O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

domingo, 10 de novembro de 2013

Socialismo bolivariano: fascismo do seculo XXI - Armando Ribas

Socialismo do século XXI
Armado Ribas

“As sociedades que esperam sua felicidade da mão de seus governos, esperam uma coisa que é contrária à natureza"
Juan Bautista Alberdi

“O socialismo em geral tem um record de fracassos tão estrepitosos que só um intelectual pode ignorá-lo ou evitá-lo”
Thomas Sowell

Comecemos então pelo caso da Venezuela, onde o presidente Nicolás Maduro entranha uma política que ameaça a liberdade. Já deveríamos saber que Simón Bolívar jamais pôde distinguir a diferença entre a independência e a liberdade, e foi assim que Sarmento considerou que seu governo havia sido a primeira tirania no continente. Porém, atualmente o presidente Maduro, herdeiro do discípulo de Fidel Castro, o coronel Chávez, iniciou um processo que desafia o princípio fundamental da liberdade e que tem por finalidade justificar o poder político absoluto.


Esse desafio começa com a criação do Vice-Ministério da Felicidade Suprema. Ou seja, que supostamente o governo se encarrega de outorgar a felicidade ao povo. Essa proposta constitui a violação do princípio fundamental da liberdade, como reconheceu John Locke, e assim o reconheceu Jefferson na Declaração da Independência dos Estados Unidos, e que é o direito do homem à busca da própria felicidade. Esse direito é um princípio ético que significa que os interesses privados não são contrário de per se ao interesse geral. É em função desse princípio que parte do reconhecimento da natureza humana, que o poder judiciário se constitui na garantia do respeito aos direitos individuais.

A respeito, David Hume escreveu: “É somente pelo egoísmo e limitada generosidade do homem, em conjunto com a escassa provisão que a natureza deu para suas necessidades, que a justiça deriva sua origem”. Esse é o princípio fundamental para reconhecer que o sistema ético em que se baseia a liberdade, se sustenta na noção da natureza humana e não da pretensão da criação de um homem novo. Essa foi a noção avessa de Rousseau, da qual partiu para reconhecer o poder da soberania como um poder absoluto, ao mesmo tempo encarregado de modificar a natureza humana.

Nos conceitos anteriores podemos ver os princípios do totalitarismo que se avizinha na Venezuela, e que originou-se em Cuba pela primeira vez no continente, por mais que o que considero cinismo político universal, pretenda ignorá-lo. Maduro já não esconde seu projeto e portanto, tenta a militarização da sociedade. Com esse propósito ele assegura que: “A milícia bolivariana é uma tremenda força moral”. Certamente está rodeado de militares e compras de armas. E saibamos que a militarização não é uma força para uma guerra externa senão a garantia do poder interno. Assim, temos o nacional-socialismo que é determinante do poder absoluto para desconhecer a propriedade privada e certamente seguindo o pensamento de Rousseau ele aplica a censura.

Nesse aspecto vou me permitir lembrar que, embora se tenha ignorado, foi o exército de Batista quem outorgou poder a Fidel Castro e seus paus-mandados como Che Guevara. Assim destruiu-se a liberdade e a riqueza do país que em 1959 tinha o mais elevado nível de vida da América Latina e hoje compete pela pobreza com o Haiti. A história mostra que o poder político absoluto se sustenta na falácia de que representa o interesse geral e o bem comum, e se traduz na falta de liberdade cidadã e na riqueza da nova classe. Já Maduro é consciente dessa realidade, à qual colabora com as falácias do além e do “passarinho”, mas que basicamente entranha a clara noção de Maquiavel: “O príncipe não pode controlar o amor, mas sim o medo”.
É nessa concepção ética que se baseia o socialismo que, não obstante como assinala Sowell, tem sido a essência histórica do fracasso, apropriou-se da ética da igualdade como valor supremo no caminho para o poder, quer seja democraticamente ou ditatorialmente. Essa é a realidade que o hoje chamado mundo ocidental enfrenta, no que me atrevo a incluir a América Latina. Porém, evidentemente a esquerda se apropriou da ética e tanto é assim que liberais famosos já se auto-qualificam como liberais de esquerda. Isso pretende significar que estão a favor dos pobres, enquanto que se ignora que são esses que estão a favor dos pobres os que se enriquecem às suas custas e criam mais pobres.

A fim de entender a filosofia política que está em jogo, creio procedente lembrar a noção maniqueísta do socialismo tal como Marx a descreve em seu livro “Filosofia Alemã”. Lá ele começa por assinalar que na sociedade capitalista existe uma divisão entre o interesse comum e os interesses particulares. Por isso, considera igualmente que a divisão do trabalho implica em uma contradição entre o interesse do indivíduo e sua família, e o interesse comum. Por isso ele prevê que na sociedade comunista, onde não existe a propriedade privada e o Estado desapareceu, a sociedade regula a produção geral e possibilita que ninguém tenha uma atividade exclusiva. Assim poderá fazer uma coisa hoje e outra amanhã, caçar de manhã e pescar à tarde, cuidar do gado à tarde e criticar ao anoitecer. Ouvidas essas palavras se me torna impossível compreender que alguém de inteligência mediana, de boa-fé, possa acreditar em tal absurdo do nirvana na terra. E lembro as palavras de Popper: “A utopia gera a violência”. Por isso estou convencido da existência de duas classes de socialistas: os que acreditam a partir da inveja, e os que o usam a partir da hipocrisia para chegar ao governo, e não posso deixar de reconhecer os êxitos destes últimos sobre os primeiros.

