O que é este blog?

Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

quinta-feira, 19 de junho de 2014

Nunca antes no Brasil? Provavelmente - palestra na UnB (26/04)

Transcrevo novamente aqui um post anterior, sobre a palestra que dei na UnB em rápida incursão ao Brasil no final de abril. Apenas agora consigo ver o vídeo de minha própria palestra: o som e a imagem estão muito ruins, mas dá para entender 80% digamos assim.
Em todo caso, tem também um texto que escrevi rapidamente no avião para essa oportunidade, que resume o essencial de minhas ideias, além de remissões a outros textos ou palestras ainda mais antigas sobre o mesmo tema.
Sempre nos achamos pior falando do que escrevendo, o que é natural, mas cabe a cada um julgar...
Paulo Roberto de Almeida

(nunca antes mesmo...)

Filmado e inserido no YouTube (link: https://www.youtube.com/watch?v=ciay-PkUenQ).

Publicado em 26/04/2014
Encontro do Grupo de Estudos Liberais Lobos da Capital - 24/04/2014

GRUPO DE ESTUDOS LIBERAIS LOBOS DA CAPITAL convida a todos para a palestra "Tempos não convencionais: a economia e a política do Brasil como nunca antes vistas" com o diplomata Dr. Paulo Roberto de Almeida. O objetivo do evento foi discutir o estado da (des)"união" brasileira, depois dos 12 anos de governo do atual partido que está no poder e da deterioração das instituições e da academia no País nesse período.

O diplomata Paulo Roberto de Almeida é Doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas e Mestre em Planejamento Econômico pelo Colégio dos Países em Desenvolvimento da Universidade de Estado de Antuérpia. Ele também escreve no seu bastante acessado blog pessoal "Diplomatizzando"(http://diplomatizzando.blogspot.com.br/) cuja leitura frequente sempre é recomendada.

Esquema da palestra e linkagem ao texto unificado

Paulo Roberto de Almeida
Palestra na UnB: 24/04/2014, 19hs
Em voo, de Bradley a Atlanta, e a Brasília, 17-18/04/2014

Esquema da palestra:
1. Na economia, a herança bendita da agricultura
2. Na política, a mentalidade sempre atrasada das elites
3. A história virtual das tentativas comunistas e do autoritarismo brasileiro
4. Do golpe à ditadura: acidentes de percurso
5. Nossas elites continuaram seu percurso de atraso mental
6. E as novas elites: quem são elas, o que fazem elas?
7. Nova classe, novo pensamento, nova língua, como nunca antes...
8. Existe saída do fascismo corporativo já instalado entre nós?

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Textos que guardam relação com o diagnóstico feito acima:

2035. “De la Démocratie au Brésil: Tocqueville de novo em missão”, Brasília, 10 agosto 2009, 10 p. Resumo de relatório da missão ao Brasil empreendida por Alexis de Tocqueville, a pedido do Banco Mundial, para determinar a situação do Brasil em termos de democracia e de economia de mercado. Antecipa relatório detalhado, que poderá ser preparado na categoria dos clássicos revisitados. Publicado na Espaço Acadêmico (ano 9, n. 103, dezembro 2009, p. 130-138; ISSN: 1519-6186; http://periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/8822/4947). Revista Espaço da Sophia (ano 3, n. 33, dezembro 2009).  Postado no blog Diplomatizzando (12/07/2011; link: http://diplomatizzando.blogspot.com/2011/07/tocqueville-de-novo-em-missao-o-brasil.html). Relação de Publicados n. 939.

2116. “O Direito, a Política e a Economia das Relações Internacionais do Brasil: Uma abordagem não-convencional”, Brasília, 19 fevereiro 2010, 8 p.; revisto 20.03.2-10. Texto suporte para palestra-debate na abertura dos cursos de Direito, Ciência Política, Economia e Relações Internacionais da UnB, no dia 22.03.2010. Postado no site pessoal (www.pralmeida.org/05DocsPRA/2116PalestraDebateAcadem.pdf). Revisto em 25/03/2010 em Lisboa, para publicação, sob o título de “A coruja de Tocqueville: fatos e opiniões sobre o desmantelamento institucional do Brasil contemporâneo”, em Espaço Acadêmico (ano 9, n. 107, abril 2010, p. 143-148; ISSN: 1519-6186; link: http://www.periodicos.uem.br/ojs/index.php/EspacoAcademico/article/view/9800/5484). Relação de Publicados n. 958.

quarta-feira, 18 de junho de 2014

Nunca Antes na Diplomacia...: deve ser verdade...; capas e sumario

Acabo de receber da Editora Appris, as últimas provas do meu livro, como abaixo. Ainda faltam ficha catalográfica e ISBN, e finalização da capa, mas acredito que o material composto já está quase pronto para rodar.
Espero tê-lo disponível em pouco tempo, mas não poderei fazer qualquer lançamento, a não ser virtual.
Paulo Roberto de Almeida


Nunca Antes na Diplomacia...
ensaios sobre tempos não convencionais na política externa

Paulo Roberto de Almeida
Curitiba: Editora Appris, 2014
Sumário:
Prefácio, Embaixador Rubens Antônio Barbosa
As ideias e as práticas da diplomacia brasileira nos últimos 20 anos
Introdução, Paulo Roberto de Almeida

2. As relações internacionais do Brasil em perspectiva histórica
3. Processos decisórios na história da política externa brasileira
4. A política da política externa: as várias diplomacias presidenciais
5. Duas diplomacias em perspectiva: a profissional e a engajada
6. As novas roupas da diplomacia regional do Brasil
7. Uma nova arquitetura diplomática?: mudanças na política externa
8. Pensamento e ação da diplomacia engajada: uma visão crítica
9. Nunca antes na diplomacia: balanço e avaliação
10. Uma política externa exótica: seus efeitos institucionais
11. A opção preferencial pelo Sul: um novo determinismo geográfico?
12. Uma grande estratégia para o Brasil?
13. O Barão do Rio Branco: o que ele fez, então?; o que faria, agora?

