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Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Petrolao, Lava Jato, Mensalao, incompetencia, etc: 10 motivos para pedir impeachment - Felipe Moura Brasil

O blogueiro Felipe Moura Brasil, hospedado na Veja, esta destacadíssimo integrante da mída golpista, insiste nos motivos para que seja pedido o impeachment da governanta. Entendo que não tem a mínima chance de passar pelo Congresso, a menos de revelações tão escabrosas que fique difícil rejeitar o processo. Mas ele seria votado e descartado na Câmara, sem sequer ir ao Senado, que de toda forma o mataria de morte matada...
Paulo Roberto de Almeida

Felipe Moura Brasil, 31/01/2015
 às 21:29 \ Brasil, Cultura

Petrolão: 10 depoimentos para ‘estarrecer’ Lula e Dilma

lula-dilma-petrobras
Vamos organizar o noticiário com uma listinha promissora:
1.
“O custo alto das campanhas eleitorais levou, também, à arrecadação desenfreada de dinheiro para as tesourarias dos partidos políticos. Não por coincidência, a antes lucrativa sociedade por ações, Petrobras, foi escolhida para geração desses montantes necessários à compra da base aliada do governo e aos cofres das agremiações partidárias.”
Gerson de Mello Almada, vice-presidente da construtora Engevix, preso na sétima fase da Lava Jato, rompendo o então pacto de silêncio das empreiteiras sobre a participação dos políticos.
2.
a) “O esquema foi comandado por agentes políticos para a manutenção de grupos e partidos no poder. O esquema alterou os resultados das eleições de 2006, 2010 e possivelmente de 2014. Houve desequilíbrio no pleito.”
b) “É um projeto de poder para sustentação do PT. Não há dúvida disso. PT e a base aliada como PMDB, PP. É a corrupção sustentando um esquema de poder.”
c) “Não é preciso grandes malabarismos intelectuais para reconhecer que o domínio da organização criminosa estava nas mãos de agentes políticos que não se contentavam em obter riqueza material, ambicionavam poder ilimitado com total desprezo pela ordem legal e democrática, ao ponto do dinheiro subtraído dos cofres da Petrobras ter sido usado para financiar campanhas políticas no Legislativo e Executivo.”
Antonio Figueiredo Basto, advogado do doleiro Alberto Youssef.
3.
“Agentes políticos das mais variadas cataduras racionalizaram os delitos para permanecer no poder, pois sabiam que enquanto triunfassem podiam permitir e realizar qualquer ilicitude, na certeza que a opinião pública os absolveria nas urnas.”
Alberto Youssef, um dos principais delatores do esquema do petrolão.
* Em outubro de 2014, VEJA noticiou que, perguntado sobre o nível de comprometimento de autoridades no esquema de corrupção na Petrobras, o doleiro foi taxativo:
— O Planalto sabia de tudo!
— Mas quem no Planalto?, perguntou o delegado.
— Lula e Dilma, respondeu o doleiro.
Duas semanas depois, o editoral do Estadão “Lula e Dilma sempre souberam” ratificou a matéria de VEJA.
4.
a) “[O tesoureiro do PT] Edinho Silva está preocupadíssimo. Todas as empreiteiras acusadas de esquema criminoso na Lava Jato doaram para campanha de Dilma. Será que falarão sobre vinculações campanha X obras da Petrobras?”
b) “As empreiteiras juntas doaram para a campanha de Dilma milhões. O que dirá o nosso procurador-geral da República?”
c) “Lava Jato está prestes a mostrar que o que foi apresentado sobre a área de Abastecimento da Petrobras é muito pequeno quando se junta Pasadena, SBM, Angola, esquema argentino, Transpetro, Petroquímica. Ah, e o contrato de meio ambiente da Petrobras Internacional? Se somarmos tudo, Abastecimento é fichinha.”
Ricardo Pessoa, o chefe do cartel da Petrobras, dono da UTC Engenharia e amigo de Lula.
capa380* Pessoa ainda contou a amigos, segundo VEJA desta semana, o que exatamente estaria deixando Edinho Silva “preocupadíssimo”. A oito dias do 2º turno da eleição presidencial, o empreiteiro teve uma reunião em São Paulo com Luciano Coutinho, presidente do BNDES, quando a UTC estava atrás de dinheiro para financiar as obras do Aeroporto de Viracopos.
Coutinho disse que Pessoa seria procurado por Edinho Silva, tesoureiro da campanha de Dilma, que pouco tempo depois fez contato. Edinho estava em busca das últimas doações para saldar os gastos do comitê de campanha da presidente e recebeu mais 3,5 milhões de reais da UTC, que se somaram aos 14,5 milhões de reais dados no primeiro turno, conforme acerto com João Vaccari Neto, tesoureiro do PT.
Se Edinho Silva já estava “preocupadíssimo”, agora o presidente do BNDES também deve estar.
5.
“Era uma coisa só, o que demonstra que os pagamentos na Petrobras não se davam por exigência de funcionários corruptos e chantagistas, como o governo quer fazer crer. Era algo mais complexo, institucionalizado.”
Um dos investigadores que atuam no caso, em declaração à VEJA desta semana, deixando cada vez mais evidente que mesmo as doações legais eram feitas com dinheiro obtido dos cofres públicos, seja por apadrinhamento por parte de instituições financiadoras, seja por corrupção pura e simples.
6.
a) “…há elementos jurídicos para que seja proposto e admitido o ‘impeachment’ da atual presidente da República, Dilma Rousseff, perante a Câmara dos Deputados e Senado Federal, pelos fundamentos expostos no presente parecer.”
b) “…o assalto aos recursos da Petrobras, perpetrado durante oito anos, de bilhões de reais, sem que a Presidente do Conselho (Dilma presidiu o conselho de administração da Petrobras) e depois Presidente da República o detectasse, constitui omissão, negligência e imperícia, conformando a figura da improbidade administrativa, e enseja a abertura de um processo de impeachment”.
Ives Gandra Martins, advogado constitucionalista, em análise “estritamente jurídica, sem conotação política” presente no parecer encomendado por uma das empreiteiras envolvidas na Lava Jato.
7.
“Vocês acham que eu ia atrás desses caras (os políticos) para oferecer grana a eles?”
Léo Pinheiro, amigo ressentido de Lula e presidente da OAS, cujos quatro executivos presos por corrupção, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa querem levar Lula e Dilma à roda da Justiça, escalando como o primeiro delator Ricardo Breghirolli, encarregado de fazer os pagamentos de propina a partidos e políticos corruptos.
8.
“Se tiver de morrer aqui dentro, não morro sozinho.”
Agenor Medeiros, 66 anos, diretor internacional da OAS.
9.
“A Dilma está deixando as coisas correrem. Isso é um grande erro. Se nada for feito, o problema chegará a ela, porque ela era a presidente do Conselho de Administração da Petrobras.”
Lula, ex-presidente da República ressentido com a deslealdade da atual presidente ao debitar na conta do governo anterior os prejuízos bilionários provocados pelo esquema de corrupção. Para Lula, os parceiros de longa data, empresários e governistas, devem marchar juntos.
Eu concordo: todos marchando juntinhos para a prisão.
10.
“Podia passar mais rápido, por favor?”
“Bom, eu vou preferir ler, sabe?”
Dilma Rousseff, em reunião com seus 39 ministros, irritada com o operador de teleprompter justamente no trecho em que tentava defender a estatal mais roubada do mundo.
Felipe Moura Brasil ⎯ http://www.veja.com/felipemourabrasil

