Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
domingo, 7 de outubro de 2012
Crise economica internacional: uma explicacao espanhola
Dialogo entre militares e academicos: um bom comeco
Falacias economicas: o mito do 13-salario - Klauber C. Pires
Concordo inteiramente com os argumentos de meu amigo Klauber Pires, que mantém um dos blogs mais lúcidos no plano econômico.
Transcrevo apenas o início de seu longo artigo, e remeto a outro link onde ele se encontra por inteiro.
Paulo Roberto de Almeida
Klauber Cristofen Pires
Libertatum, 04 Oct 2012
Como ponto de partida, imaginemos um bolo que tenha sido fatiado em 12 partes. Caso decidíssemos dividi-lo em 13 partes, ficaria ele maior?
De tempos em tempos, e especialmente em época de eleições, flutuam na rede e-mails e tópicos de redes sociais que alardeiam, falsamente, que estaria em andamento no Congresso Nacional um projeto de lei com a proposta da extinção do décimo-terceiro salário.
Certamente, tal hipótese não se configuraria plausível nos dias de hoje, em uma casa intensamente ocupada por partidos de índole marxista. A certeza da intocabilidade deste instituto é dogma absoluto de que a existência do mesmo representa uma "conquista do trabalhador", e que, além disto, é, por todas as formas, um benefício à sociedade. Há quem defenda, no plano jurídico, tratar-se de uma inafastável cláusula pétrea constitucional.
Tendo-se consciência deste fato, aceitar debater sobre a validade dos argumentos que o sustentam é entrar descalço e sem camisa em um formigueiro. Poucos são os que aceitam verificar as exposições com ânimo de racionalidade. A paixão domina a mente dos defensores de tal forma que mal acreditam que alguém - justamente um assalariado - venha a apresentar uma análise em contrário.
Ainda assim, aceitei o desafio, e aqui proponho expor os meus argumentos que demonstram que o décimo-terceiro, ao contrário do que se imagina, apenas traz prejuízo aos trabalhadores, aos empresários e consumidores.
Como ponto de partida, imaginemos um bolo que tenha sido fatiado em 12 partes. Caso decidíssemos dividi-lo em 13 partes, ficaria ele maior?
Tomemos como base um trabalhador, recém-contratado no início do mês de janeiro, por um salário de R$ 1.200,00 mensais. A seguir será feita uma comparação da situação vigente, confrontada com um cenário em que o trabalhador receberia o décimo-terceiro salário diluído entre os doze pagamentos mensais.
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Ler a íntegra aqui:
http://textospra.blogspot.com.br/2012/10/decimo-terceiro-salario-uma-grande.html
ou aqui:
http://libertatum.blogspot.com.br/2012/10/como-o-decimo-terceiro-salario.html?utm_source=feedburner&utm_medium=email&utm_campaign=Feed:+Libertatum+(LIBERTATUM)
A maquiagem contabil do governo - Editorial Estadao
Paulo Roberto de Almeida
Brasil: o pesadao da AL e o lento dos Brics - editorial OESP
Tudo bem, isso me valeu o ódio de um desses personagens, embora eu mantenha, ainda hoje, que se trata de mero exercício diplomático, sem maior consistência intrínseca.
As razões de minha posição são claras. Esses ajuntamentos arbitrários, feitos por jornalistas ou economistas, não têm absolutamente nada a ver com posições comuns ou propósitos unificados, e sim por razões superficiais, externas a uma verdadeira integração de posições ou comunidade de objetivos. Algumas coisas objetivas os unem, mas a maior parte das outras coisas os separam, e o fato de estarem juntos para conversar não quer dizer absolutamente nada quanto a verdadeira unidade de propósitos.
O editorial abaixo, do Estadao, confirma o que eu dizia e o que eu penso.
O Brasil possui uma taxa de crescimento muito medíocre para ser classificado como emergente dinâmico, e isso por razões puramente domésticas, altos tributos, ineficiência estatal, falta de competitividade geral, por culpa do governo, não do setor privado, que aliás pode até ser mais protecionista do que os burocratas do Estado.
Fica, pois, um registro de uma das razões de meu ceticismo em relação aos Brics.
Paulo Roberto de Almeida
Governanca Economica Global (ou falta de) - Jeffry Frieden
Como aliás está fazendo o governo brasileiro agora mesmo, ao recorrer ao protecionismo para tentar manter empregos domésticos durante a crise atual.
Paulo Roberto de Almeida
Avoiding the worst: International economic cooperation and domestic politics
Farc: Colombia, Brasil e os amigos
O Globo - Farc querem ter Brasil de mediador
Um representante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) no processo de paz, que começa dia 15 em Oslo, disse ao GLOBO que a guerrilha deseja contar com o Brasil nas negociações com o governo colombiano. O Itamaraty se disse pronto a ajudar.
