under a turbocharged currency and sky-high interest rates for years. Neither, though, was enough to reverse a recent shift in mood against Brazil.
Investors were initially sceptical about Brazil’s inclusion in the BRICs, the acronym devised in 2001 by Jim O’Neill of Goldman Sachs to group Brazil, Russia, India and China. But macroeconomic stability, falling income inequality and the global commodity boom ensured Brazil’s steady, politically harmonious growth. Strong banks and domestic demand made for a speedy rebound from the 2008 credit crunch. In 2010 Brazil’s economy grew by 7.5% to become the world’s seventh-largest. Brazilians, made vigilant by a history of hyperinflation and debt default, finally relaxed and accepted the applause.
It did not last long. During 2011 Brazil grew just 2.7%. That sat ill with membership of the high-growth BRICs: Russia, India and China managed between 4.3% and 9%. Foreign investors and those who advise them are reporting a new, less starry-eyed approach. “The days of Brazil being given a free pass are over,” says Ivan de Souza of Booz & Company, a consultancy. Some go further: in an article in Foreign Affairs magazine called “Bearish on Brazil”, Ruchir Sharma of Morgan Stanley argues that the country rose with commodity prices and will fall again when they do.
A reassessment of Brazil’s recent performance is overdue. Between 2000 and 2010 Brazil’s terms of trade improved by around 25%; in the past five years private-sector credit doubled. Such tailwinds cannot continue to blow—and even with them Brazil has grown on average by only 4.2% a year since 2006. Only productivity gains, and more savings and investment, can provide fresh puff. Those are nowhere to be seen: IPEA, a government-funded think-tank, puts annual productivity growth for the past decade at a paltry 0.9%, much of it from gains in agriculture. Investment is only around 19% of GDP. Add soaring labour costs and a still-strong currency, and many analysts are lowering their sights for potential annual growth to about 3.5%.
Lower interest rates could give a fresh boost to credit. But not a big one: consumers are already overstretched. Serasa Experian, a credit analyst, says that demand for loans between January and April was nearly 8% lower than during the same period in 2011. Defaults are rising and banks are tightening their terms. Loans that are more than 90 days overdue are now 8% of the total. Itaú and Bradesco, two big banks, saw their share prices fall recently when they upped their provisions against bad loans. Banco Votorantim, which has lent heavily against cars in recent years, has posted three quarterly losses and is rumoured to be a take-over target.
Irritations that were overlooked with growth at 4.5% are likely to resurface when it is nearer to 3%. Taxes are hideously complicated, and take around 36% of GDP, a far higher number than in other middle-income countries. Guido Mantega, the finance minister, points out that the government has cut some taxes, and that tax collection is rising because more businesses are formalising their activities. But Raphael de Cunto of Pinheiro Neto, a São Paulo law firm, argues that the government’s ability to collect taxes has run far ahead of any effort to streamline them, increasing the burden on businesses.
For some, political intervention has supplanted an overvalued currency as the biggest risk in Brazil. Petrobras, a state-controlled oil giant, and Vale, the world’s biggest iron-ore producer, are now being run more to suit government aims than in minority shareholders’ interests, says Joseph Harper of Explorador Capital Management, a fund manager. Such concerns have weighed on both firms’ share prices. Explorador is gradually reducing its Brazil exposure in favour of Peru, Colombia, Chile, Panama and Mexico, where it sees similar opportunities at lower prices, and with less political risk.
Such worries have been amplified by Argentina’s expropriation last month of YPF, a Spanish-controlled oil firm. Though in private ministers are keen to stress that Brazil respects property rights, they are unwilling to irritate an important trading partner or jeopardise Petrobras’s Argentine interests by criticising their neighbour publicly. That is risky: Brazil is indeed different from Argentina, but outsiders may not realise that. The governments of both Colombia and Mexico openly distanced themselves from Argentina’s move.
The threat by a prosecutor to impose huge fines on Chevron, an American oil firm, and jail its executives after a small leak off the coast of Rio de Janeiro earlier this year raises concerns about the treatment of foreigners. Lawyers say that some clients are now asking whether a misstep in Brazil means risking having one’s passport confiscated, as happened to several Chevron executives. The answer is almost certainly not; that the question is even asked is an unnecessary own goal.
A little less Brazil-mania could be salutary. No country has yet been able to abolish business cycles, and some caution now might prevent exuberance from becoming irrational. Even better, it might persuade the government to remove some of the barriers that hold Brazil back. But although overall growth is likely to be modest for some years, there are still plenty of opportunities, particularly in agribusiness and mining, and in catering for growing demand for education, health-care and the like. The new mood, says Mr Harper, is “selectively bullish on Brazil”.