Venezuela: Estados Unidos aplicam sancoes a funcionarios do governo por violacao de direitos humanos e corrupcao

Parece que os EUA dispõem de sua própria cláusula democrática e de monitoramento dos direitos humanos, algum que o Mercosul não tem ou não pretende aplicar ao caso da Venezuela, que mantem um opositor político detido há quase um ano, sem processo e sem julgamento, e acusa outros de crimes imaginários.
A medida que autoriza as FFAA a usarem armas letais contra manifestantes também pode ser vista como uma espécie de ruptura democrática, já que viola a própria Constituição do país.
Se o Mercosul e a Unasul aplicassem suas respectivas cláusulas democráticas, já teriam chamado a atenção da Venezula para essas infrações graves.
Paulo Roberto de Almeida

Venezuela-EE.UU

EE.UU. responde a Maduro con nuevas sanciones a funcionarios venezolanos

Infolatam/Efe
Washington, 2 de febrero de 2015
Las claves
  • Las restricciones de visado afectarán a funcionarios y exfuncionarios del Gobierno venezolano "que se cree que son responsables o cómplices de abusos contra los derechos humanos", así como a otras personas "consideradas responsables de actos de corrupción pública", según el Departamento de Estado.
Las relaciones entre EE.UU. y Venezuela volvieron a tensarse con el anuncio de Washington de nuevas sanciones contra funcionarios venezolanos, poco después de que el mandatario Nicolás Maduro acusara al vicepresidente estadounidense, Joe Biden, de respaldar un plan para forzar su derrocamiento.
La portavoz del Departamento de Estado de EEUU, Jen Psaki, detalló en un comunicado las nuevas medidas, que se traducirán en restricciones de visas para los afectados, sin detallar las identidades ni la cifra de sancionados.
El anuncio llegó poco después de que Washington tachara también de “infundadas y falsas” las acusaciones del presidente venezolano, Nicolás Maduro, al vicepresidente de EEUU, Joe Biden, de estar detrás de un plan para provocar la caída de su Gobierno.
Las restricciones de visado afectarán a funcionarios y exfuncionarios del Gobierno venezolano “que se cree que son responsables o cómplices de abusos contra los derechos humanos”, así como a otras personas “consideradas responsables de actos de corrupción pública”, según el Departamento de Estado.
También afectarán a miembros de la familia inmediata de los sancionados, cuyas identidades no serán reveladas públicamente en cumplimiento de las leyes de confidencialidad sobre visas que rigen en EEUU.
“Ignorando las reiteradas peticiones de cambio hechas por gobiernos, respetados líderes y grupos de expertos, el Gobierno venezolano ha seguido demostrando una falta de respeto hacia los derechos humanos y las libertades fundamentales”, sostuvo el Departamento de Estado.
En julio pasado, EEUU ya impuso restricciones de visado a 24 funcionarios venezolanos presuntamente involucrados en violaciones de derechos humanos y en la represión de protestas de grupos opositores a Maduro.
Además, en diciembre pasado, el presidente estadounidense, Barack Obama, firmó una ley aprobada por el Congreso con sanciones contra funcionarios venezolanos considerados responsables de violaciones de derechos humanos en ese país.
Esas sanciones incluyen la congelación de activos y la prohibición para emitir visados a funcionarios del Gobierno venezolano vinculados con la violencia y la represión en las manifestaciones estudiantiles de febrero de 2014, que terminaron con un saldo oficial de 43 muertos y cientos de heridos.
Las relaciones entre Estados Unidos y Venezuela han sido conflictivas desde la llegada al poder en 1999 del ya fallecido presidente Hugo Chávez, mentor y antecesor de Maduro.
Desde hace cuatro años, en las legaciones diplomáticas de EEUU en Caracas y de Venezuela en Washington no hay embajadores, y son dirigidas por encargados de negocios.
La última fuente de tensiones se ha generado este fin de semana, cuando Maduro acusó a Biden de estar detrás de un plan para derrocarlo y que, supuestamente, el vicepresidente estadounidense anunció a presidentes y primeros ministros de países caribeños durante una cumbre energética celebrada en Washington la semana pasada.
“Hemos visto las informaciones de prensa sobre las acusaciones contra Estados Unidos por parte de funcionarios del Gobierno venezolano. Tal acusación es infundada y falsa”, respondió hoy a Efe una portavoz del Departamento de Estado.
De acuerdo con esa portavoz, “el Gobierno venezolano debe centrarse en las quejas legítimas de su pueblo, que incluyen violaciones reiteradas de la libertad de expresión y de reunión, así como del debido proceso ante la ley”.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Historia: a China, de 1911-1919, que poderia ter sido capitalista e democratica, e que nao foi - Adam Tooze

Today's selection - from The Deluge by Adam Tooze. After the Chinese revolution of 1911-1912, China was on the path to democracy, and looked hopefully to America. Even Mao Zedong advocated Sino-American friendship. The United States was less than receptive, concerned about the reaction from China's arch enemy, Japan, and further concerned about China's capacity and readiness: 

 

"On 21 July 1917, ... the liberal American journalist and China-hand Thomas Franklin Fairfax Millard, whose weekly Review of the Far East was published in Shanghai, laid down a remarkable challenge to Washington ...
 

Action to hearten, encourage, and support China in her effort to maintain a Republic ought to be devised and undertaken without delay. 


"By the 1940s we are used to seeing Chinese and Soviet Russian history as conjoined under the sign of Communism. But in 1917 for a fleeting moment, a different kind of connection seemed possible. China ... would join the United States in a democratic coalition. What seemed to beckon, if only the will could be found to grasp the opportunity, was the intoxicating prospect of a liberal future for Eurasia. ...