Farc querem Brasil à mesa
Negociador da guerrilha defende participação do país no processo de paz com o governo
Por Vitor Sorano, repórter
O Globo, 3/10/2012
Apoio. Militares e helicóptero brasileiros usados no resgate de reféns libertados pelas Farc: apesar de fornecer armamentos à Colômbia, Brasil é visto com bons olhos pela guerrilha
Diálogo na Colômbia
As Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) defendem a participação do Brasil no processo de paz colombiano. "É um país que tem tido uma boa posição. Sobretudo, não declarou as Farc terroristas", justifica Marco León Calarcá, um dos quatro negociadores nomeados pela guerrilha para se sentarem à mesa de negociação. O primeiro encontro está previsto para ocorrer no dia 15 em Oslo. Depois, as reuniões continuam em Cuba, de onde Calarcá falou, por telefone, ao GLOBO.
No início do mês passado, o governo colombiano e a guerrilha anunciaram aquela que será a quarta tentativa de pôr um ponto final ao conflito, iniciado há 48 anos. A decisão tomada pelo governo do presidente Juan Manuel Santos significou uma guinada em relação à postura de confronto intransigente adotada pelo então presidente Álvaro Uribe (2002-2010), padrinho político de Santos e hoje uma das principais vozes críticas ao processo de paz.
- As Farc sempre quiseram tratar o problema nacional pelo diálogo e não pela guerra. Se as circunstâncias permitirem, esse será o caminho a seguir e esse será o caminho à paz - diz Calarcá, que nega o risco de que, uma vez firmado o acordo pela cúpula da guerrilha, grupos dissidentes possam manter vivo o conflito. - As determinações que se tomem numa mesa são compromisso para toda a organização. Não há espaço para que isso aconteça.
O processo conta com o apoio direto de Venezuela, Cuba, Chile e Noruega. O Brasil ficou de fora. O presidente Santos ligou para a presidente Dilma Rousseff pouco antes de anunciar o acordo. Segundo uma fonte da diplomacia brasileira, a ausência brasileira não causa nenhum prejuízo e está de acordo com a política "de resultados, não de prestígio" adotada pelo país.
itamaraty "pronto a apoiar"
As Farc são consideradas uma organização terrorista pelos EUA (desde 1997) e pela União Europeia (desde 2002). Tanto Uribe como Santos tentaram convencer o Brasil a fazer uma declaração semelhante, mas sem sucesso. Isso fez com que o país ganhasse pontos com a guerrilha, como indica a declaração de Calarcá. Isso apesar de o Exército colombiano contar com aviões da Embraer para combatê-la, e de declarações como a feita pelo então ministro da Defesa Nelson Jobim, em 2010, de que receberia os guerrilheiros "à bala" se entrassem no Brasil.
Além disso, o acordo de cinco pontos discutirá temas como a questão agrária colombiana e o narcotráfico - a guerrilha, acusada por EUA e ONU de ser ativa no tráfico, é favorável à legalização das drogas, alegando ser uma forma de combater o fenômeno - além de prever a possibilidade de participação dos desmobilizados na política. Ou seja, caso o processo de paz dê certo, as Farc poderão emergir como um ator político convencional. Nessas condições, o peso brasileiro é outro atrativo.
- O Brasil é um dos países que têm importância latino-americana, que pode influir sobre a economia regional em eixos de grande alcance - diz Calarcá. - Nós sempre consideramos que são necessárias mudanças na vida colombiana e em todo o continente por igual. Se nos dão a possibilidade de fazer parte das decisões do país (Colômbia), bem-vinda seja.
Em nota, o Itamaraty afirmou que "o governo apoia o processo de negociação" e que, "na medida em que puder ajudar, o Brasil está pronto a continuar a apoiar o diálogo e as negociações."
Professora da Universidade Nacional de Quilmes (Argentina) e bolsista do ipea, Monica Hirst avalia que uma eventual participação brasileira seria positiva para o país, inclusive no que toca ao pleito de uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU.
Alguns analistas políticos afirmam que a recente chegada ao poder de governos de esquerda - como os liderados pelos ex-guerrilheiros Dilma Rousseff e José Mujica (no Uruguai) - é um dos estímulos à desmobilização das Farc. Calarcá vê o caso colombiano nesse contexto.
- O conflito colombiano com certeza parece muito com (os de) Brasil, Uruguai, Paraguai e Chile.
O negociador das Farc também indica que não irá exigir que o cessar-fogo, um dos pontos do plano de paz, seja uma condição para os diálogos. Santos diz que não haverá tréguas.
- Tem que se chegar a isso no momento claro. Quando já houver todos os elementos em concordância e definidos na mesa, então se acordará como fazer o cessar-fogo - diz Calarcá.
Mas, enquanto Santos tem dito que o processo de paz será uma questão de "meses, não de anos", o negociador da guerrilha prefere rejeitar quaisquer limites de tempo.
- O importante é que o acordo saia, e não o tempo.