Brazil's Global Ambitions
Temas de relações internacionais, de política externa e de diplomacia brasileira, com ênfase em políticas econômicas, em viagens, livros e cultura em geral. Um quilombo de resistência intelectual em defesa da racionalidade, da inteligência e das liberdades democráticas.
O que é este blog?
Este blog trata basicamente de ideias, se possível inteligentes, para pessoas inteligentes. Ele também se ocupa de ideias aplicadas à política, em especial à política econômica. Ele constitui uma tentativa de manter um pensamento crítico e independente sobre livros, sobre questões culturais em geral, focando numa discussão bem informada sobre temas de relações internacionais e de política externa do Brasil. Para meus livros e ensaios ver o website: www.pralmeida.org. Para a maior parte de meus textos, ver minha página na plataforma Academia.edu, link: https://itamaraty.academia.edu/PauloRobertodeAlmeida.
sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015
Brazil's Global Ambitions - Harold Trinkunas (Brookings)
Brazil's Global Ambitions
Politicas Sociais: a eternizacao da assistencia e da dependencia - Ivan Dauchas
Ivan Dauchas
Instituto Liberal, 6 Fevereiro 2015
Segundo o economista inglês Thomas Malthus (1766-1834), a pobreza e o sofrimento humano eram o destino inevitável da maioria das pessoas e qualquer tentativa de reduzir esses males tornaria a situação ainda pior. Por isso, Malthus reprovava qualquer política redistributiva que tivesse por objetivo melhorar as condições de vida dos mais pobres.
No começo do século XIX, vários economistas (inclusive Malthus) tinham uma visão sombria concernente ao futuro do capitalismo. Para nossa sorte, esses economistas estavam errados. Com o passar do tempo, essa nuvem negra foi se dissipando e o capitalismo mostrou-se um sistema altamente eficiente no sentido de gerar riqueza para todos, inclusive para os mais pobres.
Bolsa família: seria essa a solução?
Bolsa família: seria essa a solução?
Acho que todos concordamos que a pobreza excessiva é um problema social. Vejam bem, eu não estou me referindo aqui a justiça distributiva, que é um assunto bem mais complexo. A pobreza excessiva está altamente correlacionada a uma série de mazelas sociais, tais como: violência, uso de drogas, criminalidade, gravidez na adolescência, crianças abandonadas etc. Se tudo isso não bastasse, pessoas pobres, com baixa instrução, são mais facilmente manipuláveis e tendem a escolher mal seus representantes políticos.
Por conta disso, a parcela esclarecida da população normalmente apóia políticas que tenham por objetivo reduzir a pobreza. A questão fundamental aqui é: qual o instrumento mais eficiente para atingir esse objetivo? Muitos vão responder que é o acesso universal à educação de boa qualidade. Concordo plenamente. Porém há um detalhe importante. A educação consiste em uma estratégia de longo prazo. E no curto prazo, o que pode ser feito? O que fazer com os que passam fome? Livros saciam apenas nosso apetite intelectual.
Dentro desse contexto, surgiram as chamadas políticas de complementação de renda. Convém ressaltar que a matriz teórica dessas políticas está assentada nas idéias de Milton Friedman (1912-2006), um dos maiores defensores do liberalismo no século XX. Em seu famoso livro Capitalismo e Liberdade, ele sugere a criação de um imposto de renda negativo. A idéia é muito simples. Quanto mais rico for um indivíduo, maior a alíquota do imposto de renda. Já os pobres, em vez de pagarem, recebem uma ajuda em dinheiro. Quanto mais pobre, maior a ajuda.
Como liberal, Friedman nunca foi um ardoroso defensor de políticas de redistribuição de renda. Seu argumento, porém, é de fácil compreensão. Caso o governo resolva implementar uma política de combate à pobreza, que essa política seja na forma de uma ajuda em espécie e não em qualquer outro tipo de bem. Por uma razão muito simples, o indivíduo beneficiado sabe melhor que o governo quais são as suas principais necessidades. Somente a ajuda em dinheiro respeita o direito de escolha do consumidor. Por exemplo, para uma pessoa faminta e sem dentes, uma dentadura, em determinadas situações, pode ser mais necessária até mesmo que o próprio alimento.