Referências

A elite branca apela para ofensas? Algo de podre no reino dos companheiros - Milton Simon Pires

Parece que o Brasil não é mais o que era, embora os estádios sempre foram hors-concours em matéria de xingamentos...
Paulo Roberto de Almeida

ESPÍRITOS DA ESCURIDÃO

Milton Pires

Quando assumiu a Presidência da República em 2003, o Partido dos Trabalhadores (PT) deu início a uma revolução no país. Não interessa aqui detalhar, minuciosamente, quais os aspectos desse processo. Interessa apontar qual sua “causa motora”..qual o seu “anima”..seu “princípio vital” ou se quiserem – seu espírito. Afirmo, pois, que aquilo que movia o PT em 2003 em nada difere dos princípios da esquerda do século XX e aponto em primeiro lugar a ideia de “começar do zero”..de “passar o país a limpo” que fez com que o PT considerasse velho, corrupto e ultrapassado tudo aquilo que o antecedeu na história política da nação. Tomado o poder, tudo precisava ser derrubado e reconstruído...tudo havia que ser pensando novamente ou simplesmente inventado para um novo Brasil..para um “novo mundo sem medo de ser feliz”..O resultado disso, todos sabemos: não sobrou “pedra sobre pedra” (a não ser de crack) da cultura e do pensamento brasileiros. Nossa razão adoeceu, nosso capacidade crítica sumiu e iniciou-se uma verdadeira época da escuridão..um período de mau gosto estético e de relativismo moral que permitiram ao Partido-Religião acabar para sempre com a ideia de oposição. O PT nunca teve ou terá oposição; tem inimigos – o conceito é completamente diferente.
Ainda que dentro da sociedade brasileira nunca tenha desaparecido por completo a percepção daquilo que o PT fez com a política, o mesmo não se pode afirmar com tanta segurança a respeito daquilo que ele fez com a cultura..daquilo que ele fez com a moral e com os mais simples conceitos de disciplina, hierarquia e decoro.
O dia 12 de junho de 2014, data da abertura da Copa do Mundo no Brasil, viverá – como diria Roosevelt – na história da infâmia, segundo os petistas. “Nunca antes na história desse país” 63.000 pessoas, ao vivo e numa transmissão para o mundo inteiro, disseram a um presidente da república aquilo que Dilma Rousseff teve que ouvir no Estádio do Itaquerão em São Paulo. Antes daquilo que ela escutou, ir ao estádio era “coisa do povo”..era uma alegria de brasileiro pobre que, tomando sua cervejinha de domingo, poderia ir ao Maracanã na realização do sonho socialista. Depois do que aconteceu, Lula vem a público dizer que no Itaquerão só havia “burgueses” e que foi da diferença de classes e do preconceito que partiram as ofensas à presidente !
Por uma questão de respeito ao leitor, não vou descrever o que o público disse à Dilma naquela tarde. Não me interessa saber a que classe pertenciam as pessoas que estavam no Estádio nem se havia ou não pobres entre elas. Interessa afirmar que a primeira mandatária do país e representante de uma organização criminosa que tentou comprar todo Congresso Nacional, que destruiu toda universidade brasileira, que recebe traficantes com honras de chefes de estados, que matou prefeitos e ameaçou juízes...que bateu em professores e importou médicos cubanos..merecia e continua merecendo escutar aquilo que escutou..
O dia 12 de junho, presidente Dilma-Lula, há de entrar para História do Brasil e deixa aos senhores a duríssima lição..a inquestionável prova de que os senhores podem nos obrigar a votar, os senhores podem ter o dinheiro dos nossos impostos, podem nos processar e até mesmo nos prender tirando a nossa liberdade, mas vocês, jamais vão ter nosso respeito! Não podem ter do povo brasileiro aquilo que vocês mesmo tiraram dele: a capacidade de respeitar qualquer coisa..a simples noção de mérito e o princípio básico de respeito a cargos e instituições. Calem-se pois e não venham à imprensa com declarações que recordam as falsas virgens e que remetem aos pudores desconhecidos por aqueles que arrancam crucifixos das paredes e se masturbam em público com a estátua de Nossa Senhora.
Mantenham-se, ordeno eu, todos os petistas..todos aqueles que aparelharam, roubaram, fraudaram e corromperam a sociedade brasileira..todos aqueles que atentaram contra a inocência da infância, que abusaram dos ideais da juventude e que exploraram a doença da velhice no seu mais absoluto silêncio..Calem-se todos os que diziam antes que “a voz do povo é a voz de Deus” e que agora o peito inflam para falar em decoro, respeito ao cargo e educação perante à televisão..Voltem todos vocês, seus malditos, ao lugar onde habitam os espíritos inferiores..os Espíritos da Escuridão..


Porto Alegre, 14 de junho de 2014.

Consequencias Economicas da Argentina (do seu calote da divida mais exatamente) e da Suprema Corte americana

Diz o velho ditado que a Justiça tarda, mas não falha, o que é altamente duvidoso no caso do Brasil: ela é mais do que tardia (8 anos, em média, para a resolução de um caso, o que indica que pode ir até 16 anos), e geralmente falha também, como se pode ver pelo casos dos quadrilheiros mafiosos do partido totalitário, que provavelmente vão continuar aparecendo como vítimas de um sistema politizado (o que não deixa de ser verdade, cada vez mais).
Mas a Justiça americana costuma ser rápida e implacável: o bandido do Ben Maddoff, que roubou bilhões, em menos de seis meses foi condenado a apenas 150 anos de cadeia. Poderia ser mais...
Agora é a Argentina, que pensou escapar impune do maior calote da história financeira.
Pois é: as consequências são mundiais e a Argentina entra na história econômica pelos dois lados, mas pouco gloriosamente.
Trata-se de uma coisa boa para o mundo: banqueiros e países emprestadores deixarão de ser tão irresponsáveis...
Paulo Roberto de Almeida 