"The crisis in Beijing that prompted Millard to his startling call for action was precipitated in February 1917 by Woodrow Wilson's decision to break off diplomatic relations with Germany and his invitation to the other neutral powers to join him in doing so. ... [Since Germany had long occupied territory within China], was Beijing not under the same obligation as Washington to protect its citizens against German aggression? Not to have joined Washington in taking a stand ... would have been to miss out on a heaven-sent opportunity to align the fledgling Chinese Republic with the United States and thus to complete the political transformation that began with the Chinese revolution in the winter of 1911-1912.

"The fact that the centuries-old Ch'ing dynasty finally collapsed in January 1912 to be replaced by a republic marks one of the true turning points in modern history. Republicanism had arrived in Asia. It caused consternation amongst conservatives in China. ... After thousands of years of dynastic rule China might not seem to be propitious soil for a republic. It was easy then, as now, for Chinese strongmen to find Western academics happy to confirm that Asian values 'required' authoritarian leadership. But throughout decades of turmoil China's transition from monarchy to republic was to prove remarkably durable. The first Chinese general election of 1913 was held under a franchise restricted to men over the age of 21 with elementary education. But by the standards of the day that was hardly ungenerous. Even allowing for the failure of the majority of the Chinese electorate to turn out, the 20 million votes cast made this one of the largest democratic events on record. Furthermore, despite rampant corruption, the leading party of the revolution, the Guomindang, achieved a clear majority for its republican and parliamentary programme. 

 

"Before they could exploit their victory, however, the Guomindang's parliamentary leader was gunned down by an assassin linked to President General Yuan Shi-kai. After a short-lived rebellion, concentrated mainly in the southern provinces, Sun Yat-sen and the rest of the Guomindang leadership fled into exile. Yuan prorogued the parliament and suspended the provisional constitution drafted by the revolutionaries. Backed by a foreign loan brokered by London and Japan, but boycotted by Wilson's administration in Washington, Yuan attempted to initiate a fresh authoritarian turn. Yuan, who had come to national prominence in the last years of the empire as the commander of the New Model Army in North-Central China, was a military modernizer who had no faith in new-fangled constitutions. But what he did not reckon with was the opposition of the majority of the Chinese political class. When over the winter of 1915-16 Yuan made a bid to install himself as monarch, the result was nationwide revolt. By the spring of 1916 the southern provinces, the traditional counter-weight to Beijing, abetted by Japanese agents provocateurs, were in open opposition, demanding a federalist constitution. More threateningly, the younger leaders of Yuan's own militarist grouping, General Duan Qirui of Anhui province and General Feng of Zhili, declared against their former patron. China's energetic new press mounted a furious nationalist clamour against Yuan's bid for absolute power. Realizing that he was risking national disintegration and thereby opening the door to Japanese and Russian intervention, Yuan humiliatingly renounced any monarchical ambition and appointed General Duan as his Prime Minister. Duan was certainly no liberal. He had received his military training in Germany and was loyal to Yuan's vision of authoritarian consolidation. But he was what the Germans would later dub a Vernunftrepublikaner, a republican out of realism. 

Yuan Shikai sworn as the Provisional president in Beijing

"When the discredited Yuan died suddenly in June 1916, he was succeeded as President by Li Yuanhong, one of the figureheads of the original uprising of 1911 and the Guomindang's preferred candidate for president back in 1913. Li's first move was to restore the constitution of 1912 and to recall the parliament that Yuan had disbanded with its substantial majority of Guomindang MPs. Under the leadership of the Vice Chairman of the Senate, the Yale-educated C. T. Wang, the parliament set to work drafting a new constitution. In February 1917 the parliament voted to disestablish Confucianism as an official religion. A new generation of Western-influenced intellectuals took charge of Beijing University, including the first generation of Chinese Marxists. Briefly, it seemed as though Chinese politics might be entering a period of constructive reform. A foreign policy that aligned the Chinese Republic with President Wilson seemed the ideal complement to this policy of republican consolidation. 

"Against Japan and the European imperialists, America had emerged as the great hope of many Chinese. As the youthful nationalist student Mao Zedong wrote to a friend in early 1917: 'Japan is our country's strong enemy.' Within 'twenty years', Mao was convinced, 'China would have to fight Japan, or go under'. Sino-American friendship, by contrast, was fundamental to the nation's future. 'The two Republics East and West will draw close in friendship and cheerfully act as reciprocal economic and trade partners.' This alliance was 'the great endeavour of a thousand years'. America's ambassador in Beijing, the progressive political scientist Paul Reinsch, was only too happy to encourage such talk. Though he was temporarily without telegraph connection to Washington, in early February 1917 Reinsch on his own initiative offered China a loan of $10 million to enable it to make war preparations and follow America in breaking off relations with Germany. ...

"By contrast with the enthusiasm of the American Embassy in Beijing, the mood in Washington was cautious. On 10 February 1917, having read the cables from Reinsch, Wilson commented to Lansing: 'these and earlier telegrams about the possible action of China make my conscience uneasy. We may be leading China to risk her doom.' '... (I)f we suffer China to follow us in what we are now doing,' the President went on, 'we ought to be ready to assist and stand by her in every possible way ... can we count on the Senate and on our bankers to fulfil any expectations we may arouse in China?' Secretary of State Lansing concurred. Any move to strengthen China's own military capacity was bound to be considered a 'menace that would justify Japan in demanding control'. If Washington were to encourage an independent Chinese effort, Lansing cautioned, they would have to be 'prepared to meet Japanese opposition.'

"For liberal China Hands such as Ambassador Reinsch or Millard, a confrontation with Japan was not unwelcome. But as we have seen, Wilson harboured deep fears about the global racial balance. In his vain struggle to preserve American neutrality, he felt himself to be the guardian of 'white civilization'. With Europe divided this was not the moment for confrontation in the East."

 

The Deluge: The Great War, America and the Remaking of the Global Order, 1916-1931
Author: Adam Tooze 
Publisher: Viking Adult
Copyright 2014 by Adam Tooze
Pages: 88-92

Petrobras: sobrevivera' aos torpedos companheiros? - Editorial Estadao

Em 4 meses, estatal perdeu R$ 150 bi em valor de mercado 

FERNANDA NUNES, ANTONIO PITA / RIO - O Estado de S.Paulo /01Fev2015

Situação se agravou na última semana, com R$ 20 bi de perdas após divulgação de balanço e rebaixamento da nota 

O valor de mercado da Petrobrás minguou em R$ 150 bilhões, ou 58%, quase à metade, desde outubro, data reiteradamente relembrada pela presidente da empresa, Graça Foster. Naquele mês, a diretoria da empresa teve acesso aos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, e descobriu que cada projeto liderado por ele foi superfaturado em 3%, propina paga ao ex-funcionário por um cartel de fornecedores também investigados na Operação Lava Jato.