Na década de 1990, quando as primeiras políticas de complementação de renda começaram a ser implementadas no Brasil, vários segmentos da sociedade, inclusive muitos economistas liberais, aprovaram a iniciativa com exaltação. Além de respeitar a soberania do consumidor (ajuda em espécie), essa política era considerada mais eficiente que as tradicionais porque estava focada nos mais pobres. Um programa universal – como subsídio à produção de alimentos, por exemplo – favorece tanto os ricos como os pobres. Como não é focado, há um desperdício de recursos públicos e uma perda de eficiência.
Programas sociais de caráter universal podem se transformar em mecanismos brutais de concentração de renda. O melhor exemplo desse caso no Brasil são as universidades públicas. Todos sabemos que os alunos dos cursos mais concorridos dessas universidades são oriundos de famílias de classe alta ou média-alta. Ou seja, estudantes de famílias de alto poder aquisitivo têm seus estudos integralmente bancados pelos contribuintes. Por outro lado, estudantes universitários de famílias pobres têm de ralar duro para pagar seus estudos com o dinheiro do próprio bolso. Muito justo isso, concordam?
Durante o governo Lula, os vários programas federais existentes destinados a complementar renda (Bolsa Escola, Bolsa Alimentação, Auxílio Gás etc.) foram unificados em um só programa, batizado de Bolsa Família. Com o passar do tempo, o Bolsa Família foi mostrando certas fragilidades, que mais para frente se transformaram em verdadeiras aberrações. Nem em seus piores pesadelos, Friedman poderia imaginar no que se transformaria sua criatura. Os beneficiários, em vez de ver o programa como um mecanismo de curto prazo que resgataria pessoas da miséria, passaram a entender que aquele dinheirinho mensal se tratava de um acréscimo definitivo em suas respectivas rendas. Em outras palavras, o programa tinha uma porta de entrada, mas não tinha (e continua não tendo) uma porta de saída.
Pior que isso foi uso eleitoral do programa. Durante a campanha para Presidência da República, a candidata Dilma Rousseff deitou e rolou ao falar sobre as grandes conquistas sociais de seu governo e de seu reverenciado grão-mestre. Disse que mais de 50 milhões de brasileiros são beneficiados com o Bolsa Família. Ou seja, aproximadamente um quarto de toda a população brasileira. Disse também que pretende ampliar o programa ainda mais e deixou a entender que os outros candidatos acabariam com o programa. Os beneficiários, logicamente, entraram em polvorosa e votaram massivamente na candidata do governo. Nesse circo de horrores, é evidente que o Bolsa Família foi um fator determinante para a vitória de Dilma.
Não é preciso ser doutor em economia para perceber que há algo de errado em um programa social que atende um quarto da população do país e continua sendo ampliado. Dilma e o PT não têm porque se orgulhar desses números. O ideal seria se o nosso país estivesse crescendo, gerando empregos e cada vez menos pessoas dependessem de políticas assistencialistas. Mas, em vez de crescimento, o PT, com sua “nova matriz econômica”, nos presenteou com estagnação da economia, crescimento da dívida pública e inflação. Além disso, o PT conseguiu criar um imbróglio demagógico de difícil solução. Ou melhor, dificílima solução. Aos pessimistas, porém, uma mensagem. Relaxem, não se desesperem, já temos pão, já temos circo. O melhor é curtir a festa.
Sobre o autor
Ivan Dauchas é economista formado pela Universidade de São Paulo e professor de Economia Política e História Econômica.
Revista Brasileira de Política Internacional: n. 2/2014 disponivel no Scielo
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_issuetoc&pid=0034-732920140002&lng=en&nrm=iso
Editorial
· Sixty years of the Brazilian Institute of International Relations
Lessa, Antônio Carlos; Almeida, Paulo Roberto de
Artigos
· Rio Branco, grand strategy and naval power
Alsina Jr., João Paulo
· UN Security Council decision-making: testing the bribery hypothesis
Costa, Eugenio Pacelli Lazzarotti Diniz; Baccarini, Mariana
· The American defense budget: rationality X domestic pressures
Cortinhas, Juliano da Silva
· Peace (still) through compulsory jurisdiction?