PCB e PCdoB: irmaos siameses igualmente ridiculos...

O PCB, ou Partido Comunista Brasileiro, e o PCdoB, que é o maoísta "do Brasil", possuem as mesmas origens, naquilo que antigamente se chamava MCI, ou Movimento Comunista Internacional (que era a designação oficial que os escritos da Escola Superior de Guerra retinha para seus alunos e cursos).

Pois bem, durante a Guerra Fria (em maiúsculas, por favor), o MCI era todo poderoso e cobria desde a "mãe" União Soviética até o mais modesto partidinho comunista em algum canto perdido da superfície do planeta (sempre com a ajuda generosa da "empresa" mãe, claro).
Hoje, depois de muitas divisões e desastres ainda sobram comunistas, e sua extensão internacional, pelo lado-ex-soviético -- acho que os maoístas perderam esse internacionalismo todo -- pode ser vista nesta lista de partidos e movimentos afins, alguns simples publicações, que fui "pescar" no site oficial do PCB, o velho Partidão, reconstruído, pois o antigo deixou de funcionar há muito tempo.
Enfim, aproveitem para ler um ataque do Partidão contra seus irmãos do PCdoB, a propósito da aprovação do Código Florestal.
Oportunismo nunca é demais, para quem precisa de dinheiro.
Cultura nunca é demais...
Paulo Roberto de Almeida

Internacional
DKP
Partido Comunista Alemão
FPLP
Frente Popular de Libertação da Palestina
FDLP
Frente Democrática pela Libertação da Palestina
MCB
Movimento Continental Bolivariano
Pacocol
Partido Comunista Colombiano
PCA
Partido Comunista da Argentina
PCB
Partido Comunista da Bolívia
PCC
Partido Comunista de Cuba
PCFR
Partido Comunista da Federação Russa
KKE
Partido Comunista da Grecia
PCV
Partido Comunista da Venezuela
PCCh
Partido Comunista do Chile
PCE
Partido Comunista do Equador
PCPE
Partido Comunista dos Povos da Espanha
Munkáspárt
Partido Comunista Operário Húngaro
PCP
Partido Comunista Português
PCL
Partido Comunista Libanês
PCP
Partido Comunista Paraguaio
PCP
Partido Comunista Peruano
PCM
Partido Comunista do México
PPP
Partido do Povo do Panamá
PRCC
Partido Revolucionário dos Comunistas de Canárias
PRCF
Pólo de Renascimento Comunista em França
PCU
Partido Comunista Uruguaio
TKP
Partido Comunista da Turquia
WPB
Partido do Trabalho da Bélgica
FRELIMO
Frente de Libertação de Moçambique
SACP
Partido Comunista Sul Africano
PCS
Partido Comunista Sírio
Movimento Popular de Libertação de Angola
RCI
Revista Comunista Internacional
SOLIDINET
Rede Solidária
Odiário.info
Odiário.info
Resistir.info
Resistir.info
Rebelion 
ABP 
Boletim ABP


Meu proximo livro vai ser em Kindle: liberdade, contra os ludditas

Enfim, estou anunciando a pele do urso antes de ter "actually" matado o urso, mas vai ser assim.
Por enquanto fiquem com um artigo que traduz justamente o espírito do novo empreendimento.
Paulo Roberto de Almeida 