Argentina’s Debts: US Supreme Court Sets New Ground Rules for Sovereign Debt Management Worldwide

by 
Petersen Institute of International Economics, June 17th, 2014
On Monday, June 16, the US Supreme Court rang the curtain down on two key parts of the drama surrounding Argentina and its creditors, which had dragged on since the country’s debt default in 2001. First, the Court refused [pdf] to review decisions by the federal appeals court for the Second Circuit in New York, ordering Argentina to pay creditors holding defaulted bonds in full whenever it pays its new restructured bonds. The next payment on the restructured bonds is scheduled for June 30. Second, in a separate case involving the same parties, argued before the Supreme Court in April, the Court ruled 7–1 to let creditors subpoena banks for information about Argentina’s assets around the world—even if these assets later turn out to be immune from seizure by the courts.
The opinion was written by Justice Scalia[pdf] Justice Ginsburg was the lone dissenter. Justice Sotomayor took no part in either decision. The first decision pointedly ignored interventions by Brazil, France, Mexico, Euroclear, the Jubilee Movement, and Nobel Laureate Joseph Stiglitz, among others. The second decision rejected arguments by the United States about the potential harm of allowing creditors unfettered discovery.
The two decisions together highlight the limits of US courts’ tolerance of foreign governments using sovereignty to avoid their contracts. However the decisions do not guarantee that the creditors would be paid. Instead, they bless a debt enforcement regime that relies on sanctioning third parties who deal with the sovereign in default. This new regime is based on the idea that dealing with a defaulted sovereign will become so risky and expensive that it is simply not worth it. As a result, the country will become a financial pariah, unable to do basic financial business outside its borders. In sum, the decisions leave the prevailing system for sovereign debt management badly shaken. What happens between Argentina and its creditors from now on is not nearly as important as the way in which the international financial system adapts to the new reality.
In this new reality, governments trying to restructure New York–law debt contracts have less scope to threaten default. In the past, a government could tell creditors that if they did not accept its restructuring offer, they could be stuck in default without recourse. After the Supreme Court refused to disturb the Second Circuit decisions, a government launching a debt restructuring should expect creditors who refuse to try blocking payments to the participating creditors. Participating creditors will worry that their payments might be blocked, and will seek compensation for the risk. Pending litigation against Grenada may limit this risk to a subset of debtors, but not yet.
After the Supreme Court decisions, financial market service providers have become sovereign debt enforcement agents. Clearinghouses, banks, trustees, and fiscal agents in and outside the United States dealing with a government in default under its New York debt contracts should expect orders and subpoenas targeting the sovereign’s assets and activities anywhere and everywhere.
Creditors who previously held unenforceable debt now have a promising tool to sanction a defaulting sovereign, though this does not guarantee that they will collect what they are owed. If dealing with a sovereign in default is a headache for market participants, many will avoid it, or will charge more for it. The result is an effective boycott. It becomes so costly for a sovereign to live a normal financial life outside its borders that it just pays up. As with any boycott, the pain threshold is in large part a function of domestic politics.
In sum, Argentina and its most determined creditors have destabilized the sovereign debt management system, which has relied on informal customs, ad-hoc problem solving, and sovereign immunity in lieu of sovereign bankruptcy. It remains unclear how the system will adapt to a world where sovereign debt is enforceable, albeit indirectly, by threatening to harm a wide range of third parties.
To be sure, Argentina and its creditors will keep fighting smaller battles in the lower federal courts for the next few months. These will have to do with timing (when will the court order payments to holdout creditors?) and Argentina’s attempts to get around the injunction to keep paying the restructured bonds—something President Cristina Fernandez de Kirchner promised to do again in her speech reacting to the decision. The timetable has become much more compressed. Federal courts at all levels have lost patience. The trial judge may now require Argentina to pay everyone by June 30 or soon thereafter, with no appetite to intervene to protect Argentina up the appellate chain. There is similarly no indication that US courts would allow Argentina to reroute its bond payments outside the United States to avoid the injunctions. The sympathy well ran dry a long time ago. All the third parties who might help Argentina do the rerouting have been warned.
In the past, Argentina had threatened to default on all its debt rather than pay the holdouts. It might still do so, though the damage to its economy would be enormous. The government’s recent settlements with investors in utilities and other creditors suggest that Argentina is more likely to settle with the bond holdouts as well. It would be hard-pressed to settle with the plaintiffs in the one case decided by the courts, however. They are owed less than $1.5 billion, while leaving close to $15 billion in similarly situated holdout debt hanging. Any deal would have to reassure the markets that all the holdout litigation is put to bed—which means settling closer to $15 billion in claims, rather than $1.5 billion. Argentina’s reserves were under $30 billion [pdf] in April, which means that any large settlement would have to be in bonds. Such a transaction would take time to design and execute, and Argentina is just about out of time.
Perhaps most important, there is no time for a face-saving political transition that would allow the current president to exit the stage and for her successor to do what she had sworn not to. The time pressure might raise the risk of inadvertent default.
Financial market service providers may in the future change their contracts and policies to limit the risk of getting caught up in another Argentina-style mess. They could demand more indemnities from governments and their creditors, but these would not be too useful when the government is in default. The better way is to refuse to handle contracts exposing them to litigation, and to have clear exit procedures if the risk materializes.
Meanwhile, the International Monetary Fund (IMF), the G-7 governments, and others in the official sector should rethink their reliance on sovereign immunity for sovereign debt restructuring. The most likely policy response will be to encourage more contract reform, to limit opportunities for Argentina-style disruption. The IMF plans a paper on contract reform shortly (a companion paper on debt restructuring policy was discussed last week). A major trade group has floated a contract reform proposal within the past year. More may come. As with any contract change, transition looms large. It is implausible that all sovereigns will exchange all their outstanding bonds for ones with new, less vulnerable terms. Thus the fallout from Second Circuit decisions will continue until the existing debt stock runs off.
On the other hand, courts in the United Kingdom, Belgium, and elsewhere are in a bind. They are not bound by the US decisions, but cannot ignore the highest court in the United States blessing a contract interpretation and a remedy that might conflict with their own jurisprudence[pdf] or, in the case of Belgium, with national legislation shielding the Euroclear system [pdf] from the kinds of remedies issued by the New York courts. It will be interesting to see how they resolve the conflicts.
The next month or two will bring more noisy Argentina news. But the full ramifications of Argentina’s crisis and default for the global financial system are coming into focus at long last. We have a glimpse of the sovereign debt world after Argentina[pdf] It is a world fraught with uncertainty, perhaps more so than at any time since the early 1990s. On the other hand, the Supreme Court decisions also present an opportunity for market participants and policymakers to design a better framework for sovereign debt management, one that does not rely entirely on unenforceable contracts.
A version of this essay was posted on Credit Slips.