Galindo, George Rodrigo Bandeira
· An outline of military technological dynamics as restraints for acquisition, international cooperation and domestic technological development
Silva, Édison Renato; Proença Júnior, Domício
· A policy for the continent-reinterpreting the Monroe Doctrine
Teixeira, Carlos Gustavo Poggio
· The fall: the international insertion of Brazil (2011-2014)
Cervo, Amado Luiz; Lessa, Antônio Carlos
· Governance of Common Pool Resources: transboundary basins
Souza, Matilde de; Veloso, Franciely Torrente; Santos, Letícia Britto dos; Caeiro, Rebeca Bernardo da Silva
· The cautious transition of North Korea: venture diplomacy and modernization without reform
Vizentini, Paulo Fagundes; Pereira, Analúcia Danilevicz
· Multi-level governance and social cohesion in the European Union: the assessment of local agents, a study case inside Galicia
López-Viso, Mónica; Álvarez, Antón Lois Fernández
· Emerging powers in the network order: the case of Brazil
Flemes, Daniel; Saraiva, Miriam Gomes
America Latina: pausa para humor politico - Venezuela em guerra contra os EUA
Não se deve apostar no bom senso, neste caso, pois a capacidade histriônica de certos países é muito superior à sua percepção da realidade...
Paulo Roberto de Almeida
Equador convoca ministros da Unasul para ajudar Caracas
Folha de S. Paulo, 6/02/2015
DE SÃO PAULO - A chancelaria do Equador anunciou nesta quinta (5) que pretende reunir "nos próximos dias", em Quito, os ministros de Relações Exteriores dos países da Unasul (União de Nações Sul-Americanas) para "analisar, a pedido do presidente Nicolás Maduro, a situação interna e a relação Venezuela e EUA".
Consultado pela Folha, o Itamaraty disse que a reunião não está confirmada e que não há previsão, por enquanto, de que o chanceler Mauro Vieira participe de qualquer encontro.
Na última quarta (4), Maduro havia anunciado a intenção de convocar os ministros após reunião com o secretário-geral da Unasul, Ernesto Samper. Caracas tem recorrido ao apoio de blocos como a Unasul e a Celac (Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos) contra as sanções aplicadas por Washington.
Na última reunião da Celac, na Costa Rica, Maduro reuniu-se com a presidente Dilma para reforçar o pedido de apoio.
Procuradora-geral da Venezuela anuncia processo judicial contra Estados Unidos
Agência Brasil, 6/02/2015
A procuradora-geral da Venezuela, Luísa Ortega Díaz, anunciou hoje (5) que vai processar o governo dos Estados Unidos por este pretender relacioná-la com casos de suposta violação de direitos humanos. O anúncio foi feito durante o programa Em Sintonia com o Ministério Público, transmitido pela estatal Rádio Nacional da Venezuela. Segundo a procuradora, o Departamento de Estado dos Estados Unidos fez acusações contra ela por suposto envolvimento em casos de violação de direitos humanos, que as interpretou como "parte de uma estratégia para desprestigiar" a Venezuela.
"Fica claro que o objetivo é influenciar a política venezuelana. É uma posição de intervenção, que ocorre poucos meses antes das eleições parlamentares [venezuelanas]. Não é fruto do acaso", disse Luísa, ressaltando que há um "ataque sistemático, nacional e internacional", à Venezuela. Os Estados Unidos anunciaram na última segunda-feira (2) novas sanções (suspensão de vistos) contra antigos e atuais funcionários do governo venezuelano, sob acusação de serem "responsáveis, ou cúmplices", por violações dos direitos humanos no país. "Estamos enviando uma mensagem muito clara, de que os violadores de direitos humanos e os que se beneficiam com a corrupção, e as suas famílias, não são bem-vindos nos Estados Unidos", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Jen Psaki. Washington acusa Caracas de tentar "sufocar a dissidência", reprimindo manifestantes que protestam pela deterioração da situação política, econômica e de segurança no país. Em julho, o governo americano já tinha imposto restrições na concessão de vistos a 24 dirigentes venezuelanos, supostamente envolvidos em violações de direitos humanos e na repressão de protestos de grupos opositores ao presidente Nicolás Maduro.
Argentina-China e o tango do Mercosul: a relacao tringular dos hermanos
Parece realmente um quadro adulterino, ou seja, de infidelidade conjugal...