Dead-Tree Luddites
by Genevieve LaGreca 
Mise Daily, May 16, 2012

Imagine you're living in the 15th century. You're witnessing a revolution that will profoundly change the world. This revolution doesn't involve swords and cannons but rather words and books. The cause of this upheaval is the most important invention in more than a thousand years: the printing press, by Johannes Gutenberg.
Within a few decades of its launch, you see the printing press transform the field of bookmaking in ways previously unimaginable. Printed books are far easier, faster, and less costly to produce than the books that had preceded them, which had to be laboriously copied, one page at a time, by hand. In the time it takes to copy one page by hand, the printing press can turn out hundreds or thousands of copies of that same page, thereby making it possible for the first time in history for almost anyone to own books.
Within a century of its creation, the printing press will spread throughout western Europe, producing millions of books, spurring the economic development of industries related to it, such as papermaking, and spreading literacy and knowledge around the world. The printing press will make possible the rapid development of education, science, art, culture — and the rise of mankind from the medieval period to the early-modern age.
Let us further imagine that not everyone in the 15th century is happy about this innovation. Unable to match the benefits of the printing press, the producers of hand-copied books are outraged. The scribes are being put out of business. The penmanship schools that train the scribes, the quill makers that supply their pens, and the manufacturers of the stools and drafting tables that literally support them are seeing a drop in sales. The hand-copied books are now priced too high to compete with the Gutenberg press, so their publishers are experiencing no growth, with no new capital coming into their industry. The sales force for the hand-copied books is also in despair, with their customers now ordering the new printed books from the Gutenberg people, and their lost income being money they can no longer put into their communities. Alas, the monopolistic monster, the printing press, is taking over.
The hand-copied-book interests complain bitterly to the Great Sages at their Hallowed Council of Justice. "Sires," they cry, "you must stop the predatory pricing and scorched-earth policies of the Gutenberg press. It's wiping out the competition. How can this be in the public interest?"
Fast-forward to the 21st century, and we see another revolution that is turning the book industry topsy-turvy — the transformation from printed books to electronic ones. This revolution is spearheaded by a modern-day Gutenberg, Amazon.com, the pioneer of the ebook, the Kindle device for reading it, and the online marketplace for publishing and selling it.
What Amazon has accomplished is truly amazing. With Kindle, it has eliminated the industry middlemen who come between the writer and reader of a book — from agents to publishers to distributors to wholesalers to brick-and-mortar bookstores. Kindle has also eliminated the need for a physical inventory of books, with its high printing, warehousing, and shipping costs. These innovations have resulted in far less expensive books now available to consumers. And the new marketplace of ebooks has been especially advantageous for self-publishers unable to get their books accepted through the traditional channels, who now have an avenue open to them for reaching customers directly.
The popularity of these ground-breaking innovations is enormous, with Kindle books now outselling the combined total of all paperback and hardcover books purchased from Amazon.
Without any middlemen or gatekeepers, with virtually no costs involved, and with self-marketing possible through social media and other Internet channels, electronic publishing is creating a robust market for new writers and books. For example, one novelist who was unable to find an agent or publisher has self-published two of her novels on Kindle. With her books priced at $2.99 and with a 70 percent royalty from Kindle, she earns approximately $2 per book. She is selling 55 books per day, or 20,000 books per year, which amounts to sales of $60,000 and royalties to her of $40,000. (As a simple comparison, without getting into the complexities of book contracts, this author might earn a royalty of approximately 10 percent from a traditional publisher, which would require her to achieve sales of $400,000 to earn as much money as she does self-publishing on Kindle.) Other authors are doing even better, including two self-published novelists who have become members of the Kindle Million Club in copies sold. These writers started with nothing — they were not among the favored few selected by agents and trade publishers, and they had no publicists or book tours — yet, thanks to electronic publishing, they are making a living, with some achieving stunning success.
The low pricing of ebooks, scorned by the traditional publishing interests, is the emerging writer's new ticket of admission into the book industry. While readers may be highly reluctant to risk $25 in a bookstore to try a new writer's hardcover work, they are buying the ebooks of new writers priced at or around $2.99 on Kindle. Writers are finding their fans and making money at these prices, and readers, judging by Amazon's "customer reviews," are happy with these low-cost books.
The writer-publisher in America dates back to our founding, promoting vigorous free speech and intellectual entrepreneurship. Benjamin Franklin's Poor Richard's Almanac and Thomas Paine's Common Sense, both bestsellers in their day, were self-published. If the American dream is to start with nothing but one's own talent, motivation, and hard work, and from that achieve success, then in recent times this dream was essentially closed to writers who failed to win the favor of the agents and trade publishers. Prior to the ebook revolution and online marketing spurred by Amazon, there was a stigma attached to self-publishing, despite its long and distinguished tradition in America. The major trade reviewers would not consider a self-published book, which meant that libraries and bookstores, which order based on the reviews, would not carry it. Now, ebooks are not only taking the stigma out of self-publishing but arguably making it the preferred route. Amazon has opened the avenue to pursuing the intellectual's American dream once again.
Yet the same medieval attacks projected above against the printing press are now being launched against Amazon, with the attackers imploring the modern-day "sages" at the Justice Department to stop the new menace called Amazon.