No Manifesto Comunista, depois de reconhecer que a burguesia em apenas cem anos havia criado mais riquezas que todas as gerações anteriores juntas, chegou à conclusão de que certamente se conseguiu isso mediante a exploração do homem pelo homem. Portanto, tinha que chegar à Ditadura do proletariado, para a eliminação da propriedade privada e o Estado desapareceria (Engels), criando-se as condições expostas anteriormente. Em 1890 Eduard Bernstein, em discussão com Lenin sobre a social-democracia, escreveu “As Pré-condições do Socialismo” onde partindo da idéia de que o socialismo era o herdeiro legítimo do liberalismo, conclui que não se necessita da revolução, senão que pode-se alcançar democraticamente. Neste sentido, embora eu considere que o socialismo é a antítese filosófico-política do liberalismo, do mesmo modo reconheço que teve razão pois impera a demagogia tal como descreveu Aristóteles há 2.500 anos. Certamente também estava de acordo com a eliminação da propriedade privada, porém que não se faria mediante expropriações violentas, senão mediante o que chama de organização, e que eu me permito considerar o incremento considerável do gasto público e conseqüentemente o aumento dos impostos a tais níveis que constituem uma violação do direito de propriedade.

Dito o que antecede, creio que é óbvio que a existência de um partido socialista, tanto nos Estados Unidos como na Argentina, é inconstitucional. O projeto socialista de eliminar a propriedade privada, é uma violação dos direitos garantidos pelos artigos 14 e 17 da Constituição Nacional. Nos Estados Unidos não existem partidos socialistas, mas é evidente que a política de Obama tende nessa direção. Ou seja, segue os passos do sistema do Estado de Bem-Estar europeu aumentando o gasto e os impostos. É evidente que a partir de certo nível os impostos constituem uma violência do direito de propriedade. Já se deveria saber que é a causa da crise que padece pertinazmente a União Européia, pois tal como escreveu The Economist: “O problema da Europa é o sistema, e quem o quer mudar perde as eleições”.

Como bem disse Stefan Theil, a filosofia européia é a do fracasso, e não obstante a evidência da crise nos colégios e universidades da França e da Alemanha, se ensina a aversão ao capitalismo. Diz ele: “O capitalismo mesmo é descrito em vários pontos no texto como brutal, selvagem, neoliberal e americano”. Imagino como esse ensinamento se sentirá corroborado nos fatos ante a presente espionagem americana aos líderes europeus. Está visto que a demagogia impera sob a gesta da democracia majoritária, que é precisamente o desafio ao Rule of Law, sistema no qual as maiorias não têm o direito de violar os direitos das minorias e dos indivíduos. E é nessa gesta que se apropriou da ética, e portanto tal como disse Bernstein, o socialismo não requer a revolução e me remeto aos fatos.

A situação na América Latina difere da européia e poderia dizer: “Um espectro está rondando a América Latina: é o espectro do socialismo do século XXI”. E esse espectro que ameaça a liberdade no continente está baseado na suposta luta pela igualdade, que agora Maduro pretende consegui-la outorgando diretamente a felicidade ao povo. Não obstante os preços do petróleo, na Venezuela parece carecer-se de tudo, inclusive de papel higiênico e agora de papel de jornais, e a inflação alcança 40% anual. Porém, está visto que ele pretende outorgar a felicidade por meio de militares, assim que parece que, como em Cuba, é perigoso mostrar que não é feliz. Assim estamos ameaçados pelo que Jefferson denominou “um despotismo eletivo”.

Tradução: Graça Salgueiro

Programa nuclear iraniano: sem acordo, ate o momento - Le Monde

Quem sabe o guia genial dos povos não consegue desbloquear a situação?

Nucléaire iranien : le rôle de la France en question après l'échec des négociations

Le Monde.fr avec AFP |  • Mis à jour le 
Laurent Fabius, le 8 novembre à Genève.


Alors que les négociations sur l'avenir du programme nucléaire iranien se sont achevées sans accord dans la nuit du samedi 9 au dimanche 10 novembre, le rôle de la France dans cet échec est pointé du doigt par plusieurs observateurs. Ces derniers soulignaient notamment les multiples prises de parole de la délégation française pour insister sur les points de blocage.

Le chef de la diplomatie française a d'ailleurs été le premier à annoncer l'absence d'accord, soulignant qu'il restait beaucoup de chemin à faire. Selon Paris, des clarifications sont nécessaires sur trois points principaux : la centrale d'Arak, ledevenir du stock d'uranium enrichi à 20 % et, plus généralement, la question de l'enrichissement.
FABIUS TROP EXPOSÉ ?
Cette détermination a fini par irriter certains diplomates qui, sous couvert d'anonymat, n'ont pas caché leur agacement aux journalistes. "Les Américains, l'Union européenne et les Iraniens travaillent intensivement depuis des mois sur ce processus et il ne s'agit rien de plus que d'une tentative de Fabius de se donner une importance tardivement", avait-il dit, en évoquant les multiples interventions publiques du ministre mettant en garde contre un éventuel accord au rabais.
La propension de Laurent Fabius à s'exprimer devant les médias a peut-être joué un rôle dans cette suspicion à l'encontre de la France. Le fait qu'il soit sorti samedi soir le premier de la salle de réunion, grillant la politesse à la porte-parole du groupe des six, Catherine Ashton, a pu aussi jouer en sa défaveur.
"NOUS SOMMES D'ACCORD AVEC LES FRANÇAIS"
Mais Paris s'est défendu d'avoir été le grain de sable qui a empêché la conclusion d'un accord et, de fait, aucun des ministres qui se sont exprimés à l'issue de la réunion n'a incriminé publiquement la France, comme l'ont fait en Iran des députés et des médias.
A sa sortie de la salle de négociations, interrogé sur les critiques touchant Paris, le chef de la diplomatie allemande Guido Westerwelle a affirmé qu'il y avait eu "un excellent travail d'équipe, en particulier entre les Européens". Pressés de questions, son homologue américain John Kerry et la chef de la diplomatie de l'Union européenne Catherine Ashton se sont aussi abstenus de dénoncer la position française.
Le groupe des six puissances chargées du dossier iranien "est absolument uni", a dit le secrétaire d'Etat. "Nous travaillons très étroitement avec les Français, nous sommes d'accord avec les Français sur le fait qu'il y a certaines questions sur lesquelles il faut travailler", a-t-il insisté.
Mohammad Javad Zarif, le ministre iranien, très investi dans la négociation, a affirmé de son côté ne "pas [être] déçu", en dépit de l'absence d'accord. "Nous travaillons ensemble et heureusement nous allons être capables de parvenir à un accord quand nous nous rencontrerons à nouveau", a-t-il dit, avec un sourire un peu forcé.
Les Français gardent en tête l'échec de 2003-2004, lorsqu'un accord internationalprévoyant la suspension de l'enrichissement d'uranium par l'Iran avait volé en éclats faute d'avoir été suffisamment sécurisé. Ils n'ont eu de cesse pour les négociations en cours d'"élever le niveau de l'accord" envisagé, même si ce dernier doit êtrerepoussé dans le temps.