Mas, peraí: é verdade que o Brasil tinha uma relação de fidelidade conjugal com a Argentina? Só com ela a gente tinha relações carnais? Não acredito...
Paulo Roberto de Almeida
Brasil teme prejuízos com parceria sino-argentina
Fontes diplomáticas criticam 15 acordos bilaterais firmados por Cristina Kirchner sem consultar o Mercosul
Com a economia argentina em frangalhos e de pires na mão, Cristina concordou que as empresas chinesas levem mão de obra e importem insumos e bens de capital em condições mais vantajosas que as concedidas a outros parceiros comerciais. Empreiteiras chinesas também serão beneficiadas com a construção, sem licitação, de duas usinas hidrelétricas, com as mesmas facilidades alfandegárias voltadas ao Mercosul.
— Em primeiro lugar, a Argentina não poderia, sozinha, tomar essa decisão. Seria o mesmo se o Brasil fizesse um acordo em separado com a União Europeia e ponto final. Esse acordo perfura e fragiliza o Mercosul. A China passa a concorrer em igualdade de condições com os parceiros do bloco, seja exportando para a Argentina sem tributos ou entrando em empreendimentos naquele país — alertou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro.
O fato é que o Brasil tem limitações legais para ajudar diretamente os vizinhos com dinheiro. Quando o petróleo estava em alta, por exemplo, a Venezuela comprava títulos da dívida argentina. O governo brasileiro tem feito sua parte relevando a imposição de uma série de barreiras às exportações do Brasil.
— A China chega aonde existe um vácuo — admitiu uma fonte da área diplomática.
INFRAESTRUTURA E RESERVAS CAMBIAIS
Sem crédito no mercado externo, a Argentina encontra na China uma forma de financiar seus projetos de infraestrutura e melhorar suas reservas cambiais. No entanto, esse tipo de atitude poderá abrir mais uma crise entre a Casa Rosada e o Mercosul.
Junto com os Estados Unidos, a China e a Argentina são os principais destinos das exportações brasileiras. Segundo o Sistema Integrado de Comércio Exterior (Siscomex), em 2014 o Brasil exportou US$ 14,2 bilhões para o mercado argentino — 27,19% a menos que em 2013. Suspeita-se que parte dos produtos que deixaram de ser vendidos para os vizinhos tenha sido substituída por mercadorias chinesas, especialmente itens manufaturados. Já os embarques para a China somaram US$ 40,6 bilhões, uma queda de 12% ante o ano anterior.
Ainda Dom Total: lista dos artigos Paulo Roberto de Almeida (desde sempre)
Permito-me colar aqui essa lista, que também me serve de registro.
Os aparentemente repetidos são apenas sequenciais, começando por baixo, ou seja: eles tinham o mesmo título, só diferindo no subtítulo, que não aparece na parte inicial.
Paulo Roberto de Almeida
Paulo Roberto de Almeidaé doutor em Ciências Sociais pela Universidade de Bruxelas (1984). Diplomata de carreira desde 1977, exerceu diversos cargos na Secretaria de Estado das Relações Exteriores e em embaixadas e delegações do Brasil no exterior. Trabalhou entre 2003 e 2007 como Assessor Especial no Núcleo de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Autor de vários trabalhos sobre relações internacionais e política externa do Brasil.
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A miseria do capital no seculo 21: a proposito do livro de Piketty - Paulo Roberto de Almeida (Dom Total)
https://domtotal.com/colunas/detalhes.php?artId=4823
Paulo Roberto de Almeida
Colunas Paulo Roberto de Almeida
Miséria do Capital no Século 21
Thomas Piketty:
Capital in the Twenty-First Century
(Cambridge, MA: Belknap Press, 2014, 696 p.)
Economistas são seres simplistas, por definição. Eles costumam basear suas equações sobre a criação de renda e riqueza a partir de três fatores produtivos básicos: trabalho, capital e recursos naturais. Muitos outros economistas já tentaram introduzir nessas equações um outro fator: o capital humano, ou conhecimento. Mas, por diversos motivos, este acréscimo ainda não se tornou de uso comum na ciência econômica. Em todo caso, a riqueza das pessoas costuma ser medida sob diferentes formas: em fluxos de renda, que é aquela derivada do trabalho, e em estoques da riqueza acumulada, que costuma ser chamada de patrimônio, e que por sua vez pode ser imobilizado (imóveis, iates, carros, etc.) ou utilizado para a criação de novas riquezas, sob a forma de ativos líquidos, os quais produzem o que comumente se chama de rendas do capital.