Heranca maldita dos companheiros: mais violencia, mais mortes, mais delinquencia

O Brasil caiu cinco pontos no ranking em relação a 2013, ocupando o 91º numa lista de 162 países. O governo petista é criminosamente omisso na questão da segurança pública, como disse o candidato oposicionista Aécio Neves:

O Índice Global da Paz divulgou nesta quarta-feira um novo levantamento sobre os países mais seguros do mundo. Com estatísticas que mesclam o impacto da violência na economia, e considerando ainda fatores como índices de democracia, transparência, educação e bem-estar material, além do nível de militarização e atividades criminosas ou terroristas, a organização constatou que a Islândia segue como o país mais seguro para se morar. Em contrapartida, a Síria apresentou uma drástica decaída em seus níveis de segurança e tomou a última colocação do ranking, ocupada anteriormente pelo Afeganistão. O Brasil caiu cinco posições no ranking em relação ao ano passado e ocupa a 91ª posição entre os 162 países analisados. No total, o índice é composto de 22 indicadores qualitativos e quantitativos.

Atrás de Bolívia e Guiana, por exemplo, a economia brasileira sofreu um impacto de 117 bilhões de dólares causado pela violência, conforme dados do estudo. Segundo Steve Killiliea, presidente executivo do Global Peace Index (GPI), “na preparação para a Copa do Mundo, o Brasil viveu um aumento de manifestações violentas”. Mas ele ressalta que “apesar da queda de cinco lugares na classificação no índice, o Brasil continua a ser o melhor entre os países do BRICS”.

América do Sul – A pontuação média dos países da América do Sul está um pouco acima da média global, com melhoras mais significativas vindo da Argentina, Bolívia e Paraguai, aponta o estudo. Em contraste, o Uruguai, que mantém a posição de país mais pacífico da região, vê sua posição se deteriorar um pouco. Na Colômbia e na Venezuela, tensões internas garantiram as piores colocações entre os sul-americanos no ranking. “A Colômbia continua sofrendo com o aumento das populações deslocadas, que são o produto do conflito permanente com as Farc. Negociações de paz em curso com o governo, no entanto, oferecem alguma esperança de melhora”, acredita Killiliea.

“A Venezuela continua com sua escalada militar, principalmente comprando armas russas. A isso se acrescentam os muitos casos de agitação social e repressão do governo, particularmente após os protestos que eclodiram no início de 2014”, explica o presidente da GPI. A Venezuela ocupa a 129ª posição entre os 162 países no Índice Global da Paz, piorando uma posição em relação ao ranking do ano passado. “A queda na tranquilidade pode ser atribuída principalmente ao aumento nos níveis de terror político e maior instabilidade social”, afirma.

Outra função do ranking é a apontar países que podem sofrer com a falta de segurança no futuro. A organização acendeu o alerta neste ano para Zâmbia, Haiti, Argentina, Chade, Bósnia e Herzegovina, Nepal, Burundi, Geórgia, Libéria e Catar, sede da Copa do Mundo de 2022. "O potencial de um país para a manutenção da paz engloba instituições sólidas, um governo que funciona bem, baixos níveis de corrupção e um ambiente pró-empresas, o que chamamos de 'pilares da paz'. Fatores positivos da paz tendem a se alinhar em períodos mais longos de tempo com níveis reais de violência, possibilitando, portanto, uma precisão preditiva real", disse Killelea.

A análise deste ano constatou que o impacto econômico de conter e lidar com as consequências da violência em 2013 foi significativa, no valor de 9,8 trilhões de dólares (21,8 trilhões de reais). Em comparação com os resultados de 2012, houve um aumento de 3,8% nos custos de contenção da violência no mundo. “Enquanto alguns gastos na contenção da violência são realmente necessários em uma sociedade, pagar por guardas de segurança privada ou gastar com câmeras e sistemas eletrônicos de vigilância não são investimentos produtivos. Gastos excedentes e programas ineficientes podem ser prejudiciais para o crescimento econômico de um país. Gastos excessivos na contenção da violência restringem os recursos que podem ser alocados para outras áreas mais produtivas, como educação e saúde ou infraestrutura”, explica o especialista. (Continua).

