O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Gustavo Franco, disfarcado de Mme Lagarde, humilha Guido Mantega: impagavel...

A resposta de Madame Lagarde


O Estado de S.Paulo, 04 de agosto de 2013

GUSTAVO H.B. FRANCO
O ministro da Fazenda, Guido Mantega, dirigiu uma carta à diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde, em julho de 2013, solicitando uma revisão metodológica no cálculo da Dívida Bruta do Brasil. O organismo trabalha com um valor correspondente a 68% do PIB e as autoridades brasileiras reconhecem apenas 58,7%. Logo abaixo, num exercício inteiramente ficcional, imagina-se o teor de uma carta resposta, de caráter pessoal e confidencial.
"Washington, 2 de agosto de 2013
Mon cher Guido,
Demos boas gargalhadas com a sua mui amável carta trazendo o seu pedido para mudarmos a metodologia de apuração da Dívida Bruta brasileira, que, de qualquer jeito, se me permite a piada insolente, continua sendo uma bruta dívida por qualquer critério que possamos escolher. Esteja certo que vamos trabalhar o assunto da maneira mais conveniente para todos, pois, como você bem sabe, não há outra instituição multilateral neste mundo de Deus que melhor compreenda a necessidade de as autoridades jogarem para a torcida. Ademais, em condições normais, as queixas e os pedidos que aparecem são sempre malcriados, pois, como sabemos, somos uma organização que todos adoram detestar, aí incluídos os representantes que mandam para cá.
Sei bem que o amigo anda enfrentando críticas centradas nos dribles contábeis que vocês inventaram para enfeitar os números fiscais. Aqui nesta casa, como você já terá observado muitas vezes, todos somos admiradores do futebol arte, e nesse quesito vocês são os indisputáveis campeões mundiais, os artistas que todos querem ver em ação.
Pena que nos últimos anos, desde a Copa de 1994, tenha havido certa "germanização" dos assuntos fiscais e monetários contrariando a vocação brasileira para a criatividade. Nossos analistas apaixonados pelo futebol brasileiro vinham se deslocando para a cobertura dos jogos de Espanha, Itália, Portugal e Grécia, a fim de melhor exercitar o fascínio pela inovação. Felizmente, todavia, graças ao trabalho de vocês, esse longo inverno chegou ao fim. Desde os tempos do ministro Delfim, e daquelas inesquecíveis cartas de pura embromação, nós não víamos nada tão interessante. Dê os meus parabéns ao moço do Tesouro, ele tem um futuro brilhante pela frente, talvez em Wall Street. Só posso imaginar o que será capaz de fazer quando aprender sobre derivativos.
Deve ter sido ele o autor da minha passagem favorita de sua carta, quando você diz que os títulos do Tesouro na carteira do Banco Central "não têm natureza fiscal". Que achado! Dívida de natureza não fiscal seria como dinheiro de caráter não monetário. Ninguém do "staff" tinha ouvido nada parecido, e seguramente a novidade vai causar sensação na França, posso lhe garantir. Jean Baudrillard, caso estivesse vivo, escreveria certamente sobre isso, nada pode ser mais pós-moderno e consistente com sua semiótica do simulacro.
Veja, Guido, eu sou advogada, não sei nada sobre números e, por isso, talvez não seja mesmo capaz de apreciar como deveria o trabalho de vocês. Mas de contabilidade eu entendo uma coisa ou outra, pois bastam as quatro operações e saber que a obrigação de um é a riqueza de outro. Com esse pouquinho de conhecimento, consegui capturar a malícia utilizada em seu texto quando você afirma que os títulos do Tesouro que não estão "em poder do público" não devem estar na estatística de "dívida bruta". Está tudo dentro de casa, não é mesmo? O "staff" diz que é um tolo argumento de senso comum, como costumam ser as grandes falácias em economia, o que, para mim, soa como uma espécie de elogio a seu texto.
É claro que eles dizem um monte de outras coisas horríveis de vocês, esses caras são pagos para achar defeito nas coisas. A maior parte dessas mesquinharias é muito difícil para uma advogada, mas o pedaço que eu entendi, eu não consigo contestar e, por isso, preciso que você me ajude. Eles dizem que topam excluir da estatística da dívida bruta qualquer coisa que você, Guido, possa cancelar sem que isso traga qualquer implicação patrimonial para ninguém, como títulos em tesouraria. Mas esse não é bem o seu caso, certo? Se você cancelar esses títulos que você quer tirar da conta, você vai quebrar o Banco Central, não? Afinal, são cerca de R$ 400 bilhões em títulos a cancelar no ativo e o patrimônio do BCB é de R$ 21,5 bilhões. Muito feio, não?
Mas quem se importa com o que diz o "staff". De minha parte, fico curiosa sobre o assunto, como dizem os advogados, "por amor ao debate". Importante mesmo é o que vai se passar diante dos olhos do distinto público, a saber: vou lhe escrever uma carta com felicitações pelos progressos alcançados no terreno fiscal, com uma reserva ou outra para não ficar adulatório, e vou acrescentar que, mesmo reconhecendo os méritos (vou precisar muito cuidado com a linguagem aqui) de seu pedido, não podemos mudar nada de natureza metodológica que não seja aplicável para todo o mundo, inclusive para aqueles alemães insuportáveis. Você sabe como é difícil conversar desses assuntos com esse povo. J'adore quando você implica com eles e com os americanos! Nisso você me faz lembrar o finado Jacques Rueff, ele não era do seu tempo e foi uma lenda na França. É invenção dele a expressão "privilégio exorbitante", para provocar os americanos (e que virou título de um livro recente do Barry Eichengreen, que trabalhou aqui conosco), mais ou menos como você fez com a sua já consagrada "guerra cambial".
Em ambos os casos, nós bem sabemos que se trata apenas de uma tola frase de efeito para consumo da imprensa não especializada e dos círculos alternativos, e Rueff não tinha nada que ver com você: era um liberal de corte austríaco, seguidor de Von Mises, apóstolo do padrão ouro e membro da Academia Francesa, onde ocupou a cadeira de Jean Cocteau. Por isso, talvez o marechal De Gaulle o chamasse de "meu poeta das finanças".
Seu texto não tem lá muita poesia, mas eu entendi bem o seu propósito. Eu escrevo a minha carta, você continua a fazer a conta do jeito que você achar mais conveniente, e a vida segue, cada um no seu quadrado.
Transmita meus cumprimentos à sua equipe, aos quais se junta o nosso querido DSK que apenas alerta para os riscos do excesso de maquiagem.
Um último ponto, já ia me esquecendo: obrigada pela sua rápida intervenção no affaire do pacote grego. Era só o que faltava, não é? Nunca sentimos tantas saudades do finado Alexandre Kafka, um homem gentil e sensato. Sei que vocês querem esse rapaz longe daí, mas você não acha que já sofremos o suficiente?
Cordialmente,
Christine."