Venezuela: o que a Unasul teria a dizer sobre a "clausula democratica"?

Sem comentários (e não haverá comentários da Unasul, tampouco...):

América Latina

Maduro decreta data de eleição como 'Dia de Lealdade a Chávez'

Vicente Díaz, do Conselho Nacional Eleitoral, afirmou que a medida é "ato grosseiro de manipulação eleitoral"

6/11/2013
O presidente venezuelano Nicolás Maduro faz uma saudação em frente a um pôster com a imagem de Hugo Chávez
O presidente venezuelano Nicolás Maduro faz uma saudação em frente a um pôster com a imagem de Hugo Chávez (Jorge Silva/Reuters)
O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, decretou a data das eleições municipais, no próximo dia 8 de dezembro, como "Dia da Lealdade" ao ex-presidente Hugo Chávez, morto em março deste ano, informa o Diário Oficial publicado nesta terça-feira. A exótica medida, pouco tempo após a criação do curioso Ministério da Suprema Felicidade, foi imediatamente criticada pelo reitor do Conselho Nacional Eleitoral, Vicente Díaz, que a qualificou de "ato grosseiro de manipulação eleitoral". Exatamente no recém criado "Dia da Lealdade a Hugo Chávez e do Amor à Pátria" – nome oficial da data comemorativa –, a Venezuela elegerá prefeitos e vereadores em todo o país.
Durante a tarde, Maduro defendeu o decreto sob o argumento de que o 8 de dezembro marca o primeiro aniversário da última aparição pública de Chávez antes de viajar a Cuba para se tratar de um câncer. O caudilho retornaria meses depois à Venezuela, onde faleceu. "Este ano a data coincide com eleições. Vamos votar, e cada um decidirá por sua vontade política. Vocês acham que devemos anular este decreto apenas porque há eleições, esquecendo nosso comandante Chávez? Seria uma fraqueza ceder a esta chantagem de mentes perversas", disse Maduro.
Vicente Díaz afirmou que o decreto "é uma ação de intromissão clara do Poder Executivo com a realização de atos, em todo o país, exatamente quando se realiza a jornada eleitoral. Isto é uma absoluta e inaceitável manipulação" das eleições. A Mesa da Unidade Democrática, que reúne partidos opositores de distintas correntes e apoiou Henrique Capriles na eleição presidencial de abril, considera a votação para prefeitos e vereadores uma espécie de plebiscito do governo de Maduro.
Díaz é considerado a voz dissonante dentro do Conselho Eleitoral, e o único dos cinco reitores a denunciar os abusos cometidos pelo governo. Segundo a oposição, o Conselho Eleitoral é parcial e serve ao "chavismo", enquanto o governo considera o órgão "o mais limpo do mundo".
(Com agência France-Presse)

A arte da Logica e suas (des)aplicacoes praticas - Milton e Miriam Joseph

Uma anotação feita em meu Moleskine, a partir de uma leitura no Kindle do iPhone, em viagem...

Transcrevo de um livro que estou lendo no Kindle, sempre que posso, nos intervalos de várias outras leituras impressas, este trecho, retirado do Prefácio da Arte da Lógica, escrito em latim por volta de 1640, pelo poeta John Milton, sim, o mesmo do Lost Paradise, para organizar o pensamento em torno das chamadas artes liberais (gramática, retórica, lógica, etc.) e que traduzo livremente da versão em inglês:

Art of Logic
Milton

O objeto geral das Artes é a razão, ou o discurso. Estes são empregados seja no aperfeiçoamento da razão, com o objetivo do pensamento correto, como na lógica, ou no aperfeiçoamento do discurso, e aqui, seja para o uso adequado das palavras, como na gramática, seja para o uso efetivo das palavras, como na retórica.
De todas as Artes, a primeira e a mais geral é a lógica, depois a gramática, e por fim, a retórica, uma vez que podemos usar a razão sem discurso, mas não se pode usar o discurso sem razão. Atribuímos um segundo lugar à gramática, porque o discurso correto pode vir sem floreios ou ornamentações; mas ele nunca poderá ser enfeitado antes de estar correto.