O cenário foi ainda agravado na sexta-feira, depois que a agência de classificação de risco Moody's rebaixou a nota da Petrobrás de Baa2 para Baa3. 

A última semana foi marcada por baixas sucessivas do valor de mercado da petroleira. O auge ocorreu na quarta-feira, quando, por volta das 4h da madrugada, o mercado tomou conhecimento de que R$ 88,6 bilhões do patrimônio, de um total R$ 597 bilhões, estão mal dimensionados - a maioria, superestimado. 

Consultorias independentes contratadas pela petroleira recomendaram uma baixa contábil de R$ 61,4 bilhões, mas nem todo esse valor diz respeito à corrupção. Há também um efeito de ineficiência de gestão, entre outras fragilidades. 

Na fatídica quarta-feira, a perda de valor de mercado foi de R$ 14 bilhões e, por fim, na sexta-feira, quando a Moody's rebaixou a nota da petroleira, foram mais R$ 6,94 bilhões. 

Ainda em outubro, quando tomou conhecimento da dimensão do rombo da corrupção no patrimônio, a diretoria da Petrobrás passou a lidar com outro fato de forte impacto no seu caixa: o preço do barril de petróleo iniciou uma trajetória de queda, despencando de US$ 100 para US$ 50 em cerca de três meses. 

O adiamento da divulgação do balanço financeiro relativo ao terceiro trimestre do ano passado por duas vezes agravou ainda mais a crise. Se considerado esse marco, a perda do valor de mercado até sexta-feira é de 44%, superior a R$ 57 bilhões.

Grau de investimento. O valor de mercado não é a principal preocupação da empresa. Segundo fonte ligada à cúpula da estatal, a grande preocupação dos conselheiros na reunião de terça-feira, era evitar a perda do grau de investimento, selo concedido pelas agências de classificação de risco às companhias de capital aberto de "primeira linha". Com esse selo, a Petrobrás obtém acesso a grandes investidores, como fundos de pensão no exterior. 

Os conselheiros consideraram que, se adotassem a baixa contábil de R$ 61,4 bilhões, a relação entre o endividamento e o patrimônio líquido, o nível de alavancagem, daria um salto. Com isso, os investidores perceberiam que a empresa está muito endividada, sem capacidade de investir, e não seria um bom negócio investir numa empresa com esse perfil de caixa. 

O resultado não auditado do terceiro trimestre de 2014, divulgado na quarta-feira, trouxe uma relação entre endividamento e patrimônio de 43%. A meta da empresa é alcançar o nível máximo de 35%. No esforço de evitar a elevação da alavancagem, a Petrobrás se comprometeu a não contrair nova dívida.

O professor do Insper e diretor da consultoria M2M, Eric Barreto, avalia que, sem a baixa contábil da corrupção, a situação da Petrobrás não é das melhores. O nível de dependência do dinheiro de terceiros onerado por juros, tecnicamente denominado "recursos onerosos", é de 40%. Com a baixa contábil, pularia para 43%, como demonstra estudo elaborado por Barreto para o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado. 

A situação da Petrobrás, nesse ponto, é "preocupante", avalia o especialista, e pior que a de concorrentes como BP, Chevron, Shell e Exxon, segundo o estudo. Para cada R$ 1 do patrimônio da empresa, R$ 0,74 estão comprometidos com dívidas onerosas. Ou seja, o índice é de 0,74. Com uma baixa de R$ 61,4 bilhões dos ativos, passaria para 0,90, bastante acima do registrado, em média, pelas rivais da estatal, cujo índice é 0,20.

O que diferencia a Petrobrás das demais, explica Barreto, é que a petroleira brasileira costuma recorrer a bancos e ao mercado de capitais para se financiar, pagando altos juros, enquanto as outras são financiadas, em sua maioria, pelos fornecedores. Elas estabelecem prazos mais longos de pagamento por bens e serviços contratados.

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Corrupção e incompetência 

Editorial/OESP/01Fev2015

A cada dia, a cada nova notícia, o escândalo da Petrobrás se revela mais amplo, mais complexo e mais difícil de entender em suas implicações financeiras e contábeis. Encontra-se, pois, sob grave ameaça o futuro daquela que já foi a maior e mais respeitada empresa estatal, motivo de orgulho para os brasileiros e de admiração no exterior. O que se torna mais claro e indesmentível a cada dia, a cada nova notícia é que, tomada de assalto pelos governos petistas e durante mais de uma década transformada em fonte de recursos para a promoção da imagem dos donos do poder, a Petrobrás acabou se transformando em um enorme pesadelo para a sociedade brasileira e para o próprio governo. Para este, de resto, sobra um merecidíssimo atestado de incompetência.

O enorme rombo provocado na estatal pela corrupção que a Operação Lava Jato trouxe à luz, aliado à crise provocada pela queda do preço internacional do barril de petróleo desde outubro e, ainda, à inépcia gerencial da empresa, levou a presidente da companhia, Graça Foster, a anunciar medidas amargas: nos próximos anos a exploração de petróleo será reduzida ao "mínimo necessário", investimentos serão cortados e novos projetos considerados com extremo rigor seletivo. Em resumo, a Petrobrás terá de ser "redimensionada", maneira eufemística de dizer que já se tornou uma empresa menor e menos importante.

O detalhe curioso - trágico talvez seja a expressão mais adequada - é que ninguém no corpo diretivo da empresa, da Diretoria Executiva ao Conselho de Administração, tem a menor ideia do tamanho do rombo. Os valores comprometidos com a corrupção são uma grande incógnita, segundo admite a própria diretoria da empresa ao justificar não tê-los abatido dos ativos declarados no balanço apresentado dias atrás: "Existem severas limitações que tornam a quantificação desses valores impraticável, tanto para fins de correção quanto para evitar capitalizações futuras". Uma auditoria independente indicou que seria preciso dar baixa a R$ 88,6 bilhões em ativos. Pode ser mais, como poder ser menos. Ninguém sabe.

O fato é que as declarações de Graça Foster levaram sua amiga Dilma Rousseff a mais um de seus acessos de irritação, que de tão frequentes e inconsequentes são cada vez menos levados em conta. A presidente teria esbravejado por causa do que considerou incompetência de Graça Foster ao divulgar de forma "amadora" os números da auditoria independente.