domingo, 4 de agosto de 2013

Estados Endividados da America (parecem o Brasil dos anos 1930 ou inicio dos 1990) - Steven Malanga

The Indebted States of America
States and localities owe far, far more than their citizens know.
Maria Pappas, the treasurer of Cook County, Illinois, got tired of being asked why local taxes kept rising. Betting that the answer involved the debt that state and local governments were accumulating, she began a quest to figure out how much county residents owed. It wasn’t easy. In some jurisdictions, officials said that they didn’t know; in others, they stonewalled. Pappas’s first report, issued in 2010, estimated the total state and local debt at $56 billion for the county’s 5.6 million residents. Two years later, after further investigation, the figure had risen to a frightening $140 billion, shocking residents and officials alike. “Nobody knew the numbers because local governments don’t like to show how badly they are doing,” Pappas observed.
Since Pappas began her project to tally Cook County’s hidden debt, she has found lots of company. Across America, elected officials, taxpayer groups, and other researchers have launched a forensic accounting of state and municipal debt, and their fact-finding mission is rewriting the country’s balance sheet. Just a few years ago, most experts estimated that state and local governments owed about $2.5 trillion, mostly in the form of municipal bonds and other debt securities. But late last year, the States Project, a joint venture of Harvard’s Institute of Politics and the University of Pennsylvania’s Fels Institute of Government, projected that if you also count promises made to retired government workers and money borrowed without taxpayer approval, the figure might be higher than $7 trillion.
Most states have restrictions on debt and prohibitions against running deficits. But these rules have been no match for state and local governments, which have exploited loopholes and employed deceptive accounting standards in order to keep running up debt. The jaw-dropping costs of these evasions have already started to weigh on budgets; as the burden grows heavier, taxpayers may decide that it’s time for a new fiscal revolt.
Illustrations by Sean Delona
ILLUSTRATIONS BY SEAN DELONAS
Most state constitutions and many local-government charters regulate public debt precisely because of past abuses. In the early nineteenth century, after New York built the Erie Canal with borrowed funds, other states rushed to make similar debt-financed investments in toll roads, bridges, and canals—projects designed to take advantage of an expanding economy. But when the nation’s economy fell into a deep recession in 1837, many of the projects failed, and tax revenues cratered as well, prompting eight states and territories to default on their debt. Stung by losses, European markets stopped lending even to solvent American states. The debacle inspired a sharp reevaluation of the role of state governments, with voters looking “more skeptically” on legislative borrowing, wrote political scientist Alasdair Roberts in 2010 in the academic journalIntereconomics. A member of New York’s 1846 constitutional convention even warned that “unless some check was placed upon this dangerous power to contract debt, representative government could not long endure.” Over a 15-year period, 19 states wrote debt limitations into their constitutions.
Since then, the history of state and local debt has been a tug-of-war between those struggling to keep governments from overextending themselves and elected officials seeking legal loopholes for further debt spending. In the second half of the nineteenth century, for instance, some states, now restricted from doing it themselves, used local governments to float debt, producing tens of millions of dollars in new obligations—and calls for limits on local borrowing. The go-go 1920s, a period of unprecedented construction and transformation throughout America, saw states and localities once again borrowing massively, this time to build roads and electrical infrastructure. State and local debt had hit $15 billion ($260 billion in today’s dollars) by the Great Depression’s onset. Arkansas was one of the heaviest borrowers, with obligations reaching $160 million ($2.8 billion today). It defaulted in 1933—one of more than 4,700 Depression-era defaults by state and local government entities, including nearly 900 by school districts.
The wave of bad borrowing led some states to tighten restrictions even more. Even as reformers made progress, however, courts began to sign off on government evasions of debt limits. As a consequence, such limits “have had only a modest effect on aggregate state and local debt,” writes Columbia Law School’s Richard Briffault. Judges, he notes, “appear to share with state governors and legislators a belief in the legitimacy of the modern activist state.” In the words of the New York State Court of Appeals, judges have often proved open to any “modern ingenuity, even gimmickry” that legislators can cook up to get around debt restrictions.
Today, states and localities engineer most of their borrowing through what Briffault calls “non-debt debt,” a term for bonds designed to avoid legal restrictions on borrowing. For example, courts in some states have decided that when a state’s independent authorities issue bonds, that borrowing isn’t restricted by constitutional debt limits—even if taxpayers are ultimately on the hook for it. If a legislature takes on debt itself, that also doesn’t count against constitutional restrictions on borrowing, according to the judiciaries in some states. Briffault estimates that such evasions are responsible for three-quarters of state debt and two-thirds of municipal obligations incurred through bond offerings. The growth of this kind of borrowing helps explain why state and local debt outstanding from municipal securities has blasted from $2 trillion (in today’s dollars) in 2000 to nearly $3 trillion today—real growth of 50 percent in little over a decade.
New York State has turned to court-sanctioned gimmickry again and again. Though New York’s constitution requires that voters approve any new government debt, only 5 percent of the state’s $63 billion in outstanding borrowing has received voter authorization, down from 10 percent a decade ago. Meantime, the cost of servicing that debt has risen by an average of 9.4 percent annually. Partly because of such unsanctioned borrowing, New Yorkers bear the nation’s second-highest per-capita load of state debt, says New York’s comptroller. The state is still paying off what it owes from the infamous 1991 Attica prison deal, in which New York, trying to close a budget deficit, “sold” the facility to one of its independent authorities, which borrowed the money to pay for it. New York also still counts on its books debt from the 1970s bailout of New York City, which, thanks to refinancing, it won’t pay off until 2033.
Other New York deals engineered without voter say-so include a $2.7 billion bond offering in 2003, backed by 25 years’ worth of revenues from the state’s gigantic settlement with tobacco companies. To circumvent borrowing limits, the state created an independent corporation to issue the bonds and then used the money from the bond sale to close a budget deficit—instantly consuming most of the tobacco settlement, which now had to be used to pay off the debt. Legislators engineer such borrowing because they aren’t confident that voters would agree to new debt: of the seven bond offerings that Empire State voters have considered over the past 25 years, four went down to defeat.
Thanks to its low state debt, Texas enjoys a reputation for budgetary restraint. Yet as Texas comptroller Susan Combs found to her dismay, the state’s towns, cities, counties, and school districts have racked up the second-highest per-capitalocal debt in the nation, behind only New York’s spendthrift municipalities. The total, nearly $8,000 per resident, is more than seven times higher than Texas’s per-capita state debt. Over the last decade, local debt in the Lone Star State has more than doubled, growing at twice the rate of inflation plus population growth. At the moment, Texas localities owe $63 billion for education funding—155 percent more than they did a decade ago, though student enrollment and inflation during that period grew less than one-third as quickly. The borrowing has also paid for a host of expensive new athletic facilities, such as a $60 million high school football stadium, complete with video scoreboard, in the Dallas suburb of Allen.
As in Cook County, so many different levels of government in Texas can issue debt that taxpayers, bewildered by the complexity of it all, let overlapping districts keep on borrowing. As an example, Combs describes how the residents of a single Houston block must repay debt incurred by the county, the city, the city’s school district, and Houston Community College, among other entities. “I went to dozens of town hall meetings around the state, and when I asked, not a single member of the public knew just how much people in their towns were on the hook for,” she says.