In:
The Trivium: The Liberal Arts of Logic, Grammar, and Rhetoric
Sister Miriam Joseph, CSC, Ph.D.
edited by Marguerite McGlinn
(Philadelphia Paul Dry Books, 2002; Kindle edition)

Pois bem, algumas pessoas, no Brasil, se encarregam de desmentir o poeta Milton, e se atribuem alegremente a missão de bagunçar completamente as boas regras relativas à arte da lógica, e da gramática e da retórica também.
Não sei como isso é possível, ao mesmo tempo, mas o fato é que ocorre.
Alguns até fazem questão de, deliberadamente, estropiar a gramática, isto é, a linguagem (já que sequer escrevem um discurso), apenas com a intenção de, demagogicamente, "ficar mais perto do povo".
Outros o fazem involuntariamente, devido à sua manifesta, notória, patente, transparente, evidente, atestada incapacidade total em concatenar idéias, expressá-las com lógica, com as palavras corretas, enfim, de maneira relativamente racional, ou pelo menos vagamente compreensível.
Tarefa acima das capacidades humanas, para alguns...
Pois é, tem gente que usa o discurso sem qualquer razão, sem qualquer lógica, sem gramática, e sem floreios, numa retórica absolutamente incompreensível...

Pergunto novamente: como foi que chegamos a uma catástrofe dessas?

Paulo Roberto de Almeida
(em vôo, Bra-Porto Alegre, 29/10/2013)

Um grupo de assholes, na pratica: os neomalthusianos anti-OGMs

Assholes, como certos ecologistas idiotas, inimigos, por princípio (não por pesquisa científica, ou reflexões mais inteligentes) das sementes geneticamente modificadas, ou OMG-GMO, existem em todos os países, ou até no plano internacional, multinacional, transnacional, multilateral, etc.
São uma dessas pragas que de vez em quando afetam a Humanidade (como certas seitas lucrativas pretensamente religiosas) e se disseminam erraticamente, de acordo com uma das leis fundamentais da estupidez humana, que pode afetar inclusive alguns Prêmio Nobel, como já tinha sido detectado anos atrás pelo historiador medievista italiano Carlo Maria Cipolla. 
O Greenpeace, por exemplo, é uma organização profundamente asshole, com dezenas, centenas, milhares de assholes que ficam lutando contra os OGMs, junto com esses cretinos fundamentais, e bandidos consumados, do MST.
Enfim, abaixo uma crítica recente publicada nessa revista inteligente que se chama The New Yorker contra um filme asshole que eu evidentemente nunca vou ver. 
Paulo Roberto de Almeida

“OMG GMO” SMDH


I recently watched “OMG GMO,” Jeremy Seifert’s aggressively uninformed “documentary” about the corporate duplicity and governmental callousness that he says drives the production of genetically engineered crops—which are, in his view, such barely concealed poisons that he actually dressed his children in full hazmat gear before letting them enter a field of genetically modified corn. Seifert explained his research process in an interview with Nathanael Johnson of Grist: “I didn’t really dig too deep into the scientific aspect.”
Fair enough. Normally, I would ignore anyone who would say that while publicizing his movie. But Seifert has been abetted by Dr. Mehmet Oz, the patron saint of internally inconsistent scientific assertions, and Seifert’s message of fear and illiteracy has now been placed before millions of television viewers.
Seifert asserts that the scientific verdict is still out on the safety of G.M. foods—which I guess it is, unless you consult actual scientists. He fails to do that. Instead, he claims that the World Health Organization is one of many groups that question the safety of genetically engineered products. However, the W.H.O. has been consistent in its position on G.M.O.s: “No effects on human health have been shown as a result of the consumption of G.M. foods by the general population in the countries where they have been approved.” Britain’s Royal Society of Medicine was even more declarative: “Foods derived from G.M. crops have been consumed by hundreds of millions of people across the world for more than fifteen years with no reported ill effects (or legal cases related to human health) despite many of the consumers coming from that most litigious of countries the U.S.A.” In addition to the W.H.O. and Royal Society, scientific organizations from around the world, including the European Commission and, in the United States, the National Academy of Sciences, have strongly endorsed the safety of G.M. foods. I could cite quotes from a dozen other countries. But let’s leave the overkill to Mr. Seifert.
What else can you call it when a man sends his children into a field of genetically modified corn wearing gas masks? The director has few qualms about using his kids to make a point: early in the film, we watch him at a kitchen table with his boys, who are happily eating some Breyers ice cream. Seifert asks if they like it. They reply in the affirmative. “Even if it’s genetically modified, do you still like it?” he went on. His sons, neither of whom was older than ten, looked at him like he was a loon. Then he delivered the coup de grâce. “But, years and years from now, it might hurt you.” Nobody can really argue with that assertion. As a matter of fact, next Tuesday every person who has ever consumed a genetically modified product might drop dead. I can’t say it won’t happen, because you can’t prove what doesn’t exist. You can only look at the data, something that Seifert refuses to do.
As Ferris Jabr pointed out in extremely thoughtful review in Scientific American, Seifert’s intellectual laziness is profound. “Instead of using his children like marionettes for ludicrous theatrics, Seifert could have, I don’t know, done some actual research,” Jabr wrote. If he had, Seifert would have found that the toxin Bt, which is engineered into genetically modified corn, kills certain pests but poses no harm to people—which is why organic farmers have been spraying insecticide containing the Bt bacterium on their crops for years. Seifert also missed that Bt corn is actually sprayed less than conventional corn, and that the pesticide used, glyphosate, is hundreds of times less toxic than atrazine, the chemical it largely replaces. There have been more than six hundred studies published that address the relative risk of genetically engineered products; he might have read a few. Instead, Seifert relies heavily on research published, last year, by Gilles-Eric Séralini, which has been widely denounced throughout the world for its lack of statistical rigor, poor study design, and small number of controls.
Seifert even manages to mangle the points worth stressing. He says that weeds have become resistant to glyphosate; that is, to some degree, true. It is also true of every other pesticide or drug ever used. It is explained by a process called evolution. People with H.I.V. or tuberculosis, for example, take cocktails of medications; if they took only a single drug, the bugs would become resistant to it soon enough. That doesn’t mean there is nothing to be done about resistance or pests—or that it isn’t a problem. But better farming practices, like rotating crops and using cover crops, would help. So would lessening the practice of monoculture—planting a single crop, such as ten thousand acres of corn, and nothing else—which poses an equal danger to conventional and engineered products.
By themselves, genetically engineered crops will not end hunger or improve health or bolster the economies of struggling countries. They won’t save the sight of millions or fortify their bones. But they will certainly help. First, though, we have to adopt reality as our principal narrative. For people like Jeremy Seifert, that may be too much to ask. 