A dinâmica populacional – composição, distribuição etária e qualidade da mão-de-obra – varia muito de um país a outro, e influencia bastante a criação de renda e de riqueza, cujos fluxos e estoques acompanham as variações e natureza daquela. Ainda que o capital (bastante) e as pessoas (menos) possam viajar pelo mundo, não existe uma autoridade global e uma única fonte de regulação dos fluxos e estoques em posse das pessoas. Os Estados nacionais mantêm jurisdições próprias, com regras diferentes para o tratamento impositivo desses fluxos e estoques, o que dificulta a concepção de um instrumento uniforme e universalmente aplicável de taxação de renda e riqueza.
Sobre isso, se sobrepõem diferentes concepções sobre como devem ser tratadas (ou seja, taxadas) as diferentes formas de renda e riqueza. As filosofias em vigor na história do mundo moderno podem ser divididas, grosso modo, entre o liberalismo, que acha que a criação de renda e riqueza deve ficar sob a competência dos indivíduos, com um mínimo de interferência dos Estados nacionais, e o “marxismo” (ou variantes do socialismo), que acha que esses Estados devem regular as rendas do trabalho e as do patrimônio em benefício de todos, transferindo fluxos de renda e seus estoques entre as pessoas, segundo critérios determinados por políticos e burocratas desses Estados.
Existem neste mundo êmulos de Marx, em todas as partes, para todos os gostos e para todas as finalidades, alguns deles – pode ser o caso do francês Piketty – até mais espertos do que a maioria dos crentes, aproveitando-se da adesão de muitos na teoria do valor-trabalho para aumentar o seu próprio capital às custas desses muito crentes, que acham que o capital só pode aumentar às custas do trabalho. Essa concepção sobre o valor-trabalho – a única coisa errada aceita por Adam Smith – não leva em conta o chamado capital humano, que os próprios economistas penam a integrar em suas equações. Os êmulos de Marx acham que os Estados devem taxar mais as rendas do capital para distribuir entre os que possuem apenas rendas do trabalho, o que supostamente tornaria o mundo mais igualitário, ou menos desigual.
O problema todo é que essa recomendação marxista não deriva de nenhuma análise econômica sobre a criação de renda e riqueza, sendo apenas e tão somente uma recomendação política, baseada numa filosofia do igualitarismo. Essa filosofia orienta os Estados a avançarem sobre o capital, ou seja, sobre o estoque de riqueza das poucas pessoas muito ricas (que por definição são sempre em menor número), para distribuí-la entre os que só dispõem apenas dos fluxos de pagamentos derivados do seu trabalho. Ela tem tido algum sucesso ao redor do mundo, uma vez que as pessoas dependendo do seu trabalho são sempre em maior número, formando a vasta maioria dos votantes nas modernas democracias de mercado.
Esse tipo de recomendação aproxima a política econômica do modelo de sociedade recomendada pelos marxistas, que é aquela na qual não existiria renda do capital, e nenhuma riqueza acumulada, na qual todas as rendas do trabalho seriam igualitária e equitativamente divididas pelo Estado. Não é preciso aqui grandes digressões, com base em equações econômicas ou em séries estatísticas históricas de renda e de riqueza, para constatar que esse tipo de sociedade não funcionou, e que os únicos exemplos reais na história – o socialismo de tipo soviético e seus êmulos ao redor do mundo – foram notórios fracassos econômicos na criação de renda e riqueza, só conseguindo se manter à custa de enorme repressão política, que produziu grande infelicidade humana (total falta de liberdade, e até mesmo alguns milhões de mortos).