Texas, like New York, amassed all this debt by pushing the limits of the law. Though taxpayers must approve most government borrowing, Texas provides an exception for localities that need to issue debt quickly: a “certificate of obligation,” borrowing that doesn’t require approval unless 5 percent or more of local voters petition to have a say on it (a rare occurrence, since most don’t even know that they have that power). Since 2005, Texas localities have issued nearly $13 billion worth of these certificates, often for dubious ends. In 2010, for instance, Fort Worth borrowed nearly $35 million through certificates of obligation to build a facility for horse shows.
Texas school districts have made use of another controversial financing technique: capital appreciation bonds. Used to finance construction, these bonds defer interest payments, often for decades. The extension saves the borrower from spending on repayment right now, but it burdens a future generation with significantly higher costs. Some capital appreciation bonds wind up costing a municipality ten times what it originally borrowed. From 2007 through 2011 alone, research by the Texas legislature shows, the state’s municipalities and school districts issued 700 of these bonds, raising $2.3 billion—but with a price tag of $23 billion in future interest payments. To build new schools, one fast-growing school district, Leander, has accumulated $773 million in outstanding debt through capital appreciation bonds.
Capital appreciation bonds have also ignited controversy in California, where school districts facing stagnant tax revenues and higher costs have used them to borrow money without any immediate budget impact. One school district in San Diego County, Poway Unified, won voter approval to borrow $100 million by promising that the move wouldn’t raise local taxes. To live up to that promise, Poway used bonds that postponed interest payments for 20 years. But future Poway residents will be paying off the debt—nearly $1 billion, all told—until 2051. After revelations that a handful of other districts were also using capital appreciation bonds, the California legislature outlawed them earlier this year. Other states, including Texas, are considering similar bans.
Judges have proved especially eager to approve evasions of debt limits when they’re the ones demanding that states or localities spend money. Back in 2001, New Jersey’s activist supreme court mandated that the legislature embark on a project of building and refurbishing schools (see “The Court That Broke Jersey,” Winter 2012). To comply, Trenton lawmakers announced a plan to borrow $8.6 billion through a bond offering—a shockingly high sum. Taxpayer groups reacted with such outrage that officials knew that voters would never endorse the move. So the legislature decided to channel the borrowing through an independent authority. The taxpayer groups sued, but the state supreme court brushed their objections aside, arguing that a clear precedent existed for such borrowing. The state quickly burned through half of the borrowed money on patronage and inefficient construction practices, so it borrowed another $3.9 billion, again through the authority. Taxpayers, needless to say, will foot the bill.
If you define municipal debt simply as what states and localities have borrowed, the total nationwide comes to about $3 trillion. Nevertheless, these governments actually owe more than twice that much, according to estimates from groups like the States Project. The reason for the discrepancy is that states and localities carry another kind of debt—promises of retirement benefits to public-sector workers—and they have radically underfunded the systems that must pay for it. As Boston University Law School professor Jack Michael Beermann wrote recently in the Washington and Lee Law Review, the situation is a “double whammy” for future taxpayers, who not only will have to pay for “the consumption of prior generations” but also will receive “reduced government services” as increased spending on retirement debt crowds out other programs.
Some states have laws stating that annual funding of future pension or health-care payments must be considered part of current budgets, but as Beermann points out, many states don’t. Those states can therefore run deficits—even if they have balanced-budget requirements, as most do—by shortchanging retirement accounts. A report by the Pew Center on the States showed 29 states failing to make the necessary payments into their pension systems in 2010, the latest year for which data are available. Over the last decade, Kansas, a prime offender, has contributed less than 80 percent of the necessary dollars to fund employee pensions, according to a recent report by the Kansas Policy Institute. Even in an economically robust year like 2006, the state government managed to set aside just 64 percent of the necessary funds, one reason that Kansas’s state pension system is less than 50 percent funded.
State and local governments have likewise made ambitious promises to finance the health care of their employees when they retire, yet they have set aside almost no money to do it. Instead, they’re purchasing the health care on a pay-as-you-go basis as workers retire. With workers quitting earlier and living longer, governments suddenly find themselves with little room in current budgets and zero reserve funds. State governments owed nearly $700 billion in health-care promises to retirees, the Pew study estimated, but they had set aside only about 5 percent of that amount. The study found that only one state, Alaska, had paid in advance for more than 50 percent of its obligations. Even states with low levels of other debt had done little to finance retirees’ health-care benefits; Texas, for instance, had set aside just 1 percent of the funds. Similarly, a Pew study of 61 big American cities determined that they owed $126 billion in health-care promises and had paid for only 6 percent.
Consider Michigan, where crushing government retirement costs helped push Detroit into insolvency, leading to a state takeover of the city’s fiscal management. With Detroit’s debt crisis in view, Governor Rick Snyder commissioned a study of the level of health benefits promised retirees throughout Michigan. The study, the first of its kind, concluded that the state’s municipalities had put aside, on average, just 6 percent of what was necessary to finance their retirees’ health care; the remainder, some $12.7 billion, hadn’t been funded. The city of Lansing, for example, already devoted $20 million of its $150 million annual budget to retirees’ health care, the study observed; yet its unfunded liabilities were so great that to fund the debt properly each year, it would have to double property-tax rates. Many municipalities, the study added, had done little to control debt. More than half required no annual contribution from government workers to help fund their future health-care costs.
Earlier this year, a commission created by Chicago mayor Rahm Emanuel reported that that city’s health-care costs for retirees would rise from $109 million in the 2013 budget to $541 million in a decade. Chicago has since decided to drop its current health-insurance program and shift all retirees onto the health-insurance exchange being set up in Illinois under President Obama’s Affordable Care Act. That insurance will be cheaper because the federal government will subsidize the rates of the exchanges, basically getting taxpayers nationwide to pick up some of the cost for Chicago workers.
In some places, elected officials have promised benefits to workers without even a cursory effort to calculate what they might add up to. Before the California city of Stockton filed for bankruptcy last year, auditors listed “uncontrolled pension, health, and other benefit cost increases” as a big part of the city’s woes, including a whopping $400 million unfunded liability for retirees’ health care. “No one gave a thought to how it was going to eventually be paid for,” said a financial manager brought in to address the fiscal difficulties.
Stockton may be an extreme example, but after its bankruptcy, officials in other California municipalities began asking what their cities owed. Earlier this year, to take one example, Sacramento officials commissioned a study to measure their city’s debt. In what the Sacramento Bee reported as a “sobering” city council session, the city manager explained that Sacramento had racked up some $2 billion in obligations—a “big and scary” number, the manager said, for a city of 477,000 residents with an annual general-fund budget of just $366 million. Nearly half of that debt was retirement-related, including $440 million for retirees’ health care. To pay down the debt, the city estimated, it would have to put aside $43 million annually, or 12 percent of the general fund. City officials added that it wouldn’t be easy to solve the problem by firing workers, since Sacramento had already cut some 1,200 employees, or 20 percent of its workforce, in the last several years.
Illustrations by Sean Delonas