Lei de Murphy para bibliotecas caoticas (como a minha...)

Uma lei de Murphy, que na verdade foi inventada por mim, tal como aplicada a minhas estantes caóticas, numa biblioteca inteiramente desorganizada:

Só conseguimos encontrar algum livro de que necessitamos quando já não mais o estamos procurando.

Derivações:
Se encontrou, é porque não precisa dele no momento.
Se precisa dele, não há nenhuma chance de encontrá-lo.

Conclusão:
Esta lei de Murphy não permite nenhuma exceção à regra fundamental, justamente por isso se trata de uma lei de Murphy, por certo adaptada à minha situação.

Mas, é uma lei universal dos leitores caóticos, como eu por exemplo...
Paulo Roberto de Almeida

Um teoria para o pior tipo de idiota - Aaron James (um livro para nao recomendar...)

Voltando de uma pequena cidade do Massachusetts, Andover (when you enter it, it's almost over...), onde fomos, Carmen Lícia e eu, visitar bonitas exposições na Addison Gallery of American Art, que fica na Phillips Academy (e que recomendo vivamente, tanto a cidade, quanto o museu), paramos na volta num mall da estrada 84, a caminho de Hartford.
Enquanto Carmen Lícia percorria lojas para ver se encontrava alguma bota de inverno interessante, eu fiquei, como é meu péssimo hábito, sempre, numa Barnes, com dois livros no café Starrbucks da loja.
Um acabei comprando, e recomendo, a todos:

William Manchester (já falecido) e Paul Reid (que terminou o livro que seu mestre escrevia desde muitos anos):
The Last Lion: Winston Spencer Churchill, Defender of the Realm, 1940-1965
(New York: Bantam Books, 2013, 1184 p.; $ 20, apenas...)

O livro é a segunda parte de Last Lion, cujo primeiro volume havia sido escrito unicamente por Manchester. Em 2003, ele pediu a Paul Reid que terminasse o segundo volume, que ele havia começado muitos anos antes. Impressionante qualidade da biografia, não apenas de um homem, provavelmente o maior líder político do século XX, mas de toda uma época, e de todo um mundo convulsionado pela guerra, e depois marcado pela lenta decadência inglesa, até a morte de Churchill, em 1965.
Em minha travessia dos EUA, em setembro e outubro últimos, tive a oportunidade de visitar o museu dedicado a Churchill, no local em que ele pronunciou seu famoso discurso da cortina de ferra que dividia a Europa, em Fulton, Missouri, na companhia do presidente Truman, um marco histórica do início da Guerra Fria, antes mesmo que ela fosse conhecida por esse nome. No ano passado, em Londres, havia visitado as "catacumbas" de Churchill, ou seja, os "war cabinets", que ele usou durante toda a guerra.

Mas, não era desse livro que eu pretendia falar, e sim deste aqui (desculpem a má qualidade das imagens, mas fui eu mesmo quem fotografei, na mesa do Starrbucks):

Aaron James: 
Assholes: A Theory
(New York: Doubleday, 2012, 224 p.; $ 24)

Enfim, existem muitas traduções para asshole, mas fiquemos com uma mais educada, do dicionário Webster:
"a usually vulgar : a stupid, incompetent, or detestable person. b usually vulgar : the worst place..."

O interessante no livro é a teoria, não o personagem em si, um idiota vulgar, grosseiro.
Vou colocar abaixo mais fotos da quarta capa, e das orelhas, para dar uma ideia a vocês da seriedade com que este filósofo de Harvard encara seu assunto principal.
O editor se refere a um outro livro, que também li, e já tenho, mas não sei se na versão americana ou  brasileira, pois o livro ficou na minha biblioteca de Brasília.
Este aqui:

Harry G. Frankfurt:
On Bullshit
(Princeton, NJ: Princeton University Press, 2005)

Também posso dizer que, ao falar dos idiotas fundamentais, o livro me lembrou um outro, que li em edições italiana, francesa e americana, e que considero fundamental nesse tipo de literatura:

Carlos Maria Cipolla
As Leis Fundamentais da Estupidez Humana
(já resenhei algumas vezes e escrevi artigos a respeito; busquem neste mesmo blog).

Abaixo, reproduções fotográficas das informações do livro sobre a teoria dos assholes...



PS
Aos interessados, os posts que dediquei ao livro citado acima do historiador italiano Carlo Maria Cipolla (sim, cebola, o que já é uma qualidade interessante, para quem se ocupa de história econômica): 

15 Mai 2012
Com esse título, o famoso historiador econômico e medievista italiano Carlo Maria Cipolla compôs, em algum momento dos anos 1980, um pequeno ensaio, humorístico-irônico, que foi transformado em peça de teatro ...
19 Mai 2012
Finalmente, consigo colocar as mãos, ou os olhos mais exatamente, numa tradução mais conforme da famosa obra do historiador econômico Carlo Maria Cipolla. O texto tinha sido publicado em inglês, em edição de autor, ...
28 Mai 2012
In praise of stupidity... (ainda bem...) Já postei aqui um pequeno resumo das teses principais do historiador econômico Carlo Maria Cipolla, retiradas de seu livro sobre as leis fundamentais da estupidez humana:
04 Jan 2013
... historiador italiano, Carlo Maria Cipolla (procurem no meu blog), que dizia que os idiotas sao os individuos mais perigosos que existem, ja' que existem, soltinhos por ai, juizes perfeitamente malucos, que causam prejuizos ...
21 Abr 2010
... ou seja, que são capazes de provocar danos a si mesmas ao agirem da forma como o fazem -- e isso recebeu um notável livreto sobre as leis universais da estupidez humana, do historiador italiano Carlo Maria Cipolla.