Heranca maldita dos companheiros: inflacao em alta

A única coisa que segura um pouco a inflação crescente são os preços administrados, mas isso tampouco é bom para as empresas submetidas a controles políticos: veja-se o caso da Petrobras, a vaca petrolífera dos companheiros, sendo afundada pelos incompetentes e pelos corruptos que estão nela ou em volta dela, tanto pelo lado dos prejuízos de caixa, quanto pelo papel de caixa 2 que ela é levada a desempenhar para enriquecer uns e outros.
Paulo Roberto de Almeida

BRASIL - Taxa do IPCA em 12 meses pode atingir 6,5% em junho
Pesquisa macroeconômica - Itaú

Ilan Goldfajn - Economista-Chefe
18/06/2014

O IPCA-15 subiu 0,47% em junho, acima da nossa projeção (0,42%) e da mediana das expectativas de mercado (0,41%). O índice havia registrado variação de 0,58% no mês anterior e de 0,38% em junho do ano passado. Com isso, a taxa em 12 meses subiu para 6,41%, ante 6,31% até maio. O principal desvio em relação à nossa projeção veio dos preços administrados, em função de uma queda menor da taxa de água e esgoto em São Paulo e do resultado acima do esperado de telefonia fixa (havíamos considerado uma parte da queda da assinatura básica da Telefônica, mas o efeito ainda não foi incorporado). O resultado do IPCA-15 foi marcado por pressões de alguns serviços que podem estar associadas à realização da Copa do Mundo, tais como alimentação fora do domicílio, passagem aérea, excursão e hotel.
Os preços livres subiram 0,52% em junho, com a taxa em 12 meses subindo para 7,1%, enquanto os preços administrados variaram 0,32%, com a taxa em 12 meses em 4,1%. Dentre os preços livres, os bens transacionáveis subiram 0,57% (6,7% em 12 meses), enquanto os bens não transacionáveis, 0,48% (7,5% em 12 meses).
As maiores contribuições altistas no mês vieram dos grupos despesas pessoais (0,12 p.p.), transportes (0,09 p.p.) e saúde e cuidados pessoais (0,08 p.p.). No grupo despesas pessoais, destaque para a contribuição do item recreação (0,09 p.p.), tendo em vista as altas de jogos de azar, excursão e hotel. No grupo transportes, destaque para a contribuição de passagem aérea (0,09 p.p.), em função da alta de 22%, após queda de 21% no mês anterior.  No grupo saúde e cuidados pessoais, destaque para as contribuições de plano de saúde, produtos farmacêuticos e higiene pessoal. O grupo alimentação e bebidas ainda foi impactado pela alta da alimentação fora do domicílio (1,1% e contribuição de 0,09 pp.), mas já contou com alívio da alimentação no domicílio (-0,2% e impacto de -0,04 p.p.), com destaque para a queda dos alimentos in natura (-4,6% e impacto de -0,10 p.p.). Outras contribuições baixistas vieram da taxa de água e esgoto (-4% e impacto de -0,06 p.p.) - em parte refletindo o desconto nas contas da Sabesp - e dos combustíveis para veículos (-0,9% e impacto de -0,05 p.p.), diante da queda sazonal nos preços do etanol e da gasolina.
Os núcleos da inflação subiram um pouco em relação ao mês anterior. Na média das três medidas mais utilizadas (média aparada com suavização, dupla ponderação e exclusão de itens mais voláteis), a taxa atingiu 0,60% (0,58% em maio), com a variação em 12 meses subindo para 6,5%. A inflação de serviços acelerou para 0,97% (ante 0,24% em maio), com a taxa em 12 meses subindo para 9,1% (8,8% no mês anterior). Este movimento refletiu a reversão da queda nos preços da passagem aérea no mês anterior, assim como pressões adicionais de alimentação fora do domicílio e recreação. O índice de difusão - que mede a proporção de produtos com taxa de variação positiva - baixou para 66,6% (67,7% em maio). Excluindo-se o grupo alimentação, o indicador subiu para 73,5% (66,4% no mês anterior). Com ajuste sazonal, a difusão total recuou para 68,5% (68,9% em maio).
Com base nos dados do IPCA-15 e de outras informações correntes, projetamos variação de 0,38% para o IPCA do mês fechado (0,46% em maio). Com este resultado, o IPCA atingiria alta de 6,5% nos últimos 12 meses.
Em suma, o resultado do IPCA-15 veio acima da nossa projeção e da mediana das expectativas de mercado. O principal desvio em relação à nossa projeção veio dos preços administrados. O resultado do IPCA-15 foi marcado por pressões de alguns serviços que podem estar associadas à realização da Copa do Mundo. Além dos serviços, os núcleos também vieram pressionados, com alta de 0,6% no mês e 6,5% nos últimos 12 meses. O índice de difusão recuou ligeiramente, tanto no dado original quanto na série com ajuste sazonal. Com base nos dados do IPCA-15 e de outras informações correntes, projetamos variação de 0,38% para o IPCA de junho, que levaria a taxa em 12 meses para 6,5%.
Elson Teles
Economista

   
  