Estimates of state and municipal debt have been growing for another reason: more and more independent experts are exposing local governments’ faulty accounting standards. The Chicago-based Institute for Truth in Accounting observes that governments are balancing their budgets using “antiquated budgeting rules and accounting standards,” adding that “hundreds of billions of dollars of unfunded retirement systems’ liabilities are not reported on the face of states’ balance sheets.”
One problem, the group says, is that half of all states don’t bother to file their required annual financial reports on time. Local governments are guilty, too. Though the Securities and Exchange Commission (SEC) requires any government that issues municipal bonds to file a Comprehensive Annual Financial Report, a 2011 study by the California Debt and Investment Advisory Commission estimated that one in four Golden State local governments in that position failed to file the report on time—and one in ten never filed it at all, even though the SEC gives states and cities three times as long to file as it gives private companies. In May, the SEC cited Harrisburg, Pennsylvania, for failing to file reports for two years, even as the city collapsed into insolvency.
Another source of dispute involves the way states and cities calculate pension debt. For starters, they often use a nineteenth-century form of balance-sheet math known as cash-basis budgeting, in which you don’t report expenses until they’re paid. This approach lets local governments ignore costs, such as retirement obligations, that are building up today but aren’t payable for years to come.
Also, the loose accounting standards that states and cities use, recommended by the Governmental Accounting Standards Board, allows them to calculate pension debt using their own projected annual rate of return on the investments that they make, rather than a rate set by an independent body or by some preestablished formula. The higher the projected returns, the lower the pension debt appears to be; unsurprisingly, the projections tend to run high. The rules governing private pensions in the United States, as well as both private and government pension systems in Europe and Canada, are much more restrictive. Economists Aleksandar Andonov, Rob Bauer, and Martijn Cremers noted in a recent paper that corporate pensions in the United States, as well as private and government pension systems in Canada and Western Europe, had significantly lowered their investment projections as interest rates declined, reasoning correctly that lower rates made it harder to hit lofty investment goals. By contrast, government pension funds in the United States responded to lower interest rates by increasing risky investments and maintaining high projections of market returns (see “The Pension Fund That Ate California,” Winter 2013). In the United States, government funds projected gains of 8 percent, on average, the study found; government funds in Canada and in Europe projected returns of 6.7 percent and 3.6 percent, respectively, considering those targets more realistic.
Different projected returns can result in significantly different debt calculations. In 2011, the nonpartisan Congressional Budget Office pointed out that, according to states’ own accounting methods, their pension systems had $700 billion in unfunded debt. But if you used a lower, more plausible, rate of return, the CBO added, total unfunded pension debt was somewhere between $2 trillion and $3 trillion—and the amount has kept growing since then.
Some states have intentionally used the complexity of pension accounting to mislead taxpayers and investors. Over the last three years, the SEC has accused two states, New Jersey and Illinois, of making deceptive and fraudulent statements to potential investors about the health of their employee-pension funds. The SEC said that Illinois failed to tell investors both that its plan to bail out its troubled pension system wouldn’t actually achieve that goal and that the system was “structurally underfunded,” meaning that without further reform, it would fall still deeper into debt. Illinois also failed to report that it used a form of pension accounting that funds a larger percentage of an employee’s retirement costs near the end of his career, increasing the system’s risk of running out of money. In New Jersey’s case, the SEC disclosed that the state had neglected to tell investors that it wasn’t adhering to a financing plan that it had concocted to stabilize its pension system, creating a “fiscal illusion” that it could meet its financial requirements.
Eventually, such soft accounting slams into reality, and pension systems begin to miss investment projections. Governments then find themselves contributing more and more each year to keep the system afloat. New York City’s average pension contributions have risen from 6.1 percent of its budget in 2005 to 11.5 percent today, according to a recent paper by Manhattan Institute scholar Daniel DiSalvo. In 2005, pension payments consumed 43 percent of income-tax revenue; in 2013, “every penny in personal income tax we collect will go to cover our pension bill,” Mayor Michael Bloomberg recently complained. America’s second-largest city, Los Angeles, has seen its pension payments rise from 3 percent of its budget to 18 percent today. Atlanta’s pension payments increased from $43 million annually in 2002 to $144 million in 2010, consuming 19 percent of its budget, before the city finally initiated pension reforms that capped costs and began reducing debt.
Even as governments scramble to find ways of paying their existing obligations, taxpayers should demand fundamental reforms that will make state and local leaders more fiscally responsible going forward. An easy place to start would be a push for honest accounting and greater transparency. States and cities need to move away from cash-basis budgeting and adopt the accrual accounting that private corporations and the federal government use, in which future expenses are included in current reckonings, providing a clearer picture of long-term debt.
Taxpayers should also demand that states and cities produce timely financial reports. The SEC should slap governments and elected officials with harsher penalties for failing to file on time or at all. To date, the commission has mostly just required states to agree not to miss future deadlines. And reformers should strive to make state balanced-budget amendments rigorous again. Some states that have recently enacted pension reform, such as New Jersey, have written into law that the government must make its required annual pension contributions: a budget wouldn’t be considered “balanced” if officials ignored that requirement.
At the same time, states need to remove some of the discretion that retirement systems have to calculate pension obligations, including their discretion to predict future investment returns. Handing that task to an independent body or determining it with a formula—perhaps one linked to the movement of interest rates—would remove some of the political manipulation of retirement accounting. The ratings agency Moody’s and the Governmental Accounting Standards Board have each proposed new, more accurate, ways of calculating pension debt. But these new standards will have little effect unless states and cities respond to them by contributing more to their pension systems or by cutting benefits.
An even better way to make retirement plans more honest would be to replace defined-benefit plans with hybrid systems, as some states and cities have already done. Such systems start with a 401(k)-style defined-contribution plan featuring individual retirement accounts and then add either Social Security (in places where public workers receive it) or, in lieu of Social Security, a basic, inexpensive defined-benefit plan that pays a small monthly pension. Taxpayer obligations to workers are much clearer in defined-contribution plans, since the government must simply contribute a certain percentage of a worker’s salary into an account each year, eliminating the vexed question of whether it can afford to pay a defined pension many years down the road.
Reformers should also seek to get rid of the many loopholes that state legislators use to get around debt-limit rules. In particular, states should be banned from assuming debt through independent authorities or by direct appropriation of the legislature. Reform should also cap state-supported debt by tying it to some flexible measure of economic or revenue growth, such as state personal income, rather than just stating a dollar limit.
Reformers should strive, too, to end governments’ use of debt to balance budgets, perhaps by introducing a requirement that all taxpayer-supported debt be used for capital projects, such as schools, roads, and bridges. Such structures endure for decades, so it’s reasonable to ask future residents to contribute to their construction through debt payments. By contrast, bonds floated to close a particular year’s budget, pledging to the bondholders that they’ll be paid with future lottery, toll, or tobacco revenues, give today’s residents a benefit at future residents’ expense.
There’s no single cure for the debt crisis afflicting state and local governments. But unless taxpayers start pulling harder in that everlasting tug-of-war, they can expect to keep losing ground.