Brasil: companheiros chineses de araque - Carlos Alberto Sardenberg


À chinesa
Carlos Aberto Sardenberg
O Globo, 8/11/2013

As contas públicas estão se deteriorando, a despesa cresce mais que a arrecadação, o superávit primário é cada vez menor

Dizem que o fantasma de Deng Xiao Ping, o líder que criou a China moderna, foi invocado pelo atual presidente, Xi Jinping, para orientá-lo sobre como conduzir uma nova onda de reformas. De carro, Xi conduziu Deng pelo país, para exibir os resultados das primeiras mudanças, aquelas iniciadas em 1978. De repente, a estrada que tomara mostrou uma perfeita bifurcação. Xi para na encruzilhada e pergunta: grande líder, viramos à direita ou à esquerda? E Deng, sem vacilar: dê sinal à esquerda, vire à direita.
Esta piada é um clássico. E permanece porque, acreditem, reproduz o modo de agir da liderança chinesa em momentos cruciais. O presidente Xi Jinping é conhecido como reformista, cercou-se de reformistas em seu governo e colocou na cadeia o chefe da outra ala do Partido Comunista, Bo Xilai, que comandava um movimento pela recuperação do maoísmo.
As reformas discutidas na ala de Xi estavam claramente na direção de mais mercado, mais propriedade privada, em resumo, mais capitalismo. Portanto, para simplificar, Xi representava a direita e Bo, a esquerda.
Pois não é que o começo do governo de Xi coincide com o que se chamou de uma “onda vermelha”? O próprio presidente falou mais de uma vez em recuperar os valores do maoísmo. Mais ainda: nas vésperas da crucial reunião plenária do Comitê Central do Partido Comunista, marcada para o próximo fim de semana e anunciada por Xi como tão importante quanto a comandada por Deng em 1978, diversas companhias estrangeiras tornaram-se alvos de órgãos de fiscalização, receberam punições e foram atacadas como imperialistas impiedosas.
Diante da perplexidade de observadores e mesmo de executivos de grandes multinacionais recebidos com honras pelo presidente Xi, os mais experientes recomendavam calma: o sinal é à esquerda...
Veremos. A plenária do Comitê Central, claro, será fechada. E todo mundo sabe que já está tudo decidido. Aquela regra universal da política: só se chama uma reunião importante, com muita gente (300 e tantos membros, no caso), quando já se resolveu pelo menos o essencial.
Ficam todos, portanto, à espera dos sinais à direita — mudanças efetivas como, por exemplo, a permissão para que agricultores vendam suas terras ou as entreguem como garantia de empréstimo. Seria a consagração da propriedade privada da terra. A registrar: uma das reformas cruciais da era Deng foi justamente permitir que os agricultores vendessem sua produção no mercado livre, em vez de entregarem tudo ao governo. Isso levou, então, a uma forte expansão da produção agrícola.
Resumindo: a propaganda seria maoísta, a prática, ao modo Deng.
O governo Lula, o do primeiro mandato, foi tipo chinês. A propaganda, inclusive a eleitoral, era para mudar tudo e desmontar o regime neoliberal. Na prática, o governo aumentou o superávit primário a níveis inéditos, nomeou um banqueiro para o Banco Central que, autônomo, foi logo aumentando os juros para colocar a inflação na meta, e aplicou reformas que favoreceram o ambiente de negócios.
Já o governo Dilma parece adotar a mesma técnica, mas invertida. Jura fidelidade ao superávit primário, ao regime de metas, promete liberdade e oportunidades ao capital privado — e faz tudo ao contrário.
A questão é: faz isso de propósito ou tudo é uma grande confusão, resultado da falta de objetivos e capacidade?
Não é brincadeira. A dúvida persiste inclusive entre os aliados do governo, tanto os da esquerda quanto os da direita. Todos estes — e mais os críticos adversários — concordam com os números: as contas públicas estão se deteriorando, a despesa cresce mais que a arrecadação, o superávit primário é cada vez menor e a tendência da dívida pública é de alta. Sinais claros disso: sobe a taxa de juros, o real se desvaloriza mais que outras moedas.
Os aliados mais à esquerda, digamos, sustentam que isso não tem nada demais e que o governo deveria sair do armário e assumir que vai aumentar mesmo o gasto público e derrubar os juros de qualquer jeito.
Os amigos mais à direita, digamos, contam que há um desvio momentâneo, compreensível, que neste momento o superávit primário pode mesmo ser menorzinho, mas daqui para a frente — olhem lá, hein?! — é preciso dar uma segurada nos gastos e arrumar a contabilidade.
Os críticos e adversários sustentam que as bases macroeconômicas estão sendo destruídas, mas não se entendem se é por vontade ou por incompetência.
Aí vêm a presidente e o ministro Mantega e garantem: está tudo sob controle. Qual controle? Certamente não é do tipo chinês.