Os aiatolas petistas e sua fatwa contra os jornalistas - Milton Simon Pires

O SOM E A FÚRIA
Milton Pires

Circula pela internet a notícia de que o Partido dos Trabalhadores (PT) lançou uma espécie de “sentença”..um tipo de “fatwa” como aquela proferida em 14 de Fevereiro de 1989 ordenando a execução do escritor britânico Ahmed Salman Rushdie e que foi proferida pelo Aiatolá Ruhollah Khomeini, líder do Irã, por ocasião da publicação de seu livro “Versos Satânicos”. Aqui no Brasil, representando os aiatolás petistas, a conclamação aos fiéis deu-se através da manifestação do senhor Alberto Cantalice (vice-presidente nacional do PT) que, através da página oficial do partido na internet, escreveu o seguinte: “Personificados em Reinaldo Azevedo, Arnaldo Jabor, Demétrio Magnoli, Guilherme Fiúza, Augusto Nunes, Diogo Mainardi, Lobão, Gentili, Marcelo Madureira entre outros menos votados, suas pregações nas páginas dos veículos conservadores estimulam setores reacionários e exclusivistas da sociedade brasileira a maldizer os pobres e sua presença cada vez maior nos aeroportos, nos shoppings e nos restaurantes. Seus paroxismos odientos revelaram-se com maior clarividência na Copa do Mundo.”
Sobre isso, digo eu o seguinte: sem ser jornalista, sem ter sido citado nem ameaçado peço licença aos integrantes da “lista” acima para lhes fazer companhia. Minhas credenciais para nela entrar são as seguintes: sendo médico e servidor público brasileiro eu e vários colegas estamos, há mais de uma década, sentindo na pele o peso da “fatwa” que contra nós foi lançada. Nossa morte não é física; mas sim moral. Vivemos numa espécie de mundo de zumbis em que a sentença condenatória está presente na própria vida daqueles que não tem mais autoestima nem respeito pelo que fazem. O PT, meus amigos, pediu e obteve a “cabeça” dos médicos brasileiros numa bandeja. Condenados já estamos como sendo aquela classe que tão desumana mostrou-se que outra alternativa não teve o governo senão importar médicos estrangeiros. Peço ainda licença aos “sentenciados” pela religião petista para lembrar que “uma injustiça feita contra um só é uma ameaça que se faz a todos os outros” e que, jornalistas ou não, é uma questão de tempo para que qualquer brasileiro que ousar criticar esses criminosos entre na lista de pessoas a serem perseguidas administrativamente ou mesmo eliminadas do ponto de vista físico.
Nenhuma dúvida resta de que as declarações de Cantalice trazem, como tudo na vida, algo de bom. Evidente em primeiro lugar está o desespero de um partido que, não tendo mais onde encontrar respaldo para suas teses sobre o poder, apela ao medo como forma de sustentar-se no Governo. Em segundo; encerrada fica para sempre aquela história de que o PT “mudou”..do “Lulinha Paz e Amor” e das mentiras que garantiram a vitória em 2003: o PT mostra ao Brasil ao que veio e, com o constrangimento de uma onça que afirmava ser um “gato com sarampo”, deixa cair sua máscara totalitária mostrando à Nação sua face mais nojenta...seus instintos mais primários que tem como berço o submundo do crime envolvido com o sindicalismo paulista e o tráfico de drogas no nosso país.
Nada tenho eu a temer com relação àquilo que o PT pode fazer com minha vida do ponto de vista físico. Ele, PT, nada pode, quer ou precisa fazer comigo e com os médicos brasileiros que já não tenha feito. Nossa morte não vem com o tiro disparado da garupa de uma motocicleta; vem de cada edição do Fantástico..de cada notícia do Jornal Nacional e de cada acordo sujo feito pelo nosso próprio Conselho que constrangimento algum teve na hora de negociar a entrada dos cubanos no Brasil com o mais corrupto de todos os governos que a nação já teve. Somos, pois, apenas fantasmas daquilo que um dia fomos e quem mata prefeitos não precisa ter medo de médicos.
Todo meu apoio deixo aqui àqueles que ainda tem coragem de dizer a verdade no Brasil e lembro ainda aos bandidos petistas que “à toda ação corresponde uma reação na chamada direção igual e sentido contrário”. Deus tenha piedade de vocês na guerra que agora se aproxima ...Cada brasileiro está para sentir-se como Macbeth e perceber, de uma vez por todas, que "a vida de cada petista é uma história contada por um idiota, cheia de som e de fúria e sem sentido algum."
Porto Alegre, 18 de junho de 2014.

Um site auxiliar: http://pralmeida.wix.com/diplomatizzando

Nem sabia que eu tinha um site nesse wix. Ou tinha esquecido.
Em todo caso, renovei um pouco o conteúdo:
http://pralmeida.wix.com/diplomatizzando

Emprestimo do Brasil a Angola: qual o papel do Senado?

Segundo a Constituição, o Senado Federal tem responsabilidade exclusiva pela aprovação de operações financeiras externas. A norma constitucional tem sido seguida?
Paulo Roberto de Almeida

Governo brasileiro abre nova linha de crédito a Angola

Diário Digital, quarta-feira, 18 de Junho de 2014

O governo brasileiro abriu uma nova linha de crédito para Angola, no valor de dois mil milhões de dólares (1,47 mil milhões de euros), destinada ao setor de construção e energia, anunciou hoje o ministro das Finanças angolano.