Noticias que caem de um outro mundo... (sempre podemos aprender alguma coisa...)

Surpreendido com uma chamada por um dos meus sistemas de alerta, este aqui:


R7
A Embaixada brasileira na cidade de Basse-Terre, capital de São Cristóvão e Névis, é uma das 47 criadas durante o governo Lula em países em que o Brasil ...


fui conferir a notícia. Eis o que encontrei:

4/8/2013 às 00h29 (Atualizado em 4/8/2013 às 07h54)

Diplomata brasileira relata o dia a dia de embaixada em pequeno país caribenho

Posto diplomático em São Cristóvão e Névis foi criado em 2008; país tem quatro brasileiros
Natália Guerra, do R7
Na capital, Basse-Terre, vivem pouco mais de 12 mil habitantesWikimedia Commons
A Embaixada brasileira na cidade de Basse-Terre, capital de São Cristóvão e Névis, é uma das 47 criadas durante o governo Lula em países em que o Brasil não tinha representação diplomática. 
Além do Brasil, apenas outros três países mantêm embaixadas no local: Taiwan, Venezuela e Cuba.
 Em entrevista ao R7, a oficial de chancelaria Dorila Araújo falou um pouco sobre o dia a dia do posto diplomático.
No pequeno país caribenho, vivem pouco mais de 50 mil habitantes e, segundo estimativa de 2012 do Itamaraty, apenas quatro brasileiros.
O trabalho em São Cristóvão e Névis é “basicamente o mesmo” que aquele realizado em grandes Embaixadas, segundo Dorila.
A parte mais intensa é a notarial (emissão de procurações e outros documentos), mas também há uma demanda por vistos devido a cooperações técnicas.
Após “explosão” no governo Lula, Brasil deixa de criar novos postos diplomáticos
De acordo com Dorila, existem cooperações nas áreas de gastronomia (com viagem de habitantes locais à Bahia para aulas de culinária) e de esportes, já que técnicos de futebol brasileiros fazem visitas ao país para treinar times locais.
Além disso, há brasileiros estudando nas universidades de medicina e veterinária do país.
Trabalham na Embaixada três servidores do Itamaraty e três funcionários de apoio administrativo — um brasileiro, que é casado com uma estudante de medicina, e dois habitantes locais.
Para a oficial de chancelaria, os resultados da Embaixada vão sendo colhidos à medida que a presença do País vai sendo estabelecida.
— Eles não tinham ideia de quem era o Brasil. Essa presença do Brasil no Caribe é importante. Ocupar esse espaço que estava mais ou menos relegado é uma decisão política de longo prazo.
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Pois é...
Paulo Roberto de Almeida 

O problema da educação não é falta de dinheiro - Mailson da Nobrega (Veja)

O problema da educação não é falta de dinheiro
Mailson da Nobrega
Revista Veja, 23/07/2013
A qualidade do capital humano é essencial para o desenvolvimento. A baixa qualidade da educação explica a perda da liderança econômica da Inglaterra para os Estados Unidos por volta de 1870 e para a Alemanha no fim do século XIX. Para Rondo Cameron e Larry Neal, no livro “A Concise Economic History of the World”, a Inglaterra foi o último país rico a universalizar a educação fundamental. A Revolução Industrial ocorreu, secundo eles, “na era do artesão inventor. Depois, a ciência formou a base do processo produtivo”. Em vez dos recursos da natureza – algodão, lã, linho, minério de ferro -, a indústria passou a depender cada vez mais de novos materiais, nascidos da pesquisa científica. Nessa área, americanos e alemães, com melhor educação, venceram os ingleses. A Suécia, que era atrasada no início do século XIX, se industrializou rapidamente graças à educação. Em 1850, apenas 10% dos suecos eram analfabetos, enquanto um terço dos ingleses não sabia ler nem escrever.
No Brasil, até os anos 1960, acreditava-se que a educação seria mero efeito do desenvolvimento. Em 1950 os respectivos gastos públicos eram de apenas 1,4% do PIB. A partir dos anos 1970, a visão se inverteu. Convencemo-nos de que a prosperidade depende da educação. Os gastos subiram e hoje atingem 5,8% do PIB. A educação fundamental foi universalizada na década de 90 (um século e meio depois dos Estados Unidos e quase meio século depois da Coreia do Sul). Agora, demandamos melhora da qualidade, mas a ideia está contaminada pelo hábito de esperar que a despesa pública resolva qualquer problema. Daí o equivocado projeto de lei que aumenta os gastos em educação para 10% do PIB. Na mesma linha, Dilma e o Congresso querem aplicar na educação grande parte das receitas do petróleo.
Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes


Proporcionalmente, nossos gastos em educação equivalem à média dos países ricos. Passamos os Estados Unidos (5,5% do PIB). Investimos mais do que o Japão, a China e a Coreia do Sul, três salientes casos de êxito na matéria (todos abaixo de 5% do PIB). Na verdade, a má qualidade da nossa educação tem mais a ver com gestão do que com falta de recursos. O professor José Arthur Giannotti assim se referiu aos jovens que foram às ruas pedir mais dinheiro para o setor: “Pleiteiam mais verbas sem se dar conta da podridão do sistema. Mais do que verbas, é urgente uma completa revisão das instituições educativas vigentes. A começar pela reeducação dos educadores, que, na maioria das vezes, ignoram o que estão a ensinar” (“O Estado de S. Paulo”, 19/6/2013).
Outro educador, Naercio Menezes Filho, citou o interessante caso de Sobral (“Valor”, 21/6/2013). Entre 2005 e 2011 o município cearense avançou quatro vezes mais rápido no ensino fundamental do que São Paulo, sem aumento significativo de despesa. “O gasto por aluno que Sobral usa para alcançar esse padrão de ensino nas séries iniciais é de apenas R$ 3 130,00, enquanto a rede municipal de São Paulo gasta ao redor de R$ 6 000 por aluno, ou seja, duas vezes mais.” Destinar receitas do petróleo para a educação é um duplo equívoco: (1) o problema não é de insuficiência de recursos, mas de sua aplicação, como vimos; (2) não é correto financiar políticas públicas permanentes com recursos finitos e voláteis. No longo prazo, as reservas de petróleo se esgotarão, enquanto os preços (e as receitas) se sujeitam às oscilações do mercado mundial de commodities.
A proposta desconhece outra lição da experiência: a receita de recursos naturais não renováveis deve pertencer às gerações futuras. O exemplo a seguir é o da Noruega, onde as receitas do petróleo são carreadas para um fundo que em 2012 acumulava 131% do PIB. O fundo serve para lidar com os efeitos de quedas dos preços do petróleo e principalmente com os custos previdenciários que advirão do envelhecimento da população.
A educação brasileira precisa de uma revolução gerencial e de prioridades, inclusive para gastar melhor os recursos disponíveis. Ampliar os respectivos gastos e destinar-lhe as receitas do petróleo agrada a certas plateias, mas o resultado poderá ser apenas o aumento dos desperdícios. Será péssimo para as próximas gerações.
Fonte: Revista Veja