Um modelo mais ameno desse tipo de igualitarismo radical – mas falso, uma vez que os que controlam o Estado se apropriam de uma parte importante das rendas do “valor-trabalho” – é o socialismo moderado dos regimes de tipo socialdemocrata, em vigor em diversas democracias modernas de mercado, basicamente na Europa, com contrafações disso no resto do mundo. Uma consulta às estatísticas correntes mais frequentes relativas à criação de renda e riqueza nas últimas décadas (dados da OCDE, por exemplo) demonstra que o crescimento de todas as formas de renda e riqueza foi maior naqueles países onde foi menor a apropriação de fluxos e estoques de renda e riqueza pelos próprios Estados. Não se trata aqui de opinião ou filosofia política, mas de uma constatação simples, e direta, a partir de uma correlação entre níveis de carga fiscal dos países e suas taxas de crescimento do PIB per capita, independentemente da distribuição social dessas formas de riqueza. Maior taxação, menor crescimento, ponto.
Isso nos traz de volta ao “capital do século 21”, proposto por Piketty, que acaba de provar que a desigualdade vem aumentando no mundo, baseada no aumento dos fluxos e estoques de rendimentos obtidos pelo capital, sobre os simples rendimentos do trabalho. Ele também acha que governos devem taxar mais o patrimônio e as rendas dos muito ricos, pois o problema seria a existência de poucas pessoas muito ricas – e que tendem a enriquecer cada vez mais –, não a existência de um imenso contingente de pobres, ou de pessoas moderadamente ricas (classe média). Independentemente dos problemas de agregação de dados e de processamento da informação estatística, o que parece inevitável, dado o amplo espectro de valores e a grande dispersão cronológica com os quais Piketty trabalhou, o que mais parece contestável em sua tese é justamente o argumento de que a riqueza tende a caminhar mais rapidamente do que o crescimento econômico geral das economias de mercado.
Tal tese – que, em sua formulação sintética, r > g, tende a assumir ares de grande síntese genial, um pouco ao estilo da famosa equação einsteiniana, E=mc2 – parece contradizer a lógica formal dos processos econômicos e a própria evolução civilizatória das sociedades humanas, cada vez mais educadas e mais sofisticadas intelectualmente, com amplo acesso à educação superior por amplas camadas de indivíduos e grupos. Pode ser que patrimônio e a riqueza de forma geral, passem por processos temporários e parciais de acumulação preferencial e de concentração em certos grupos e indivíduos, em geral vinculados a atividades financeiras e comerciais; mas daí a transformar essa constatação numa nova “lei geral da acumulação capitalista no século 21”, como parece pretender Piketty, vai uma grande distância. Assim como ocorreu com as teses de Marx, ela também vai ser provavelmente desmentida pela evolução das sociedades capitalistas.
Piketty prefere empobrecer os ricos a enriquecer os pobres. Pela experiência visual que já tivemos no século 20, esse tipo de empreendimento pode ser mais um desastre econômico e social à espreita, do que propriamente uma forma de criar o verdadeiro capital do século 21, baseado no conhecimento. Distribuir o dinheiro dos ricos entre os pobres vai tornar as sociedades mais ricas? Duvidoso que ocorra, a menos de dirigir todos os recursos para aumentar e melhorar o capital social: conhecimento.
Educacao brasileira: o bom, o mau e o feio (e bota feio nisso) - Claudio Moura Castro (entrevista)
Ou seja, creio que o sistema vai evoluir no sentido da sua fragmentação: algumas escolas públicas, de prefeitos ou governadores motivados vão melhorar milimetricamente, várias privadas também vão melhorar, e algumas universidades, depois de cairem de podre, vão ter alguma reforma, mas a legislação, a inércia, o CNE, as milhares de disciplinas obrigatórias, e mais as que ainda vão ser obrigatórias, o politicamente correto, o racialismo estúpido, os mitos e as bobagens, tudo isso vai obstar a reformas consequentes na educação em geral, na básica em particular, que serão, portanto, esporádicas, erráticas, aos trancos e barrancos, como dizia o Darcy Ribeiro...
Em todo caso, recomendo a leitura de cada uma de suas respostas às perguntas que lhe fizeram.
Vejam aqui:
http://educarparacrescer.abril.com.br/iniciativa/claudio-moura-832400.shtml
A frase da semana, alias duas: as mais apropriadas ao momento emocionante que vivemos...
quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015
Um J'Accuse brasileiro: quem seria esse valente?
Pois é, parece que seguiu à risca aquele velho ditado sobre o inimigo que se torna aliado. Registre-se que o inimigo nunca mudou, só ficou pior, o aliado é que ficou demais aliado...
Paulo Roberto de Almeida