Leading the charge back to the Middle Ages is the New York Times. Two articles appearing on the front page of its business section on April 16, 2012, illustrate what happens when the Luddites (i.e., those hostile to technological development) meet the statists (i.e., those who look to achieve their ends through government force).
"Daring to Cut Off Amazon" by David Streitfeld praises a publisher-distributor for pulling its printed books out of Amazon. (Amazon discounts not only ebooks but also the printed books it so successfully sells.) The company is Educational Development Corporation, whose CEO, Randall White, laments, "Amazon is squeezing everyone out of the business.… They're a predator. We're better off without them."
One of Mr. White's concerns was that his sales people were losing business because their customers were buying the company's books cheaper from Amazon. Sales consultant Christy Reed comments about her local customers, "Yes they got the books for less [from Amazon]. But my earnings go back into our community. Amazon's do not." It apparently didn't occur to her that by buying books cheaper on Amazon, her former customers have more money to spend in her community, and the Amazon staff who replaced her have more money to spend in their communities. But where spending does or doesn't take place is not the main economic point. The real point is that for the same total spending in the economic system as a whole, people now obtain more books and have money left over to buy more of other things.
"Book Publishing's Real Nemesis" by David Carr cites the recent antitrust suit brought by the Justice Department against five publishers and Apple, charging they engaged in the price-fixing of ebooks. Instead of condemning this police action against production and trade, Mr. Carr bemoans the fact that the strong arm of the law didn't go far enough to grip the "monopolistic monolith" Amazon, which "has used its market power to bully and dictate." Mr. Carr considers it bullying and dictating when a private company (Amazon) sets its terms, and other players (the publishers) are free to do business with it or not. But it's not bullying and dictating when the compulsory power of the state intervenes to set economic terms and punish businesses arbitrarily?
Mr. Carr quotes Authors Guild president and best-selling author Scott Turow, who worries that the club of authors and publishers will shrink. (Really?) "It is breathtaking to stand back and look at this and believe that this is in the public interest," complains Mr. Turow about Amazon's success. He also wonders if Amazon will drive the price of books so low that there will be "no one left to compete with them." Apparently the "public interest" doesn't include the millions of customers who choose to buy the mother lode of affordable ebooks from Amazon and who may not welcome his solicitous concern over the low prices they're paying. And apparently the "public interest" doesn't include the fresh crop of new authors now sprouting through ebooks, without the benefit of the major publishers and lucky breaks that he had.
The Luddite tone of the attacks against Amazon rings like the following: The electric light will replace the candle. The car will replace the horse and buggy. The cure for tuberculosis will put the sanatoriums out of business. The computer will replace the typewriter.
The statist element lies in the attackers' desire to enlist the police power of the state to stifle the competition and artificially prop up their businesses.
Granted, it may be disappointing and painful for those whose jobs are thinning out or becoming obsolete due to technological advancements, but that can't justify government intrusion. Morality is on the side of the people engaged in voluntary trade and against those who urge the Justice Department's encroachment into their industry. The charges levied against Amazon — as a predator, monopolist, bully, etc. — actually do not apply to a company engaged in voluntary trade, no matter how big its market share, but rather to those trying to preserve their interests through government action.
In the case of Amazon, the ones trying to restrain trade are the attackers themselves. Moreover, not only is morality on the side of Amazon, but so too are the long-run material self-interests of everyone in the economic system. Everyone working will earn money, but, thanks to Amazon and every other innovator of better products or more efficient methods of production, the buying power of the money he earns will be greater. The enemies of productive innovators are, by the same token, antisocial enemies of the general buying public.
The complaints lodged against Amazon would be harmless if the complainers could not use the government to advance their cause. But they can, through antitrust laws. These laws give the state the power to evaluate the price of a company's product in relation to its competition and to punish companies — severely and arbitrarily — for prices deemed to be unacceptable. If a company's price for its goods is deemed to be too low, it can be punished for being predatory and destructive of competition. If the price is deemed to be the same as its competitors, it can be punished for collusion and price-fixing. If the price is deemed to be too high, it can be punished for being monopolistic.
Using antitrust laws against the book industry poses an additional grave danger over and above their use against other industries. Because the book industry represents the dissemination of knowledge and ideas, an attempt to regulate the price of books abridges the free flow of ideas and violates our First Amendment right to freedom of the press.
Anyone interested in the survival of a robust book industry — or any other industry — with the free flow of products, the creativity of new business methods, and the preservation of economic freedom and property rights, must support the repeal of these oppressive laws.
The market — comprising the voluntary decisions of millions of free people — determines the pricing of books, the form a book will take, the device it will be read on, the winners and the losers of the competition. If the market chooses an innovative technology and a new direction, then so be it. Let the medieval bookmakers copying their books by hand and their contemporary counterparts using needless paper and ink, warehouses, delivery trucks, and bookstores, adopt the advances or quit!
Totally unlike competition in the animal kingdom, in which the losers are eaten or die of starvation, the losers of an economic competition do not die. At worst, they must relocate in the economic system at a lower level. But in an economic system free enough rapidly to progress, as ours has been for most of the last two and a half centuries, even the lowest-paid workers enjoy a standard of living that surpasses that of the kings and emperors of earlier ages. This is why the Gutenbergs of the world must be left free to dream, to create, and to trade without fear of punishment.