Bye-bye old GDP, hello new GDP: o novo calculo do PIB dos EUA (BBC)

Como a economia dos EUA está sendo recalculada

BBC – EUA,  04/08/2013

A forma como a economia americana é medida tem mudado para incluir, pela primeira vez, cálculos de propriedade intelectual, como produção de canções pop e patentes de medicamentos.
“O PIB é provavelmente a estatística individual mais importante afetando negócios, lares e governos”, diz Steve Landefeld, diretor do Escritório de Análises Econômicas (BEA, na sigla em inglês), que mede o produto interno bruto ─ o total de bens e serviços produzidos pela economia a cada trimestre.
Calcular o PIB é uma missão difícil, diz ele, “porque estamos (tentando medir) uma economia em constante transformação”.
Agora, no que o BEA chama de a maior mudança de cálculos desde 1999, a medição da atividade econômica americana está sendo atualizada.
O objetivo é finalmente incluir algo que muitos já perceberam: a transição de uma produção econômica fabril e agrícola para uma de conhecimento, que represente os investimentos e a produção econômica em propriedade intelectual, incluindo desde os gastos em produzir um seriado de sucesso na TV até a pesquisa pela cura do câncer.
Entenda por que e como isso funciona:
Porque os cálculos estão mudando?Pense em 2007. Foi o ano das franquias cinematográficas: Homem-Aranha 3 e Shrek 3 lideraram as bilheterias.
Para os economistas, esses filmes foram alguns dos mais misteriosos produtos criados pela economia americana naquele ano.
Apesar de a renda de bilheterias, DVDs e exibições na TV ter sido incluída no cálculo do PIB dos EUA, nenhum centavo do dinheiro gasto na criação desses filmes ─ ou na criação de qualquer programa de TV ou canção ─ foi contabilizado.
O BEA estima que, em 2007, o total gasto na produção criativa (de filmes, TV e música) foi de US$ 70 bilhões (R$ 160 bilhões na cotação atual). No entanto, por conta do método do cálculo do PIB na época, nada disso foi levado em conta no resultado final.
Se a isso forem somados os gastos em pesquisa e desenvolvimento ─ como a produção de um novo medicamento para pressão alta ou um chip de computador ─, temos mais US$ 300 bilhões que não foram contabilizados.
A partir de agora, esses investimentos, bem como ajustes na forma como pensões são calculadas dentro da atividade econômica, passarão a ser incluídos nos números consolidados.
Como medir o valor de uma canção pop?
É fácil entender como os investimentos em “hits”, por exemplo, da cantora Beyoncé contribuem para a economia americana (além das coreografias da música, claro). É preciso contratar compositores, diretores de estúdio, etc.
Mas estimar o investimento exato é “bem difícil”, explica Landefeld, principalmente no que diz respeito à contribuição econômica da propriedade intelectual, como patentes e direitos autorais.
“Essas coisas não são compradas e vendidas nos supermercados. Você nunca vai dizer ‘preciso de uma patente para um novo remédio, vou sair para comprar uma’. Não há um mercado de trocas.”
Sendo assim, os estatísticos do BEA tentam, desde 2005, entender a melhor forma de tabular a produção econômica vinda da propriedade intelectual que, de maneira intuitiva, conseguimos identificar ao nosso redor.
Em resumo, eles criaram modelos de precificação aproximados, tendo como base negócios globais.
“A mudança mais semelhante (a esta em curso) havia ocorrido em 1999, quando começamos a contabilizar (no PIB) os softwares de computador”, diz Brent Moulton, chefe de contas nacionais no BEA e a pessoa responsável pela criação e implementação da revisão do PIB.
“Acho que aprendemos que seria melhor primeiro desenvolver esse tipo de estimativa com a qual pudéssemos conversar com usuários e tentar diferentes abordagens.”
Qual o impacto disso no PIB?
“No total, (o aumento de US$ 370 bilhões) é uma adição significativa ao PIB ─ cerca de 2,5%”, explica Landefeld.
Para alguns, a decisão pode ser um estratagema político do governo de Barack Obama para inflar a economia dos EUA ─ ainda que essa teoria tenha poucos seguidores.
Por outro lado, o impacto não será tão grande quanto se imagina, já que não é apenas o PIB trimestral que está sendo recalculado ─ todos os dados, desde 1929, estão sendo atualizados.
Sendo assim, ao mesmo tempo em que o tamanho geral da economia será maior, não haverá mudanças significativas nas taxas de crescimento econômico.
“(As revisões do PIB) provavelmente não mudarão o cenário atual da economia”, opina Lewis Alexander, economista-chefe da empresa de pesquisas Nomura e ex-conselheiro do secretário do Tesouro dos EUA, Timothy Geithner.
Mas Landefeld, do BEA, acha que, ao contabilizar o papel da pesquisa e desenvolvimento na produção econômica, será possível ajudar o governo ─ e outras instituições ─ a estimar melhor, por exemplo, o impacto de financiamentos e subsídios à produção científica.
“Várias decisões públicas e privadas podem ser influenciadas e informadas (pelas mudanças de cálculo)”, agrega ele.
Como isso se compara à forma como o PIB é calculado em outros países?
A mudança de cálculos se deve, em parte, a um esforço coordenado entre as maiores economias do mundo para padronizar a forma como sua produção econômica é calculada.
Austrália e Canadá começaram a implementar mudanças semelhantes, e a Grã-Bretanha e a União Europeia devem segui-los, apesar das dificuldades.
“À medida que o mundo se torna mais global, fica mais difícil monitorar essas relações produtivas”, alega Moulton. “A produção ocorre em todas as partes do mundo, e às vezes é difícil analisar o processo produtivo global e identificar o quanto pode ser atribuído a cada economia.”
A ideia é que, ao coordenar melhor essas medições, se obtenha uma imagem mais clara do crescimento econômico e dados mais precisos para orientar políticas públicas.
Disponível em:

Liberdades Economicas no Mundo, 2012 - Fraser Institute

Creio que o quadro fala por si só e não é preciso mais comentários a respeito.
Mas, recomendo uma visita a este site, para leitura do relatório completo e para as considerações metodológicas e factuais do economista James Gwartney, responsável pela confecção dos estudos a respeito das liberdades econômicas no mundo e seus efeitos sobre o crescimento e a prosperidade dos países:

  http://www.freetheworld.com/release.html

Relatório de 2012, neste link: http://www.freetheworld.com/2012/EFW2012-complete.pdf



Big Brother e as panelas de pressao: a atual obsessao securitaria americana - Joao Luiz Mauad

Estado Policial?