Desmantelando o "pikettyanismo" falsamente economico - Donald J. Boudreaux

Piketty: Um tesouro de conceitos errados

Donald J. Boudreaux
Portal Libertarianismo, 17/06/2014
Capital no Século XXI (ainda sem tradução para o português), de Thomas Piketty, pode figurar em breve, junto com O Capital, de Karl Marx, como uma das obras primas mais influentes da economia dos últimos 150 anos. Mas, infelizmente, o tomo de 696 páginas, habilmente traduzido por Arthur Goldhammer para o inglês não é mais esclarecedor sobre o capitalismo do século XXI do que O Capital de Marx era sobre o capitalismo do século XIX.
Apenas como um fenômeno de vendas, o tratado do professor da Escola de Economia de Paris, que foi saudado por três laureados pelo prêmio Nobel – Paul Krugman, Joseph Stiglitz e Robert Solow – demanda a nossa atenção.  Também é digno de nota como o sintoma de uma ideologia perversa que parece dominar o pensamento progressista, incluindo o dos presidentes Barack Obama e François Hollande, e um método falho de análise econômica.
Muitos de nós nos importamos se, e em que medida, a massa de pessoas melhorou absolutamente as condições materiais de vida. Enquanto Piketty não ignora inteiramente a questão, ele se foca na causa e na cura das disparidades relativas em renda monetária e de riqueza entre grupos de pessoas e através dos séculos. Algumas maneiras de diminuir essas disparidades, como taxas punitivas de impostos, correm o risco de prejudicar a todos, tanto pobres quanto ricos. Mas para Piketty, a importância de diminuir as desigualdades monetárias é tão monumental que ele quase totalmente ignora esses riscos.
O método de Piketty de fazer economia envolve, frequentemente, grandes proclamações de “justiça social” e “evoluções” econômicas, mas ele não oferece nenhuma análise da dinâmica de como as decisões individuais são feitas, o que comumente se chama de “microeconomia”, que deveria ser um ponto central da questão que ele levanta.
Ao contrário, o autor paira na estratosfera econômica, e vê somente o único fenômeno visível a essa distância: grandes estatísticas como o crescimento da população ou a parte da renda nacional “reivindicada” pelos muito ricos. De maneira reveladora, Piketty escreve sobre a renda e a riqueza como sendo reivindicada ou “distribuída”, nunca sendo merecida ou produzida. As estatísticas resultantes são muito agregadas para revelar o que acontece com os indivíduos na terra.
Ao invés de olhar para o comportamento por trás das estatísticas, o autor usa ad hoc e, em última instância, teorias pouco persuasivas sobre o “comportamento” das próprias estatísticas agregadas, incluindo pesados agregados impessoais como o retorno de capital e a razão da riqueza nacional para a renda nacional. Ele imagina que estes agregados interagem de uma maneira robótica, com uma lógica própria, intocáveis pela inciativa, criatividade ou escolhas de seres humanos.
CONSIDERE A TEORIA CENTRAL DE PIKETTY, de que a taxa de retorno do capital, que ele chama de “r”, tende a ser maior do que a taxa de crescimento da economia, ou “g”. Para o autor, o fato de que r é mais rápido do que g – em vários pontos percentuais, segundo a conta dele – é suficiente para selar o destino do capitalismo, porque isto implica que os donos do capital necessariamente ficam mais ricos do que aqueles que não são donos. Como a propriedade sobre o capital é “distribuída” de maneira desigual na sociedade, as diferenças de renda e riqueza devem, por sua vez, piorar, “empobrecendo” tanto a classe média quanto os pobres, enquanto elites ricas relativamente pequena vão ter tanto vastos recursos quanto influência desproporcional sobre as decisões políticas do governo.
Apesar da implicação lógica do retorno de capital ser maior do que o crescimento econômico, Piketty não pensa que a plutocratização da sociedade é inevitável. Primeiro, ela pode ser detida e até mesmo revertida por calamidades como guerras mundiais ou o comunismo ao estilo soviético, já que os efeitos destrutivos desses eventos recaem desproporcionalmente sobre os ricos. Pior, ele opina que as consequências bem vindas dessas ações corretivas são somente temporárias.
Mas outro remédio, mais duradouro, está à mão: tributação contundente. Piketty pede por impostos maiores e mais progressivos, não somente sobre a renda – de pelo menos 80% na fatia superior de renda – mas também na riqueza, de preferencia a ser imposta globalmente, para evitar com que diferentes regimes de tributação façam com que os plutocratas saiam de uma jurisdição com altos impostos e se mudem para uma jurisdição com impostos mais baixos. Enquanto ele não é otimista sobre possibilidade de ocorrer à cooperação necessária entre os governos, ele está disposto a aceitar quaisquer medidas que governos mais iluminados possam tomar para impor altos impostos sobre os ricos – e especialmente medidas que podem ser acompanhadas de um compartilhamento de informações maior entre os países em relação a contas em bancos e outros investimentos de propriedade de estrangeiros.
A grande quantidade de falhas arruínam a saga capitalista contada por Piketty, falhas que surgem, principalmente, do desprezo dele aos princípios econômicos básicos. Nenhuma aparece mais claramente do que a noção errada dele sobre riqueza.
Todo semestre, eu pergunto aos meus calouros o quão rico eles seriam se cada um deles valesse tanto quanto Bill Gates, mas estivessem com todas as ações, títulos de propriedade e sacos de dinheiro em uma ilha deserta, sozinhos. Eles imediatamente veem que o que importa não é a quantidade de dinheiro que eles têm, mas, ao invés, o que o dinheiro pode comprar. Nenhum princípio econômico é mais essencial que perceber que, em última instância, riqueza não é dinheiro ou ativos financeiros, mas sim, acesso imediato a bens e serviços reais.
Piketty mal parece perceber essa realidade, e se foca nas diferenças dos portfólios monetários das pessoas. Ele, portanto, ignora o importantíssimo lado da oferta: o que as pessoas – ricos, classe média e pobres – podem comprar com o dinheiro que tem. Ainda mais: na medida em que as desigualdades são absolutamente relevantes, as únicas que realmente importam são as desigualdades de acesso a bens e serviços reais a serem consumidos. Os aposentos de Bill Gates são maiores e mais elegantes que os meus e, eu arrisco dizer, que os seus também. Mas até mesmo aqueles que são os mais pobres dentro de uma economia de mercado viram a capacidade de consumir decolar com o tempo. E quanto mais pobres eles já foram, maior foi a melhoria na capacidade de consumir.
Se nós seguirmos o conselho de Adam Smith e examinar a capacidade das pessoas consumirem, nós descobrimos que quase todo mundo em economias de mercado está ficando mais rico. Nós também descobrimos que as diferenças econômicas reais separando ricos da classe média e dos pobres está diminuindo. Avaliando o padrão de vida – em capacidade de consumir – o capitalismo está criando uma sociedade cada vez mais igualitária.