Primeira Guerra Mundial: dez mitos - Le Monde

Pour en finir avec dix idées reçues sur la guerre de 14-18

LE MONDE |  • Mis à jour le 
aA   Google + Linkedin Pinterest
Verdun, 1916. | AFP
La Grande Guerre est un événement si immense qu'il suscite sans cesse interprétations et réinterprétations. Son fort impact sur la société française alimente également la circulation d'images et de clichés qui ne correspondent pas à l'état du savoir des historiens. Le point sur dix idées reçues.
1. La guerre était souhaitée par les industriels et les financiers
Les interprétations marxistes des origines de la guerre, derrière les réflexions de Lénine sur l'impérialisme comme stade suprême du capitalisme, allouent une place centrale aux rivalités économiques accentuées par la baisse tendancielle du taux de profit, et au caractère prédateur des milieux industriels. Il y a certes des rapports de force commerciaux entre les blocs en Chine ou dans l'Empire ottoman, entre Britanniques - inquiets du « made in Germany » - et Allemands. La course aux armements dans l'immédiat avant-guerre, dans tous les pays, renforce cette interprétation.
Mais l'historiographie a montré que les interdépendances étaient en fait très fortes entre les économies et que, pour nombre de secteurs (assurances, sociétés minières...), la paix était préférable à la guerre. La City a ainsi plutôt poussé à défendre la paix. Par ailleurs, en matière de politique étrangère, les milieux industriels et financiers n'étaient pas unis.
2. Les soldats sont partis reprendre l'Alsace-Lorraine la fleur au fusil
Il n'est pas évident de saisir rétrospectivement des sentiments, des perceptions de contemporains et encore moins de les agréger pour donner une tendance d'ensemble. D'autant que les mots d'une époque (« résignation », par exemple) ne réfèrent pas forcément à l'identique à nos compréhensions d'aujourd'hui. En 1914, les attitudes face à la mobilisation semblent variées. Elles peuvent aussi évoluer selon les moments et les situations. Il y eut quelques démonstrations d'enthousiasme, mais on ne voit guère de joie dans les quartiers ouvriers de Hambourg, de Berlin, ou dans de nombreuses régions rurales. Beaucoup de témoignages évoquent même de la tristesse. S'il fallait donner une ligne générale, elle tiendrait plus de la résolution et de la résignation que de la « fleur au fusil », véritable mythe que les travaux ont démonté pour les différents pays engagés. Quant à l'Alsace-Moselle, devenue allemande en 1871, si son sort suscite de nombreuses déplorations en France, à l'école comme dans les journaux, rares sont ceux qui la considèrent comme une motivation profonde à faire la guerre en 1914.
3. Les taxis ont joué un rôle décisif dans la bataille de la Marne
La bataille de la Marne (6-12 septembre 1914), qui arrête la grande offensive allemande proche de Paris après avoir traversé la Belgique et le nord du pays, est un affrontement qui s'étend sur environ 300 kilomètres, de Meaux à Verdun. Les quelque 4 000 hommes de la 7e division d'infanterie transportés par taxi, les 6, 7 et 8 septembre, pour renforcer les troupes de la VIe armée vers Silly-le-Long et Nanteuil-le-Haudouin ne sont donc qu'un apport tout à fait limité à une armée composée d'environ 150 000 hommes. L'épisode est militairement insignifiant. La mobilisation de véhicules civils était par ailleurs prévue depuis le début de la guerre et les compagnies de taxis sont payées pour cette course particulière. Dès le moment même, l'épisode est utilisé pour valoriser l'ingéniosité du général Gallieni ou le sursaut d'une société en guerre.
4. Les combats à la baïonnette marquent la guerre des tranchées
La baïonnette est en vérité d'un usage rare dans les combats, même si elle équipe les soldats de différentes armées. Les deux tiers des pertes sont en fait causées par l'artillerie. Les combats rapprochés sont assez limités dans l'expérience de guerre des soldats qui, pour l'essentiel, ne voient pas leurs adversaires. Lorsque des assauts ou des patrouilles mettent cependant en contact, ou rapprochent, les combattants d'armées adverses, chacun préfère utiliser des armes de distance, plus protectrices, comme les grenades, les pistolets ou les lance-flammes.
Les grandes évocations du combat à la baïonnette que l'on trouve abondamment dans les publications de l'arrière reproduisent une représentation traditionnelle de la guerre d'avant 1914, et participent d'une héroïsation des soldats qui ne correspond pas à l'ordinaire de la guerre. Comme l'écrit l'ancien sous-lieutenant Raymond Jubert dans Verdun : mars-avril-mai 1916 (Presses universitaires de Nancy, 1989), le fantassin « meurt sans gloire, sans un élan du coeur, au fond d'un trou ».
Un bataillon britannique pendant la première guerre mondiale. | United Kingdom Government.
5. L'alcool a joué un rôle essentiel pour faire tenir les soldats
L'abondante consommation d'alcool est courante avant 1914. Dans les tensions et les violences de la guerre des tranchées, elle sert à l'évidence à apaiser ou à oublier. Ivresse et beuveries ne sont pas rares. Les soldats sont souvent à la recherche de rations supplémentaires : comme l'écrit en 1915 Jules Isaac, « la chasse au pinard est depuis le début de la guerre la principale occupation du poilu », dans Jules Isaac : un historien dans la Grande Guerre. Lettres et Carnets 1914-1917 (Armand Colin, 2004). Pour autant, il est d'un simplisme consternant de penser que c'est l'ivresse qui fait combattre les soldats dans les terribles circonstances de 1914-1918. Leurs motivations sont multiples et variables selon les pays et les périodes. Pour certains, notamment les intellectuels, la guerre comporte une dimension idéologique affirmée (la grandeur et la défense de la patrie) ; pour beaucoup, il s'agit surtout d'un sens du devoir assez général, sans motivation particulière. La camaraderie des tranchées, la fidélité aux morts tient aussi une large place pour comprendre les comportements des soldats. Les contraintes disciplinaires qui s'exercent sur la troupe ne sont pas négligeables.