JOÃO LUIZ MAUAD *
Você acha que o governo tem o direito de espionar e monitorar seus próprios cidadãos, em nome da guerra contra o terror?  É daqueles que, sendo um cidadão pacato e dentro da lei, não tem nada a esconder e, portanto, acha que não precisa se preocupar com o Big Brother vigiando a sua vida? Então, você deveria dar uma olhada nesta notícia, que saiu ontem no jornal inglês The Guardian.
Segundo a matéria, uma simples pesquisa pela internet para a compra de panelas de pressão e mochilas colocou uma pacata família americana na mira da polícia anti-terror e levou a uma visita domiciliar de seis investigadores, exigindo informações sem cabimento sobre aspectos da vida privada daquela família.
Mas deixemos que a própria vítima nos dê a sua versão:
O que aconteceu foi o seguinte: Por volta das 09h00, meu marido …  estava sentado na sala de estar com nossos dois cães, quando ouviu barulho de carros parando lá fora. Ele olhou pela janela e viu que eram três SUVs pretas estacionadas na frente da nossa casa…
“Seis cavalheiros em roupas casuais saíram dos veículos e se espalharam, enquanto caminhavam em direção a casa. Dois foram para um lado da casa, dois para o outro lado e dois em direção à porta da frente.
“Um milhão de coisas passaram pela cabeça do meu marido. Nenhuma das quais era boa. Ele saiu e os homens o saudaram com emblemas cintilantes da polícia. Ele podia ver que todos tinham armas na cintura.
“Você é fulano de tal?” um deles perguntou, enquanto olhava para uma prancheta. Ele confirmou e foi perguntado se os visitantes poderiam entrar. “Claro, disse meu marido.”
“Em seguida, perguntaram se poderiam revistar a casa, mas fizeram apenas uma revista superficial. Eles caminharam ao redor da sala, estudaram os livros na prateleira (não, não havia nenhuma livro ensinando como fazer bombas ou qualquer receita de bolo anarquista), olharam para todas as nossas fotos, para o nosso quarto e nossos cães. Em seguida, perguntaram se poderiam ir ao quarto do meu filho, mas quando meu marido disse que ele estava dormindo, deixaram para lá.
“A partir dai, a polícia foi enchendo meu marido com perguntas. “De onde você é? De onde são os seus pais?” Eles perguntaram também sobre mim, onde eu estava, onde eu trabalho, onde meus pais moram.  Por fim, perguntaram se tínhamos bombas escondidas.
“Você possui uma panela de pressão?” Meu marido disse que não, mas nós temos uma panela de arroz. “Você pode fazer uma bomba com isso?” Meu marido disse que não, “minha esposa a utiliza para cozinhar quinoa”. “Que diabos é quinoa”, eles perguntaram.
“Senti uma sensação de pavor… As pesquisas que fizemos, por si sós, pareciam bastante inocentes, mas juntas podem fazer alguém suspeito. .. Principalmente eu senti uma grande sensação de ansiedade. Este é o lugar onde estamos. Onde você não tem nenhuma expectativa de privacidade. Onde tentar aprender a cozinhar algumas lentilhas pode colocá-lo em uma lista de observação. Onde você tem de prestar atenção a cada coisa que você faz porque alguém está observando cada pequena coisa que você faz.
“Tudo o que sei é que, se eu for comprar uma panela de pressão em um futuro próximo, não vou fazer isso online. Eu estou com medo. E não das coisas certas.
* ADMINISTRADOR DE EMPRESAS

Miseria educacional brasileira: mais dinheiro nao vai melhorar um sistema ruim -Gustavo Ioschpe