O Brasil e o capital estrangeiro: relacao de amor e odio?

Eu suspeito que os brasileiros, cidadãos em geral, burocratas e homens públicos em particular, amam o capital estrangeiro, precisam do capital estrangeiro, valorizam o capital estrangeiro, mas odeiam, detestam, abominam os capitalistas estrangeiros, ou seja, as pessoas que costumam vir juntas com o capital estrangeiro.
Estranho não é?
Mas é assim.
A matéria abaixo é um perfeito retrato disso.
Não se trata apenas dos companheiros, mas de simples procuradores, funcionários de agências públicas e outros mandarins da República: o capital estrangeiro pode até vir, mas o capitalista será odiado e penalizado até onde isso for possível.
Contraditório, não é?
Pois o Brasil é assim...
Paulo Roberto de Almeida 


A guerra contra o Brasil 
Sérgio Malbergier

Tribuna da Bahia, 21/05/2012



 A importante revista de negócios americana “Bloomberg Businessweek” estampou em letras garrafais na sua capa da semana passada a manchete: “A guerra do Brasil contra as grandes petroleiras”. 
A extensa reportagem relata os desdobramentos do vazamento de petróleo de um campo operado pela Chevron na Bacia de Campos, em novembro passado. 
“Não houve feridos, peixes contaminados, tartarugas mortas ou petróleo na costa”, diz a reportagem, mostrando o estupor do setor com a reação do Ministério Público, das autoridades brasileiras e da imprensa ao caso: o procurador pede na Justiça mais de R$ 20 bilhões de indenização. 
A capa da “Bloomberg Businessweek” é mais um claro alerta de como a visão do Brasil de queridinho do mercado global está ameaçada. Grandes investidores e analistas começam a ter restrições ao país sob a bota do neodesenvolvimentismo ou, no jargão mais internacional, do capitalismo de Estado. 
Eles olham para a Petrobras, o maior cartão postal brasileiro nos mercados mundiais, mais negociada em Nova York do que em São Paulo, e veem que a prioridade da empresa é remunerar o Estado (seu controlador), e não o restante dos acionistas, e que há muitos outros fatores além da racionalidade econômica operando ali. A política industrial para o setor se mostra não só onerosa como inoperante ou retardada, basta ver a Transpetro. 
E é tudo assumido. Menos culpa, que é dos outros, de preferência estrangeiros. Qual a utilidade dos recorrentes e deselegantes ataques contra a política econômica de países aliados, consumidores de nossas exportações, ou contra o mercado em geral, sem distinguir investidores e especuladores? 
Mas mesmo assim ainda somos queridinhos. O Brasil foi redescoberto pelo mundo na onda emergente. O mundo começou a olhar para o Brasil e gostou do que viu. 
Um país democrático, ocidental, capitalista, com enormes capacidades agrominerais e um mercado interno grande e em expansão. Nenhum dos outros emergidos tem esse mix na escala brasileira. 
Essa visão benigna é um óbvio ativo, apesar da insistência de nossa diplomacia econômica de atacar aliados. É um bode irracional do capitalismo e do mercado já que foi o PT quem mais se beneficiou politicamente do avanço do capitalismo brasileiro. 
Ao contrário do que os militantes de esquerda previam, o Brasil foi um dos países ganhadores do aumento da globalização. Nossas commodities são consumidas vorazmente pelo mundo, e nosso mercado e nossas empresas atraem investimentos bilionários. Até nossa moeda ficou sexy (mas isto pode estar mudando). 