A chefe do governo pode se enfezar com o que quer que seja, mas, no caso da Petrobrás, a verdade é que ela teve quatro anos - um mandato inteiro de presidente da República - para promover o saneamento da maior empresa brasileira e levá-la a adotar padrões de excelência de governança, compatíveis com sua importância aqui e no exterior. Se não o fez, foi por incompetência, sua e do corpo diretivo que colocou na estatal.

Esta é a versão benevolente desta triste e obscura história, pois sempre ficarão no ar as perguntas que não se calam: ela deixou a situação chegar a esse ponto porque a esbórnia lhe era politicamente conveniente? E, depois de arrombadas portas e janelas, ela se preocupou realmente com a situação da estatal ou com as repercussões negativas do episódio sobre seu governo?

Afinal, não é descabida a hipótese de que a presidente da República, a quem seria impossível ignorar o que se passava na Petrobrás, tenha sido levada pelas "injunções políticas" a fazer vista grossa a uma armação que, na lógica safada de seu partido, era um "direito natural e legítimo" dos donos do poder. Nesse caso a incompetência do governo se limita ao fato de não ter sido capaz de abafar o escândalo. Seja como for, o fato é que Dilma Rousseff tem inegáveis responsabilidades pela situação em que se encontra a Petrobrás.

Como de hábito, pelo menos parte do preço de mais essa lambança na gestão da coisa pública vai acabar sendo paga pelos cidadãos, milhares de indivíduos que - como outro tanto de pessoas jurídicas - são acionistas da Petrobrás. Com a maior candura, o diretor de Finanças da petroleira anunciou que o pagamento de dividendos, na hipótese aparentemente remota de que existam, poderá ser "adiado". Esses acionistas devem estar perguntando, como a Nação: o que Dilma está esperando para trocar todo o corpo diretivo da Petrobrás?

Holocausto e anti-Holocausto: Iran faz concurso de humor negacionista

O que vai acontecer?
Algum comando sionista vai se explodir no local da exposição?
Não, nada, rigorosamente nada.
Haverá mais matérias de jornal do que real interesse por um concurso besta como esse...
Paulo Roberto de Almeida


CONCURSO DE CARICATURAS NEGACIONISTAS: Um centro cultural iraniano anunciou um plano para realizar uma competição de caricaturas de negação do Holocausto, em resposta ao massacre da revista Charlie Hebdo após a publicação de caricaturas do profeta Maomé. A Casa do Irã de Desenhos Animados e do Complexo Sarcheshmeh Cultural organizou o concurso, de acordo com o jornal Independent, e convidou os participantes a apresentarem desenhos satíricos sobre o tema da negação do Holocausto, para julgamento no início de abril. A competição anunciou um prêmio de US$ 12.000 para o vencedor, com prêmios de US$ 8.000 e US$ 5.000 para segundo e terceiro lugar, respectivamente. Masud Shojaei-Tabatabaii, o organizador da competição, disse que as caricaturas seriam exibidas no Museu Palestina de Arte Contemporânea de Teerã antes de serem mostradas em outras partes da capital.

(retirado de um boletim de notícias de um consulado israelense)

Venezuela: donos de loja presos por criarem "artificialmente" filas muito longas...

Até onde chega a demência dos bolivarianos no poder.
Paulo Roberto de Almeida

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Venezuelan President Nicolas Maduro says the owners of an unnamed chain of shops have been arrested for artificially creating long queues. 

BBC, 2/02/2015

Mr Maduro said the owners had reduced the number of employees working on cash tills in order to create queues and "annoy the Venezuelan people".

He has accused Venezuela's business elite of boycotting his government. 

The opposition blames the socialist policies of the past 16 years for the worsening economic crisis.

"Yesterday we detected that a famous chain of stores was conspiring, irritating the people," said Mr Maduro.

"We came, we normalized sales, we summoned the owners, we arrested them and they're prisoners for having provoked the people," he said.

'Time in prison'

A week ago, thousands of Venezuelans attended an opposition march in Caracas, banging empty pots to highlight what they say is the shortage of many staple foods.

Demonstrators also voiced discontent at high inflation, crime and long queues.

Many analysts say currency controls that restrict the availability of dollars for imports play a key role in creating a scarcity of many items.

But President Maduro is adamant that many businessmen are colluding with the political opposition to oust his government.

He accused four supermarket chains of hoarding goods and smuggling items out of the country.

"Those who use their stores to hurt the people will pay with time in prison," Mr Maduro told a group of his supporters.

Last month he called on the National Assembly to open an inquiry into what he described as "an economic war" waged against his socialist government.

Venezuela - a major oil producer - has been heavily affected by the fall in oil prices on international markets. The economy officially entered recession in December.

Figures released by the central bank showed that GDP declined by 2.3% in the third quarter of 2014, after contracting by 4.8% and 4.9% in the first and the second quarters respectively.

Inflation in Venezuela reached 63.6% in the 12 months to November, one of the highest rates in the world.

Politica brasileira: Chegou a hora? - Fernando Henrique Cardoso

Boa análise do ex-presidente sobre a atual situação do Brasil (mas menos contundente do que seria preciso quanto as desmandos e mesmo crimes, comuns e econômicos, das três últimas administrações), mas totalmente equivocado na parte prescritiva final quanto a uma vaga e indefinida reforma política. Não só ele não diz exatamente o que quer (e o que não quer) ou o que seria preciso fazer nessa área, como tem a pretensão, ou a ilusão completa, de achar que a classe política vai cometer suicídio voluntariamente.
FHC costuma ser bom nos diagnóstico e péssimo nas prescrições. 
Paulo Roberto de Almeida 