Dilma, não desperdice nossos recursos nesse sistema educacional

23 de julho de 2013 
Autor: Gustavo Ioschpe
pequeno normal grande
Gustavo Ioschpe
Excelentíssima presidente da República, deputados e senadores: Está em suas mãos a decisão de aprovar ou vetar dois projetos de lei que aumentam o gasto em educação, um deles destinando 75% dos royalties do pré-sal para a área e o outro, o Plano Nacional de Educação, estipulando que dobremos o volume de gastos nos próximos dez anos, dos atuais 5% do PIB para 10% do PIB.
Nos últimos dez anos eu venho escrevendo sobre educação brasileira, e nela militando, com apenas um propósito: melhorar radicalmente a qualidade do ensino no país para que possamos dar um salto de desenvolvimento. Faço-o por espírito público, mas também por egoísmo: quero que meus filhos vivam em um país melhor que este que temos agora. Não ganho dinheiro com esse tema, não defendo interesse de nenhum grupo público ou privado, nacional ou estrangeiro. Ajo como se munido de uma procuração para falar em nome dos milhões de alunos das péssimas escolas públicas brasileiras, que não têm voz nem vez no debate político nacional. Por isso, espero que a senhora e os senhores acreditem em mim quando digo: eu defenderia qualquer medida para a qual houvesse evidências de que impacta positivamente o nível de aprendizado dos nossos alunos. Se essa medida fosse algo tão fácil e simples quanto aprovar uma lei, então eu ficaria mais feliz ainda. E, se essa medida tivesse como consequência secundária melhorar a renda dos 5 milhões de brasileiros que trabalham no sistema educacional, isso me deixaria triplamente contente. E, mesmo que não busque popularidade nem pretenda fazer-lhes companhia em atividades eleitorais, tampouco sou masoquista, de forma que ficaria mais alegre ainda em defender algo que vem sendo pedido pelos manifestantes de rua e por uma série de almas caridosas que clamam para que a senhora e os senhores aprovem as ditas leis. Por tudo isso, adoraria me juntar a esse coro dos que bradam por mais recurso. Mas não posso. Porque não consigo faltar com a verdade. nem ignorar décadas de evidências, nem consentir que duas dádivas que recebemos – a capacidade de trabalho do povo brasileiro, que gera os impostos de que os senhores estão prestes a se apropriar; e as riquezas minerais enterradas em nossa costa – sejam tão clamorosamente desperdiçadas em um sistema que é um Midas ao contrário: transforma o ouro que recebe em desperdício e ignorância.
A senhora e os senhores devem ter ouvido que o Brasil investe pouco em educação. Que os países que deram grandes saltos educacionais aumentaram seus gastos no setor para viabilizar seus avanços. Que se gastarmos mais conseguiremos resolver nossos problemas. Que se pagarmos mais aos nossos professores haveremos de recuperar sua combalida autoestima e finalmente trazer “os melhores” alunos para o magistério, para que elevemos a qualidade dos mestres de amanhã. Bem, desculpem-me pela franqueza e pela linguagem direta, mas a urgência e a gravidade do assunto tomam-nas necessárias: isso é tudo mentira. Deslavada.
O Brasil não gasta pouco em educação
O Brasil não gasta pouco em educação. Como mostram os dados do levantamento mais respeitado do mundo na área, o Education ata Glance de 2013, investimos em nossa educação básica 4.3% do PIB, contra 3,9% do PIB dos países desenvolvidos. Se olharmos para os gastos educacionais como um todo, ainda gastamos um pouco menos, mas isso é basicamente porque nosso sistema universitário público é minúsculo e gasta bem menos, no total, do que esses países, em que a maioria da população da faixa etária correspondente cursa o ensino superior. Nosso investimento por aluno, quando comparado ao nível de renda brasileiro, é basicamente o mesmo dos países desenvolvidos. (A senhora e os senhores, cercados por gente que quer ter mais dinheiro para administrar, provavelmente viram esses dados em seus valores absolutos nominais, em dólares. Como se fizesse sentido comparar gastos nominais em países que têm renda três ou quatro vezes maior do que a nossa, e como se em alguma atividade os valores nominais de países desenvolvidos e em desenvolvimento fossem semelhantes…).
Talvez a senhora e os senhores já saibam que gastamos o mesmo que os países com os melhores sistemas educacionais do mundo, mas acreditem que esses são patamares de nações que “já chegaram lá”. Já devem ter ouvido alguém falar que, quando esses países deram seu salto educacional, gastaram perto dos 10% do PIB que tencionamos agora gastar. Novamente: é mentira. Creio que o gráfico ao lado se encarrega de desmontar essa empulhação sem maiores delongas (os dados originais e outras bibliografias estão em twitter.com/gioschpe). São dados da Unesco para países que são referência no mundo em melhoria educacional, além dos nossos vizinhos. Cobrem o período de 1970 (quando esses dados começam a ser coletados) a 2012. Tanto faz se olharmos para o período todo ou só para o momento (1970-89) em que a maioria desses países começou a dar seu salto, a conclusão é a mesma: não houve elevação de investimento antes, durante ou depois das melhorias, e os patamares de investimento chegam no máximo à casa dos 5% do PIB. Tanto faz se o PIB é de país rico, como Espanha e Inglaterra, ou de países em desenvolvimento, como China e Chile.
Finalmente, sobre os professores. Como já escrevi em vários artigos aqui, há diversas pesquisas em que os próprios professores são entrevistados, e a maioria diz que escolheu a profissão porque a ama, gosta dela e não pretende abandoná-la. Não creio que essa categoria tenha uma autoestima menor do que a média, portanto. Muito se fala dos poucos casos de países que conseguem atrair os estudantes mais talentosos para a docência, mas esse é o típico caso da exceção que confirma a regra. Mesmo nos países mais bem-sucedidos, em geral o jovem que opta pela carreira de professor não é o mais qualificado de seu grupo etário. Os mais competentes acabam optando por profissões da iniciativa privada, em que seu talento será valorizado. Professor é carreira pública, com as limitações, engessamentos e estabilidade comuns às demais funções públicas. O que a maioria dos países top consegue fazer é pegar esse jovem mediano e, através de formação excelente e acompanhamento continuado ao longo da carreira, transformá-lo em um profissional competente. É o que deveríamos buscar fazer também.
Entendo que a senhora e os senhores querem fazer algo pela educação brasileira. Porém, como diz o vulgo, de boas intenções o inferno está cheio. Estão agindo sob a premissa errada: de que nossos problemas se resolvem com dinheiro. Isso é falso. Não é nem uma questão da quantidade de dinheiro, nem da forma como esse dinheiro é gerido. Precisamos de muitas coisas para nossa educação, e as mais importantes não têm nada a ver com dinheiro. Onde focar? Na melhoria das universidades de pedagogia/licenciatura, que são totalmente teóricas e ideológicas e não preparam ninguém para a docência. Na seleção criteriosa de diretores de escola. No estabelecimento de um currículo nacional. Na criação de expectativas altas para todos os nossos alunos, especialmente os mais pobres. Coibindo o absenteísmo docente. Fazendo com que a jornada de aulas seja aproveitada, sem tempo desperdiçado com atrasos, anúncios, chamadas, conselhos de classe. Impedindo professores de achar que encher a lousa de matéria e mandar que os alunos copiem é uma aula. Alfabetizando aos 6 anos de idade. Desinchando o currículo, especialmente no ensino médio, e dando opção de cursos técnicos e profissionalizantes nessa etapa. Prescrevendo e corrigindo mais dever de casa. Utilizando avaliações constantes e intervenções rápidas quando se identifica um aluno com problema.
Poucos itens acima podem ser resolvidos na esfera federal. A maior parte é de responsabilidade de prefeitos, governadores e seus secretários de Educação. Hoje, a maioria deles faz um trabalho muito ruim. Jogar mais um caminhão de dinheiro nas mãos dessas pessoas, com esse sistema, será a garantia de um desperdício colossal. Se ao fazerem um péssimo trabalho eles são recompensados com o dobro de recursos, que incentivo terão para melhorar?! Espero que os senhores parlamentares não se rendam ao populismo. Caso sucumbam, presidente Dilma, use o seu poder de veto. Talvez não ajude na sua próxima eleição, mas certamente beneficiará os colegas do seu neto.

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Os artigos assinados não traduzem a opinião do Instituto Millenium. Sua publicação obedece ao propósito de estimular o debate sobre os valores defendidos pelo Instituto e de refletir as diversas tendências do pensamento contemporâneo.
  1. Você só não comparou os salários dos docentes em relação aos dos países citados (EUA, Finlândia,Japão, entre outros) e não fez referência à estrutura precária das instituições de ensino. Professor , no Brasil, não tem valor. Professor no Brasil adoece sim (com sobrecarga sistêmica de atividade laboral)para ganhar um pouquinho melhor, precisa fazer Mestrado e Doutorado, além da Graduação e mesmo assim trabalha em casa também,inclusive se privando do descaço, direito de todo cidadão. Existem vários artigos científicos nessa área.Professor no Brasil tem salário de fome!Acho que o senhor está muito por fora do que é ser docente no Brasil. E ninguém só trabalha por amor, ou o senhor só trabalha por amor? Que romântico.
    Junior

    23-07-2013 13:16:21
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