Há de fato tendências fantásticas no Brasil hoje —quem tem mais de 40 anos como eu entende melhor isso. Livre finalmente da ditadura, minha geração viveu a frustração econômica dos anos 1980 (PIB de 3,0% na média 1980-89), 1990 (PIB de 1,7%! na média 1990-99) e mesmo 2000 (3,3% 2000-2009). Neste século 21 fomos melhorando e culminamos no PIB de 7,5% de 2010, fechando com chave de ouro a Era Lula. 
Mas desde então, as coisas acalmaram, e já há quem veja limites no crescimento do país, que não consegue fazer reformas óbvias como a tributária e reduzir o custo mais vexatório de todos, o custo que leva o nome do país, o custo Brasil.
O governo, curiosamente, prefere operar no câmbio e nos juros do que na economia real. Uma siderúrgica instalada no Rio nesta semana sinalizou que quer vender a planta por causa dos altos custos de operação no país. Uma fabricante de alumínio também pensa do mesmo jeito. 
Em relação a Lula, Dilma é mais nacionalista, mais intervencionista e mais estatista. Onde Lula era sabidamente flexível e pluralista, Dilma é monolítica. Sua guerra às petroleiras estrangeiras se soma à guerra aos bancos e à guerra às políticas econômicas dos países mais desenvolvidos. 
No momento em que o inevitável, incontornável, incontrolável mercado fica arisco, como hoje, é muito bom ser queridinho do mercado. O Brasil às vezes faz de tudo para perder essa boa fama. Não dá para entender. É como o Brasil ir à guerra contra o Brasil.

Passages de Paris: revista da comunidade cientifica brasileira na Franca

Apresentando uma revista feita com muito carinho e cuidados intelectuais pelos pós-graduandos brasileiros estudando na França: seis números já lançados, sendo que o último está prestes a ser lançado na Embaixada do Brasil em Paris:

L’Ambassade du Brésil en France et l’Association des Chercheurs et Étudiants Brésiliens en France (APEB-Fr) vous prient de bien vouloir assister au lancement de la nouvelle édition de la revue

Passages de Paris: Revue Scientifique de l'Association des 
Chercheurs et Etudiants Brésiliens en France

L’évènement aura lieu le 23 mai à 17h30 dans la salle Villa-Lobos à l’Ambassade du Brésil

34, cours Albert 1er                                                   R.S.V.P 01 45 61 63 52
75008 Paris                                                                cultural@bresil.org

Passages de Paris
Revue Scientifique de l'Association des Chercheurs et Etudiants Brésiliens en France





  
Edition No. 6
Paris, 2011
Interview : Helena Hirata
Dossier : Amazonie: enjeux contemporains du développement
 
Edition No. 5
(Edition Spéciale)
Paris, 2010
Spécial : Cycle APEB-Fr / GRIB
Travaux d’étudiants et de chercheurs dans le cadre du « Cycle APEB-Fr / GRIB » de juillet 2009 à janvier 2010.
Edition No. 4
(Edition Spéciale)
Paris, 2009
Spécial : Les 25 ans de l’APEB-Fr

Actes du colloque international de l’APEB-Fr
Edition No. 3
(Edition Spéciale)
Paris, 2008
Spécial : Recherches sur le Brésil Contemporain Actes du séminaire
Edition No. 2
Paris, 2005
Interview : Roberto Salmeron
Dossier : Le Brésil et la Science
Edition No. 1
Paris, 2005
Interview : Luiz Felipe de Alencastro
Dossier : La circulation des intellectuels