Chegou a hora

Fernando Henrique Cardoso

1 de fevereiro de 2015
Discurso de Fernando Henrique Cardoso durante a comemoração dos 20 anos do Plano RealQuando eventualmente este artigo vier a ser lido, a Câmara dos Deputados estará escolhendo seu novo presidente. Ganhe ou perca o governo, as fraturas na base aliada estarão expostas. Da mesma maneira, o esguicho da operação “Lava Jato” respingará não só nos empresários e ex-dirigentes da Petrobrás nomeados pelos governos do PT, mas nos eventuais beneficiários da corrupção que controlam o poder. A falta de água e seus desdobramentos energéticos continuarão a ocupar as manchetes. Não se precisa saber muito de economia para entender que a dívida interna (três trilhões de reais!), os desequilíbrios dos balanços da Petrobrás e das empresas elétricas, a diminuição da arrecadação federal, o início de desemprego, especialmente nas manufaturas, o aumento das taxas de juros, as tarifas subindo, as metas de inflação sendo ultrapassadas dão base para prognósticos negativos do crescimento da economia.
Tudo isso é preocupante, mas, não é o que mais me preocupa. Temo, especialmente, duas coisas: o havermos perdido o rumo da história e o fato da liderança nacional não perceber que a crise que se avizinha não é corriqueira: a desconfiança não é só da economia, é do sistema político como um todo. Quando esses processos ocorrem não vão para as manchetes de jornal. Ao entrar na madeira, o cupim é invisível; quando percebido, a madeira já apodreceu.
Por que temo havermos perdido o rumo? Porque a elite governante não se apercebeu das consequências das mudanças na ordem global. Continua a viver no período anterior, no qual a política de substituição das importações era vital para a industrialização. Exageraram, por exemplo, ao forçar o “conteúdo nacional” na indústria petrolífera, excederam-se na fabricação de “campeões nacionais” à custa do Tesouro. Os resultados estão à vista: quebram-se empresas beneficiárias do BNDES, planejam-se em locais inadequados refinarias “Premium” que acabam jogadas na vala dos projetos inconclusos. Pior, quando executados, têm o custo e a corrupção multiplicados. Projetos decididos graças à “vontade política” do mandão no passado recente.
Pela mesma cegueira, para forçar a Petrobrás a se apropriar do pré-sal, mudaram a lei do petróleo que dava condições à estatal de concorrer no mercado, endividaram-na e a distancianciaram da competição. Medida que isentava a empresa da concorrência nas compras, se transformou em mera proteção para decisões arbitrárias que facilitaram desvios de dinheiro público.
Mais sério ainda no longo prazo: o governo não se deu conta de que os Estados Unidos estavam mudando sua política energética, apostando no gás de xisto com novas tecnologias, buscando autonomia e barateando o custo do petróleo. O governo petista apostou no petróleo de alta profundidade, que é caro, descontinuou o etanol pela política suicida de controle dos preços da gasolina que o tornou pouco competitivo e, ainda por cima (desta vez graças à ação direta de outra mandona), reduziu a tarifa de energia elétrica em momento de expansão do consumo, além de ter tomado medidas fiscais que jogaram no vermelho as hidrelétricas.
Agora todos lamentam a crise energética, a falta de competitividade da indústria manufatureira e a alta dos juros, consequência inevitável do desmando das contas públicas e do descaso com as metas de inflação. Os donos do poder esqueceram-se de que havia alternativas, que sem renovação tecnológica os setores produtivos isolados não sobrevivem na globalização e que, se há desmandos e corrupção praticados por empresas, eles não decorrem de erros do funcionalismo da Petrobrás, nem exclusivamente da ganância de empresários, mas de políticas que são de sua responsabilidade, até porque foi o governo quem nomeou os diretores ora acusados de corrupção, assim como foram os partidos ligados a ele os beneficiados.
Preocupo-me com as dificuldades que o povo enfrentará e com a perda de oportunidades históricas. Se mantido o rumo atual, o Brasil perderá um momento histórico e as gerações futuras pagarão o preço dos erros dos que hoje comandam o país. Depois de doze anos de contínua tentativa de desmoralização de quase tudo que meu governo fez, bem que eu poderia dizer: estão vendo, o PT beijou a cruz, tenta praticar tudo que negou no passado: ajuste fiscal, metas de inflação, abertura de setores públicos aos privados e até ao “capital estrangeiro”, como no caso dos planos de saúde. Quanto ao “apagão” que nos ronda, dirão que faltou planejamento e investimento como disseram em meu tempo? Em vez disso, procuro soluções.
Nada se consertará sem uma profunda revisão do sistema político e mais especificamente do sistema partidário e eleitoral. Com uma base fragmentada e alimentando os que o sustentam com partes do orçamento, o governo atual não tem condições para liderar tal mudança. E ninguém em sã consciência acredita no sistema prevalecente. Daí minha insistência: ou há uma regeneração “por dentro”, governo e partidos reagem e alteram o que se sabe que deve ser alterado nas leis eleitorais e partidárias, ou a mudança virá “de fora”. No passado, seriam golpes militares. Não é o caso, não é desejável nem se vêm sinais.
Resta, portanto, a Justiça. Que ela leve adiante a purga; que não se ponham obstáculos insuperáveis ao juiz, aos procuradores, delegados ou à mídia. Que tenham a ousadia de chegar até aos mais altos hierarcas, desde que efetivamente culpados. Que o STF não deslustre sua tradição recente. E, principalmente, que os políticos, dos governistas aos oposicionistas, não lavem as mãos. Não deixemos a Justiça só. Somos todos, responsáveis perante o Brasil, ainda que desigualmente. Que cada setor político cumpra sua parte e, em conjunto, mudemos as regras do jogo partidário eleitoral. Sob pena de sermos engolfados por uma crise, que se mostrará maior do que nós.
*Fernando Henrique Cardoso é ex-presidente da República
**Artigo publicado nos jornais O Estado de S. Paulo e O Globo, além do site Observador Político  – 1º/02/2015

Lava Jato: o Ministerio Publico frauda a historia - Reinaldo Azevedo

Eu já disse isso com outras palavras, quando postei aqui, e coloquei o dossiê à disposição, o site do MPF que tenta "explicar" o Petrolão, esquecendo o principal, ou seja, o chefe da orquestra, que é o partido totalitário pelos seus chefes principais.
Excesso de timidez, precaução processual, falta de coragem, ou de caráter? 
Não sei dizer, mas o fato é que o MPF frauda a história.
Paulo Roberto de Almeida

É preciso desconhecer profundamente a história do Brasil, e do PT em particular, para que se tenha alguma dúvida sobre o que está em curso no petrolão. Não estamos diante de uma questão hamletiana; afastem dessa conversa o “ser ou não ser”; tirem do embate as incertezas, porque tolas, sobre a origem da roubalheira. A resposta é tão simples, a resposta é tão óbvia, a resposta é tão evidente: se o governo, como braço operativo do Estado, legitimado pelas urnas, atua como um ente neutro, contrata os serviços que precisa contratar junto à iniciativa privada, toma as devidas cautelas para que o dinheiro público seja bem aplicado e fará a melhor escolha: aquela que alia a qualidade ao melhor preço. Havendo a suspeita de cartelização, punem-se os responsáveis. E pronto!

As empresas não têm como chantagear o governo porque não fazem leis. Mas o governo tem como chantagear as empresas porque ele ou seus prepostos fazem leis. As empresas não têm como impor a sua vontade ao governo porque não redigem os editais de licitação. Mas o governo tem como impor a sua vontade às empresas porque redige editais de licitação — quando há licitação.  As empresas não têm como conduzir as escolhas do governo porque não podem instrumentalizar órgãos de Estado para puni-lo. Mas o governo tem como conduzir as escolhas das empresas porque pode instrumentalizar órgãos de estado para puni-las.