OS EUA SÃO a bête noire (N do T.: Besta Negra, em francês no original) de Piketty e de outros progressistas obcecados com a desigualdade monetária. Mas a classe média americana dá como certa as casas com ar condicionado, carros e locais de trabalho – junto com os smartphones, viagens aéreas seguras e remédios que tratam de hipertensão até disfunção erétil. No final da Segunda Guerra Mundial, quando as desigualdades de riqueza e renda em termos de moeda eram menores do que tinham sido em qualquer momento do século anterior, esses bens e serviços ou não estavam disponíveis para ninguém ou somente aqueles muito ricos poderiam usufruir deles. Então, independentemente de quantos dólares os plutocratas de hoje acumularam e tem acumulado no portfólio, a acumulação de riqueza das elites não impediu que o padrão de vida das pessoas comuns melhorasse de maneira espetacular.
Além disso, essas melhorias em padrão de vida foram, inegavelmente, muito maiores para as pessoas comuns do que para os ricos. Em 1950, Howard Hughes e Frank Sinatra poderiam, facilmente, pagar por coisas como entregas de pacotes no dia seguinte, conversas telefônicas internacionais de horas de duração e casas com ar condicionado. Para os americanos comuns, entretanto, essas coisas estavam apenas na imaginação. Agora, mesmo que os magnatas e celebridades de hoje ainda tenham acesso a essas amenidades, os americanos de classe média e até mesmo pobres tem acesso a elas também. A redução da diferença entre a riqueza real dos ricos e dos pobres devem acalmar as preocupações em relação aos perigos políticos da expansão da desigualdade no terreno da riqueza monetária.
Falhas no ponto de vista macro do autor também estão a vista quando tentamos pensar em termos humanos sobre a inevitabilidade do retorno sobre capital, de 4% a 5%, que é maior que a taxa de crescimento da economia, que vai de 1% a 1,5%. De acordo com o autor, esta diferença de alguns pontos percentuais, quando acumulada através dos anos, pode fazer com que a desigualdade econômica seja “potencialmente aterrorizante”. Mas dois fatores chaves fazem com que esta tendência dificilmente persista por muito tempo na vida da maioria dos indivíduos.
Para começar, idas e vindas, ao invés de permanência, tendem a caracterizar o padrão da maior parte dos empreendimentos bem sucedidos. Mais cedo ou mais tarde, a entrada de competidores e as mudanças nos gostos dos consumidores freiam o crescimento da empresa, quando não reduz absolutamente o tamanho delas ou as leva a falência. Somente em 2013, 33 mil empresas nos EUA declararam moratória, um número típico em anos de expansão econômica. Em segundo lugar, e mais importante, capitalistas bem sucedidos raramente criam filhos e netos que igualam o sucesso dos ancestrais. Existe uma regressão de volta à média. Note que o aterrorizante, bem sucedido capitalista Bill Gates dificilmente irá ser sucedido por Gates mais jovens preparados para se capitalizarem sobre o sucesso dele.
Podemos até mesmo deixar de lado os planos por parte de pessoas como os Gates e Warren Buffet de doar uma grande parte da própria fortuna, ou o papel redistributivo da filantropia. Os dados empíricos sugerem que a rotatividade é a norma entre os capitalistas ricos, ao invés da construção de uma plutocracia permanente. A lista do “Top 400 declarações de imposto de renda” do I.R.S. (N. do T.: Receita Federal americana) nos dá evidências da instabilidade no topo. Ao longo dos 18 anos, desde 1992 até o fim de 2009, 73% dos indivíduos que apareciam nesta lista, apareceram apenas por um ano. Somente um punhado de indivíduos apareceu na lista em dez ou mais anos. A riqueza se dilui com o tempo, quando deixada para diferentes herdeiros, e se dilui ainda mais graças aos impostos, filantropia e mudanças nas condições de mercado.
AS FALAS DE PIKETTY sobre a estabilidade da riqueza dos capitalistas negam esta realidade. Por exemplo, ele escreve que “[O] Capital nunca é quieto: ele é sempre empreendedor e orientado para o risco, pelo menos na origem, e ainda assim ele sempre tende a se transformar em rendas a medida que ele se acumula em quantias grandes o bastante. Essa é a vocação do capital, o destino lógico”. Leia-se: O elemento de risco, empreendedor na formação de negócios, eventualmente regride em importância até o negócio naturalmente evoluir em direção ao “destino lógico” – o de eterna máquina de dinheiro que regularmente cospe “renda”.
Em um caminho similar, Piketty observa, “O que poderia ser mais natural de pedir a um bem de capital do que pedir para produzir ume renda fixa e certa: este é, de fato, o objetivo de um mercado de capital ‘perfeito’, como os economistas definem”. Pode ser “natural” pedir isto de um bem de capital. Mas somente economistas que tratam sobre mercados “perfeitos” de capital são inocentes o bastante para esperar um “sim” como resposta.
Se Piketty realmente acredita em um mercado “perfeito” de capital, dando aos capitalistas uma renda fixa e certa, ele pode se perguntar porque a gigante e falida rede de livrarias Borders não está vendendo mais livros, enquanto a Amazon  cresceu e desafiou toda a rede de varejistas não-virtuais. No mundo de Piketty, o capitalismo é um sistema de lucros. No mundo real, é um sistema de lucros e prejuízos.
O desprezo de Piketty pelo raciocínio econômico básico cega ele de todas as forças importantes do mercado que trabalham no mundo real – forças essas que, se deixadas livres pelo governo, produzem uma prosperidade crescente para todos. Ainda assim, ele alegremente restringiria essas forças com impostos absurdos.
Louvavelmente, apesar de tudo, ele expressa preocupação sobre o potencial do regime de impostos proposto para expandir o tamanho do governo: “Antes de podermos aprender a organizar eficientemente as finanças públicas equivalentes de dois terços a três quartos da renda nacional”, ele diz,  “seria bom melhorar a organização e operação do setor público existente”. De fato, seria “bom” fazer essas melhorias. Eu gostaria de imaginar que, se Karl Marx fosse vivo hoje, ele iria informar ao colega menos experiente que, infelizmente a 150 anos atrás, socialistas tiveram a mesmíssima ideia. Não funcionou da maneira que eles esperavam.
// Tradução de Daniel Coutinho. Revisão de Ivanildo Terceiro. | Artigo Original

Sobre o autor

Donald J. Boudreaux
Donald J. Boudreaux é professor de economia na George Mason University, e ex-presidente da Foundation for Economic Education (FEE). Autor do livro "Globalization (Greenwood Guides to Business and Economics)", escreve com frequência no seu blog "Cafe Hayek".