6. En 1914-1918, on a fusillé les soldats en masse
Toutes les armées en campagne disposaient d'une justice militaire, et toutes, sauf celle d'Australie, ont prononcé des peines de mort suivies d'exécutions. La sévérité a marqué nombre de ces condamnations, car les conseils de guerre se déterminaient aussi en fonction d'enjeux disciplinaires, comme la volonté de faire des exemples pour la troupe. Mais elle frappe inégalement selon les cultures nationales et les traditions militaires. Dans l'armée française, c'est au début de la guerre que la justice militaire fait le plus fusiller, dans un contexte où le pouvoir civil est très en retrait. Cependant, les procédures deviennent mieux contrôlées au cours du conflit, et l'on ne peut donc pas dire que les armées fusillaient à tour de bras, d'autant que la troupe n'appréciait guère de voir les exécutions de camarades. Au total, on compte un peu plus de 600 fusillés dans l'armée française, 330 dans l'armée britannique (pour des crimes et délits militaires), et 750 dans l'armée italienne (chiffre important par rapport au nombre de mobilisés). Il faut aussi prendre en considération des exécutions sommaires, sur-le-champ, sans passage devant un conseil de guerre. Leur nombre est difficile à évaluer.
7. La guerre s'est jouée à Verdun en 1916
Verdun est assurément une immense bataille, qui s'étire de février à décembre 1916 et mobilise plus de 2 millions de soldats français. Elle coûte la vie à environ 300 000 hommes, Allemands comme Français. Pour autant, elle n'est pas la seule d'une ampleur si marquante, ainsi de la bataille de la Somme (1916) ou de celle du Chemin des Dames (1917, avec environ 1 million d'hommes mobilisés). Verdun n'est donc pas « incomparable », comme l'ont fait croire de nombreux récits mythiques. Surtout, l'affrontement n'était pas d'emblée envisagé comme décisif par l'état-major allemand qui l'a lancé. Plus encore, après des mois de combats dans des conditions très difficiles, les lignes se fixent presque sur leur point de départ. A l'échelle du déroulement d'ensemble de la guerre, la bataille n'a pas eu de conséquences fondamentales. Elle s'inscrit parmi toutes ces batailles que les états-majors lancent depuis 1915 pour tenter de sortir de la guerre des tranchées, peu considérée par la théorie militaire, et retrouver une guerre de mouvement. Sans succès avant 1918.
8. Les généraux français ont sacrifié les minorités régionales
C'est un raisonnement qui a été tenu par certains mouvements régionalistes et identitaires, en particulier en Bretagne et en Corse. A vrai dire, c'est mal poser le problème. Les généraux, en 1914-1918, ne sont pas préoccupés par la composition régionale de leurs troupes en priorité, d'autant que très vite, devant l'ampleur des pertes, les régiments perdent cette caractéristique. Ils disposent leurs troupes comme ils le peuvent, selon les enjeux militaires. Globalement, les travaux et les calculs montrent qu'aucune région n'a été particulièrement « sacrifiée ». Les taux de pertes varient en fait selon la composition démographique et sociale des départements : on sait par exemple que les paysans sont largement mobilisés dans les unités combattantes, donc les régions rurales risquent plus de pertes. Mais il y a aussi des variations régionales et locales plus fines. En revanche, les soldats des colonies étaient considérés selon les logiques raciales et de domination coloniales de l'époque, soit avec peu d'égards, tant par les Français que par les Allemands en Afrique. Il arrivait que, devant les conseils de guerre, des soldats jugés arriérés, parlant mal français ou bien issus des marges du Royaume-Uni (comme les Irlandais) subissent un traitement plus dur.
9. En 1918, la révolution a empêché l'armée allemande de gagner
La légende polymorphe du « coup de poignard dans le dos » a été diffusée en particulier par l'état-major allemand, relayée par des polémistes conservateurs et de la droite radicale. A l'automne 1918, la société et l'armée allemandes étaient exsangues, tandis que les alliés bénéficiaient de l'engagement américain. A l'arrière, le ravitaillement faisait défaut et les tensions sociales et politiques se multipliaient. Au front, après l'échec des grandes offensives du printemps, l'armée s'affaiblit progressivement puis se délite. C'est même l'état-major qui a demandé l'armistice avant de prôner la résistance. Il sut avec habileté faire porter la responsabilité au pouvoir civil et parlementaire, dans des circonstances délicates qui conduisent à l'abdication de Guillaume II et à la proclamation de la République. La droite antirépublicaine bâtit et diffuse avec succès un double mythe : celui d'une armée qui rentre victorieuse (et qui reçoit un accueil triomphal) et qui a été poignardée dans le dos par la subversion à l'arrière. La République de Weimar doit supporter le lourd fardeau de ces accusations fausses.
10. La guerre a émancipé les femmes
La question fait encore débattre les historiens. Assurément, pendant la guerre, les femmes ont accompli des tâches auparavant largement masculines, assurément, elles ont obtenu des droits politiques plus importants dans un certain nombre de pays (comme l'Angleterre), assurément encore, certaines modes, comme celle de la « garçonne », évoquent une émancipation des codes féminins traditionnels. Mais, en réalité, le travail féminin était déjà en croissance avant 1914 et, dès la guerre finie, de nombreuses femmes retournent à leurs tâches antérieures. La féminisation du travail est limitée et dépend des secteurs. Par ailleurs, de nombreux droits leur sont refusés (en France, le droit de vote ne date que de 1945, il y a peu d'acquis aussi en matière de droit civil) et, surtout, les formes d'émancipation des rôles traditionnels sont souvent très restreintes socialement et quantitativement. Des travaux récents mettent l'accent sur cette période comme temps de transition amorçant les évolutions à venir.