Não! Eu não estou aqui a afirmar que as empreiteiras formam uma conspiração de anjos. Segundo o que se viu até agora, não mesmo! Mas foram elas que apareceram, como o demônio do “Fausto”, de Goethe, tentando a alma incorruptível dos políticos? Quer dizer que estes tinham, até ali, uma história de retidão e ascetismo, mas eis que chegaram aqueles homens maus do concreto armado, com um monte de dólares nas mãos, para seduzir aqueles pobres senhores? Tenham paciência!

O Ministério Público Federal criou uma página com esclarecimentos sobre a Lava Jato. Acho a iniciativa louvável, sim, embora haja ali um tantinho de proselitismo, de que a página deveria ser escoimada. A ilustração-síntese sugere que tudo começa com um grupo de empresários que decide praticar fraudes. Para tanto, corrompem agentes públicos, com a ajuda de doleiros.

esquema MP

Com a devida vênia, isso frauda é a história. Cadê o projeto de poder dali? Não se trata de uma questão de gosto, de leitura, de ideologia, de viés, mas de fato. Em sua página, infelizmente, o MP omite a essência do que estava em curso: havia um partido no comando da operação. Aliás, isso está no depoimento do próprio Paulo Roberto Costa, segundo quem o PT ficava com parte considerável mesmo da propina que era paga ao PP.

Os empreiteiros, parceiros da companheirada na lambança, estão indignados — e isso lá entre eles faz sentido — porque perceberam que, se deixarem tudo como está, vão, sim, virar bois de piranha. Eles pagarão a maior parte do preço pela sem-vergonhice que reinou por mais de 10 anos na Petrobras — será que foi só lá? —, enquanto há o risco de os principais beneficiários das falcatruas (E NÃO FORAM AS EMPRESAS) saírem por aí livres, leves e soltos. Isso já aconteceu no mensalão. Katia Rabello, a banqueira, não precisava daquela safadeza para ficar rica — ela já era. Deu-se mal quando pôs a sua empresa a serviço de uma estrutura criminosa que, esta sim, ganhou muito: ganhou o poder — que pretendia fosse eterno.

No esforço de manter parte da investigação na 13ª Vara Federal, em Curitiba, para que não migre toda para o Supremo Tribunal Federal, o juiz Sergio Moro tem impedido que empreiteiros e ex-diretores da Petrobras citem nomes de políticos com mandato. Vamos ser claros: não deixa de ser uma forma incômoda de condução do processo, que leva, ademais, a uma suposição errada — a de que o esquema tinha um braço de funcionamento que independia da política. Isso é simplesmente mentira.

A síntese é a seguinte: é preciso que o dito rigor de Sérgio Moro não acabe contribuindo para aliviar o peso sobre as costas do PT, que é, afinal, desde sempre, o maestro da ópera, não é mesmo? Se os verdadeiros responsáveis restarem impunes — ou receberam uma pena branda —, tudo seguirá igual no Estado brasileiro.

Façamos um corte puramente sincrônico e vamos contatar uma óbvia desigualdade: há uma penca de empreiteiros presos, e todos os verdadeiros beneficiários dos crimes de que são acusados estão soltos. Há algo de errado nisso aí.

Texto publicado originalmente às 2h07

domingo, 1 de fevereiro de 2015

Revista Brasileira de Politica Internacional, numero 2/2014 disponivel no Scielo

Dear Dr. Paulo Roberto de Almeida:

We´re glad to announce that the latest issue of Revista Brasileira de Política Internacional (RBPI – Vol. 57 – N. 2/2014) is avaliable at the journal page in Scielo. You can reach this issue at http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732920140002&lng=en&nrm=iso.

Sincerely,

The Editorial Team
Revista Brasileira de Política Internacional Editorial Office
editoria@ibri-rbpi.org

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RBPI – Vol. 57 – No. 2/2014
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--- Editorial

Os sessenta anos do Instituto Brasileiro de Relações Internacionais, by Antônio Carlos Lessa & Paulo Roberto de Almeida

--- Articles

Rio Branco, grand strategy and naval power, by João Paulo Alsina Jr.;

UN Security Council decision-making: testing the bribery hypothesis, by Eugenio Pacelli Lazzarotti Diniz Costa & Mariana Baccarini;

O orçamento de defesa dos EUA: racionalidade X pressões domésticas, by Juliano da Silva Cortinhas;

A paz (ainda) pela jurisdição compulsória?, by George Rodrigo Bandeira Galindo;

An outline of military technological dynamics as restraints for acquisition, international cooperation, and domestic technological development, by Édison Renato Silva & Domício Proença Júnior;

Uma política para o continente – reinterpretando a Doutrina Monroe, by Carlos Gustavo Poggio Teixeira;

O declínio: inserção internacional do Brasil (2011–2014), by Amado Luiz Cervo & Antônio Carlos Lessa;

Governança de recursos comuns: bacias hidrográficas transfronteiriças, by Matilde de Souza, Franciely Torrente Veloso, Letícia Britto dos Santos, & Rebeca Bernardo da Silva Caeiro;

A discreta transição da Coreia do Norte: diplomacia de risco e modernização sem reforma, by Paulo Fagundes Vizentini & Analúcia Danilevicz Pereira;

Multi-level governance and social cohesion in the European Union: the assessment of local agents, a study case inside Galicia, by Antón Lois Fernández Álvarez e Mónica López-Viso;

Potências emergentes na ordem de redes: o caso do Brasil, by Daniel Flemes & Miriam Gomes Saraiva.

Petrobras, a tragedia - Marcos Coronato, Graziele Oliveira (Revista Epoca, edicao 869)

Parece que a propaganda enganosa do governo não pretende esclarecer os motivos pelos quais a vaca petrolífera foi para o brejo.
Temos de ler a mídia golpista então...
Paulo Roberto de Almeida

A queda trágica da Petrobras

Roída pela corrupção, pela ineficiência e pelo uso político, a estatal afunda. Há duas saídas: encolher ou continuar rumo à destruição

MARCOS CORONATO E GRAZIELE OLIVEIRA
Revista Época, 30/01/2015
Kindle
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Capa edição 869 (Foto: reprodução)
>> Trecho da reportagem de capa de ÉPOCA desta semana:
A Petrobras sempre foi descrita em números superlativos. Maior empresa do Brasil. Referência mundial em prospecção, extração, refino e distribuição de petróleo, admirada por seus pares – estatais mundo afora que concentram toda a cadeia produtiva. Empresa mais inovadora do Brasil, tão inovadora que superava nossas maiores universidades em patentes registradas por ano. Pois a Petrobras não resistiu a anos de administração corrupta e incompetente e agoniza diante dos brasileiros em queda trágica e espetacular. Tão espetacular que seus números são igualmente superlativos. Em quatro anos de governo Dilma Rousseff, a empresa perdeu valor de mercado em progressão geométrica. Vale hoje R$ 112 bilhões em comparação a R$ 413 bilhões em 2011. A Petrobras hoje detém o título de empresa mais endividada do mundo. Na sexta-feira, dia 30, a agência de classificação de risco Moody’s rebaixou a estatal e informou que considera rebaixá-la novamente. Isso significa avisar a investidores mundo afora que a capacidade da Petrobras de honrar suas dívidas piora rapidamente. Nesta semana, a Petrobras finalmente divulgou os resultados do terceiro trimestre de 2014 – com atraso, sem aprovação de auditoria e ainda sem embutir os resultados de perdas por corrupção. Pela lei do Estado de Nova York, a Petrobras já está dando calote nos investidores americanos, ao descumprir regras de divulgação de resultados.

Há oito anos, a empresa – junto com os brasileiros – vibrava com a descoberta de petróleo na região do pré-sal. Hoje, não se pergunta mais qual será o próximo recorde de profundidade na extração de petróleo, e sim como a empresa pagará suas dívidas – sem balanço auditado, os credores no exterior podem começar a cobrá-las antecipadamente. A cúpula da petroleira pareceu acordar para a realidade na semana passada. “O grande mote do nosso plano 2015-2019 é o redimensionamento da Petrobras”, disse a presidente da companhia, Graça Foster, ao comentar os resultados financeiros.
>> Continue lendo esta reportagem em ÉPOCA desta semana

Venezuela rompe sua propria Constituicao: Mercosul e Unasul?

Segundo as cláusulas democráticas dessas instituições, desrespeitar a Constituição é uma ruptura democrática. Elas não vão fazer nada? Sequer um pronunciamento?
Paulo Roberto de Almeida 

Vou falar do governo assassino de Nicolás Maduro, na Venezuela. Mas, antes, uma lembrança.

Dilma Rousseff, a nossa governanta, discursou no dia 28 na 2ª Sessão Plenária da III Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (CELAC), na Costa Rica. Referiu-se às conversações em curso entre Cuba e Estados Unidos nestes termos:
“Recentemente, presenciamos um fato de transcendência histórica: o anúncio da normalização das relações diplomáticas entre Cuba e os Estados Unidos. Assim, começa a se retirar da cena latino-americana e caribenha o último resquício da Guerra Fria em nossa região. Não tenho dúvidas de que a CELAC tem sido um catalisador desse processo. Foram necessários coragem e sentido de responsabilidade histórica por parte dos presidentes Raúl Castro e Barack Obama, para dar esse importante passo. Os dois Chefes de Estado merecem nosso reconhecimento pela decisão que tomaram –  benéfica para cubanos e norte-americanos, mas, sobretudo, benéfica para todos os cidadãos do continente. Merece, igualmente, nosso reconhecimento o Papa Francisco, por sua importante contribuição nesse processo. Não podemos esquecer, todavia, de que o embargo econômico, financeiro e comercial dos Estados Unidos a Cuba ainda continua em vigor. Essa medida coercitiva, sem amparo no Direito Internacional, que afeta o bem-estar do povo cubano e prejudica o desenvolvimento do país, deve, tenho certeza, do ponto de vista de todos os países aqui representados, ser superada. O Brasil, ao financiar as obras do Porto de Mariel, inaugurado à margem da Cúpula da CELAC em Havana, atuou em prol de uma integração abrangente. Agradecemos ao governo cubano e ao povo cubano a grande contribuição que tem dado ao Brasil no atendimento a serviços básicos de saúde para 50 milhões de brasileiros.”

Bem… Cuba é que deveria ser grata ao Brasil, não? Há 7.400 médicos cubanos por aqui. Cada um custa R$ 10 mil por mês, mas ficam com apenas R$ 2,9 mil desse dinheiro. O resto vai para a ditadura dos irmãos Castro. A escravidão moderna rende, líquidos, à ilha R$ 52.540.000 por mês — ou R$ 630,48 milhões por ano. Um negócio e tanto. Mais: o porto de Mariel é negócio de pai para filho. Consta que não conhecemos dessa história nem a metade. Mas sigamos.

Reparem que, em seu discurso, Dilma censurou os EUA pelo embargo, mas não censurou Cuba pela ditadura. A soberana não deve achar que seja esse um assunto grave. E, agora sim, posso voltar à Venezuela. O governo de Maduro assinou uma resolução que permite às Forças Armadas abrir fogo — atirar mesmo, pra valer — contra manifestantes. Em outras palavras: matá-los. O texto, informa a http://www1.folha.uol.com.br/fsp/mundo/206122-venezuela-autoriza-atirar-contra-protesto.shtml Folha, estabelece o seguinte: “diante de uma situação de risco mortal, o funcionário militar aplicará [o] uso da força potencialmente mortal, com arma de fogo ou outra arma potencialmente mortal”.   

O texto viola dois artigos da Constituição, mesmo aquela que há lá, bolivariana, talhada ao gosto dos tiranos: o 68, que “proíbe o uso de armas de fogo [...] no controle de manifestações pacíficas; e o 332, segundo o qual os “órgãos de segurança cidadã são de caráter civil [e não militar]”. E daí?

O governo do Brasil, que lisonjeia a ditadura cubana e critica os EUA, uma democracia, é um dos principais aliados do regime venezuelano. Com a liderança de que dispõe no continente, o nosso país estaria obrigado a se manifestar sobre a decisão de Maduro, mas não vai. Prefere se esconder na chamada “não ingerência em assuntos internos” de outro país.

Como esquecer que Dilma Rousseff e Cristina Kirchner deram um verdadeiro golpe no Mercosul para abrigar a Venezuela, violando, inclusive, a cláusula do tratado que define o bloco? A dupla se aproveitou de uma crise política no Paraguai para suspender esse país do Mercosul e dar abrigo, então, a Hugo Chávez.

Reitero: essa resolução viola uma cláusula do tratado do Mercosul. Não se ouvirá um pio. Dilma acha o embargo dos EUA a Cuba um crime de lesa-humanidade, mas não vê nada de mais que se matem pessoas nas ruas feito moscas. Afinal, Lula já chegou a dizer que, na Venezuela, “existe democracia até demais”.

A democracia da bala.